Eu me peguei a p*rra do restante do dia e depois a noite inteira pensando exclusivamente no olhar daquela mulher, virei uma garrafa de uísque completa em meu escritório, aquele entra e sai estava me deixando irado. Então resolvi expulsar todo mundo que me tirava do meu foco real, que era essa tal de Laura. Eu imaginava o som da voz dela, imaginava como aquela boca deliciosa ficaria totalmente entregue a minha. Pensei em segurar o cabelo dela para trás inúmeras vezes. A única pessoa que aceitei no meu escritório aquela hora da noite, em que eu já estava chapado demais, foi o investigador que eu coloquei na cola dela.
Eu precisava saber mais, e Deus sabe que eu tenho dinheiro até a minha quarta geração, contratei o melhor da cidade, um filho da p**a que não deixava ninguém escondido de jeito nenhum. Então, quando ele entrou na minha sala com um sorriso no rosto eu sabia que eu desvendaria aquele mistério, eu finalmente poderia pregar o meu olho em paz, poderia parar de pensar um pouco nela se eu finalmente lesse a vida que ela tinha, quem ela era. Talvez fosse casada com alguém, tivesse um apartamento pequeno em algum canto da cidade, dois filhos, e se orgulhasse de ser uma dessas feministas, porém bem casada. Ou ela poderia ser uma mulher completamente devassa, e essa era a minha fantasia preferida naquele momento.
Mas eu só queria tirar ela de mim, pensei que se eu oferecesse ao meu cérebro uma dose cavalar de Laura ela sumiria da minha realidade, e eu poderia enfim voltar a viver a minha vida dentro do meu quadrado.
- E então, o que você tem pra mim cara? - Eu falei curioso pegando as pastas na mão.
- Me surpreendi com a escolha Victor, você normalmente caça mafiosos e não o tipo da moça, o que ela fez para merecer uma investigação de alguém como você?
Eu apenas sorri, e nem olhei nos olhos dele enquanto eu passeava pelas folhas da pasta.
- Bom está tudo aí, - Ele continuou - Histórico escolar excelente, é uma jornalista jovem, não se envolveu em grandes escândalos, eu consegui reunir até os chifres que a pobrezinha levou ao longo da vida. Mas me pareceu tudo... Ok? Sabe? Nada demais!
- Certo, eu agradeço... - Eu falei não dando atenção, por que no momento em que eu vi uma fotografia dela tirada de bem perto andando na rua, tão absorta, tão livre... O meu coração começou a bater de um jeito que não era acostumado, senti uma sensação esquisita na boca do estômago. Era algo como encantamento por enxerga-la daquele jeito, e um ciume excessivo de ver que qualquer um que passasse por ela na rua naquele momento enxergaria ela da mesma forma que eu. Ela andava por aí com o corpo coberto, mas aqueles olhos que davam para desvendar a sua alma a mostra para qualquer pessoa. Eu senti a minha garganta fechar no momento em que vi essa foto, no momento em que os pensamentos invadiam a p***a da minha mente, rápidos demais para eu conseguir acompanhar do jeito certo.
- Victor, as fotos devem continuar?O que eu faço?
- As fotos continuam... - E ah, você tem uma cópia dessa foto em algum lugar não tem? - Virei a foto para ele, mas só um pouco, tinha medo que ele a enxergasse também.
- Sim... Eu faço backup de tudo. - Ele respondeu não entendendo absolutamente nada
- Ok, consegue passar para a minha secretária no e-mail? Toda as fotos que você tiver dela, de todos os ângulos e situações. Está aqui nesse cartão - Entreguei a ele desesperado para que ele não deixasse aquilo passar.
- Certo - Ele respondeu desconfiado, me deu um boa noite e saiu pela penumbra da minha casa.
Escrevi um e-mail para a minha secretária em uma das minhas empresas legais, era apenas uma moça atrás de uma mesa que eu pagava melhor do que o mercado pagava, apenas para fazer serviços que me chateiam em minha vida.
De: victorgreccoindgrecco.com
Para: AnaVilabena@indgrecco.com
Boa Noite Ana,
O meu amigo pessoal vai enviar algumas fotos muito importantes!
Por favor, amanhã mesmo peça algumas molduras de vidro e uma ampliação para coloca-las ok? Tem que ser urgente, paga o dobro se a pessoa não aceitar fazer no mesmo dia a ampliação!
Atenciosamente
Victor Grecco - CEO
Eu precisava daquelas fotos, mas enquanto eu não tinha os quadros em tamanhos cavalares eu me contentava em olhar para as fotos dentro da pasta, em descobri-la daquela forma tão visceral como eu a vi pela primeira vez. Me servi de mais uísque e tentei imaginar tudo o que eu poderia fazer com ela.
Quando fui me deitar eu descobri que a foto não era suficiente, não dava para medir as reações dele por ali, não dava para fazer absolutamente nada a não ser admirar algo que eu jamais teria. E isso me incomodava, eu sempre tive tudo, e de repente aquela jornalista era a única coisa que me parecia completamente inalcançável.
Me virei a noite toda, não conseguindo nem pregar o meu olho, e quando eu encarava a foto dela na minha cabeceira eu sentia a sensação estranha de novo na boca do estômago.
Voltei ao escritório, li todos os papéis com afinco, eu li até os pormenores da vida dela sem me cansar, onde estudou, onde trabalhou, o que disse no discurso de formatura, como era a vida dela no geral. Não tinha nada de especial, eu nem sei por que me atraiu tanto, uma vida média e sem emoções, cheia de dívidas e coisas a serem resolvidas. Psicólogos durante meses, tinha problema nas mãos, e fazia fisioterapia de vez em quando, não era regrada com isso, a fatura era interessante.... Passava cartões em mercados e bares, solteira ela havia sido noiva de um i****a á um tempo atrás. Eu conseguia visualizar o desperdício de beleza e de inteligencia ali naqueles papéis, eu consegui enxergar o quanto a vida dela era pior do que a minha nesse quesito. O quadrado dela era mais sufocante e terrivelmente apertado.
Me repreendi quando me peguei pensando que eu era algum tipo de salvador para a mocinha entediada, mas e se eu fosse?
Droga, não dava para fugir do olhar dela. Ele me pegou.
E eu pensando que se tivesse doses dela eu iria esquecer, ERREI FEIO.