O primeiro usuário ativo

942 Words
            Pouco mais de trinta minutos haviam se passado quando Felipe começou a receber notificações das respostas e dos novos usuários no chat: então, não havia sido em vão. De alguma forma, ele estava conseguindo gerar interação. Surpreendeu-se e sorriu ao ler os nomes do primeiro respondente: Lucas Lemos, ele era oficialmente o primeiro usuário ativo do Grupo do Zoo.  NOME: Lucas Lemos IDADE: 17 anos ONDE NASCEU:  Eu nasci e me criei aqui. FAMÍLIA: Vivo com minha mãe, que é médica infectologias e a minha irmã, a Ana, que tem dez anos. Meus pais são separados tem muito tempo. O meu pai, Carlos, ele é proprietário de uma loja de materiais e construção e vive com minha madrasta, a filha dela e o meu irmãozinho, Gael, que tem um aninho, eu vejo eles muito pouco. AVATAR: Como meu avatar no Grupo do Zoo, eu escolhi o Lobo. O lobo é um animal carnívoro, grande predador que ocupa o topo da cadeia alimentar, mas foram as suas características comportamentais que fizeram com que eu o escolhesse para me representar: CARACTERÍSTICAS AVATAR: Lobos vivem em alcateias, grupos relativamente pequenos, formados por um casal reprodutor e as crias com até cinquenta meses. O líder da alcateia, normalmente, é o macho reprodutor, e isso somente se altera quando o mesmo morre. Lobos são animais muito inteligentes, velozes e considerados um dos melhores estrategistas do reino animal. São extremamente territorialistas. Tem grande capacidade de comunicação e sua sobrevivência baseia-se no convívio social. CARACTERÍSTICAS ALUNO:  Eu me considero um cara tranquilo, na minha, mas que detesta que invadam o meu espaço. Gosto de estar em casa, com minha família – mãe e irmã – e também gostava quando tínhamos a vó conosco. Costumo ajudar minha mãe com as coisas de casa e com a Ana, cuidar delas é uma das minhas especialidades.          O professor deu um longo gole em seu café e sorriu: era bem o que ele esperava. Anotou em uma folha de papel Lucas - Lobo. Ele avaliaria conforme o avatar e ao final do trimestre. Aguardaria os demais alunos responderem enquanto criava as atividades que iria lançar na plataforma. Lúcia apareceu:  - Bom dia - ela diz sorrindo - muito trabalho?  - Sim - ele responde - minha ideia parece que deu certo...  - Maravilha, quantos alunos no chat? - ela pergunta.  - Por enquanto um - ele responde.  - Fala sério - ela ri - você se empolga com pouca coisa. - Você não sabe... Até o fim do dia mais da metade da turma vai estar ativa no chat, Lucia.  - Eu espero que sim - ela responde - não aguentaria ver sua decepção.  - Preciso fazer alguma coisa - ela suspira - vou morrer de tédio...  - Ler um livro? - sugere Felipe.  - Sinceramente - ela suspira - acho que nada que envolva o meu cérebro...  - E você tem um? - brinca o irmão.  - Felipe - ela suspira tentando se conter - estou em um mau momento, pelo amor de Deus, não me provoca.  - Tudo bem - ele ri - vamos lá, o que você quer fazer?  - Algo que eu consiga ver utilidade - ela largou um livro sobre a mesa - tentei o livro mais cedo.  - E o seu namorado? - Felipe pergunta.  - O que tem ele? - ela parece nervosa.  - Não sei, diz você - ele riu - o que ele está fazendo nesses dias?  - Fora de cogitação - ela responde - ele está ocupado e a tendência é piorar...  - Interessante - resmunga Felipe - ele trabalha em que?  - Quer um relatório? - ela o encara. - Não, só quero conversar... - Não me parece nem um pouco útil - ela resmunga.  - Certo, e se você começar a pensar em ajudar outras pessoas? - ele questiona. - Não entendi...  - Pessoas irão perder seus empregos, suas fontes de renda, quem sabe começar um projeto social... - Eu sou péssima com as pessoas - ela bufa.  - Pesquisa máscaras de tecido, ajuda a mãe a fazer - ele segue tendo ideias - tem gente que não vai ter condições e outros que não vão encontrar para comprar...  - Felipe? - ela o encara - Porque seu cérebro consegue funcionar no meio dessa m***a?  - No começo... - Não entendi - ela ri. - No começo da m***a, Lucia, e não no meio... A coisa ainda vai longe e fica pior. - Pessimista - ela resmunga.  - Realista - ele retruca. - Certo - ela se dá por vencida - vou ver o que eu encontro sobre máscaras e vou ver se consigo convencer a mamãe a fazer alguma coisa de útil por outros seres humanos.  - Ela está rezando - Felipe diz.  - E o que tem isso? - Lucia pergunta confusa.  - Para ela, rezar pelas pessoas é fazer algo por elas - ele ri - assim como promover jantares.              Lucia apenas riu e saiu da sala com o notebook em mãos afim de encontrar alguma coisa para fazer. Felipe continuou tentando dar atenção Pá um livro qualquer, mas passava mais tempo atualizando a página do que dando continuidade à sua leitura: ele não era muito bom em esperar, muito menos em lidar com coisas que ele não podia controlar, nisso ele era realmente péssimo.              Tratou de ir para a cozinha: se ele fizesse o almoço, ao menos o tempo passaria mais depressa, mas quando chegou lá encontrou com Lucia que resmungou alguma coisa sobre fazer, fazer sozinha e não conseguir fazer nada com a mãe, e para Felipe restou apenas o sofá da sala e a espera.
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