Capítulo 1
Natália
Se tem uma coisa que eu odeio, é mudança!
Para muitos pode ser fácil, mas para mim não é. Sou uma pessoa que não consigo fazer amizades rapidamente, sem contar que não confio em todo mundo — muitas dessas pessoas só querem se aproveitar da nossa bondade, bancando serem bons amigos. Mas amigos de verdade são poucos e difíceis de encontrar.
— Vou sentir saudades, Nati. — Karol é uma das minhas melhores amigas, a qual fiz durante esses dois anos em que trabalhei na Carlos technology.
— Eu também, amiga, prometo te ligar sempre que puder.
— Vou esperar, viu?
— Pode esperar. — Nos despedimos com mais um abraço. Depois, pego minha mala e ando para a sala de embarque; entro no avião que levanta voo para São Paulo, onde vou ficar o tempo em que estiver trabalhando na nova empresa.
Durante o voo resolvo tirar um cochilo, e só acordo quando já estava aterrissando. Desço do avião e ando para a saída, onde vejo um homem segurando uma placa com meu nome; logo deduzi que era a pessoa que Carlos, meu antigo chefe, falou. Coloco um sorriso no rosto e ando até a direção do ruivo.
— Olá, você é o…?
— Bernardo, filho do Carlos, ele me pediu para vir pegar Natália Borges. É você?
— Sim, sou eu. — Falo um pouco surpresa.
Carlos nunca mencionou que tinha filhos, ainda mais um homem bonito desse! Falo para mim mesma e acabo sorrindo com meus pensamentos.
— Vamos então.
— Claro.
— Deixa que eu levo para você. — Ele pega minha mala e anda até o estacionamento, e o sigo. Chegando lá, abre o porta-malas do carro, coloca a mala e abre a porta para mim.
— Obrigada. — Falo sentando no banco do passageiro; ele entra no do motorista e dá a partida.
— Qual hotel o Carlos reservou para mim?
— Então, ele meio que alugou uma casa que fica mais próxima da empresa onde você vai trabalhar.
— Tudo bem, é até melhor mesmo. — Dou de ombros, e o resto do caminho fomos em silêncio, aproveitei para ir olhando a paisagem do lugar e nem percebi quando o carro parou de andar.
— Pronto, chegamos. — Ele sai do carro e eu faço o mesmo. — Aqui suas chaves e esse é o meu número, amanhã venho te pegar para ir pro trabalho até você conseguir o seu próprio carro.
— Obrigada, Bernardo.
— Por nada. — Fala sorrindo e retribuo o sorriso. Entro na casa e gosto da decoração, que era toda no estilo moderno; subo para o quarto, coloco minha mala em cima da cama e começo a arrumar minhas roupas no closet. Depois separo um conjunto, tiro minha roupa e vou para o banheiro. Tomo banho e aproveito para lavar meus cabelos; me enrolo na toalha, visto a roupa que escolhi, pego meu celular dentro da bolsa, deito-me na cama e mando uma mensagem para Karol.
— Oi, florzinha, já estou em casa.
— Graças a Deus, o que achou da cidade? Tem muito homem bonito?
— Aquieta o facho aí, mulher, eu ainda não saí, mas pelo que deu para perceber, vou gostar de morar aqui. Você sabia que o Carlos tinha um filho?
— Não, ele tem mesmo? Eu já ouvi falarem sobre ele ter um casal de filhos, mas nunca soube com certeza.
— Um casal eu não sei, mas ele tem um filho, provavelmente da nossa idade, ele é bem bonito e parece ser bem legal.
— s****a, já está de olho no bofe, né?
— Sua cara, Karol! Vou colocar o celular para carregar e dormir um pouco, amanhã vou começar a trabalhar e não sei como meu novo chefe é. Dei uma pesquisada na internet e o que encontrei foi que ele é um tremendo de um cretino mulherengo.
— Tome cuidado, amiga, porque se ele for bonito você tá ferrada.
— Também acho.
— Boa sorte amanhã no seu primeiro dia.
— Obrigada.
Bloqueio o celular, coloco em cima da mesa de cabeceira e me aconchego na cama, acabo dormindo, imaginando o longo dia que estava por vir.
Acordo com o despertador tocando, levanto-me da cama e vou para o banheiro; faço minha higiene matinal e visto uma saia lápis preta e uma blusa social com mangas longas. Faço um coque no cabelo, uma maquiagem leve, borrifo um pouco de perfume no pescoço e calço um salto alto preto. Pego minha bolsa, o celular e desço para a sala, deixo minhas coisas em cima da mesa de centro. Vou para a cozinha, onde faço café e comu bacon com ovos. Quando termino, lavo a louça que sujei, pego minha bolsa e o celular mais uma vez e saio de casa, bem na hora que um carro estaciona em frente à minha casa. Abaixa o vidro do lado do motorista e pude reconhecer Bernardo, que estava com um sorriso no rosto, me fazendo sorrir também. Ando até o lado do passageiro e ele abre a porta para mim.
— Bom dia. — Sento-me no banco e coloco o cinto de segurança.
— Bom dia. Ainda bem que consegui chegar a tempo.
— Obrigada pela carona, mas você não tem obrigação nenhuma de ser o meu motorista. — Falo simpática.
— Seria rude da minha parte não te levar para o seu primeiro dia de trabalho. Não se preocupe, eu quero fazer isso. — Piscou um olho para mim e fomos o caminho todo conversando; confesso que a companhia de Bernardo é maravilhosa. Ele me contou um pouco de sua vida e de como é seu relacionamento com o pai — e, claro, eu também falei um pouco da minha; não tinha dúvidas que dali para frente nós nos tornaríamos ótimos amigos.
— Pronto, está entregue. — Falou estacionando o carro.
— Obrigada. — Desço do carro e aceno para ele, que retribui.
— Bom trabalho, morena. — Sorri para ele e fui em direção à empresa.
Assim que entro no enorme edifício, recebo vários olhares de homens e mulheres, mas não me importo, já estou acostumada com isso; sigo de cabeça erguida até a recepção, e chegando lá falo educada com a loira que está sentada atrás da mesa.
— Bom dia, sou a nova secretária do Michael Miller poderia anunciar a ele que eu cheguei, por favor?
— Bom dia. — Ela fala fazendo pouco caso da minha presença e digita no telefone; fala, provavelmente, com o chefe. — Ele pediu para você subir, sala quatro, terceiro andar.
— Obrigada. — Ando até o elevador e entro, aperto o número informado. Ao chegar ao meu destino o elevador abre as portas. Ando pelo corredor à procura da sala quatro e, quando a encontro, sinto um leve frio na barriga, pois estou um pouco nervosa, sem saber quem vou encontrar atrás dessa porta. Respiro fundo e dou três batidinhas.
— Pode entrar. — Fala uma voz rouca atrás da porta, eu a empurro e entro, encontrando um deus grego sentado atrás da mesa, mexendo no notebook — e meu Deus, como ele é lindo! Nunca vi um homem tão bonito como esse: alto, moreno, olhos verdes, com a barba rala e com um perfume de tirar o fôlego. Ele me olha de cima a baixo e morde os lábios antes de abrir um sorrisinho e se levantar da cadeira, vindo em minha direção.
— Você deve ser a Natália Borges, seja bem-vinda à MM'HOLDINGS; eu sou o Michael Miller, como você já deve saber. — Fala, deixando um beijo em minha mão.
— Sim, sou eu, obrigada pela recepção, Sr. Miller. — Agradeço em um tom profissional e tiro minha mão da dele, que continuava segurando de uma maneira estranha. — É um prazer conhecê-lo.
— O prazer é todo meu. — Anda até a porta.
— Então, onde vai ser minha sala?
— Na sala ao lado, mas pode ficar aqui na minha, se você quiser. — Ele sorri cafajeste e de duas coisas eu tenho certeza: ele realmente não passa de um cretino mulherengo, mas muito lindo.
— Prefiro a sala ao lado, quero trabalhar com tranquilidade. — Falo sorrindo para ele.
— Se você quer assim, não posso fazer nada.
— Com licença.
— Toda. — Saio da sala dele e vou para a que ele me indicou. Entro e começo a arrumar a mesa ao meu agrado, colocando minhas coisas sobre ela, e alguns porta-retratos da minha família e amigos.