A senhora Hoo caiu de joelhos e chorou desesperada assim que a médica legista descobriu o rosto da jovem, o marido em choque não sabia se amparasse a esposa ou se concentrasse em manter-se calmo e equilibrado para aquela situação.
A detetive ChaYung observava o comportamento dos dois enquanto anotava notas mental para pesquisar depois, deu um sinal para Ah-Ri que voltou a cobrir o rosto da jovem e a colocou de volta na gaveta de corpos. A senhora chorava enquanto abraçava o esposo e se perguntava o motivo de tanta covardia. Na verdade, ChaYung também perguntava a mesma coisa, por que m***r e entalhar uma jovem com catorze anos era insano e c***l.
Na sala de investigação após meia hora de espera, a senhora Hoo se acalmou, tomou três copos de água e enfim pôde conversar com mais calma. Sabendo que aquilo iria demorar, a detetive deixou a sala e se encontrou com o investigador Soe Joon no corredor.
— Pelo jeito vai demorar ali. – ele observou o casal na sala através do vidro temperado.
— Pois é, quero que vá até a loja e procure por pistas sobre o laço de cabelo da vítima, veja câmeras de segurança, procure por supostas testemunhas e até mesmo investigue as notas fiscais para ver de quem eles compram e vendem cada laço, veja antecedentes do dono da loja e supostos contatos e ciclos comerciais que possa ligar ele a alguma coisa. Leve Tom com você.
— Sim senhora.
— Vamos Baek. – chamou abrindo a porta da sala de investigação tendo a atenção dos pais.
Ela se sentou colocando uma pasta com todas as informações da vítima sobre a mesa, Baek permaneceu em pé ao seu lado.
— Está melhor senhora Hoo? – perguntou gentil.
A senhora balançou a cabeça concordando mesmo estando inconformada com a situação.
— Podem dizer sobre sua filha?
Ela respirou fundo e olhou para o teto tentando manter as lágrimas longe.
— Ela era uma garota muito sonhadora. – sorriu melancólica – Sempre feliz e fazendo todo mundo feliz. Sempre conseguia ver o lado bom de tudo, nunca era um tempo r**m.
Ela limpou o nariz com um lenço novo e assuou o nariz.
— Ela tinha namorado?
— Não, depois que entrou no clube de balé ela nunca namorou, sempre dizia que seu sonho estava acima de qualquer coisa.
— Que clube de balé ela frequentava?
— Sonho de Criança, ela frequentava há cinco anos. – sorriu ao relembrar da filha e limpou uma lágrima – Ela sempre amou o balé.
ChaYung fez umas anotações.
— A senhora lembra o que aconteceu no dia do seu desaparecimento? – Baek perguntou.
— Ela estava em casa conosco – disse o senhor Hoo, seus olhos estavam vermelhos pelo choro reprimido e tinha um semblante cansado – Tínhamos almoçado e estávamos no jardim, de repente ela disse que tinha que ensaiar na casa de uma amiga. Deu um beijo em minha testa e no rosto da sua mãe e saiu.
— Ela realmente tinha ensaio naquele dia? – ChaYung perguntou.
— Não sei. – confessou a mãe – Ela tinha recebido uma mensagem antes de sair.
— Vocês sabem de quem?
— Não.
— Ela estava se relacionando com alguém? – Baek perguntou observando cada detalhe de sua expressão.
— Não, eu disse que ela não se relacionava com ninguém, o balé era a sua vida, ela não tinha tempo para namoros.
— Talvez alguém do balé. – ChaYung sugeriu – Algum garoto dançava lá?
— Não! Quando a inscrevemos soubemos de antemão todos que dançavam, eles garantiram que não havia garotos lá. – o senhor se ponderou antes da esposa.
— O professor talvez. – Baek argumentou puxando a cadeira e se sentando ao lado da detetive.
ChaYung notou as táticas dele de especular para que os pais deixem escapar algo.
— Impossível! Era uma professora. – garantiu.
Anotando alguns detalhes, ChaYung notou algo de errado naquilo tudo.
— E o celular dela?
— Estava com ela.
— Podem me dizer qual roupa que ela estava usando quando desapareceu?
— Sim – a mulher passou a mão no cabelo e suspirou – Estava de short de pano rosa, uma regata preta e uma sapatilha.
— Mais alguma coisa a nos contar?
— Não.
— Estão dispensados. Muito obrigado por terem vindo, sinto muito pela perda. Se lembrarem e mais algo que possa nos ajudar, por favor, entre em contato conosco.
Os pais da garota se levantaram, a senhora Hoo deu um breve aceno com a cabeça e ambos seguiram para fora e sumiram pelo corredor. O investigador Baek coçou o rosto sentindo que a barba começaria a crescer.
— O pai dela ficou incomodado com a ideia de a filha ter conhecido alguém, notou? – ele analisou suas unhas e viu que também precisava cortar.
— Sim. – a detetive fechou a pasta e virou pro parceiro – Os pais são muito protetores, isso deixa qualquer adolescente em estado de tensão em busca de liberdade – analisou.
— Seria complicado ela dizer aos pais superprotetores que conheceu alguém. – Baek pensou um pouco – O que aconteceria se ela começasse a namorar?
— Não sei, talvez os pais a tirariam da escola de balé e a privasse de tudo. – analisou.
— Foi pensando nisso que a jovem pensou num caso secreto? – compartilhou sua teoria.
— Isso explicaria as mensagens escondidas. Nisso a jovem deixou a casa dos pais após uma mensagem misteriosa, estava com roupas normais e dizia ir à casa de uma amiga. Temos que saber que amiga é essa.
— Os pais não nos disse que amiga seria essa.
— Não precisa. Vamos pedir a quebra de sigilo da linha telefônica e veremos as ligações que ela recebeu antes de desaparecer.
— Deixa comigo.
— Enquanto isso verei o que consigo daqui.
O investigador deixou a sala ao seu lado e cada um seguiu um corredor.