P.O.V - Lily
Eu dormi aquele dia com uma sensação horrível invadindo o meu peito, os dias foram se passando.
Eu regava o meu jardim quando eu vi um carro preto parando na casa bem em frente à minha.
Fechada a tanto tempo que eu nem sabia contar mais.
Olhei para o caminhão de mudanças que vinha logo atrás, e estranhei quando ninguém saiu do bendito carro.
Ali, aquilo não era normal... As pessoas cumprimentavam umas às outras sempre. Continuei mexendo no meu jardim, disfarçando o tanto que eu podia para não parecer mais uma vizinha insuportável e intrometida.
Que de fato naquele momento eu estava sacando que eu me tornaria.
Eu me levantei e fiquei olhando para ver se conseguiu pelo menos saber quem estava do outro lado do vidro do carro.
Tentei, e tentei de novo, mas era óbvio que eu não iria ver nada. Um carro daqueles Ali, blindado deveria ter ar-condicionado e tudo mais.
- Desculpa interromper... – eu disse – mas quem está se mudando para a rua?
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa senti um vento frio na minha espinha
- Olá... – disse a voz aveludada atrás de mim, e juro que eu nem havia olhado na cara do sujeito, mas a forma como ele falou me fez tremer.
Eu Finalmente me virei, e encarei a figura de um homem alto, estava envolto em um terno que parecia muito caro.
Os cabelos eram castanhos e os olhos azuis mais azuis do mundo.
- Olá... – respondi sem jeito olhando para ele, enquanto ele balançava a mão na minha frente para eu cumprimentá-lo do jeito certo. – Você então é o novo vizinho? – perguntei sem jeito, me senti m*l por ser uma maldita fofoqueira.
- Eu sou sim, você é a vizinha da frente não é? te vi mexer no jardim! - disse com a confiança de um ancião, enquanto eu sentia as minhas pernas tremerem na frente dele, eu não sabia como eu podia agir, sei lá, era a sensação de estar sendo devorada que me incomodava demais.
- Sim, eu sou. Desculpa a falta de educação, eu sou Lily Baker... - ofereci a mão a ele também.
- Eu sou Lucio Ellis... - me deu a mão quente como o inferno, e no momento que eu ouvi aquele sobrenome eu me senti queimando por dentro, eu nunca havia ouvido mas para o meu corpo fazia sentido, a reação fazia todo o sentido.
Eu não tinha na verdade uma reação certa aquela situação na verdade, por que se eu pensasse muito eu me jogaria em cima dele.
- Muito prazer Sr. Ellis, o senhor trouxe a mudança sozinho. - procurei a dona daquele monumento e não encontrei em lugar algum, deveria estar vindo com seu vestidinho colorido e seu carro esportivo de algum lugar do pico de Nova York.
- Não, não existe uma Sr. Ellis. Eu sou um homem solteiro, mas no seu caso eu imagino que tenha um Sr. Baker? - não sei por que o sobrenome dado a mim pelo meu marido soou na boca dele como um palavrão e imperdoável.
- Sim... - falei constrangida - tem sim um Sr. Baker... é o meu... meu... - estava perdida na forma como ele mexia a boca, e o cabelo, parecia estar fazendo o possível para me confundir. O possível para que eu não soubesse nem onde eu estava mais.
- Imagino que você queira dizer marido! - ele completou minha frase interminável e abriu um sorriso diabólico logo depois.
- Isso, meu marido... desculpa, não sei o que houve comigo hoje, desde a primeira hora do dia eu estou meio atordoada.
- Não se desculpe, não é nada demais! eu vou começar a arrumar as coisas lá dentro, vejo você por aí... Sra. Baker.... - Sorriu de novo, e eu não sei o motivo, mas o meu coração se acelerou no peito. que sensação mais estranha a que eu estava sentindo.
Impossível sair daquilo, Impossível sair do tom de voz dele, possível sair dos seus olhos sua boca impossível sair das semanas que ele havia colocado em mim desde o momento em que saiu daquele carro e disse aquele primeiro olá.
a minha vida se tornou um inferno eu sabia exatamente como meio que isso havia acontecido.
No momento que aquele homem falou comigo como minha vida se espera sou diante dos meus olhos, os meus objetivos de vida todas as coisas pelas quais eu trabalhei tanto na minha bolha, não me serviam mais de nada.
E enquanto ele ia colocando os móveis no lugar, eu ficava observando da janela da minha cozinha, como uma coruja a procura de algum vestígio de que ele precisava de algum tipo de ajuda para ir atrás dele correndo.
O que estava acontecendo comigo afinal? quando foi que eu deixei de ser uma esposa legal e submissa para ser a prostituta que espera pelo novo vizinho?
Eu não sabia os meus limites, eu ainda era uma estranha até para mim. Eu me conhecia apenas a cinco anos e eu nem sabia direito como me olhar quando eu estava em frente ao espelho, sentia o meu corpo descolando todo de mim.
Como se eu precisasse de algum tipo de tratamento de desintoxicação para aqueles trinta minutos que eu passei depois de conhecer vizinho.
Quando eu vi a quantidade de mulheres paradas no Jardim do cara eu nem consegui rir, elas se comportavam feito abelhas no mel.
Também pudera, era o cara mais bonito que a maioria delas já tinha visto.
Elas esbanjavam seus dotes culinários com tortas e bolos de boas-vindas, me senti m*l de início... porque eu jamais conseguiria me equiparar a elas, eu m*l sabia acender o fogão.
E então arrumei a minha camiseta em um decote mais profundo que eu consegui, peguei um vinho da minha adega e fui me juntar aquele coral de Piranhas, me senti m*l no momento em que sair da minha casa então eu voltei sem coragem o suficiente de encarar o novo vizinho e de me igualar aquelas mulheres tão maluca.
Eu fiquei encarando-os da janela da minha cozinha, e ele parecia gostar ele sabia que estava sendo observado.
Lucio parecia gostar da atenção que estava recebendo da mulherada do bairro, estava até sorrindo de orelha a orelha.
Por um breve momento ele olhou para mim, e eu olhei para ele.
furiosa, com algo que eu havia acabado de conhecer e te ver.
Não era meu, mas eu sentia como se fosse.