capítulo 03

1323 Words
Natália narrando Durante esses anos todos eu tentava sobreviver dentro desse inferno, já tentaram me matar tantas vezes que eu nem sei como sobrevivi a todas elas. Todos os dias eu descobria uma coisa nova sobre a gravidez e o momento mais feliz aqui pra mim, foi quando senti meu bebê se mexer pela primeira vez, nessa época eu tive que recorrer a solitária e o fato de ficar sozinha, olhando pras paredes e sem nem ver a luz do sol estava quase me deixando maluca. Todos os dias eu perguntava pra Deus o motivo disso tudo estar acontecendo comigo, nunca tive uma vida fácil e as vezes acho que minha função nessa vida é sofrer. Pra passar meu tempo e diminuir minhas tristezas, eu conversava com meu bebê que sempre se remexia quando escutava minha voz. Aqui eu m*l via a médica, nunca soube o que era o sexo do meu bebê até o nascimento dele e o dia que ele foi tirado de mim foi o pior de todos. Eu m*l consegui ficar com ele nos braços, não deu tempo nem se quer de decorar seus traços, ou guardar na lembrança seu cheirinho. Não pude nem se quer amamentar meu filho e quando fui jogada de volta na solitária sozinha dessa vez sem ninguém pra conversar e sem sentir meu bebê, eu quase enlouqueci. Todos os dias eu implorava pra Deus me tirar desse lugar, eu não cometi crime nenhum e a coisa mais importante da minha vida foi tirada dos meus braços sem ninguém acreditar em mim. Quando eu achei que uma coisa boa finalmente fosse acontecer na minha vida, levei uma rasteira da vida e hoje oito anos depois aqui estou eu sentada, tomando meu banho de sol e pensando aonde será que está meu filho. Eu cresci em um orfanato e não queria que meu filho tivesse essa mesma vida que eu tive. Eu sonho com o dia que vou sair daqui e vou poder ir atrás dele. Depois de quarenta e cinco dias de resguardo, eu fui jogada na convivência de volta com as outras presas, só que agora eu estava completamente diferente, um pedaço meu foi arrancado de mim e eu não era mais a mesma bobinha grávida de antes. Claro que eu não podia dormir, eu não confiava em ninguém e sempre estava a vista dos olhares feios que me cercavam. Uma noite eu acabei pescando por conta do cansaço e acordei com um pedaço de metal no meu pescoço, a tina que era uma das mandachuvas aqui dentro me olhava nos olhos enquanto eu segurava suas mãos tentando tirar do meu pescoço. Ela me olhou nos olhos esse dia e perguntou o motivo de eu ter matado o fantasma e eu olhando em seus olhos disse que não tinha sido eu, que ele marcou comigo lá naquele galpão e que eu tinha ido lá pra contar sobre a gravidez, quando cheguei lá ele já estava morto e antes de morrer ele me disse uma coisa que eu não sabia o que significava, mais que o dia que eu saísse daqui, eu iria descobrir. Ela tirou o metal do meu pescoço e perguntou o que tinha acontecido com meu filho, eu disse que ele foi tirado de mim assim que nasceu e ela saiu da cela me deixando lá. Olhei em volta e não tinha mais ninguém lá, todo mundo tinha medo dela e se a intenção dela era me matar, todas saíram pra depois dizer que não tinham visto nada. Daquele dia em diante, ninguém mais tentou me matar, mais também eu não confiava em ninguém. Eu sempre fazia minhas coisas sozinha, tava sempre isolada na minha com meus pensamentos e eu só ia vendo detenta chegar e sair e sonhava com o dia que eu também sairia desse inferno. Xxx: natalia Ribeiro.- a agente grita meu nome e as outras presas olham pra mim e eu me levanto indo até ela que tá parada na gaiola. Natália: sou eu senhora.- eu falo pra ela que manda eu me virar e colocar as mãos pra trás, ela colocou a algema em mim e me tirou do raio e eu não estava entendendo pra onde ela estava me levando.- o que tá acontecendo?.- eu pergunto pra ela que me empurra pra andar mais rápido e não fala nada. Fui levada até a sala do diretor e mandaram eu me sentar que ele já estava vindo falar comigo. Fiquei ali esperando durante 10 minutos e ele logo apareceu secando os cabelos e sentou na minha frente me olhando. Diretor: oi senhorita natalia, eu te trouxe até aqui porque seu alvará de soltura foi expedido, como a senhorita é réu primário e já cumpriu mais de um terço da sua pena, a senhorita ganhou esse induto, porém antes de te liberar eu achei melhor falar com você porque a senhorita matou um homem muito importante e pode ser que amanhã você já não esteja viva pra contar mais história, então toma cuidado e se quer um conselho meu, fuja do Rio enquanto ainda a tempo. Natalia: obrigado senhor diretor, quer dizer então que eu estou livre ?.- eu pergunto e ele confirma vindo até mim e tira minhas algemas Diretor: tem alguma coisa que a senhorita queira pegar na cela ?.- eu n**o e ele confirma.- então é só assinar esses papéis e pode sair, você ainda deve pra justiça, então todo mês tem que comparecer no fórum pra prestar conta de por onde você anda e o que tá fazendo, então arruma um emprego e segue com a sua vida e se puder, vai pra o mais longe possível, ou se esconda muito bem.- ele fala e eu confirmo sentindo as algemas serem tiradas da minha mão. A agente apareceu na porta e foi me levando pelo pavilhão até a porta de saída, quando ela abriu a porta e eu vi que já estava quase no início da noite, eu olhei em volta sem saber pra onde eu iria agora. Minha casa era alugada e eu tenho certeza que não deve ter mais nada por lá, não faço a menor ideia de onde eu devo ir e nem pra onde. Sai dali sem saber pra onde iria e com uma única certeza, eu preciso saber aonde está meu filho e eu vou descobrir e recuperar ele de volta. Já estava escuro e eu ainda andando pelas ruas, eu me lembro que eu tinha um dinheiro na conta, mais sem celular e com os bancos fechados, como vou tirar esse dinheiro. Não posso passar a noite na rua e o único lugar que eu consigo pensar agora em ir é pro tal galpão aonde tudo aconteceu. Com o papel do alvará eu consegui pegar um ônibus que me deixou lá perto, o problema era o olhar do motorista pra mim, chegando no ponto que ele me deixou, eu fui seguindo em direção ao galpão e quando cheguei lá estava trancado, olhei em volta sem saber o que fazer agora e como ele era mais um lugar que parecia abandonado eu comecei a procurar por algum lugar que eu pudesse entrar. Achei uma janela com uma pequena brecha e pra minha sorte eu passo por ela. Entrei e sentei no canto aonde não dava pra me ver se alguém entrasse aqui e me deitei no chão mesmo me lembrando de tudo oque houve naquela noite, me lembrei do tal nome ferrugem que o fantasma me falou e acho que é por aí que preciso começar a procurar. Acordei com um barulho de porta se abrindo e levantei rapidamente indo me esconder, aqui ainda tá cheio de coisas, mais agora não parece ser arma e nem drogas. Xxx: disseram que viram ela vindo pra cá, vamos achar ela antes que o patrão nos mate porra.- eu escuto e meu coração dispara, preciso sair daqui antes que eles me encontrem.
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