Capítulo 3

1097 Words
Eliza Chorei até não aguentar mais, era uma dor infinita. Como isso aconteceu? Nenhum irmão normal se apaixonaria pela sua irmã mais nova. Abelardo Monteios sempre foi o melhor dos irmãos, quando minhas amigas vinham fazer uma visita, elas viam como ele se comportava comigo, até diziam..."queria ter um mano assim, tão amoroso e dedicado." Ele nunca me fazia chorar, não pregava peças ou fazia piadas de m*l gosto, como era de costume dos outros irmãos, segundo minhas amigas. Meu irmão colocava-me num pedestal, eu era sua adoração. Nossos pais encentivavam essa adulação toda, sempre falavam que um precisava do outro. Eles me contavam quando Abe me pegou nos braços que sentiram a nossa ligação, viram no rosto do menino um amor puro. Sempre achei nossa ligação bonita e pura, nada a ver do que vi hoje. Abelardo beijou os meus lábios, a língua queria entrar dentro da minha boca. Inacreditável a sua audácia, a loucura inimaginável. Esse tempo todo convivi com um lobo em pele de cordeiro. Teria que fugir dessa abominação. Não cometeria esse pecado de incesto. Agiu como um homem ensandecido. Era lamentável, mas deveria ir embora do lugar onde nasci, abrirei mão de tudo pela minha liberdade. Levantei da cama decidida, bati, mexendo na maçaneta desesperadamente. Até que ouvi a governanta Ricarda. — Ricarda... graças a Deus. Socorro! Abe me trancou aqui. Ajude-me. Ela Murmurou algo, indo buscar a chave reserva, em seguida destrancou a porta. Abraçei ela e depois corri para buscar uma mala, procurando roupas confortáveis e fáceis de usar numa fuga. O meu violino vermelho elétrico também coloquei na mala. Ela não parava de questionar minha atitude impulsiva. Expliquei o que deu, não podia demorar, a qualquer momento Abelardo poderia voltar sei lá de onde. Para o inferno se quisesse. Mas não teria essa sorte. Despedi dessa senhora que ajudou minha mãe Valentina a me criar e fui embora do casarão sem olhar para trás. Sem destino. Pensei em me esconder na casa da minha melhor amiga Nathalia. Porém, pensei melhor, esse seria o primeiro lugar que ele iria me buscar. Refletindo a melhor opção decidi ir de ônibus para outra cidade, ou melhor outro estado. Na Rodoviária comprei passagem para São Paulo. Viveria confortável no Centro, tinha conta no banco, dinheiro, cartão de crédito. A fazenda era metade minha, todos os lucros dela igualmente. Quando chegasse na cidade grande, procuraria um advogado que ajudaria na separação do patrimônio familiar. Estava imersa, mergulhada nos meus próprios pensamentos, caminhando olhando para baixo, algum conhecido poderia me reconhecer. De repente bati no peito de um homem que caminhava na minha direção, não saberia dizer de quem era a culpa. Porém, caí de b***a no chão, e a mala foi junto se abrindo. Primeiro fechei rapidamente a mala, mas quando tentei me erguer uma mão foi estendida para me ajudar. Antes de aceitar a oferta, ergui os olhos, olhando o desconhecido mais belo que já havia visto na face da Terra. Aceitei apertando sua mão fortemente, ergueu-me na sua frente nossas mãos continuaram unidas. O homem era alto, cabelo n***o, corte perfeito, rosto de um príncipe, olhos castanhos que sorriam iluminados por um humor desconhecido. Sua boca tentadora deu um meio sorriso. Arqueou uma sombrancelha. Soltei sua mão toda envergonhada. — Perdão, adorável jovem, por tê-la feito tombar no chão. Sou Dante Aragão ao seu dispor. — Eu que peço desculpas, deveria olhar para frente. Aceito sua desculpa. Você não é da Serra Vinhal. Sabe, no interior todo mundo conhece todo mundo, e eu nunca te vi por essas bandas. Sorri tímida pois me encarava muito. — Atualmente sou do Rio de Janeiro. Mas aqui é a minha cidade natal. — Respondeu de forma casual. — E a senhorita, parece que estava fugindo de alguém. Analisou todo o meu estado físico. — Dá par notar?! — Perguntei assustada. — Esse boné, o semblante preocupada e assustada te denunciam. — Semicerrou os olhos. — Como se chama? — Eliza Monteios. Vi em seus olhos um brilho malicioso, mas logo mudou ficando fofo. — Eliza, sei que não me conhece, mas sinto uma forte conexão com você. Deixa eu ajudá-la? — Por que ajudaria uma desconhecida?Aliás, não preciso de ajuda. Sei me virar. Soltei as palavras sentindo raiva. Na Verdade nunca sai de casa sozinha, sempre estava acompanhada de um dos meus pais ou dele. Pensar nele fazia sentir uma angustia crescente. — Quantos anos tem?Já é maior de idade? Sua curiosidade não me perturbava. — Tenho dezoito anos, Dante. — E onde vai assim tão aturdida, alguém te feriu? Pode se abrir, sou um amigo, embora não me conheça. Pode contar comigo. Seu olhar era bastante sincero. Sentamos em um banco de madeira. Contei tudo para esse estranho. Abrindo o coração pesado, amargurado. — Vou com você. Conheço um advogado. Demonstrou um intusiasmo contagiante. — Sério? Dante pode parecer esquisito, mas embora nunca ter visto você, também senti essa conexão instantânea. Posso contar realmente contigo? Perguntei na defensiva. Ele segurou nas minhas mãos e olhou profundamente dentro dos meus olhos. — Conta comigo sempre, que nada de mau vai te acontecer. Serei seu guia, amigo, companheiro fiel. Eliza cheguei aqui cheio de tristeza e dor. Eu vim visitar os túmulos dos meus pais e encontrei você, você princesa. Fascinação essa era a palavra para descrever o sentimento brotado em meu coração. Entre viajar sozinha no mundo, preferia viajar com um desconhecido para um mundo que ele conhecia. Uma proteção, era tudo o que não esperava, portanto não tinha intenção de desperdiçar essa chance. Admito, Dante Aragão despertou uma sensação estranha, poderia afirmar semelhante a amor. Amor a primeira vista? Mas só acreditava em contos de fadas. Dante meu príncipe; meu salvador. Abelardo; um vilão, obstinado a prender a princesa no seu castelo. Disse a ele que sentia muito por ter chegado e ter que partir em outro lugar ao lado de uma menina. Mas ele disse que eu estava escrito no seu destino. Ele comprou a passagem e logo em seguida o ônibus chegou. Partimos em direção ao nosso destino. Com ele do meu lado sentia-me segura, igual na época quando Abe agia normalmente. Pensar nele fazia sentir sensações e emoções estranhas e que se misturavam. Eu ainda amava o meu irmão, por isso a fuga, quero impedi-lo de cometer um pecado. Ao mesmo tempo tinha asco, nojo dele. Por ter tocado nos meus lábios. Quando me lembrava disso limpava a boca constantemente. Olhei de soslaio para Dante. Ele estava conversando no celular, acho que era o tal advogado. Gosto dele. Gostei muito dele.
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