Enquanto caminhavam para o elevador, ChaYung sabia que aquilo não iria dar em nada, ele não era de certo modo um suspeito.
— O que você acha? – Baek perguntou entrando no elevador e esperou a porta se fechar.
— Não é nosso cara. Acho que outra pessoa, seu teatro é o mais popular e não me surpreendo se alguém queira estragar a fama dele.
— Vou pesquisar esse tal de Pan Yong-nam e ver o que sei a respeito. Enquanto isso, vamos almoçar?
ChaYung olhou em seu relógio de pulso e sentiu seu estômago reclamar.
— Vamos.
Assim que saíram do prédio, Baek dirigiu até um pequeno restaurante onde geralmente os policiais sempre almoçavam.
— Esse caso vai ser daqueles. – Baek reclamou passando seu pedido para a garçonete.
— Também acho.
A moça se retirou assim que pegaram seus pedidos, ChaYung suspirou traçando passos e lógicas que a ajudasse a resolver o caso.
Baek mexeu no celular enquanto esperava o almoço.
— Há quanto tempo você não almoça na sua casa? – ChaYung questionou observando o companheiro.
Ele ergueu a sobrancelha enquanto digitava algo.
— Não sei, não tenho muito tempo em ir até lá e voltar, trabalho muito. – respondeu ainda digitando.
— Como está seu casamento?
— Meu casamento?
— Baek!
O rapaz terminou de digitar e guardou o celular para dar atenção a sua chefe, naquele momento os pratos chegaram. O rapaz sorriu ao ver a delícia que estava sendo servido.
— Como Aya está? – perguntou novamente.
— Ela está bem.
— Como está o casamento?
— Como assim? Está normal como qualquer outro.
— Está tão r**m assim?
Ele segurou o garfo com uma mão e a faca com a outra e parou o gesto de levar um pedaço de carne na boca, olhou para a companheira de investigação e devolveu o garfo no prato.
— Estamos tentando fazer certo dessa vez.
— Vocês pararam de brigar? – sua voz foi mansa, aquele tipo de assunto sempre foi delicado para Baek que há muito tempo lutava para manter o casamento em pé.
— Sim, estamos fazendo sessões de casais agora.
— Isso é ótimo.
— Foi ideia dela.
— Ela também está se esforçando muito. A depressão é uma coisa muito séria.
— Sim, Aya é muito especial, por isso eu a amo. – ele espetou a carne novamente e levou até a boca e mastigou sem pressa para poder saborear todo o sabor.
— Então por que não vai almoçar com ela?
Ele engoliu com cuidado como se aquele pedaço de carne fosse rasgar sua garganta.
— Não quero falar sobre isso. – colocou outro pedaço na boca dando a entender que aquele assunto estava encerrado.
Respeitando o tempo do amigo, ChaYung decidiu não insistir na conversa. Saboreou sua refeição se perguntando se ligava para Aya ou não.
**********
ChaYung e Baek entraram na sala de depoimento, a jovem sentada a sua espera parecia abalada e nervosa, não passava de dezoito anos, tinha traços suaves e o cabelo escuro era longo e liso.
— Senhorita Eun Jim, certo? – ChaYung se sentou na cadeira e Baek se sentou ao lado.
— Sim, por que me chamaram aqui? Não fiz nada de errado, certo?
— Certo. Te chamamos a respeito de outra coisa. – ela tirou de dentro da pasta a foto da jovem e estendeu sobre a mesa.
Eun Jim puxou a fotografia para perto e tampou a boca surpresa.
— Acharam a Byeol Hoo?
— Sim, preciso saber qual era sua relação com ela.
A jovem olhou para os dois avaliando a situação em que estava.
— Éramos amigas.
— Sabemos, quero que nos diga se no dia do seu desaparecimento você a viu.
—Sim, ela foi até a minha casa.
— E o que fizeram?
— Conversamos.
— Sobre o que?
— Olha eu não me lembro, já faz dois anos. – argumentou aparentemente nervosa. Saber que sua melhor amiga foi encontrada morta lhe deu um grande choque.
— Ela saiu da própria casa dizendo ir para a sua treinar.
— Sim, ela dança muito bem.
— Você também dança?
— Sim, dançávamos na mesma escola, onde nos conhecemos.
— Mas vocês não treinaram aquele dia?
Ela suspirou e confirmou.
— Não, ela foi até minha casa para conversar. Apenas isso.
— Então por que ela mentiu para os pais?
ChaYung suspirou, sabia que a garota lhe escondia algo, ela teria que ser mais cautelosa se quisesse fazer a menina falar.
— Olha Eun Jim, sua melhor amiga está morta e a única coisa que queremos é pegar o assassino, então você tem que me ajudar. – sua voz saiu acolhedora e teve o efeito que desejou.
A jovem olhou para os dois com os olhos marejados. Estava nítida sua tristeza, mordeu os lábios e concordou limpando as lágrimas fujonas.
— Eu e a Byeol Hoo não éramos apenas amigas, nós... Bem...
— Pode dizer, está tudo bem. – ChaYung assegurou passando-lhe confiança.
Se sentindo mais confortável a jovem assentiu.
— Bem, nós namorávamos.
ChaYung ergueu a sobrancelha surpresa e limitou a olhar para o companheiro ao seu lado para não deixar a garota desconfortável. Com o repentino silêncio que se instalou na sala, a jovem decidiu continuar.
— Namorávamos escondidas é claro, os pais dela eram superprotetores, não a deixavam conversar com ninguém que não seja do conhecimento deles.
— Você conhecia a senhora Hoo?
— Sim, ela é uma mulher super gentil e seria uma mãe perfeita se não fosse tão manipuladora.
— E o pai dela, o que tem a nos dizer? – Baek perguntou.
— Ele é um pai super ciumento, todos os rapazes que Byeol Hoo quis namorar ele os mandaram embora, proibia a filha de conversar com qualquer garoto. Foi quando nos conhecemos, passávamos muito tempo juntas uma contando a vida para outra e acabamos nos aproximando
— Ha quanto tempo estavam juntas?
— Dois anos, hoje seriam quatro.
— Sei... E o que ela foi fazer na sua casa aquele dia?
A menina apertou os dedos das mãos apreensiva.
— Ela... Foi me ver para romper. Ela disse que tinha conhecido uma pessoa e que finalmente tomaria coragem e confrontaria seus pais para dizer sobre ele.
— Era um homem?
— Sim, ela não disse quem era e nem o nome, na verdade não disse nada a respeito por que quando ela disse que não queria mais nada comigo eu surtei, acabamos discutindo e ela saiu correndo. – olhou para a detetive e depois para o rapaz ao seu lado – Desculpa, mas não posso ajudar, isso é tudo que sei.
— Alguma amiga ou outra pessoa que possa estar envolvida com ela?
— Não que eu saiba.
— Ok, obrigada por vir Eun Jim e nos ligue caso lembrar mais algo. – estendeu um cartão de visitas e a jovem a pegou.
— Imagina. Se eu puder ajudar em mais algo me liguem.
A jovem deixou a sala e seguiu pelo corredor sentindo seu sonho se desfazer diante dos olhos, tinha esperança de reencontrar a amada, mas depois dessa visita, tudo acabou.
— O que acha? – Baek apontou para a porta onde a jovem saíra.
— Acho que está falando a verdade. Sabemos que ela saiu para encontrar um homem e tenho a certeza de que é o dono daquele telefone que ela sempre ligava a noite, Baek temos que encontrar esse homem.
— Pode deixar.