Capítulo 20

1135 Words
INTERIOR DO INGLATERRA, 9 DE MAIO DE 1966 As festas de final de ano passaram com rapidez. Franchesco, como era costume, passara duas semanas na casa de campo com os seus pais ouvindo sermões sobre a briga e questionamentos sobre o seu futuro. Ficara a maior parte de suas férias evitando os pais trancando-se no quarto onde escrevia as suas cartas e as enviava para Henry. O assunto sobre o seu noivado permaneceu em silêncio, uma vez que a outra família pedira por um tempo até que a suposta noiva se formasse devidamente. Porém, já seria um assunto concreto. Por esse motivo Franchesco tentava arranjar alguma forma de fugir. Sendo o ano da sua entrada na faculdade estava se sentindo nervoso, já que poderia se separar de Henry. Apesar de que o rapaz afirmasse nas suas cartas, das quais Franchesco se demora apreciando a bela caligrafia, que pensaria num curso após o início das aulas. Franchesco se sentia angustiado da mesma forma. Quando a viagem findou-se o rapaz de cabelos brancos pegara o primeiro trem da manhã e retornou para a escola. Mesmo sabendo que os seus pais ficariam furiosos consigo ao descobrir a sua fuga através de um singelo bilhete que deixara sob a mesa da cozinha. Ainda assim não queria perder tempo. A melhor parte das férias estava por vir. Assim que colocara os pés no dormitório, após algumas horas sentado no trem e pegar um táxi até a escola, não demorou em procurar pelo outro garoto. Não seria a primeira vez que invadiria o seu dormitório e o encontraria sozinho, apenas sentado na cama lendo algum livro. O que lhe deixara extasiado fora ver a cara de surpresa de Henry, que largara o livro na cama saindo em disparada para abraçá-lo. Havia o empurrado, com mala e cunha, para dentro do seu quarto onde poderia pular no seu colo. Envolvendo as pernas no tronco do maior, segurou-lhe o rosto e beijara dos seus lábios. Quanta saudade teria sentido daquele toque e do seu cheiro madeirado. Ah como o saudava. Franchesco nunca teria se sentindo tão bem-vindo quanto naquele dia, e sorria com extrema satisfação em cada toque possessivo de Henry. Ficaram o dia todo naquele quarto, onde puderam conversar e f********r sem se preocuparem com absolutamente nada. Porém, as férias logo se encerrariam e com ela um novo ano letivo se iniciava. Toda a alegria que sentiam foi embora quando viram Camille ainda na escola. A garota teria repetido de ano, e talvez conversado com o diretor para que naquele ano ficasse na mesma sala de Franchesco Bailey. O que era para ser um ano extremamente bom e feliz, parecia se tornar um intenso pesadelo. Até mesmo para visitarem o jardim, tinham de ser discretos, pois a garota seguiria o rapaz alto de todas as formas possíveis. Obviamente teve de criar planos de m***r aula com os seus amigos para em seguida voltar a pular o muro indo para o jardim. Saberia que a garota não o seguiria quando se tratava de m***r aula. Mas o que iria incomodar ainda mais seria o olhar frio e repulsivo sobre Henry. As agressões não teriam aumentado muito menos diminuído, ainda eram recorrentes. Agora com ela no encalço de Franchesco, de forma literal da frase, o menor não saberia como se aproximar, tendo que esperar sempre pela iniciativa do mais alto. Apenas para aquilo ele deveria depender do maior. Somente para que Franchesco viesse até si. O ano m*l começara e as dificuldades aumentaram. Henry tinha o olhar perdido enquanto encarava a folha sobre o seu colo. Sentado no banco branco do jardim secreto, pensando no que deveria seguir após o terceiro ano do colegial. Não saberia que profissão traria prazer, e muito menos qual curso poderia despertar-lhe uma paixão. Por mais que fosse um ótimo aluno, e por isso recebesse diversos convites de universidades, sentia-se perdido. Não demorou para que um suspiro passasse por seus lábios, estava tão confuso chegando a tirar toda a sua emoção. Gostava de cuidar das plantas, talvez algo nessa área pudesse ser interessante. Também gostava de ler, então poderia optar por letras. Balançando os cabelos formava um bico nos lábios até se dar conta que não estava sozinho. Ao olhar para trás via Franchesco de braços cruzados o observando encostado em uma das árvores. ― O que faz aí todo quieto? ― Bode em canoa? – O riso de Franchesco era baixo, se divertia com o olhar desconfiado do menor ― Vendo o seu desespero. ― Olha só que malvado, apesar de estar sempre com a bomba. Franchesco sentara ao lado de Henry e olhara a folha no seu colo. Entendo o motivo da sua confusão, passara a refletir sobre si mesmo. Entretanto, não se aprofundou naquilo, apenas segurou as mãos do menor e entrelaçou os dedos enquanto o olhava. ― Sabe o que vai fazer no final do ano? ― Não me preocupo com qual universidade, mas sim com o curso. ― Henry olhara para o maior sentindo a sua mão ser acariciada pelos dígitos do outro. ― E você? ― Irei para onde você for. Frase tão clichê trouxera o tom rosado para a bochecha do menor, que soltava uma risada inalada. Já teriam conversado sobre aquele assunto diversas vezes, e Franchesco se mostrou disposto a procurar por uma universidade que tivesse dormitório, pois se recusava a voltar para casa. Além do mais, seria bom demais viver alguns anos no mesmo quarto que Henry. Já imaginava como iriam gastar as horas vagas, e com certeza uma delas seria na cama. ― Me refiro ao curso. ― Bom... não tenho nada por enquanto, então acho que irei tocar a empresa do meu pai mesmo. Henry assentia pensativo. Franchesco parecia ter o futuro tão certo e isso causava-lhe uma ponta de inveja. O mais alto poderia ser dono de uma empresa de entretenimento, e isso aumentaria sua popularidade. O que lhe preocupava era saber o que viria depois. Por enquanto a questão da universidade parecia, e uma ressalva para parecia, estar pré-definida. Iriam continuar se vendo e mantendo do relacionamento em segredo. ― O que acha... de fazermos o vestibular de inverno? ― Henry olhava para o outro, que parecia interessado ― Se conseguirmos concluir o ano antes... talvez teríamos tempo de aproveitar as férias antes da faculdade. ― Isso muito que me interessa. Depositando um selar demorado nos lábios de Henry, o mais alto já conseguia se sentir cada vez mais animado em finalizar o colegial. Queria a universidade, onde poderia ter a liberdade para fazer o que quiser. Além disso, se tomasse posse da empresa do pai, poderia jogar a sua família de escanteio e trazer Henry para sua área de conforto. Se fizesse tudo corretamente, iriam viver o resto da suas vidas juntos.
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