Sem amor?

1079 Words
Com os olhos fechados, Juno parou na informação de que no mundo dele, não existiam termos como eu te amo. Juno se lembrou de uma colega japonesa, era uma colega de faculdade que não conseguia expressar sentimentos românticos, especialmente usando a frase "eu te amo", porque a família dessa amiga nunca dizia algo parecido porque na cultura dessa amiga, tudo era modesto, se valorizava a discrição, a modéstia e a comunicação não verbal em relação aos sentimentos pessoais. Uma pessoa que não expressava sentimentos, e que as pessoas chamavam de demônio japonês, seria realmente o próprio demônio na terra. Juno ficou perdida em seus pensamentos, não ouvia nem mesmo a respiração de Saiko, era como se ele conseguisse controlar até isso. Acabou dormindo, não foi um sonho calmo ou tranquilo, mas sim estranho e perturbador por causa dos pesadelos. Acordou com ele sentado no mesmo lugar, como se Saiko não tivesse se movido, mas ele brincava com uma arma na mão. Era maluco, isso sim. _ Saiko? Ele levantou a cabeça, mas não respondeu ao chamado dela. — É melhor você ir ou ao menos guarde a arma, por favor. — Nós vamos. — O que? — Nós vamos, noiva. Chegou a hora de assumir o seu posto. Não queria, nem tinha se despedido da sua melhor amiga. Precisava se despedir de Rayra. — Só mais um dia. Só vou organizar as malas e me despedir de Rayra. — Sabe o que aconteceu na era da proibição? Juno sabia. A era da Proibição nos Estados Unidos…. Era o período compreendido entre 1920 e 1933. Durante treze anos, a produção, venda, transporte e importação de bebidas alcoólicas foram proibidas em todo o país. A motivação por trás da Proibição estava enraizada em movimentos sociais e religiosos que acreditavam que a proibição do álcool poderia resolver vários problemas sociais, incluindo a violência doméstica, a pobreza e outros males sociais associados ao consumo excessivo de álcool. Juno pensou, a proibição tinha piorado tudo, porque o álcool antes comercializado por comércios legais, passou a ser distribuído ilegalmente pelas organizações criminosas. A cosa Nostra ( máfia italiana) se fortaleceu nesse período, pois muitos dos seus homens, estavam em solo americano. Uma guerra entre as famílias da cosa nostra, gangues irlandesas e facções americanas locais surgiu , sangue era derramado diariamente. Juno ficou confusa. — O que a sua organização tem a ver com isso? — Errado, Juno. O que você e Rayra tem com isso. Você agora faz parte da máfia japonesa, Rayra é filha do subchefe da máfia americana. Se continuar chorando à Rayra, para que os homens de Xavier intervenham em nosso relacionamento, vai me fazer começar uma guerra. As ruas dos Estados Unidos serão tingidas de vermelho. Um banho de sangue. Uma guerra entre organizações não acaba em menos de cinquenta anos. Pergunte a Rayra sobre a inimizade entre a máfia italiana e a máfia americana. — Saiko.. — Não. Chega de fugir, me enrolou durante meses. Vai me fazer quebrar acordo com “ a família” americana. E você vai ser a única culpada — Eu não vou mais. Nem mesmo reclamar sobre nada. É uma promessa. – Ligue para sua mãe. Partimos logo depois do almoço. E ela, se casa dois dias depois do nosso casamento. _ Saiko. — Sem chances, Juno. Eu disse que ela se casa e não volto atrás com minha palavra. Eu não sou manipulável, anote isso em sua agenda. Mais uma coisa, cuidado como fala comigo, principalmente na frente dos meus homens. Era uma ameaça, mais uma vez. — Saiko, o pai da minha mãe.. _ O seu avô, Juno. _ Isso. Ele ainda está vivo? _ Está. Tão vivo quanto eu e você. Juno gemeu. _ A sua mãe devia ter pensado nas consequências antes. — Foi a minha avó que fugiu, Saiko. Minha mãe era uma criança que seguia a mãe, só isso. — Quando a sua avó faleceu, sua mãe poderia ter entrado em contato, feito uma ligação, mas ela escolheu o caminho mais difícil. Ele era difícil de dialogar e muito. — Ela estava assustada e não soube o que fazer. E o meu avô era abusivo. _ Abusivo, Juno? Abusivos são os homens com quem vocês convivem. Que fingem modernidade para levarem todas as mulheres disponíveis para suas camas. _ Minha avó não queria estar casada. _ Mas estava e não tinha o direito de levar a filha com ela. Isso é traição, e traição se paga com morte. Ela teve sorte e você tem mais ainda. _ Se eu tivesse sorte, eu nunca teria encontrado você. Saiko deu um sorriso para ela, o sorriso de uma assassino frio. _ Se você não tivesse sorte. Eu teria a levado para cama ontem. Tem noção, Juno do que um homem no estado em que estou pode fazer? _ Saiko..Eu não pedi que se mantivesse longe das mulheres. Não tem culpa. O telefone dele tocou... _ O que é Yan, não tem nada para fazer? Os soldados ficam exatamente onde estão. Quem levantar morre. Ele tinha poder sobre a morte e a vida. Quem morria era estipulado por Saiko que desligou o telefone. _ Eu busquei meu sobretudo e mandei esterilizar. Ele saiu. E Juno ficou na cama. Ter buscado o sobretudo, significava que ele tinha mat@do a mulher? E o menino? Mas Juno não fazia ideia de como Saiko resolvia os problemas. Não era machucando crianças. Mas também não era sendo um monge caridoso. As palavras dele De que iam embora.. naquele mesmo dia martelaram na sua cabeça. Se arrastou da cama, como se ela estivesse indo morrer através de uma intenção letal, como aqueles prisioneiros que estavam no corredor da morte. Talvez aquela fosse a sua punição por ter mat@do Jackson. Ia tomar banho para acabar com o pavor, mas ficou com medo de Saiko voltar e a pegar completamente nua. Suspirou. Foi obrigada a arrumar ao menos uma mala pequena. Logo depois, deixou uma mensagem de despedida no chats@pp da sua melhor amiga e jurou que ficaria bem. Quando a mãe de Juno chegou, Juno deu um sorriso sem felicidade para a mãe. _ Não é melhor ficar mamãe? Está segura e alegre aqui. Não sabemos como vai ser lá. — Vou com você, Juno. O meu pai começou isso, e não vou deixá-la só, meu amor. Vamos arrumar um jeito de sobreviver, e casar não vai ser tão r**m assim. Mas Hagabi não tinha tanta certeza.
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