É claro que ela estava bem nervosa com a ideia de encontrar Voller: depois da última conversa que os dois haviam tido, tantas coisas tinham acontecido e ela não tinha nem mesmo conseguido processar exatamente o que sentia, apenas sabia que estava sentindo mais falta dele do que jamais teria pensando que seria capaz de sentir.
- Brianna – ele diz sorrindo assim que a enxerga, sentada nos degraus finais de uma das escadarias de emergência.
- Oi – ela responde sorrindo, tentando levantar-se, mesmo com dificuldades.
- Eu senti a sua falta – ele a abraça apertado e logo beija a sua testa – ficou muito tempo por aqui, esperando pelo seu resgate?
- Não – ela responde – tinha deixado o meu pai uns minutos antes de você ligar...
- Quer me contar o que foi que aconteceu? – ele pergunta, sentando nos degraus ao lado dela.
- Papai quer que eu simplesmente “aceite” essa história de tentativa de suicídio... – ela suspira – aconteceu tanta coisa, minha irmã e tal. Eu não esperava isso dele.
- Ninguém esperava – suspira Voller – tem alguma coisa que eu posso fazer pra você se sentir melhor?
- Acho que sim – respondo – vamos pegar o elevador, subir para a loja, pegar um táxi e voltar para a minha casa...
- Certo – ele sorri e logo está auxiliando-a para que se levante novamente e logo os dois estão indo, lado a lado, em direção ao elevador.
Em poucos minutos os dois estão pegando um táxi em direção à casa dela. Brianna estava torcendo para não encontrar com a mãe e nem mesmo com a irmã por lá, afinal, Voller e eu ainda tínhamos algumas coisas pendentes para resolver, estávamos precisando realmente conversar.
Por sorte, não havia ninguém em casa, com exceção de Dulce, que parece aliviada em ver Brianna chegando e discretamente, envia uma mensagem de texto “para o papai, avisando que eu cheguei” pensa Bri com ela mesma. Brianna e Voller sentam-se no jardim e o silêncio parece que vai, em pouco tempo, sufocar os dois:
- Acho que eu te devo um pedido de desculpas – ela diz, para começar o assunto que realmente importa.
- Acho que não me deve nada – Voller sorri com calma – de verdade, Brianna, acho que eu fui o pior tipo de amigo naquele dia, na sorveteria. Se eu tivesse sido um pouco menos i****a, teria percebido que você não estava fugindo da conversa.
- Bem, eu não estava – ela concorda – mas de toda forma, pela forma que as coisas estavam, bem, eu poderia ter pedido para o Ben me acompanhar, você ficou incomodado...
- Claro que eu fiquei – ele diz – e bem, eu fiquei com ciúmes mesmo. Ainda mais depois do que tinha acontecido no dia anterior, sabe?
- Sim – Brianna está um pouco envergonhada – mas enfim, eu te devo desculpas, por que não consegui ouvir o que tinha para dizer.
- O que foi excelente – ele ri – eu provavelmente teria dito um monte de besteiras das quais, sem a menor dúvida, eu acabaria me arrependendo em pouco tempo.
- Lamento que tudo tenha acontecido daquele jeito – ela insiste.
- Tudo bem – ele sorri – mas me conta, como estão as coisas?
- Normais – ela diz satisfeita – estou feliz de não depender mais o tempo todo da cadeira, apesar de que me canso com uma facilidade imensa...
- Ainda está fraca – ele diz – logo se fortalece e isso passa...
- Sim – ela sorri – mas é mais isso mesmo. Eu não consigo lembrar de muitas outras coisas, está tudo bem confuso – ela suspira – conversei com o meu psicólogo antigo, o Jorge...
- Que bom – Voller parece satisfeito, ainda que inquieto – e o seu ex, tem visto ele?
- Encontrei por um acaso na noite da inauguração do pub da Carol – Brianna conta – o Ben e ela queriam que você fosse, mas eu acho que estava meio tenso o clima entre nós.
- Lamento por isso – ele suspira – eu queria ter ido.
- Então – novamente ela decide enfiar de uma vez o dedo na ferida, para o bem ou para o m*l e terminar com aquela situação esquisita, ou piorar ainda mais ela – sobre tudo o que aconteceu...
- Beijei você porque eu quis – ele diz – porque eu gosto de você e sim, eu acreditei que gostasse de mim também. Acho que eu não imaginava ouvir o seu ex falando sobre o passado de vocês e nem mesmo dando tantos detalhes – ele parece um pouco constrangido, acho que foi a menção aos meus pais terem pegado Jonah em meu quarto – mas enfim, todos temos passado e eu não podia ter agido daquela forma.
- Estava no seu direito – ela constata – mas sim, nos beijamos porque era o que nós dois queríamos – ela diz – e foi realmente incrível. Eu não vou negar que eu fiquei super confusa, entende? Tem um monte de coisas acontecendo ao mesmo tempo.
- Entendo você – ele sorri e me abraça – acho que podemos ter sido precipitados... E depois, eu fui i****a e enfim, acho que eu sinto mais a falta de tolerar o seu mau humor diário do que de amassos no tapete...
- Constrangedor – ela diz rindo alto.
- Amigos, certo? – ele propõe – E com o tempo, a gente vê no que é que isso tudo vai acabar.
Voller acaba ficando para almoçar com Brianna. Aparentemente, ela acabaria comendo sozinha se ele não ficasse e Dulce cozinha bem e disso ele também sabe. Benjamin telefona e dá mais algumas orientações sobre a visita que ela vai receber, de Marco Antônio, durante a tarde e então, ela se vê obrigada a contar para Voller o que irá acontecer:
- Marco ligou e vai vir até aqui – ela suspira – eu não sei como eu devo me sentir com isso...
- Sabe que pode ser perigoso? – igual ao irmão e à Jorge, o primeiro comentário é o mesmo.
- Sim, eu sei – concorda Bri – mas acho necessário.
O rapaz ainda se oferece para ficar por lá, o que ela até aceitaria, mas depois ele lembra-se de que tem um treino marcado para o começo da tarde e então, se despede de Brianna, prometendo ligar para ela assim que estivesse liberado do seu treino.
Brianna vai para o seu quarto assim que Voller vai embora. Primeiro porque ela precisa descansar um pouco e também porque é lá que quer conversar com Marco: lá onde deixou o seu gravador ligado. Consegue descansar por alguns minutos em sua cama até ouvir a campainha tocar.