Capítulo 13

1772 Words
Ela estava muito assustada com esta súbita mudança, mas sentiu que não havia tempo a perder, pois estava encolhendo rapidamente. – Alice no país das maravilhas Capítulo 5, conselho de uma lagarta ●●● Senhor Bailey encarava a televisão sem saber onde deveria apertar para ligá-la. Estava esperando a família terminar de se arrumar, já que queriam ir andar a cavalo. Mas aquele fato parecia ter sido esquecido, já que sua maior dúvida era saber como ligar a televisão. Cristal fora a primeira a sair do quarto após se trocar, e segundo o pedido do sogro iria levá-lo primeiro para cuidar dos cavalos e prepara-los. Tão breve Oliver também surgira na sala para ajudar a cunhada. ― Senhor Bailey, vamos cuidar dos cavalos? ― Heim? ― O senhor virou para o genro e sorria ― Ah vocês precisam conhecer os meus meninos, acho que irão gostar deles. ― As crianças vão gostar ― Cristal sorria caminhando ao lado dos dois homens. ― Ah é verdade, eles vão gostar mais que os meninos. Oliver olhava para o senhor Bailey e suspirava, e em silêncio os três seguiram para os estábulos. Ao abrirem as portas encontraram alguns cavalos ali já ensinando como alimentá-los sob supervisão de Cristal e Oliver. O primeiro cavalo tinha a pelagem n***a, era o favorito do idoso. O segundo era uma égua branca com algumas manchas negras. O terceiro cavalo era a cruza dos dois primeiros, tendo os pelos acinzentados com algumas manchas brancas. Aos poucos o restante da família chegou nos estábulos. As quatro crianças se animaram em ver os cavalos comendo, querendo dar os pedaços de cenoura para que comessem. Héctor se aproximou da cadeira do pai o levando onde pedia. Todos ajudaram a limpar os estábulos, enquanto Lucius levava os cavalos para tomar sol. Tão breve Benjamin ajeitava as celas para as crianças. Com a ajuda de Oliver para andarem lentamente, acabaram por achar uma maneira de distrair aqueles pequenos. Aproveitaram o sol daquele inverno, cavalgar seria bom não somente para os bichinhos, mas também para as crianças que se entendiavam dentro de casa. As árvores balançavam com o vento que rodeava aquela cidade abandonada. Senhor Bailey olhava em sua volta conseguindo se lembrar de alguns fatos de seu passado. A brisa que passava em seu rosto trazia uma sensação estranha em seus lábios. Levando os dedos para sua boca, relembrava do toque íntimo. O primeiro deles com Henry. ●●● INTERIOR DO INGLATERRA, 27 DE MARÇO DE 1965 As trovoadas do lado de fora eram uma verdadeira sinfonia para o beijo trocado, pois as sensações que tinham vinha fortemente como a chuva. Assim que os lábios se separaram os dois rapazes entreolhavam-se. Uma pequena ponta de arrependimento se tornou presente, Franchesco via o garoto com as bochechas rosadas e os olhos marejados. Não se arrependia de seu ato, mas se arrependia de como teria feito aquilo. Imaginando não ser o único confuso, abraçou Henry deixando seu rosto encostado no peitoral nu de Franchesco. ― Por que me beijou? A voz tímida de Henry arrepiara Franchesco, que o apertara contra si com mais força. Mesmo se sentindo bem naquele abraço, ainda estaria preocupado que tudo fosse um sonho ou uma mentira. ― Não sei ― A voz rouca do maior trouxe a mesma sensação em Henry ― apenas senti vontade de fazer isso. Erguendo a cabeça para olhar Franchesco, Henry analisava a fisionomia do mais alto. Teria ele desejado as mesmas coisas que si? A diferença era de Henry compreender seus sentimentos unilaterais, fazendo questão de mantê-los escondidos. Entretanto aquele breve beijo o deixou em uma estrada de dois caminhos. Poderia continuar a esconder seus sentimentos afastando Franchesco, ou mergulhar de cabeça dependendo do que o outro sentia. Franchesco por outro lado não sabia o que queria fazer. Depois de beijá-lo se perguntou se teria ultrapassado o seu limite. Henry poderia lhe afastar, e dessa vez teria sucesso caso o fizesse já que teria um motivo para isso ao contrário das outras tentativas. Tinha receio de aquilo acontecer consigo. ― Não deveria ter feito isso ― Sussurrava Henry, ainda envergonhado ― Se descobrirem irão te trazer problemas. Franchesco tentava olhar Henry, ficando ansioso quando o via desviar os olhos. ― Não tem ninguém aqui. Nunca terá alguém para nos atrapalhar. ― O que devo fazer? Estou com medo de tudo se repetir. Franchesco erguera o queixo de Henry fazendo lhe olhar. Passando as pontas dos dedos por sua bochecha, apenas encostara suas testas. Não sabia ao certo o que estava fazendo. Surgia ali um lado carinhoso que jamais tivera, nem quando dormira com outras mulheres. Mas lá estava ele sendo carinhoso com Henry, o tocando e se sentindo bem. Mesmo que acreditasse serem gestos inconscientes, permitiria continuar para que ele não fosse embora. ― Se repetir terá o direito de fazer o que quiser comigo. Como se uma parede fosse derrubada, Henry envolvera os braços na cintura de Franchesco e o beijara. O maior sentia sua pele se arrepiar com aquele toque repentino, ponderando se poderia avançar seus toques. Por fim segurou de sua cintura o trazendo para perto até envolver seus braços no corpo de Henry. O que antes era um breve selar, agora se tornava demorado. Franchesco desejava aumentar aquele contato. Pedira a passagem timidamente, deixando a ponta de sua língua contornar os lábios de Henry. Os mesmos foram se entreabrindo diante do toque íntimo do maior, que não demorou em deixar que sua língua deslizasse para dentro da boca e intensificar o beijo. Um explorava a boca do outro enquanto as mãos se acariciavam. Se anteriormente não sentiam sono, naquele momento a energia aumentara e sequer cogitavam a hipótese de dormirem. Como se tivessem encontrado algo para experimentar, o beijo se prolongava. Os toques de Henry pareciam excitantes quando acariciou as costas nuas suavemente. O corpo de Franchesco enrijeceu de imediato tendo em seguida arrepios, tentava se controlar para não passar daquilo. O beijo se findara pela falta de ar, sem que palavras fossem ditas por serem desnecessárias. Franchesco observava os olhos castanhos brilharem em meio à escuridão do quarto. Se não fosse pelas cortinas finas que permitiam a entrada da iluminação do lado de fora, não teria como apreciar tal olhar tão inocente e puro. Aconchegando o corpo de Henry, levara seus dedos aos cabelos para iniciar uma caricia. Ambos mergulhados no silêncio processando as sensações e sentimentos daquela noite. Aos poucos a respiração de Henry ficara suave no peitoral do rapaz de cabelos brancos, percebendo que teria dormido. Franchesco não se importou em passar parte da madrugada observando Henry entre seus braços em um sono tão profundo. Parecia inocente e intocável, sua bela fisionomia deixava-o perdido em pensamentos. Mesmo que fosse algo repentino, Franchesco estava certo de que iria entrar naquele mundo tão desconhecido. ●●● As crianças gostaram de cavalgar pelo campo mesmo precisando de Lucius ou de Oliver consigo. Os dois eram os únicos que sabiam cavalgar, por isso ajeitavam uma das crianças em sua frente logo saindo em disparada. O vento que batia em suas faces trazia não somente a animação, mas o grito eufórico daqueles que pareciam se divertir. Os pais assistiam a cena dos estábulos, enquanto dois iam, os outros dois netos tinham que esperar por sua vez. Cristal era a que conseguia controlar as crianças, depois de Oliver claro. Mantendo a caricia nos cabelos dos dois meninos gêmeos ficou a contar as curiosidades sobre aqueles cavalos, apenas distraindo a atenção deles. Senhor Bailey encarava o campo se lembrando de como haviam casas espalhadas, distribuídas em lotes por conta das plantações. Porém, não conseguia se recordar do momento em que chegara ali, muito menos o que teria acontecido para que as casas vizinhas ficassem abandonadas. O olhar perdido pairava em cada ponto distante, aquele ponto que era possível de enxergar com sua visão falha. Apenas encontrava as pequenas construções das casas, sem saber de qual material seria. Talvez de madeira, de barro ou de concreto. Mesmo que forçasse sua memória a trabalhar, não conseguia encontrar nenhum resquício que pudesse lhe ajudar. De onde vieram aqueles cavalos? Teria comprado? Pertencia a alguém? E aquelas plantas? Desviou sua atenção para o lado esquerdo da casa, onde encontrava uma extensão de plantas. Teria cultivado tomate? Uma bananeira, conseguira reconhecer suas folhas mais ao norte. Por que as cultivava? O sorriso de Henry passou em seus pensamentos. “Ah, ele me pediu”. Héctor havia retornado da casa de madeira com algumas garrafas de água, deixando duas separadas para as crianças. Fizera questão de que uma fosse entregue ao seu pai. ― Aqui pai. Bebe para não ficar com sede. Senhor Bailey acordava do devaneio e olhara para o rapaz à sua frente. Reconhecia suas feições. Era o filho do meio, Héctor. Pegando a garrafa já sem tampa, bebericou alguns grandes goles da bebida gelada e sorria grandiosamente. ― Obrigado filho. Tão breve os sons das trotadas eram ouvidos, Lucius e Oliver retornavam do passeio deixando os cavalos irem beber água e comer algo antes que levasse os próprios gêmeos para um passeio. Todos pareciam com sede, aproveitando a água levada pelo moreno. Mas o que permanecia ali era a admiração da vista rural. Benjamin continuava a suspirar ao ver o pai, percebendo que mais uma vez tinha o olhar perdido em algum pensamento nostálgico. Como queria entendê-lo e saber o que se passava consigo. Após a revelação do diagnóstico imaginara se contar a sua história seria saudável. O pai iria esquecer dos acontecimentos presentes, mas as do passado permaneceriam intactas. Chegará o momento em que senhor Bailey não iria mais reconhecer os filhos, e isso tornaria as coisas mais difíceis. Recusaria tomar a medicação, por não se recordar do motivo de o fazer. Acharia que foi sequestrado, por estar rodeado de gente estranha. No final das contas ele teria vivido sua vida envolta de suas lembranças. As preciosas lembranças. Benjamin sentia um gosto amargo na boca, ficando cada vez mais arrependido de ter negligenciado aquele pai. Recebendo um toque acolhedor em seus ombros, virou a cabeça para trás encontrando Héctor. Pareciam pensar nas mesmas coisas ficando cada vez mais perturbador. ― Ok vamos dar a última volta e então voltaremos para casa! Oliver e Lucius mantinham a alegria por perto, deixando de lado toda a assombração e medo que rondava a família. Era época natalina, e queriam se divertir. Montando no cavalo e ajeitando um dos filhos à sua frente, Lucius fora o primeiro a sair em disparada pelo campo, não demorando para ser seguido pelo marido. Mais uma vez, todos observavam as cavalgadas de longe.
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