Capítulo 3

1431 Words
Natália Volto pra minha sala indignada com aquela vara p*u seca, sento-me em minha cadeira e volto ao meu trabalho, se no primeiro dia é assim, imagino os próximos. Estava tão perdida com meus próprios pensamentos, que só paro de organizar os documentos por ordem, separando-os por ordem alfabética, quando alguém bate na porta. — Pode entrar! — Você não vai embora? — Olho para o dono da voz como se fosse um louco. Como assim, não vou embora? E percebendo meu assombro, ergue uma sobrancelha. — Por que está me olhando assim? — Porque está perguntando se não vou embora. Me demitiu? — Respondo com outra pergunta. — Você sabe que horas são agora? — Enquanto ele sorria, peguei meu celular para conferir o horário, arregalando os olhos logo em seguida. Como assim produção? Já se passava das oito e meia da noite. — Meu Deus, nem vi a hora passar. — Falo um pouco envergonhada, estava com tanto ódio da forma como a namorada dele falou comigo, que acabei descontando no trabalho, desliguei o computador e peguei minhas coisas, saindo da sala com Michael atrás de mim, paro de andar e me volto para ele. — O que você está fazendo aqui ainda? — Estava te esperando. — Foi rápido na resposta. — Não precisava, bastava me informar o horário. — Volto a andar apressada. — Não tive coragem, você estava tão linda concentrada, que acabei por escolher ficar te observando. — Fala com um sorriso de lado e eu reviro os olhos em sua direção. — Sua namorada, com certeza, não vai gostar de te ouvir elogiando outra mulher. — Ela não… O interrompi: — Não precisa arrumar uma desculpa para ela, deu pra perceber que é esquentadinha demais. — Saímos da empresa e só agora lembro que não tenho carro, Bernardo foi quem me trouxe, onde ele estaria, que não mandou nem uma mensagem? — Escuta, ela não é minha namorada. Olho pra ele com cara de deboche. — Jura?! — É sério, por que eu iria mentir pra você? — Talvez pra me levar pra cama? Já ouvi muito falar de você. — Pego meu celular na bolsa e ligo para Bernardo, que atende ao terceiro toque. — Oi Natália — Oi…Sai do trabalho agora, você pode me buscar? — Claro, chego em cinco minutos. — Obrigada. — Desligo o aparelho. — Eu posso te dar carona, senhorita Borges — Não será preciso, mas obrigada mesmo assim, alguém já vem me buscar. — Seu namorado? — Perguntou de uma forma estranha, se eu não tiver doida, parece estar com um pouquinho de ciúmes. Com esse pensamento acabo sorrindo e antes mesmo de responder, o carro de Bernardo para em minha frente e baixa o vidro da janela. Não se passou nem dois minutos da ligação, fico admirada, como chegou tão rápido? — Ele acabou de chegar, — falo sorrindo e observo que Michael cerrou os punhos — até amanhã chefe. — Dou um tchauzinho e ando até o carro de Bernardo, me sento ao lado do passageiro e ele da partida. — Como chegou tão rápido? — Estava na rua de baixo. — Te atrapalhei em alguma coisa? Desculpa. — Relaxa, tá tudo bem, só vim comprar uma pizza. — Aponta para o banco de trás. — Ber, posso te perguntar uma coisa? — Gostei do apelido, pode sim. — Você e o Michael Miller se dão bem? — Normal, não somos próximos, mas também não somos inimigos, eu acho. — Me lança um sorriso. — Então, porque ele te olha como se fosse te m***r a qualquer momento? — Pergunto realmente curiosa e ele gargalha, me deixando confusa dessa vez. — Eu não sei, mas nunca fiz nada pra ele. — Hum! Tá bom então. — Estaciona em frente à minha casa. — Está entregue, mas se quiser ir pra minha casa comer pizza, será bem recebida. — Pisca o olho em minha direção. — Fica para a próxima, amanhã tenho trabalho e já está tarde. — Tudo bem, então esse final de semana marcamos de jantarmos juntos. — Combinado, obrigada pela carona. — Não foi nada precisando pode ligar a qualquer hora — Certo — sai do carro e andei até a porta de casa, onde entro e subo direto para o quarto. Deixo minha bolsa em cima do criado mudo e vou para o banheiro, onde tiro minha roupa e tomo um maravilhoso banho. Quando termino, me enrolo em uma toalha e vou para o closet onde visto um conjunto confortável e desço para a cozinha, decidindo fazer um suco de laranja, enquanto esquento um pedaço de lasanha que estava na geladeira. Como enquanto assisto televisão, e depois de terminar e ajeitar a cozinha, vou para o quarto, me jogando na cama para conversar com minha amiga pelo celular, até pegar no sono. Na manhã seguinte o despertador me acorda e inicio minha rotina, depois da higiene matinal, escolho entre minhas roupas uma calça jeans com a cintura alta, pois me deixa mais esbelta, combino-a com uma bota de cano curto, que lhe dá mais elegância. Por cima da blusa branca de manga longa, jogo um casaco preto e prendo meu cabelo em um coque. Depois de pegar minha bolsa e o celular, saio de casa e vou caminhando até um ponto, onde pego um táxi para ir até a cafeteria próxima do trabalho. — Bom dia! O que vai pedir? — Uma moça simpática vem me atender. — Bom dia! Vou querer uma xícara de capuccino com chantilly e três pães de queijo, por favor. — Aguarde um momento, já trago o seu pedido — Pediu com o mesmo sorriso e meneio com a cabeça. Aproveito o tempo em que vai buscar o pedido e pego meu celular para checar a mensagem que tinha acabado de chegar, estranhei que seja um número desconhecido. — Quem pode ser? — Pensei em voz alta e abri. Desconhecido: Bom dia! Espero que não se importe por eu ter pegado seu número, só queria ser o primeiro a te dá um bom dia hoje. — Quem está falando? E sinto muito dizer, mas você não foi o primeiro a me desejar bom dia. Desconhecido: Não? Que pena! Sou eu, Michael Miller — Era só o que faltava, onde você pegou meu número? Michael: Melhor você nem saber. — Você tem razão. Bloquear contato (sim ✓) (não) — Aqui o seu pedido. — Obrigada — Agradeço com um sorriso e começo a tomar meu café, como aquele i****a pegou meu número? Ah, já sei, com certeza foi na ficha com meus dados, será que ele se lembra do fato de que não dei nenhuma i********e para que tente se aproximar assim de mim? Deixo esses pensamentos de lado e quando termino meu desjejum, vou até o caixa pagar a conta, depois sigo para a empresa andando, já que fica à poucos quarteirões. Chegando, entro desejando um bom dia para todos e vou para minha sala, sento-me na cadeira e enquanto aguardo que o computador inicie, verifico a agenda do meu chefe “babacoide”, até que escuto uma batida na porta, e logo o vejo passar por ela com as mãos no bolso. — Bom dia, mais uma vez! — Fala com um sorriso no rosto — Bom dia senhor Miller. — Respondo da maneira mais formal possível, não quero ser mais uma a passar em sua cama e misturar trabalho com prazer. — Pelo que vejo, você não acordou com bom humor. — Continua sorrindo e eu já estava me irritando com sua expressão provocativa. — Com todo o respeito senhor, isso não é da sua conta, será que posso te passar a agenda? — Claro. — Não pareceu contente com minha postura, mas continuei. — Agora, às oito, você tem uma reunião com os fornecedores, as onze, uma coletiva com a imprensa sobre a nova marca que vai ser lançada, ao meio-dia, almoço com sua namorada, e a tarde, não tem nada marcado. — Certo, mas só para te lembrar, eu não tenho namorada. — Pisca um olho e sai da minha sala. — É o que você diz. — Resmungo irritada e volto a fazer meu trabalho. Pelo resto do dia não o vi mais, apenas nos falamos por telefone algumas vezes. Quando o horário do expediente terminou, encontro com Bernardo no estacionamento, esperando para me levar a uma agência onde pretendo alugar um veículo por alguns dias, pelo menos até comprar um meio de transporte e parar de depender dos outros.
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