A Donzela E O Submisso*Livro 2*Série Irmãs Queiroz

Capítulo 3

Marquês Julian Savar

Finalmente uma parte do meu desespero foi sanada, durante meses lutei contra mim mesmo por causa desse desejo que me consumia ferozmente dia e noite.

O motivo pelo qual não me apresentei antes não foi a falta de coragem ou interesse, mas sim... por ser como sou, por ser quem eu sou.

Sei que a Senhorita Pilar Basstilee Queiroz será o meu pilar, onde poderei encontrar a paz que tanto almejo.

Espero que ela compreenda os meus gostos e eu serei seu servo fiel. Farei as suas vontades e desejos mais secretos.

Depois da nossa conversa,

combinei com seu pai, o Senhor Leônidas, de que faria a corte durante quinze dias para conhecermos melhor um ao outro e depois farei o pedido de casamento.

Preciso ter a certeza da sua escolha, não quero ser abandonado novamente, como minha mãe fez com meu pai.

Quero que se seja dona da minha vida.

A carruagem chegou na casa que comprei para começarmos a nossa vida de casados. Espero que seja do agrado da minha futura Marquesa.

Antes da carruagem parar, avistei meu pai no gramado, o Senhor Jerônimo Savar.

Ele passou o seu título de nobreza desde quando completei 30 anos. Disse que eu teria mais sorte do que ele.

O veículo parou e logo sai. Cumprimentei o meu pai e entramos calados dentro da casa.

Era a primeira visita dele. Fazia três meses que havia comprado essa propriedade maravilhosa.

Contratei cinco empregadas para o lar, uma acompanhante para a donzela, cinco trabalhadores para cuidar dos jardins, e dos serviços mais pesados da casa.

Particularmente falando não gosto de criado pessoal, prefiro fazer tudo sozinho, com sorte... terei uma rainha que cuidará de mim, farei de tudo para agrada-la.

O Senhor Savar se sentou no sofá da saleta e eu o acompanhei, sentado na sua frente.

Pedi a governanta para trazer um chá.

— Pelo seu semblante acredito que conseguiu o que tanto sonhou. — Afirmou seriamente.

— Sim, senhor. A Donzela, senhorita Pilar, me escolheu para corteja-la.

Ele semicerrou os olhos.

— Como assim?

O chá foi entregue rapidamente em suas mãos, que pegou agradecendo a empregada.

— Quando decidi por fim a minha agonia, outro cavalheiro também chegou na mansão dos Queiroz junto comigo.

O Senhor Jerônimo bebeu um gole do chá, pensativo.

— E a escolha foi dela não do Senhor Queiroz?

— Exatamente.

— Tome cuidado com esse cavalheiro. Qual o nome dele? Eu o conheço?

— Não creio, é novo na cidade. Se chama Dillan Falcão. Trouxe sua empresa de ferrovia para França por causa da Senhorita Pilar.

Não entendia esse interesse em um oponente que havia perdido.

— Filho. Desejo muitas bençãos para esse matrimônio, sei que tú fará diferente do seu pai. Conseguirás manter sua esposa em casa, coisa que eu não fui capaz.

Lamentou ele num tom melancólico.

— A culpa foi de quem?

Sempre perguntava a mesma coisa. Eu sabia o motivo, porém queria que ele confessasse.

— Não importa. Desde que a Marquesa Mirena foi embora com um dos seus amantes nunca mais fui o mesmo. Terminou o chá e entregou a xícara para a empregada, que prontamente levou para a cozinha.

— Serei um marido totalmente diferente de ti, não darei motivos para a donzela partir.

Ele me olhou severamente.

— Você pode até achar estranho, mas o modo como a tratava, era como ela gostava, acredite que foi sua mãezinha adúltera que me ensinou a ser como sou. Depois que me destruiu nunca mais voltei a ser como era antes. Virei um homem quebrado, por isso nunca quis me casar de novo, além do mais... qual mulher me aceitaria dessa forma?

— Não sei do que o senhor está falando. Me lembro bem dos gritos de socorro que ela entoava, vindo do calabouço da sua mansão! — Disse cheio de raiva, porém, não demonstrei exteriormente esse sentimento.

— Meu filho, tú tinhas somente uns sete ou oito anos quando ouvia por detrás das portas, era um menino que não entendia nada. E duvido que entenda hoje em dia. Tú colocaste sua doce mãe no pedestal e não consegui tirar. Escute quando digo que ela não merece o seu amor.

— Já chega papai!

Levantei furioso.

Ele também se levantou, sua expressão era difícil de ler.

— Quando marcará o casamento? — Mudou de assunto.

— Quinze dias de cortejo e mais quinze para a preparação do casamento. Daqui há trinta dias. Na igreja da cidade, a festa será aqui, se ela quiser é claro.

Ele sorriu.

— Estou muito feliz. Precisamos de uma alegria em nossas vidas. Estarei contigo no altar, esperando junto de ti sua noiva.

— Obrigado papai. Sua presença é muito importante, sabe disso.

— Eu não perderia por nada desse mundo.

Nos despedimos secamente, e depois ele se foi, não existia demostrações de afeto da nossa parte.

Sempre foi assim, principalmente com a minha mãe.

Subi para o meu quarto, mais ao ver a porta do quarto da futura Marquesa.

Resolvi entrar.

Tudo estava perfeito, a cor lilás em destaque.

Deitei na cama de lado, alisando o travesseiro em que ela depositara sua linda cabeça.

Suspirei imaginando a nossa noite de núpcias

Queria pular essa parte, diziam que era super doloroso para as mulheres.

Só de pensar em ver aquele belo rosto se contorcendo de dor me dava uma agonia, vontade de desistir.

Sou calmo e tenho bastante paciência, talvez seja um ponto ao meu favor.

Tremo só de pensar nas formas que irei demostrar minha devoção a ela.

Fico excitando quando a sua imagem surgia na minha mente...

Eu de joelhos e ela me açoitando ferozmente, enquanto clamo por mais... mais.

Antes de virar Marquês, frequentei por três anos um castelo diferente, longe daqui, chamado pelos frequentadores de o castelo dos prazeres masoquistas.

Foi lá que entendi o que faltava em mim. A rainha que reina até hoje lá, me ensinou como me comportar.

Sou grato por ter me feito feliz por breves momentos de dor e prazer.

Faz um ano que recebi o título e quando se recebe, nós os nobres, não podemos mas entrar nesse mundo obscuro.

Não sinto mais falta desde que conheci a donzela.

Dois anos atrás tínhamos sido apresentados, a nossa família se conhece há anos. Porém ao vê-la novamente no baile, me encantei pela sua candura, beleza, formosura e inocência. A palavra perfeição foi feita para a senhorita Pilar.