05

1865 Words
Eu: Tu me assustou. — coloquei a mão no peito. Eduardo: Anda logo! Fui guiada pelo Eduardo até a entrada da casa. Meu coração estava acelerado e as minhas pernas tremiam. Pareceu bem melhor na minha imaginação. Não achei que seria tão difícil. Eduardo: Me ajuda com isso. Eram os dois homem. Ambos estavam sem cabeça e... as línguas ao lado dos corpos. Tive uma ânsia de vômito imediata. Coloquei a mão na boca e segurei para não colocar tudo para fora. Eduardo: Se você vomitar, te mato também. — apontou-me a faca — Procura alguma coisa pra gente comer. Fui até a cozinha e encontrei várias taças de vinho e seringas usadas. Abri a geladeira e procurei alguma coisa que servisse. Felizmente, encontrei um frango e uma panela de arroz. Aqueci os dois no microondas e os coloquei no balcão. Eduardo veio até mim, limpando o sangue na camiseta, e largou a faca na pia. Senti calafrios. Eu: Como tu... — respirei fundo — conseguiu? Eduardo: Não interessa. Devorou o frango inteiro. Juro. Não vi nem vestígios do frango. Eduardo o comeu como se estivesse faminto há dias. Me contentei com o arroz. Depois que terminamos, ele foi até a sala e se deitou no sofá. Eu: A gente precisa ir. Eduardo: Eu sei. — limpou os dentes com as mãos — Seu carro é bom? Eu: Como assim? Eduardo: Bom como o carro deles? — apontou os cadáveres. Eu: É um Astra. Eduardo: Velho. — afirmou — O carro deles é novo. Eu: Não vou roubar carro de ninguém. Eduardo: Alícia! — em tom severo — A hora que encontrarem os corpos e derem conta do meu sumiço, você acha que vão se importar com o carro? No que eu me meti? Fomos até o meu carro, libertei o Silver e ele foi logo fazendo festa para mim e o Eduardo. Para minha surpresa, o Eduardo se abaixou e acariciou a cabeça do cão. Aquilo foi tão louco de digerir, que achei que era sonho. Retiramos as coisas do meu carro e colocamos no Cruze do secretário. Eduardo: Acabou. Eu: O que a gente faz agora? Eduardo: Some. — convicto — São Paulo, não é? Procurar seu irmão... Eu: Vai fazer isso por mim? Eduardo: Não. Só quero a carona. — sorriu — E também... se me acharem, posso dizer que você me sequestrou. Eu: E matei aqueles dois no SEU modus operandi? Claro. O assassino riu. Não daquele modo exibicionista, mas de uma maneira calma e sincera. Me senti confusa. Eduardo: Entra aí, amigo. — abriu a porta para o cachorro, que pulou rapidamente — Bom garoto. Dirigimos por duas horas. A estrada parecia infinita. E a minha fome também. Olhei para o Eduardo e fiquei encarando a forma como ele dirigia. Por um minuto, até me pareceu normal. Eu: Tô com fome. Não me respondeu. Vasculhei o porta-luvas do carro e liguei o rádio. Ele me fitou enfurecido. Ignorei. Eu: Tu comeu, Eduardo. Eu não. Nem o Silver. Eduardo: O nome dele é Silver? Eu: É. — seca. Eduardo: Combina com ele. Eu: Tu não vai parar pra eu comer, né? — desesperançosa. Eduardo: Pode apostar que não. Eu: O cachorro vai morrer de fome. Eduardo: Sério? — olhou-me com estranheza — Eu juro que carreguei um saco de ração pra cá. Deus... eu só quero comer. Quando eu já estava me conformando com a ideia de morrer de fome, ele estacionou em um posto fuleiro de beira de estrada. Cheio de caminhões e prostitutas. Eduardo: Cinco minutos. Eu: Tu não vem? Eduardo: Ah... pode ser. — sorriu — Podemos comer, fingir ser uma família feliz... descer o cachorro também, né? Por que não? — irônico — Ninguém me conhece mesmo. Eu: Já entendi. — abri a porta do carro. Eduardo: Espera. Usa isso aqui. — me entregou dinheiro — NADA de cartão, ouviu? Eu: Tudo bem. Coloquei o capuz do moletom por cima da cabeça e fui até a lanchonete. Pedi alguns lanches de bauru e peguei coisas para comer durante a viagem. Voltei para o carro. Eduardo dirigiu mais alguns minutos e enfiou o carro dentro de uma floresta. Eu: Que horror. — reclamei — Bom pra achar um... — olhei para ele — assassino aqui. Eduardo: Engraçada. O homem desceu do carro e abriu a porta para o cão. Serviu uma tigela de ração e se sentou em uma pedra. Entreguei um dos lanches a ele. Eu: Comprei pra ti também. Eduardo tomou o alimento da minha mão e o devorou como fizera com o frango. Minha ficha parecia não ter caído ainda. Eu: A polícia deve estar atrás de mim. Dei o maior número de pistas possíveis para a Fernanda. Ela deve ter dito da minha obsessão por ti. — mordi meu lanche e falei de boca cheia — Tô ferrada. Mais uma vez, ele não falou nada. Montou no carro e deu partida. Ele ia me abandonar ali. Não acredito. Depois de tudo que eu fiz... Sentei-me de novo sobre a pedra e coloquei as mãos na cabeça, me sentindo uma i****a. Pouco tempo depois, os faróis do carro iluminaram a minha face e adentraram ainda mais a mata. Eduardo se juntou a mim novamente e disse: Eduardo: Vamos dormir aqui. Eu: Achei que tu ia me largar nesse fim de mundo. Eduardo: Eu ia. — sorriu malicioso — Sorte sua eu ter gostado do cachorro. O sol tocou meu rosto e me mostrou um lugar totalmente diferente da floresta. As árvores se moviam rápido e o barulho do motor era nítido. Olhei para o lado e vi o Eduardo dirigindo. O problema é que ele não se parecia com o habitual. Eduardo: Você gosta disso, não? — sorriu — Gosta de ser fodido como uma puta... você é um bom irmão, passarinho. — riu de uma maneira enlouquecida — Ela não ia suportar como você suporta. Você sabe disso... por isso faz tão bem... ah... — gemeu — eu vou gozar! Eu: Eduardo? Eduardo: Shhh... — colocou o dedo na boca em sinal de silêncio — vai acordar sua mãe, Eduardo. Falou isso e caiu desmaiado no volante. No mais rápido reflexo do meu corpo, puxei o freio de mão e fiz o carro parar em meio a estrada. Para nossa sorte, só havia a gente ali. Silver começou a latir nervoso. Eu: Calma, Silver. Desci do carro, puxei o corpo do Eduardo para fora e o arrastei até o banco do passageiro. Foi difícil, mas consegui. Coloquei-o de qualquer jeito onde eu queria que ele ficasse. Montei no banco do motorista e dirigi. Levou uma hora para ele acordar. Eduardo: Que lugar é esse? — sonolento. Eu: Estamos chegando na rodovia. Eduardo: Ficou louca? — gritou zangado — Tenho que trocar esse carro antes. Eu: Roubar outro carro? Eduardo: Você quer passar na frente dos radares com isso? — bateu no painel do carro — Estamos sendo procurados, Ivanov! Eles vão rastrear a placa. Encostei o carro na estrada e o olhei desesperada. Nos encaramos por alguns minutos. Tive vontade de bater nele e ele em mim. Eu: Se prometer não surtar, pode dirigir. Eduardo: E-eu — gaguejou — tive um apagão? Eu: Sim. Só por isso eu peguei o carro. O silêncio reinou. Eduardo abriu a porta e se retirou do carro. Trocamos de lugar novamente. Ele ligou o rádio e colocou em uma música qualquer, talvez procurando evitar um diálogo comigo. Eu: O que nós vamos fazer aqui? Eduardo: Silver, diga para a sua dona parar de me questionar. — sereno — Quantos você contou? Eu: Os dois velhos, um punhado de cães... só. Eduardo: Mesma coisa que eu. Abriu a porta do carro e saiu andando em direção ao portão de entrada da fazenda. Fui atrás. Eu: Tu ficou maluco? Eles vão... Tapou minha boca com a mão. Um velho com um macacão típico de fazendeiro veio nos receber. Meu coração ficou acelerado. : Posso ajudar com alguma coisa? — enxugando as mãos sujas de terra na roupa — Não conheço vocês. Eduardo: Minha esposa e eu nos perdemos. — coçou a cabeça — O senhor teria um telefone? : Claro. — sorriu — Deus ensinou a ajudar todo mundo. Eduardo: Isso... — olhou para trás — nosso cachorro também está faminto. : Coloquem o carro aqui dentro. Voltamos para o carro. Meu corpo ainda não estava confortável com aquilo. Meus nervos não pararam de tremer. Eduardo colocou o carro no gramado deles e nós descemos. A casa era simples e antiga. Uma senhora com um avental veio até nós e me saudou com um abraço. : Essa é a minha esposa, Olga. — cordial — Eu sou o Basílio. Eduardo: Alexandre e Silvana. — nos apontou — Aquele é o Silver. Basílio: Gosto de cães, mas eles comem as galinhas. — riu — Tenho uns aqui também. Olga: Vocês devem estar com fome, né? Entrem. Nos sentamos à mesa. Não dei uma palavra. A minha voz simplesmente não saía. A preocupação não deixou que ela saísse. Eduardo: Delicioso, Olga. — sorriu de orelha a orelha — Fico muito feliz pela gentileza de vocês. Basílio: Por nada. Vocês são daqui? Eduardo: Não... somos de Caxias do Sul. Basílio: Engraçado. — riu — Não reconheci o sotaque. Depois da refeição, fui tomar um banho. A água morna bateu nas minhas costas e relaxou meus músculos. Divino. Já estava sentindo falta disso. Eduardo: Abre, Ivanov. — bateu na porta. Eu: Não terminei ainda. Foi impressão minha ou ele me chamou pelo nome? O que houve com a "Silvana"? Eu: Tu está aí ainda? — minha voz saiu tremula. Eduardo: Sim. Peguei a toalha do gancho e a enrolei no corpo. Abri a porta e o encontrei parado lá. Eduardo me empurrou para dentro e entrou também. Minha garganta ficou travada com tanto nervosismo. Tive medo de perguntar se o casal de velhinhos estava bem. Eu: Por que não me chamou de Silvana? Eduardo: Seu nome não é esse. O assassino se virou para o lado oposto ao meu e tirou as roupas. Não consegui tirar os olhos do corpo dele. As cicatrizes e os arranhões me deixaram perturbada. Ele ligou o chuveiro e começou a se lavar. Após encará-lo por muito tempo, desviei-me daquela visão incômoda. Eu: Os velhinhos... — hesitei. Ele me encarou — eles estão bem, né? Eduardo: Não. Estão morrendo. Eu: Como assim? — desesperada — Eles foram legais e tu fez isso com eles... Eduardo: i****a. Eu: Vou ligar pra polícia! — me virei para procurar meu celular — Tu matou eles por nada... achou o que? Que o velho queria sexo contigo também? Ah, todo mundo quer f***r contigo, né? O viado mais desejado do... Antes mesmo que eu dissesse mais alguma coisa, ele colocou as mãos no meu pescoço e me beijou. Minha toalha caiu. Senti meus pés de distanciarem alguns centímetros do chão. Com a mão que lhe sobrou livre, ele apertou forte o meu seio e depois deslisou o dedo até a minha v****a. Basílio: Tá tudo bem aí, gente? — riu — Não vão provocar a minha senhora, hein... esse velho aqui está aposentado.
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