- Bom dia, sra. Collins?
- Bom dia, Sr. Robert, o que deseja ? – Ela disse se levantando de sua mesa.
- A Srta. Ana Clara já chegou ?
- Não senhor, ainda são 7:30. – Tinha me esquecido que eu e Sra. Collins chegávamos mais cedo a empresa do que os outros funcionários.
- Ainda está cedo . – Ela disse.
- Sim, está! - Assim que ela chegar peça que venha até minha sala.
- Sim senhor, pode deixar!
- Obrigada! – E me retirei.
Voltei para meu escritório, sentei em minha cadeira , um tanto confortável, estava ansioso, aqueles trinta minutos não passavam.
Levantei da minha cadeira, e comecei andar de um lado para outro, parei em frente a janela de vidro, era uma janela enorme, estava um dia lindo. Engraçado eu nunca tinha parado para observar aquela vista, acho que por falta de tempo.
Voltei e me sentei de novo. Liguei para Sra. Collins.
- Sim Senhor?
- Gostaria de um café, por favor!
- Sim, levo agora Senhor. Desliguei.
Ela me serviu aquela xícara de café. Apreciei aquele sabor, estava amargo, do jeito que eu precisava para aquele momento.
- Bom dia, Sra. Collins!
- Bom dia, Ana Clara. O Sr. Robert pediu para ir até a sala dele.
- Só um momento que vou anunciar sua entrada.
- Senhor , a Srta. Ana chegou, posso pedir para ela entrar?
- Sim, nem precisava ter anunciado. – Respondi mais que depressa. - Finalmente ela chegou. – Pensei.
Ela bateu na porta.
- Pode entrar.
- Com licença, Sr. Robert.
- Tudo bem, Srta. Ana ? – Perguntei olhando em seus olhos.
- Estou bem e o senhor? Ela respondeu com uma voz meiga.
- Tudo bem também, Senhorita.
Ana Clara tem a pele clara, cabelos longos, castanhos, e lisos. Os olhos verde piscina , e que olhos . – suspirei só de pensar. Ela é bem alta, deve ser um pouco menor que eu e magra, parecia uma modelo.
- Vamos ter que adiantar nossa viagem para China, na semana que vem tenho outros assuntos a tratar.
Era mentira, estou planejando a viagem para ficar mais a sós com ela, precisava descobrir o quanto antes se ela é a mulher ideal para fingir ser minha esposa.
- Tudo bem senhor!
- Vou entrar em contato com Sr. Tamashiro, para ver se ele está de acordo.
Fiz a chamada de vídeo, Sr. Tamashiro atendeu rápido.
Comecei a conversa, e Ana Clara passava tudo para mandarim para ele, e o que ele falava para inglês pra mim . Ela perguntou se ele tinha disponibilidade de nos atender essa semana, ele disse que sim, e que podíamos ir. Terminamos a conversa o agradeci e desliguei.
Liguei para minha secretária.
- Sra. Providencie duas passagens para amanhã com destino a Xangai, e reserve dois quartos de hotel.
- Sim, senhor. Vou providenciar agora mesmo.
Voltei minha atenção para Ana.
- Amanhã vamos viajar, deixe uma bolsa arrumada, que vou na sua casa te buscar para irmos pegar o voo.
- Sr. Brant’s não tem necessidade de me buscar, venho até a empresa e vamos para o aeroporto, pode ser?
- Se você acha melhor, por mim tudo bem! - Fiquei pensativo. – Teria algum motivo dela não querer que eu a buscasse em sua casa? – Ou ela é muito reservada, ou tem um namorado. – Seria bem mais fácil se eu a pergunta-se sem fazer rodeios, mas não. Melhor descobrir aos poucos para ela não se assustar.
Apesar de poucos compromissos aquele dia passou rápido. No final da tarde quando estava de saída Sra. Collins me comunicou que tinha comprado nossas passagens para as 10:00 da manhã, pedi para ela avisar Ana e fui embora.
Sai da empresa e fui para casa, queria evitar que minha mãe me visse, mas como tinha que arrumar minhas malas, não tive opção.
Abri a porta de entrada devagar, analisei se ela estava por perto, não há vi, somente uma de nossas empregadas fiz um sinal de silêncio para ela e subi as escadas ,quando acabei o último degrau escutei sua voz de longe.
- Robert, onde pensa que vai ?
- Mãe. – Respondi meio cabisbaixo. – Ela ia tocar no assunto do casamento, com certeza.
- Ainda não terminamos aquela conversa.
- Que conversa? - Fingi que não sabia.
- Não se finja de bobo, meu filho. Você é um homem de trinta anos para desviar de assuntos importantes. - E começou de novo o blá blá de idade. – Aquilo já estava me irritando.
Desci as escadas, me aproximei da minha mãe, olhei dentro dos seus olhos e falei .
- Não se preocupe, vou realizar o desejo da senhora e do papai. – Falei sério.
- Você vai ? – Ela me perguntou sem acreditar. Eu não era um homem de aceitar ordens e dar o braço a torcer tão facilmente, tudo tinha que ser do meu jeito.
- Sim, vou me casar. – Ela ficou boquiaberta.
- Porém não será com Débora! – Disse com firmeza.
- Como assim não é Débora, ela é a mulher perfeita para você Robert.
- A senhora quer que eu me case, mas quem vai escolher a esposa sou eu !
- E com quem você vai se casar?
- Na hora certa a Sra. vai descobrir. – Dizer aquelas palavras tirou um peso de mim, me senti bem melhor.
- Tudo bem. – Ela disse isso pouco satisfeita. Dei um beijo em sua testa e fui para meu quarto arrumar minha mala.
Aquela noite não fui para nenhum encontro, e adormeci cedo.
No dia seguinte levantei como de costume às 06:00 da manhã, me arrumei e fui para Brant’s, assinei alguns documentos pendentes entreguei para Sra. Collins e fui em direção a Ana .
- Oi , tudo bem.
- Bom dia, tudo bem Senhor.
- Me dê sua mala temos que ir. – Tínhamos que sair com antecedência, o aeroporto era um pouco longe.
- Pode deixar que eu levo senhor.
Peguei a mala dela, estava pesada. O que tanto ele carregava ali. – Minha especialidade é ser cavalheiro, afinal eu era um conquistador
- Vamos Ana Clara.
- Sim senhor.
Descemos o elevador, o motorista da Brant’s estava na porta nos esperando, ele guardou nossas malas e fomos.
No caminho para o aeroporto, ficamos em silêncio. Ana estava com olhar fixado para sua janela, ela permanecia com um semblante sério desde que a conheci.
- Chegamos, Ana! – Seus olhos arregalaram-se quando viu os aviões de perto.
- Nossa! São tão grandes. – Ela falou espantada
- Ana você nunca andou de avião ?
- Não, nunca! Essa vai ser minha primeira vez.
- Sério, mas porque ? – Perguntei sem acreditar.
- Ah sei lá, nunca tive a oportunidade. Sempre tive outras prioridades. – Ela falou triste.
- Entendi, mas não se preocupe, oportunidades não irão faltar. Ela sorriu sem graça.
Entramos no avião, nos acomodamos em nossos lugares. Ana Clara estava boquiaberta com nossa cabine.
- Está tudo bem Ana? Perguntei já sabendo da sua resposta.
- Sim, senhor! É que é tudo tão bonito e elegante. – É engraçado sua reação, mas era um mundo totalmente diferente do dela.
- Sim, estamos na classe executiva, temos algumas mordomias a mais por isso.
- O Sr. Poderia ter comprado a minha passagem na classe econômica, não teria problema.
- De maneira nenhuma, a Srta. É meu braço direito nessa viagem, afinal é uma viagem longa, preciso que chegue descansada , os próximos dias vão ser bem cansativos , vamos trabalhar muito!
- Tudo bem senhor! Muito obrigada!
- Que isso, não precisa agradecer. Ah e por favor me chame apenas de Robert.
- Como senhor achar melhor. Desculpa é o hábito de falar .
O avião começou levantar voo, olhei para Ana ela estava de olhos fechados , e mordendo o lábio. Estava sexy daquele jeito. – Ri baixinho .
- Isso tudo é medo ?
- Um pouco . E ela continuou de olhos fechados.
- Calma, é só pra subir que dá um frio na barriga. Depois você nem vai perceber que está voando. – Tentei acalma-la
Depois que a subida passou ela pegou um livro e começou a ler. Peguei meus fones de ouvido e fui escutar uma boa música, ela cabou adormecendo com livro na mão. Eu não conseguia nem cochilar , estava tão curioso a seu respeito.
Entre 12:30 ela acordou com a aeromoça me entregando o menu para escolhermos nosso almoço , depois que almoçamos resolvi tentar uma conversa.
- Ana Clara, você mora com seus pais ?- Ela não estava esperando aquela pergunta . – Ela olhou com espanto pra mim .
- Se quiser não precisa responder. – Disse com medo dela se calar.
- Não! Meus pais já morreram. – Me deu um aperto quando ela falou aquilo. -Porque fui fazer aquela pergunta.
- Me desculpe , eu não sabia! – Abaixei a cabeça.
- Está bem! Isso já faz um tempo. - E se calou – As respostas dela são curtas , ela não gosta de entrar em detalhes.
Depois de um tempo em silêncio, fiz outra pergunta.
- E você tem namorado ?