Pouco mais de trinta minutos haviam se passado quando Felipe começou a receber notificações das respostas e dos novos usuários no chat: então, não havia sido em vão. De alguma forma, ele estava conseguindo gerar interação. Surpreendeu-se e sorriu ao ler os nomes do primeiro respondente: Lucas Lemos, ele era oficialmente o primeiro usuário ativo do Grupo do Zoo.
NOME: Lucas Lemos
IDADE: 17 anos
ONDE NASCEU: Eu nasci e me criei aqui.
FAMÍLIA: Vivo com minha mãe, que é médica infectologias e a minha irmã, a Ana, que tem dez anos. Meus pais são separados tem muito tempo. O meu pai, Carlos, ele é proprietário de uma loja de materiais e construção e vive com minha madrasta, a filha dela e o meu irmãozinho, Gael, que tem um aninho, eu vejo eles muito pouco.
AVATAR: Como meu avatar no Grupo do Zoo, eu escolhi o Lobo. O lobo é um animal carnívoro, grande predador que ocupa o topo da cadeia alimentar, mas foram as suas características comportamentais que fizeram com que eu o escolhesse para me representar:
CARACTERÍSTICAS AVATAR: Lobos vivem em alcateias, grupos relativamente pequenos, formados por um casal reprodutor e as crias com até cinquenta meses. O líder da alcateia, normalmente, é o macho reprodutor, e isso somente se altera quando o mesmo morre. Lobos são animais muito inteligentes, velozes e considerados um dos melhores estrategistas do reino animal. São extremamente territorialistas. Tem grande capacidade de comunicação e sua sobrevivência baseia-se no convívio social.
CARACTERÍSTICAS ALUNO: Eu me considero um cara tranquilo, na minha, mas que detesta que invadam o meu espaço. Gosto de estar em casa, com minha família – mãe e irmã – e também gostava quando tínhamos a vó conosco. Costumo ajudar minha mãe com as coisas de casa e com a Ana, cuidar delas é uma das minhas especialidades.
O professor deu um longo gole em seu café e sorriu: era bem o que ele esperava. Anotou em uma folha de papel Lucas - Lobo. Ele avaliaria conforme o avatar e ao final do trimestre. Aguardaria os demais alunos responderem enquanto criava as atividades que iria lançar na plataforma. Lúcia apareceu:
- Bom dia - ela diz sorrindo - muito trabalho?
- Sim - ele responde - minha ideia parece que deu certo...
- Maravilha, quantos alunos no chat? - ela pergunta.
- Por enquanto um - ele responde.
- Fala sério - ela ri - você se empolga com pouca coisa.
- Você não sabe... Até o fim do dia mais da metade da turma vai estar ativa no chat, Lucia.
- Eu espero que sim - ela responde - não aguentaria ver sua decepção.
- Preciso fazer alguma coisa - ela suspira - vou morrer de tédio...
- Ler um livro? - sugere Felipe.
- Sinceramente - ela suspira - acho que nada que envolva o meu cérebro...
- E você tem um? - brinca o irmão.
- Felipe - ela suspira tentando se conter - estou em um mau momento, pelo amor de Deus, não me provoca.
- Tudo bem - ele ri - vamos lá, o que você quer fazer?
- Algo que eu consiga ver utilidade - ela largou um livro sobre a mesa - tentei o livro mais cedo.
- E o seu namorado? - Felipe pergunta.
- O que tem ele? - ela parece nervosa.
- Não sei, diz você - ele riu - o que ele está fazendo nesses dias?
- Fora de cogitação - ela responde - ele está ocupado e a tendência é piorar...
- Interessante - resmunga Felipe - ele trabalha em que?
- Quer um relatório? - ela o encara.
- Não, só quero conversar...
- Não me parece nem um pouco útil - ela resmunga.
- Certo, e se você começar a pensar em ajudar outras pessoas? - ele questiona.
- Não entendi...
- Pessoas irão perder seus empregos, suas fontes de renda, quem sabe começar um projeto social...
- Eu sou péssima com as pessoas - ela bufa.
- Pesquisa máscaras de tecido, ajuda a mãe a fazer - ele segue tendo ideias - tem gente que não vai ter condições e outros que não vão encontrar para comprar...
- Felipe? - ela o encara - Porque seu cérebro consegue funcionar no meio dessa m***a?
- No começo...
- Não entendi - ela ri.
- No começo da m***a, Lucia, e não no meio... A coisa ainda vai longe e fica pior.
- Pessimista - ela resmunga.
- Realista - ele retruca.
- Certo - ela se dá por vencida - vou ver o que eu encontro sobre máscaras e vou ver se consigo convencer a mamãe a fazer alguma coisa de útil por outros seres humanos.
- Ela está rezando - Felipe diz.
- E o que tem isso? - Lucia pergunta confusa.
- Para ela, rezar pelas pessoas é fazer algo por elas - ele ri - assim como promover jantares.
Lucia apenas riu e saiu da sala com o notebook em mãos afim de encontrar alguma coisa para fazer. Felipe continuou tentando dar atenção Pá um livro qualquer, mas passava mais tempo atualizando a página do que dando continuidade à sua leitura: ele não era muito bom em esperar, muito menos em lidar com coisas que ele não podia controlar, nisso ele era realmente péssimo.
Tratou de ir para a cozinha: se ele fizesse o almoço, ao menos o tempo passaria mais depressa, mas quando chegou lá encontrou com Lucia que resmungou alguma coisa sobre fazer, fazer sozinha e não conseguir fazer nada com a mãe, e para Felipe restou apenas o sofá da sala e a espera.