O bailão

1772 Words
CHARADA No sábado... — Tu vai cair no bico da minha pistola... — cantarolei o arrodeando e girando a arma ao redor do meu indicador. O cara que estava sentado na cadeira tremia e seu medo exalava junto com o fedor do álcool e cigarros. — Sabe como se chama esse brinquedinho aqui? — passei na sua frente e ele ficou calado. — SABE?! Ele se espantou e respondeu cheio de medo. — Não. Eu não sei. — Juliana. Se chama Juliana. Porque esta foi a minha primeira arma e Juliana foi a minha primeira na cama e você... — o encarei bem. — ... Você é o primeiro corajoso a tentar me passar a perna e rir de mim na minha cara. Ele desviava os olhos dos meus, mas eu segurei seu rosto e virei para mim. — Olha pra mim, desgraçado. Porque este será o último rosto que verá na sua vida de merda. Suas pernas tremiam e isso me fez rir. Soltei seu rosto e me afastei, andando pelo galpão. — Cara, apesar de tudo eu te admiro. É! — olhei para ele. — Eu te admiro, porque nenhum nunca teve essa coragem. Roubar a minha carga e ainda postar vídeo mandando recado pra mim rindo e me subestimando?! No início até que tinha uns ousados que tentaram coisas do tipo, mas depois que me tornei quem eu sou... ninguém ousou a isto. — Alguém tem que tentar. Não é? — ele resmungou e eu me surpreendi. — Corajoso de novo! Ele revirou os olhos e desdenhou da minha postura. Às vezes eu sou bonzinho. Gosto de fazer umas piadas antes de acabar com alguém. Por isso o vulgo “Charada”. Dei mais uma volta pelo galpão, de costas para o defunto e suspirei. — Sabe quantos já morreram aqui? — carreguei a Juliana e de novo o cara ficou calado. — 38 caras... — destravei o revólver e me virei para ele. — Agora 39. — disparei. [...] — Você vai, amorzinho? — a mina veio grupando em mim assim que cheguei em casa. — O que eu te disse sobre vir na minha casa? Eu tenho namorada. — tentei me soltar dela. — Como se você se importasse com aquela mosca morta. — ela continuou no meu pé. Se tem uma coisa que eu não tolero é que falem m*l da minha namorada. Eu peguei a mina pelo pescoço e a empurrei contra a parede. — Não fala assim dela. Você que é uma vaca nojenta. — olhei bem o seu tipinho e ela ficou assustada, respirando com dificuldade. — Some da minha casa e não cruza mais o meu caminho. — a soltei. Ela ficou tossindo e esfregando as mãos no pescoço. — Quando dormiu comigo você não me achou uma vaca nojenta. — Eu tava drogado pra ficar com uma baranga como você. Some daqui antes de eu espalhe pro bairro todo a p**a sonsa que você é. SOME! Ela se assustou com meu grito e saiu da minha casa chorando. Aparece cada pedra no meu sapato que a minha paciência não suporta. Mas de jeito nenhum que eu vou levar essa mina pro bailão. Eu vou avisar pra Alexia. Peguei meu celular e disquei o número dela. Ela demorou um bocado pra atender. — Oi! — Onde p***a você tava que não atende a desgraça do celular, Alexia?! — Calma. Eu só tava no banho. — Pois se arruma que a gente vai descer no bailão. Passo em 20 minutos. — Tá bom. Desliguei em seguida. Ainda bem que ela sabe que eu não gosto de mimimi. Por isso que eu namoro a Alexia e não vou deixá-la ir para longe de mim. [...] Me arrumei e fui direto para a casa da Alexia. Não precisei buzinar, ela já saiu na frente da casa. E tava maravilhosa com um shortinho jeans e uma camiseta justa preta. — Entra aí, gata. — eu abri a outra porta e ela arrodeou o carro e entrou, vindo me dar um beijo. — Tudo bem? — Tô suave e você? Cadê aquele seu batom vermelho? Eu acho que fica muito bonito é você. — deslizei meu polegar pelo seu lábio. — É? Tá aqui. — ela abriu um rápido sorriso abobalhado e começou a abrir a bolsa. — Você gosta? — Te deixa poderosa e eu gosto de gente poderosa perto de mim. — lhe dei mais um beijo antes dela colocar o batom nos lábios e passei a marcha para dirigir pra festa. — Eu chamei a Jade pra ir com a gente. — ela contava enquanto passava o batom. — Mas ela disse que ia à pé. Mas ela vai, é o que importa. — Se é que você vai vê-la por lá, né? A Jade não para quieta e quando para é longe da visão de todos porque tá dando o golpe em alguém. — Para de chamar a minha miga de golpista, Danilo! — Mas é o que ela é, Alexia e você mais do que ninguém sabe disso. A Jade seria capaz de fazer tudo por dinheiro. Qualquer coisa. Do jeito que ela tá fodida... Você acha que se eu oferecesse grana a ela, ela não me dava? — olhei para minha namorada e ela estava pálida e não pela maquiagem. — Você não faria isso. Faria? — Pergunta isso porque sabe do que sua amiga é capaz, não é? O receio a deixou recolhida e ela abraçou o próprio corpo. — A essa altura não tá dando pra confiar em ninguém... — ela tinha rancor na voz. — Mas você ainda confia... — Danilo, eu vi tá? Eu vi aquela garota no seu quarto. Eu te vi fodendo ela! — começou a falar alto. — Cala a boca que não posso soltar o volante pra te dar uns tapas... Eu já te disse mil vezes que é pra parar de falar sobre as minas que eu tô pegando. — E a quem vou falar sobre isso? A pessoa que mais deve falar sobre isso com você e se importar sou eu! Que sou a droga da sua namorada! — Cala a boca, p***a! — me acertei um tapa como pude. Eu fico muito estressado quando ela vem com essas DRs de merda, porque eu não ligo pra isso e eu não vou parar e quanto mais ela falar, mais eu vou fazer. Sua cara ficou toda melada de batom e ela começou a chorar. — Ai, para. Não chora, que eu tive um péssimo dia e não quero que você estrague a minha noite. — Eu te odeio. Para o carro. — Não vou parar. — pisei no acelerador. — Para o carro, Danilo! Eu quero sair! — pediu chorando. Como se eu me comovesse com isso. — Você vai comigo pra festa e pronto. — Eu vou com a Jade. — Você nem sabe onde a Jade tá... — virei a rua. — Olha lá ela. — apontou para a esquina e logo depois gritou. — JADE! Eu bufei, esfregando a mão nos olhos. — p**a merda, Alexia, você me tira do sério demais. Eu não te falei que você vai comigo?! — E eu disse que não quero. — ela virou pra mim bem resistente e com muita raiva no olhar. — Eu não sou mais a boba de antes, Danilo. E eu quero que você saiba disso. — segurou a fechadura. — Se você me enfrentar mais uma vez, eu vou te bater tanto que você vai parar a 7 palmos abaixo. — serrei os dentes e mesmo vendo que ela ficou com medo, ainda dava pra ver que ela não tava se importando com isso. E até puxou os braços e se soltou de mim. Bateram no vidro. A Jade. — Helooo... O que tá rolando aí? Alexia abriu a porta e saiu do carro. — Amiga, que coisa é essa na sua cara?! — exclamou Jade, assustada e logo ela se abaixou e olhou para mim. — Tu não para de ser babaca, né? — Falou a v***a golpista. — A próxima vez que bater na minha amiga, vai se ver comigo. Eu dei risada. Só pode ser uma piada. — Vamos, amiga. Eu já sei me defender. — Alexia a puxou, mas ela continuou falando e agora mais brava. — Não ri, que eu não tô brincando! Eu te quebro todo, Danilo Fernandes. Joguei um beijo no vento pra ela e segui meu caminho. Aposto que a Jade tá influenciando a Alexia a me enfrentar. Mas mulher nenhuma me enfrenta sem eu revidar. Eu vou fechar a Jade assim que tiver chance. [...] Os caras me rodearam querendo saber do fim do cara lá, mas eu não falo sobre essas coisas com todo mundo. Quanto mais gente sabe, mais as coisas podem piorar pra mim no futuro. Eu tava procurando a minha namorada, mas nem sinal dela. — Escuta, Juninho. — cutuquei meu colega. — Tu viu a Alexia por aí? — Vi não. — E a Jade? — Não vi e nem quero ver. Soube que aquela mina tá querendo me matar porque eu engravidei a irmã dela. — ele ria falsamente. Merda. Eu tenho que encontrar a Alexia. Não quero que ninguém mexa com a minha mulher. — Eu vou dar uma volta por aí. — deixei os caras lá e comecei a andar pela festa. Era muita gente. Só toca bailão e a galera tá se jogando. Mas nem sinal da Alexia. Quando rodei um bocado e tava reencontrando uma ex-peguete, uma outra se bateu em mim e eu só enxerguei a b***a empinada e já peguei na sua cintura. — Hey! — ela se virou para mim. Jade. — Opa! — tirei minhas mãos dela. — Se não é a v***a golpista... — Olha se não é o machista que bate em mulher... — ela me encarou com desdém. Ela tava com um decote... — Se você me acompanhar até o meu carro, eu perdoo as besteiras que anda falando pra minha namorada e pra mim também. Ela olhou dos meus olhos ao queixo e do queixo aos olhos. — Eu tenho nojo de gente assim. Porque não procura alguém pra te rezar e tirar essa coisa r**m que você carrega dentro do corpo? — Eu posso tirar e jogar na sua cara. — segurei seu queixo e dei um sorriso de canto, então ela bateu na minha mãe. — Eu vou procurar uma lixeira pra vomitar. — saiu pelo meio do povo. Essa Jade tá precisando de uma lição...
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD