Capítulo 21

870 Words
Na manhã de natal com chuva só poderia resultar em alegria. As crianças, assim que acordaram e sem retirar os pijamas, foram em disparada para a sala onde encontraram os presentes embaixo da árvore. Mas antes de abrirem, fizeram questão de que todos os adultos da casa estivessem por perto, já que haveriam alguns pacotes para eles. Não teria como não sorrir diante da euforia dos pequeninos, afinal de contas parecia que algo magico acontecia ali. Por isso se mantiveram em silencio sobre como o papai noel teria passado pela lareira. Tão breve era possível encontrar os pacotes de presentes rasgados pelo chão da sala. O tapete estava totalmente dominado por caixas de brinquedos, afinal era o que a criançada gostava. Por que raios iriam querer roupas? A felicidade dos gêmeos em levar presentes para os pais, contagiou os mesmos. Todos teriam ganho presentes e entrado na brincadeira dos menores. Claro que fora tudo graças ao papai noel. Queriam estrear seus novos brinquedos o quanto antes, mas o pedido dos pais era que tomassem um banho antes de irem no lado de fora brincar. Enquanto isso senhor Bailey ajeitava o boné em sua cabeça e aproveitava do café feito por Oliver. Era sempre doce e por isso casava bem com leite, deixando a bebida morna e deliciosa. Esquentava seus dígitos na porcelana levemente quente, enquanto assistia a televisão. Estava tão bem estacionado em sua cadeira debaixo de uma coberta, que se quer deu atenção quando os filhos saíam em procura de comida. Já estava na hora de irem ao mercado mais uma vez, agora para seguirem a chamada “lista B”. ― Eu fico com ele. Héctor já teria se ajeitado no sofá, acordara com o nariz avermelhado e espirrando aos berros. Provavelmente estaria gripado. ― Quer que eu traga algo? ― Algo para beliscar está ótimo. Benjamin e Lucius, junto aos demais, se retiraram para irem ao mercado. Precisavam espairecer e sair um pouco de casa. Emma seria outra que permaneceu em casa se recusando a sair da cama naquele frio, e pretendia passar o natal debaixo das cobertas dormindo. O som dos carros que saíam logo diminuiu quando se afastaram, o som da televisão era o único que quebrava o silêncio. O rapaz moreno ajeitado no sofá ainda estava sonolento por conta da noite m*l dormida. Talvez o corpo latejasse tanto que nenhuma posição era suportável para dormir tranquilamente. Enquanto assistia televisão não demorou em adormecer, mesmo que contra a vontade. Senhor Bailey observava o filho no sofá e soltava um riso abafado. Lembrava-se, ainda, com perfeição de sua tenra idade quando o garoto sempre dormia após assistir os seus desenhos no sábado de manhã. O garoto só acordava com energia próximo ao horário de almoço. Vendo que sua xícara estava vazia, se levantou ficando diante do rapaz, tocou-lhe a testa e averiguou uma pequena ardência em sua tez. Estava com febre. Pigarreando seguiu para a cozinha, onde encarou seus armários e os abria sem saber ao certo o que procurava e onde procurar. Com seus movimentos lentos, demorou cerca de dois minutos para encontrar o vidrinho que continha algumas folhas de hortelã, outro vidro contendo um pouco de gengibre. Não demorou para que descasasse o gengibre, cortando um pedaço pequeno e o fatiasse. Deixou a água, com meia xícara de leite e o pedaço do gengibre ferverem. Após a fervura adicionou um sachê de chá Earl Grey e esperou alguns minutos. Não era muito fã de chá, mas teve de aprender á fazer quando via sua ex-esposa indisposta em meio à gestação. Cuidara dela para que seus filhos nascessem com saúde, já que era proibido o uso de medicamentos no período dos nove meses. Sendo assim, senhor Bailey teve de adicionar alguns dotes culinários para cuidar da mulher com quem se casara. Após esperar os três minutos retirou o pedaço de gengibre, com extremo cuidado, e adicionou doce de leite e um p*u de canela. Junto ao chá na bandeja, cortara um pedaço de bolo, que Cristal teria preparado para a noite anterior e quase fora detonado pelos netos por ser de chocolate. Não tinha mais força para levar até o filho, mesmo assim tentou. Segurando com cuidado enquanto caminhava lentamente até a sala, deixou a bandeja sobre a mesa de centro antes de se virar para o filho. Tocou-lhe com delicadeza sua bochecha em uma caricia, tal como fazia consigo quando era criança. ― Héctor, acorde para beber o chá. O filho, de forma automática, resmungava e se espreguiçava até sentar-se no sofá com a fisionomia sonolenta e os cabelos bagunçados. Senhor Bailey, que teria se esquecido que queria mais café com leite, voltou a se sentar na poltrona e a ver televisão. Héctor observou a bandeja na mesa de centro e a deixou em seu colo, tendo suas bochechas ficando levemente rosadas. Olhou de soslaio para o pai, que parecia interessado no que assistia, e sorria gentilmente. ― Alguns velhos hábitos não mudam, não é mesmo? Bebendo um gole do chá e se lembrando de todas as vezes que ficou doente e pode desfrutar do chá feito por seu pai, Héctor percebia que seu muro de conflitos e mágoas deixava-se cair por completo.

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