Hana estava sentada no sofá assistindo TV, ela sorriu quando viu a patroa chegar e se levantou.
— ChaYung, que bom que chegou. – a senhora sorriu ao se aproximar.
— Lien está dormindo? – perguntou olhando as horas no relógio.
— Sim, ela brincou muito hoje. – sorriu – Se a senhora não precisar de mim vou pra casa agora.
— Pode ir Hana, obrigado por cuidar bem das minhas filhas.
— É um prazer.
A senhora se despediu e deixou a casa, ChaYung seguiu até a cozinha para preparar algo.
— Mamãe, tenho um trabalho de escola para fazer em dupla – SuYunjin entrou na cozinha mexendo em seu celular e se sentou na cadeira.
— Com quem?
— Com um garoto do colégio, o que a senhora acha, ele vem aqui ou eu vou a casa dele?
— Quem é esse garoto? – ela tirou uma jarra de suco da geladeira e serviu dois copos.
— Ele é da família Kim do centro, a senhora o conhece. – deu pouco caso, largou o celular e observou a mãe cozinhar, puxou um copo de suco e bebericou.
— Melhor fazerem aqui, pelo menos a Hana toma conta de vocês.
— Qual é, eu já tenho quinze anos. Não preciso de babá, só a Lien por que ela tem 5 anos.
— Ainda é novinha. Ambas precisam.
A garota revirou os olhos e pegou o celular após o mesmo apitar.
— Como foi a investigação? Algum caso novo?
— Sim, algo bem peculiar.
— Sério, o que é? – ela dispensou o celular e prestou atenção na mãe.
— Encontramos um corpo no Teatro central, a menina estava coberta de cera e estava em pé igual uma bailarina de caixinha de música.
— Que horror mãe!
— É verdade. – assegurou mexendo a carne.
— Tem alguma pista?
— Duas escolas de balé para investigar e uma van para procurar e um número anônimo para descobrir.
ChaYung pegou a pasta de investigação de dentro da bolsa e mostrou para a filha. SuYunjin abriu a pasta e analisou os documentos. Tinha fascínio por casos não solucionados e amava ajudar a mãe, queria seguir o mesmo passo quando crescesse.
— A senhora lembra quando eu te pedi para fazer aula de balé? – recordou – Ainda bem que não deu certo.
— Não deu porque seu labirinto é comprometido.
— Sim, tem males que vem para o bem – afirmou analisando os papeis – Isso é h******l. Como uma mente doentia pode trabalhar assim?
— É o que estamos tentando descobrir.
— Vou ajudar! – a filha se dispôs.
ChaYung pegou a pasta novamente e o guardou.
— Não vai não, deixe isso para os peritos. Concentra-se na escola.
— Mas mãe! A senhora sabe que posso ajudar...
— Não senhora, não vou te meter nisso, você tem coisas mais importante para se preocupar, tipo a escola. Em falar nisso como estão as provas?
Su Yunjin censurou a mãe com o olhar, apanhou seu celular e deixou o assunto morrer.
*********
ChaYung colocou a comida no prato e se sentou à mesa para jantar. Estava faminta, tinha que se alimentar direito durante o turno para não comer tão tarde assim.
— Lien deu muito trabalho hoje?
— Não, para uma garotinha de cinco anos ela é muito boazinha. – brincou.
— Não posso dizer o mesmo de você – a mãe sorriu – Você era bem energética.
— A vovó diz que eu era um furacão. – brincou.
— Sim, era mesmo.
— Em falar nela, a vovó ligou dizendo que viria no fim de semana. – avisou.
— Fazer o que aqui?
— Disse que tinha alguns negócios para resolver, mas não disse o que era.
— Tá bom.
— Vou para a cama. – a jovem se levantou e beijou o topo da cabeça da mãe – Boa noite.
— Boa noite filha.
Enquanto mastigava, ela observava a filha subir a escada. Não acreditava que tinha crescido tanto, o cabelo estava mais cumprido e seu corpo mais feminino. Sorriu satisfeita por saber que sua filha estava segura e prometeu para si mesmo que não deixaria que nada lhe acontecesse.
O local era simples e agradável, as meninas se moviam com perfeição, uma serenidade surreal estampava nas faces de cada uma delas, a professora em silêncio caminhava entre elas observando enquanto a música tocava dando orientação quando precisava, estava satisfeita e sorria para as meninas.
O mesmo vestido encontrado na vítima delineava o corpo das jovens, o cabelo minuciosamente penteado e um pequeno laço com véu prendiam o coque alto. As sapatilhas beges em seus pés poderiam contar histórias.
ChaYung observava cada detalhe da sala, seus olhos vasculharam o local a procura de câmeras, mas não havia, aquilo era apenas um pequeno salão que fora transformado em sala de aula. A atendente conversava com o investigador Baek, ele sorria e acenava com a cabeça para cada resposta dada por ela.
A música parou, ChaYung observou a professora conversar com as jovens e logo seguiu em sua direção, um sorriso singelo foi oferecido por ela.
— Desculpa a demora detetive. – estendeu a mão em um cumprimento e a detetive aceitou.
— Não tem problema, podemos conversar?
— Claro, venha comigo.
A moça seguiu até uma pequena arquibancada no canto lateral do pequeno salão de dança e se sentou oferecendo o espaço ao lado.
— Desculpe, eu gostaria de oferecer um local mais apropriado, mas como pode ver aqui só tem uma sala. – sorriu sem graça se desculpando.
— Não tem problema. – ChaYung se sentou ao seu lado e observou as meninas conversarem entre si e se virou para a professora – Qual é o seu nome?
— Nina.
— A quanto tempo da aula aqui?
— Já tem uns... Cinco anos. – disse satisfeita – Adoro o que faço.
— Então eu creio que você conhece a Byeol Hoo, ela fez aula aqui.
— Ah sim – ela desfez levemente o sorriso ao relembrar da aluna favorita – Ela era uma aluna excepcional.
— O corpo dela foi encontrado ontem.
— O que? – espantou – Ela está morta?
— Ela ficou desaparecida por dois anos. – informou – Você não soube?
— Não, a última vez que a vi foi quando ela veio fechar a matrícula dela. A senhorita Hoo disse que iria se mudar.
— Se mudar? Pode me descrever o que aconteceu no último dia que a viu?
— Sim, eu estava aqui fazendo o balanço da escola quando ela apareceu dizendo que queria trancar sua matrícula.
— Que horas ela apareceu?
— Por volta da uma e meia da tarde. Eu questionei o motivo, porque ela é a melhor aluna que já tive, era muito aplicada e queria seguir carreira.
— O que ela respondeu?
— Disse que iria se mudar com seus pais e que não saberia quando voltaria.
— E depois?
— Fechei sua matrícula e ela se foi.
— Ela estava com alguém ou pareceu esperar por alguém?
Nina pensou, coçou a cabeça e suspirou.
— Sim – disse por fim – Depois que ela pagou a taxa de encerramento um carro passou lentamente em frente da porta, a senhorita Hoo se apressou dizendo que não queria ficar com o troco e correu.
— Ela pareceu estar assustada ou amedrontada?
— Não.
— Como era esse carro?
— Não sei. – Nina se curvou para frente e colocou os cotovelos nas pernas e pensou – Deve ser cinza, um Montana. – se endireitou – Sim, um Montana cinza. – garantiu.
— Tem certeza?
— Sim, porque os pais dela têm um carro da mesma cor, então quando ele passou até pensei que ela estava apressada por causa de seus pais e a mudança.
— Mas acredito que o carro dos seus pais seja de outro modelo. – observou.
— Sim, mas pensei que eles haviam comprado outro.
— Os pais dela vieram aqui saber dela?
— Não, depois daquele dia não vi nenhum deles, por isso pensei que tinham realmente ido embora.
— Mais algum detalhe que se lembre?
Nina balançou a cabeça negando.
— Mais nada.
— Obrigado por seu tempo. – disse se levantando, naquele instante Baek apareceu ao seu lado afundando as mãos no bolso frontal da calça – Esse é o investigador Baek. – apresentou.
— É um prazer.
— Podemos conversar com as meninas? – ele perguntou apertando a mão dela.
— Claro. Meninas! – chamou acenando com a mão – O investigador e a detetive gostariam de trocar uma palavrinha com vocês.
ChaYung fez um gesto para que todas se sentassem na arquibancada e assim elas fizeram. Todas tinham uma faixa etária de treze a dezessete anos.
— Vou deixá-los a sós. – indagou a professora se retirando.
— Imagino que nem todas conheciam uma jovem que estudou aqui, ela se chama Byeol Hoo. Quem daqui a conheceu? – ChaYung observou.
Cerca de quatro jovens levantaram a mão.
— Certo, as demais podem sair. – pediu gentilmente.
As jovens se levantaram e se retiraram uma delas aparentemente mais velha passou bem próximo a Baek e não desviou o olhar de um jeito paquerador. ChaYung encarou o amigo, fazendo-o dar de ombros. Baek era o rapaz mais atraente da corporação, e esse tipo de cena era natural quando se estava com ele.
— Eu queria saber se algumas de vocês notaram alguma coisa de diferente na senhorita Hoo antes que ela deixasse a escola?
— Não. – disseram todas quase juntas.
— Sabem se ela tinha algum namorado?
— Ela estava saindo com um homem. – informou uma das meninas, ChaYung olhou em volta e conheceu a menina sentada no fundo.
— Você já chegou a vê-lo?
— Não, mas eu sempre o via vindo buscá-la de carro.
— Que tipo de carro?
— Um Montana cinza.
— É verdade – afirmou outra – Uma vez ela até se gabou que estava namorando um rapaz mais velho.
— Ela disse quantos anos ele tinha? – Baek perguntou.
— Não, mas eles trocavam mensagem sempre.
— Na última aula que tiveram como ela estava?
— Parecia ansiosa. – informou a primeira – E quando perguntei por que ela estava assim, ela só disse que estava feliz.
— Acredito que ela não tenha falado para mais ninguém sobre esse namorado. – indagou Baek mais uma vez.
— Não.
— Lembra-se de mais algo?
Todas negaram.
— Obrigado meninas. – sorriu – Quaisquer mais informações nos liguem. – Baek estendeu um cartão de identificação e entregou para a mais velha.
Muitas delas sorriram enquanto tentava olhar para o cartão, Baek se retirou ao lado da detetive. ChaYung parou no umbral da porta e olhou em volta, na frente havia uma loja fechada, ao lado uma de roupa e logo depois um de informática.
Se aquele carro tivesse passado ali, certamente a loja de informática teria capturado algo com a câmera de segurança.
— Vamos. – ela atravessou a rua e seguiu até lá.
Um pequeno sino soou assim que a porta se abriu o rapaz no caixa logo à frente a olhou e viu Baek entrar logo atrás. No canto esquerdo uma pequena lan house, do outro muito DVD’s e produtos além de câmeras e outros eletrônicos. Ela seguiu até o caixa.
— Com licença, detetive ChaYung. – ela lhe mostrou o distintivo – Podemos ver as imagens da câmera de segurança?
— Claro.
Ele guiou os investigadores até uma sala nos fundos.
— Desculpe, mas o que estão procurando?
— Um Montana cinza.
O homem se sentou na frente do computador e abriu as pastas.
— De que dia?
— Pode mostrar a lista de dois anos atrás?
— Claro.
O homem abriu algumas janelas no computador e procurou pela pasta que precisava. Rolou até em baixo.
— Aqui, está separado por meses e dias – informou dando passagem para o investigador Baek se sentar.
Após a procura do dia exato do desaparecimento, Baek abriu a pasta e adiantou a filmagem para a hora informada pela professora Nina.
— Aqui. – pausou a filmagem.
Nele um Montana cinza passava, os vidros eram escuros e a placa não estava visível. O veículo estacionou em frente da loja de informática e esperou, não demorou para a jovem apareceu apressada e entrou do lado do passageiro e logo acelerou.
— Pode imprimir essa imagem? – pediu a detetive para a imagem do veículo.
— Claro.