Capítulo 1
Eu Sou Lúcifer, Lucio Diablo para conseguir viver melhor entre os humanos! Um nome para ser levado a sério pela sociedade mascarada que anda e respira sobre a terra sem nenhum objetivo definido.
E eu estou aqui para contar a minha história.
Mas não a história antiga, não o momento da minha queda traidora do céu, mas o momento em que eu decidi qual seria o meu projeto de vida eterna.
Foi em um belo dia nublado, o mundo cheirava a pecado e decadência, do jeito que eu e ela adorava.
Um mundo onde grandes governantes matavam pessoas sem se importar com as consequências, onde a sodomia era liberada, e onde Santos homens de caíam em seus pecados e natureza, era um mundo tão perfeito que eu quis ficar, as visitas pontuais já não eram mais o suficiente para mim.
Eu sou tão velho quanto o próprio mundo, vi e vivi muitas coisas ao longo.
Desses séculos e séculos de história... acompanhei quase todos os grandes eventos dessa humanidade hipócrita e para ser sincero eu vibrei com cada um deles.
Depois de um tempo visitando a terra eu passei a procurar alguém para descer comigo até a terra, acompanhar comigo aquele fascínio tão importante para mim.
Eu sabia que não era permitido, mas eu não me importei... porque para ser justo nada era permitido.
Então eu a vi... e foi como se o tempo e espaço tivessem parado por alguns segundos apenas para apreciar a importância de sua presença, eu conseguia ouvir os sons um pouco mais nítidos, conseguia sentir o meu velho coração bater tão rápido quanto possível dentro do meu peito.
Eu confesso, nem todas as orgias e maravilhas da terra conseguiram superar a sensação do momento em que a vi pela primeira vez.
Ela se aproximou lentamente com um sorriso no canto da boca, me olhou com o olhar brilhante e incandescente e proferiu as palavras que mudariam para sempre o rumo da minha história:
- É você quem visita o mundo proibido? - eu não senti como um julgamento... não parecia uma investigação, pelo contrário, parecia um interesse genuíno na minha prática infame e escondida de diversão.
- Sou eu sim - Respondi com firmeza.
- E você tem conhecimento de que tal prática é proibida... Lucio, você está entrando em um terreno perigoso demais - ela deu a volta por mim, analisando as minhas feições.
Eu consigo ainda sentir a sensação de ser olhado por seus olhos castanhos claros.
- Por favor me chame de Lucio, eu prefiro assim...
- Mais um costume mundano... me diga então LUCIO - Disse dando ênfase ao nome que eu mesmo inventei para mim com um certo deboche - por que insiste em cometer esse erro? Sabendo que ele não aprova... é uma transgressão grave a nossas leis - naquele momento finalmente tudo começou a parecer um julgamento de fato.
- Não tenho muito apego a regras, não fazem parte de quem eu sou. E sendo eu uma criação de meu pai, acredito que ele me fez assim. Não deveria mudar... não é a justificativa que é usada por suas outras criações?
- Você fala dos humanos? - respondeu com curiosidade.
- Sim, os seres mais brutais do cosmo. Desculpa, qual o seu nome? - perguntei com curiosidade, me aproximando dela, mas vendo que ela deu dois passos para trás como resposta.
- Meu nome é Lilith - respondeu seca quase como um ataque, proferiu o próprio nome como uma ofensa contra mim.
Lilith... Lilith... LILITH - Até hoje o meu cérebro grita comigo com a mesma intensidade que ela falou o próprio nome.
O som desse nome me causa arrepios mesmo depois de séculos e séculos de análise sobre todas as situações vividas.
Até dizer o nome dela me causa repulsa, mas minha mente não cansava de me sabotar.
- Lilith, tudo é risco... você não acha? Tudo por aqui é errado... devemos pelo menos aproveitar a viagem.
Até mesmo nosso amor que cresceria como uma erva daninha que implora ser arrancada, nossos corpos se tocando de maneira tão inadequada por tantos e tantos séculos escondidos em nuvens e pecados onde não deveria haver pecado era errado.
Mas nunca vi ela se sentindo m*l por isso, quando gemia em minhas mãos com a boca grudada em meus ouvidos até cansar de chamar pelo meu nome... LUCIO... tão sonoro que consigo me arrepiar com a lembrança mesmo depois de tudo.
Ironicamente, "mesmo depois de tudo" ela continua tão perto de Deus, não sei qual é a do cara mas ao que parece ele adora as problemáticas.
Isso nós temos em comum.
Lilith... Lilith.
Não sou a como algo malvado para vocês? algo profano? Não parece algum nome para alguma perversão? Algum antinatural? Um demônio atormentador de Almas? alguma doença para a qual nunca ninguém descobriu a cura no mundo exterior?
Ela atormentava o meu ser mesmo não compartilhando a arte de ter uma alma para ser atormentada ela era um fascínio e o declínio da minha existência.
Eu a veria novamente? quando a veria novamente? São as perguntas que acabavam comigo todos os dias.
- Eu quero ir até lá com você... Lucio... - disse ela olhando para o chão, com vergonha de seu pedido deformado.
- Você quer? foi por isso que veio até essa parte do jardim? - eu disse sorrindo mais do que eu conseguiria admitir nesse momento.
- Eu quero. E sim, foi por isso que eu vim - me olhou firme nos olhos, eles flamejavam, me encantavam e me traziam até ela... era a ruína de tudo o que eu acreditava.
Perdição dos meus pensamentos e desejos.
Compartilhamos mais coisas e ao ponto que ficamos mais próximos e nossas bocas se aproximavam mais e mais o nosso coração começou a se contorcer em pura agonia e dor.
Ter que esconder o que éramos era difícil, a ausência de um ser supremo ajudou na guerra civil... estávamos em lados opostos.
Ela me olhava, eu a olhava.
Nós nos víamos e tudo começou a desabar tão rápido quanto havia começado.
Ela era uma mentirosa, uma cobra rastejante... e eu só percebi isso tarde demais.
Depois de ter aproveitado o calor do seu corpo, a doçura de sua v****a tão molhada, as suas mãos que tocavam o meu corpo com tanto prazer e vontade que me faziam ofegar.
Só percebi pós coito, percebi depois de olhar nos olhos dela em agonia a cada vez que eu me arrastava mais fundo e mais fundo em seu corpo e pensamentos.
Em um piscar de olhos eu estava na terra, sem minhas asas, longe de casa, sem as algemas que ela mesma colocou em mim.
Eu sentia uma dor excruciante por todo o meu corpo, o cheiro de enxofre e a intensidade com a qual o meu coração estava batendo mais e mais rápido.
Eu não conseguia acreditar
ELA MENTIU
ELA MENTIU
Minha mente nunca cansava de se acusar, começou a me sabotar e eu estava sentindo o cheiro dela por todos os lugares daquele frio horrível que fazia no lugar onde hoje é a p***a de Nova York.
Eu conseguiria de novo colocar os olhos naquela maldita traidora nem que seja para que a minha lâmina corte a sua garganta lentamente? Eu terei finalmente o prazer de vê-la na sarjeta da humanidade, implorando para que eu poupe a vida dela?
Terei o prazer de vê-la gritar e se contorcer em dor e agonia enquanto o sangue fresco de seu corpo humano escorre pelas minhas mãos em frente a um espelho?
Eu imaginava e via essa cena tantas vezes na cabeça, com uma taça de vinho... agora em um mundo mais moderno em frente a uma janela grande e vistosa para a frente da Park Avenue... enquanto uma p**a ou outra se vestia para deixar a minha cobertura o mais rápido possível.
Mas não a Fleur, ela era fixa. Era diferente. Me fazia sentir coisas humanas que eu queria evitar, os olhos dela, pareciam tanto com os olhos de Lilith que me deixavam maluco.
- O seu p*******o está em cima da mesa de centro da sala... sai sem fazer barulho... - eu dizia virado de costas, ainda nu apreciando a vista do lado de fora.
- Lucio... nos vemos a tanto tempo, não precisa mais fazer isso - Disse Fleur vestindo o seu vestido rodado e prendendo os cabelos cor do sol.
- Eu sei... força do hábito... - eu a olhei e sorri.
- Por que você faz isso? se sabe que eu gosto de você? eu não sei nada... você não me diz nada... - ela sempre insistia com esse mesmo assunto, me conhecer... para que? O que ela queria saber de mim?
Que eu não era um homem na altura dos meus trinta anos? Que eu não ia para a casa dos meus pais em algum interior fodido no Natal? Que eu não tinha intenção nenhuma de me ocupar com outra coisa que não fosse a minha redoma de vida sombria e desinteressante?
Eu deveria contar a ela que eu era um ser mais antigo do que sua própria existência?
E talvez só por t*****r comigo repetidas vezes ela iria arder no fogo do inferno por muito tempo?
- Você sabe que eu não falo sobre Nada Fleur, você mesma disse que me vê a anos, já me viu falar pelos cotovelos?
- Queria um jeito de me aproximar de você Lucio, conhecer quem você é embaixo disso tudo. Eu tenho interesse nisso, e sempre que eu me aproximo você me afasta.
Um ser de dez chifres, olhos de fogo, mãos com garras afiadas e asas que foram cortadas dos meus ossos para o meu sofrimento eterno... olhos de fogo e uma pele grossa como a de um dragão.
Qual aparência ela queria conhecer?
A aparência agradável de um homem adulto de um metro e noventa, cabelos pretos, barba cerrada e olhos verdes pareciam um pouco mais condizentes com seus desejos.
- Não queira se aproximar de mim Fleur, você não ia querer ver o que tem por baixo de toda essa arrogância, acredita em mim!
Me servi um copo de uísque e bebi todo de uma vez, vendo-a deslizar pela sala até bem perto de mim, eu não neguei quando ela me deu um beijo gostoso nos lábios.
- Um dia, sabe, eu espero conseguir ver por baixo de tudo isso!
- Um dia Fleur. No final dos tempos.
Ela gargalhou e andou até a porta do elevador da saída - Acredita que toda vez que você diz isso eu sinto um arrepio terrível na espinha? - ela disse me oferecendo mais um sorriso lindo e brilhante.
Eu poderia me apaixonar por Fleur, mas... bom... eu não preciso explicar isso agora.
- Até a sexta! - disse enchendo mais uma dose em meu copo.
- Até Lucio... se cuida... fique com Deus!
Argh, por que citar isso? bom, eu quase ri, mas não o fiz... imagina ser uma prostituta religiosa?
- Me cuido! O Carl vai te levar até o seu apartamento...
Voltei o meu olhar para a janela... e voltei a pensar em meu passado nada recente, e nos meus desejos que sempre vinham à tona.
Esses sentimentos não saíam de mim, porque faziam parte do monstro que eu era.
Eu queria sentir o fogo da vingança nas minhas próximas mãos, eu queria sentir o fogo infame das minhas unhas cortando a garganta dela em meu formato natural.
Eu queria sentir o gosto do seu sangue... eu queria senti-la só mais uma vez para que ela soubesse o quanto me fez m*l.
E eu nunca a esqueci, mesmo depois de todos esses séculos e séculos de espera.