Mori se sentou na cama com os olhos inchados de tanto chorar, realmente não conseguiu dormir pelo resto da noite.
Se sentia cansada e irritada pela falta de sono.
Ia se levantar , quando o pai abriu a porta do quarto. Ele não costumava entrar sem bater e isso a assustou.
— Se queria me envergonhar, conseguiu..filha que me envergonha __ As palavras do pai cortaram como facas afiadas. Sempre tinha sido uma boa filha.
— Papai… – ela começa.
mas é interrompida pelas p************s do pai, mais uma vez.
__ Saiu de madrugada, uma mulher decente não faz isso. Os soldados lá fora perderam cada um deles um dedo, por sua irresponsabilidade e falta de pudor, sempre lhe disse que tipo de mulher caminha sem proteç@o. Devia ter vergonha, pelo que fez. Vergonha, Mori..
Ela não tinha vergonha, não fez nada errado, só saiu para respirar..
A voz de Mori tremeu quando ela finalmente consegue falar, sua raiva misturada com mágoa:
— Quem devia ter vergonha era o senhor… – ela diz, as palavras saindo num sussurro carregado de dor. — Estou pagando por uma dívida sua, eu sou uma mulher e o senhor um homem, papai. O senhor é homem, era o senhor que deveria enfrentar o oyabun e o meu noivo. Não eu, papai. Não tenho nem bagagem para isso, não sei o que fazer com um marido que pode ser perverso.
As lágrimas voltaram a escorrer pelo rosto de Mori, enquanto ela encarava o pai com olhos cheios de tristeza e frustração.
– Tomara que ele te ensine modos, minha filha. Eu desejo que aprenda a se comportar, sempre teve opinião de mais, e sempre me enfrentando, mas nem todo homem e pacífico como eu, e o seu noivo certamente não é bondoso ou bom.
– Nunca fui desrespeitosa com o senhor. Estou me revoltando depois do que me fez, depois de ser obrigada a casar, e o senhor deseja que eu sofra, que pai deseja que a filha apanhe do marido? como pode, papai? Sou a sua única filha.
Kazuo parou, as coisas estavam saindo do controle, e esse não era ele, a pressão e o nervosismo estava o fazendo dizer coisas que não desejava.
O pai se sentou na cama.
– me perdoa.. Não desejo isso,não desejo que sofra ou seja machucada. E se eu pudesse, eu o matava, minha filha, sinto muito pelas minhas palavras, mas fiquei irritado ao saber que caminhava sozinha pela madrugada. É perigoso. O oyabun ligou, disse que se acontecer novamente, eu perco a casa e o pouco privilégio que me resta. Você vai ser considerada de vez a filha de um traidor, e aí sim, não vai ter como pedir ajuda, se precisar.
Ela não respondeu sobre o pedido de perdão.
– O que mais o Oyabun disse, papai??
– Só, Mori. Não havia mais nada a dizer.
Claro que havia, o ataque, a morte.
A imagem do homem morto chegou em sua mente, mas ela não disse nada.
– Não vou fazer mais nenhuma insensatez, papai. Estou resignada.
– Isso, minha filha. Sei que a culpa é minha, mas não há nada que eu possa fazer para acabar com essa situação. Ou, eu faria.
– Eu sei. _ Mori respondeu, mas a mágoa ainda estava lá e não iria embora.
– Durma, parece que nem mesmo dormiu e está chegando.
O casamento com Amon estava chegando, queria ao menos saber como Amon era, não viu uma foto nada, ele não tinha redes sociais ou algo parecido.
De repente, Mori temeu que Amon fosse um velho p********o e agressor.
Se levantou e correu atrás do pai, só de camisola.
– Papai, como ele é? Como meu noivo é?
Kazuo se voltou para filha, mas foi para a repreender com o olhar, um soldado entrava dentro da casa e ela correu para cima, porque a camisola mostrava muito dos ombros e do colo.
Entrou no quarto e fechou a porta.
Mas ela foi pegar uma pomada para passar o joelho, doía..
Se sentou na cama.
Se lembrou do homem que a salvou, quem ele era? Talvez um soldado da máfia também, afinal, o noivo ficou sabendo da sua saída. Gemeu ao passar a pomada no joelho.. Talvez precisasse de pontos, mas não podia mostrar para o pai, porque seria mais um problema.
Foi pegar o seu celular, era um aparelho antigo que conseguiu de uma colega, digitou o nome Amon na busca, mas quando apareceu, ela se sentiu estúpid@..
Desistiu, não tinha como fugir mais, foi terminar de arrumar a mala.