O avião já havia pousado novamente na grande Roma e Benno sentia-se ansioso. Durante o voo fez sua pesquisa sobre a mulher de cabelos negros que agitava seus pensamentos nas ultimas 48hrs, mesmo com os avisos do chefe Benno sabia que havia algo de diferente naquela mulher. Ele sempre teve interesse naquelas que faziam suas vontades de maneira rápida e fácil, não era fã das complicadas, até porque não fazia questão de lutar por sexo.
A esta altura Benn sabia que Matteo e Leonardo já sabiam de sua presença na cidade e muito provável Leonardo sabia também o motivo. Tinham um trato de paz e Benno sabia das condições para poder cortejar Tereza. Algumas leis não poderiam ser infringidas e uma delas seria a proibição de agir por conta própria.
Ele já tinha noção do que a mulher havia passado nas mãos do ex e não poder fazer nada o deixou inquieto, nunca ninguém o calou, nunca. Mas agora seria diferente, até isso Benno teria que cuidar.
Alugou um pequeno quarto de em uma pensão e instalou-se ali. Não era o lugar mais chique e bem equipado de Roma, muito pelo contrário. Benno poderia comprar um hotel somente para ele, sem que ninguém o perturbasse, sua cona bancária permitia. O motivo da escolha da pequena pensão era um tanto quanto óbvia na mente dele, não era somente aproximar-se de Tereza e levá-la para a Alemanha. Benno precisava conhecer mais sobre a vida dela, precisava saber de coisas que os arquivos na sua tela de notebook cara não contavam. Tereza não era uma mulher como as que ele estava acostumado. Ela não aparentava ter muitas ambições e sua linhagem não era nobre. Era apenas uma camponesa tentando a sorte na cidade grande e isso o excitava. Benno imaginou Tereza em um daqueles vestidos simples costurados a mão e com uma longa trança expondo seu pescoço. As mãos dela poderiam até mesmo serem calejadas que ele não se importaria. Adoraria tê-las acariciando sua pele desenhada pelas tatuagens e pelas pequenas cicatrizes.
Desceu as escadas e procurou caminhar pela cidade, conhecer os mesmos lugares que ela conheceu, sentir os mesmos cheiros que ela sentiu. Para Benno a melhor forma de carinho era o conhecimento. Conhecer quem você tem ao seu lado seria essencial para uma boa relação. Ele não conhecia muito sobre amor, mas depois de ver Tereza ele sentiu curiosidade em conhecer.
Parou em frente a clínica onde ela trabalhava. Já passava das 17 e ele sabia que ela saia dali tarde. Aguardou pacientemente enquanto todos iam embora. A última pessoa a sair foi ela. A aparência cansada a dominava. Notou um pequeno machucado no braço quando ela retirou o casaco para colocar um mais quente. Benno já desconfiava o que havia causado o hematoma, mas naquele momento o mais importante era acompanhá-la e fazer com que ela chegasse em segurança até sua casa.
O caminho não era longo, mas também não era perto. Tereza caminhava rápido para uma mulher com pernas pequenas e andava bem vigilante.
Benno notou o exato momento em que um homem se aproximou, não era o seu ex pois Benno sabia que naquele momento ele estava do outro lado da cidade. Era um homem maior.
Tereza sorriu e cumprimentou Chris.
_ O que faz aqui ?
_ Vi você de longe. Não é perigoso andar a essa hora sozinha ?
_ Ah, hoje está bem movimentado. Não vejo problemas nisso.
_ E se ele aparecer ? Você tem que ficar mais cautelosa Tereza. Seu braço melhorou?
Christian apalpou o braço dela e puxou uma parte do casaco. Ela se sentiu um pouco constrangida mas também aquecida com o carinho que aquele amigo lhe oferecia. Já havia espantado os pensamentos sobre Christian a muito tempo, ele era um bom vizinho mas não seria um bom companheiro. Sua criação lhe ensinou que mexer com coisas ilícitas poderiam levar a tragédias inestimáveis e não gostaria de namorar um traficante. Seus pais não mereciam desgosto.
_ Estou bem, obrigado por se preocupar..
Ele apenas sorriu. Apesar de ser uma menina simples e sem muitos atrativos, Tereza era comportada e calma. A vida de Christian era uma bagunça e às vezes seu ponto de paz era olhar para Tereza e ouvir sua voz. Ele não tinha intenção de namorá-la, sempre fugiu de relacionamentos e pretendia continuar assim mesmo sentindo seu coração quente ao tocar e falar o nome daquela vizinha que insistia em sorrir para tudo e todos.
_ Bom, vamos então. Vai acabar resfriada.
Disse Chris enquanto circulava seu braço no de Tereza. Ela apenas riu, ele era estranhamente engraçado e queria cuidar dela, coisa que Thiago nunca fez.
Enquanto isso Benno rosnava de raiva, o estranho tinha a ousadia de tocar em algo que era seu. Ele não se considerava mimado e nunca se importou em dividir, mas com ela não. Com Tereza era diferente. Benno precisava pesquisar mais sobre aquele homem mas se dependesse somente dele Christian não veria a luz do dia novamente.
Viu os dois entrando no prédio de Tereza, sua raiva apenas crescia e a insanidade teimava em querer tomar conta. Aguardou mais um pouco e viu a luz do pequeno ap dela acender e logo a luz ao lado também. Provavelmente aquele seria o vizinho dela mas mesmo assim não ficou aliviado. Ficou ali, observando e mesmo quando a luz se apagou Benno permaneceu imovel. Queria entrar naquele quarto e sentir seu cheiro, a impotência estava deixando-o louco.
O dia amanheceu e a vigília dele permaneceu por mais algumas horas, o tempo parecia não estar a seu favor, depois de olhar várias vezes para o relógio Benno lembrou que já era sábado, talvez por isso Tereza estivesse tão cansada no dia anterior. Decidiu então voltar para a pensão, dormiria um pouco e logo tentaria colher mais informações sobre aquela que ocupava sua mente e seus pensamentos.