Maya
Caio ficou completamente louco, como ele se deixa ser drogado daquela maneira, ele é um homem adulto, sabe bem o que deve ou não ser feito, e o Sr. Babaca não me parece o tipo de homem que droga alguém contra a sua vontade, me parece que ele ofereceu, e para não parecer i****a o meu querido marido aceitou.
Caminhei batendo os pés até o carro como se meu corpo pesasse uma tonelada, não queria mais ter que aturar dois idiotas sem escrúpulos.
Desde quando Caio aceita esse tipo de coisa, será que aquele homem o drogou sem que ele percebesse? Parece pouco provável na minha opinião, Caio é um homem inteligente, nãzo seria drogado sem notar.
Esperei ao lado do carro e vi que os dois vinham em minha direção... qual o problema daquele homem? Ainda não entendeu que eu sou casada ou o que? Amanhã mesmo direi a Caio que seja lá o que for seus negócios com ele, que cancele, não o quero envolvido com esse tipo.
Ele abriu a porta para que Caio entrasse, como Caio estava com a chave a proximidade dela abria apenas a porta do lado do motorista. – Eu levarei o carro, você não vai dirigir dessa maneira. – Dei a volta no carro e cheguei mais perto pronta para arrancar meu marido de dentro do carro, mas o Sr. King se colocou entre mim e a porta.
– Ia ir embora sem se despedir Maya? – Meu nome dançou na sua língua, a forma que ele pronunciou soava tão sensual, como se estivéssemos na cama e não no estacionamento. – Assim você pode me deixar chateado. – Seus olhos me encaravam profundamente e eu não recuei, não faria isso, esse homem pode até ser bonito, mas tem que entender que nem todas as mulheres do mundo irão se jogar a seus pés.
– Estou cansada, e honestamente, ficar aqui não me parece tão agradável como no começo, na verdade acho que desde que o senhor apareceu tudo foi de m*l a pior, tenha um boa noite Sr. King. – Me preparei mais uma vez para arrancar Caio do banco do motorista.
Novamente ele me barrou se aproximando muito, mas muito mesmo do meu pescoço, sendo necessário ele se curvar para isso, inalou profundamente em meu pescoço. – Até a próxima Maya. – Aquilo soou como uma promessa, não apenas como uma despedida.
Ele saiu do meu caminho e eu empurrei meu marido para que ele pulasse para o banco do passageiro.
Ele pode estar com o que for, mas amanhã ele vai me pagar muito caro por tudo o que fez e disse essa noite.
Dirigi para casa o mais rápido que pude, tudo o que eu queria era um banho e cair na cama, queria apagar completamente aquela noite estranha.
Caio estava começando a voltar a si, mas eu não queria que ele chegasse perto de mim. – Você vai dormir no quarto de hospedes! – Fechei a porta na cara dele e tranquei pelo lado de dentro.
Já me basta ter que lidar com a família dele, não vou aguentar ser acusada por ele da mesma maneira que eles fazem.
Ouvi algumas batidas na porta e a voz meio grogue dele do outro lado. – Maya, quero dormir, abra a porta. – Ele ainda bateu mais algumas vezes antes de desistir e ir para o outro quarto.
Eu passei a noite toda me revirando na cama, a maneira como ele falou me magoou mais do que qualquer coisa, ele não devia ter feito isso comigo, não é apenas ele quem quer um filho, eu também desejava isso mais do que tudo no mundo, eu sofro por não poder dar a ele a família que merece, mas ele também não quer adotar, coisa que eu já disse várias vezes...
Não havia nada que me acalmasse o bastante, nenhum remédio me ajudou, a cabeça estava acelerada demais para que algo desse certo.
Depois de ver o dia amanhecer, me levantei para iniciar meu dia da maneira de sempre, fiz o café da manhã e esperei que Caio descesse para tomar junto comigo, mas não havia um sinal de que ele faria isso, nenhum som, passos, nada. Acho que esperei até demais antes de subir para ver o que estava acontecendo e aconteceu um Caio que nem sequer tinha acordado ainda.
Abri as cortinas do quarto sem me importar com os protestos dele. – Maya! Qual o seu problema? – Resmungava enquanto a luz invadia todo o ambiente. – Feche tudo e me deixe dormir! – Ele não deve estar falando sério, não depois de tudo o que aconteceu ontem.
Puxei os cobertores que ele estava tentando usar para cobrir o rosto. – Você vai se levantar agora mesmo e ir até a cozinha para conversarmos, e eu estou dizendo agora! – Ele abriu parcialmente um dos olhos e olhou para o meu rosto. – É melhor que eu não tenha que voltar aqui Caio.
Me virei e voltai para o andar de baixo.
Uma eternidade depois ele decidiu descer, tenho certeza de que ele acabou voltando a dormir. – Bom dia Maya. – Ele parou no batente da porta da cozinha. – Estou aqui, como me pediu.
Olhei fixamente para ele por alguns instantes. – O café da manhã está pronto, sente-se, temos uma conversa bastante longa pela frente. – Ele tomou seu lugar de costume e eu me sentei na outra extremidade para ficar de frente para ele, mas também porque queria ficar o mais longe possível, eu não estava confiando em mim mesma para estar muito perto. – O que diabos aconteceu ontem?
Ele me deu um sorriso falso. – Do que está falando querida? – Me deu um sorriso suave, como se nada tivesse acontecido.
Joguei as mãos para cima. – Não se faça de i****a, você estava completamente fora de si, mas tenho certeza de que não teve um lapso de memória. – Não estava acreditando que ele ia fingir que não se lembrava de nada, em alguns momentos ele parecia mais lúcido do que em outros, mas mesmo assim, não se lembrar de absolutamente nada eu duvido muito.
– Eu disse a você que era melhor que não fosse e que o ambiente não iria te agradar, mas quem mandou você ser assim tão teimosa, então não venha colocar a culpa em mim agora. Você deveria ter me deixado resolver as coisas sozinho.
– Não venha você querer me jogar a culpa por ser um i****a! – Ele me olhou irritado. – Você se lembra do que disse ontem? Sobre eu não poder ter filhos e sobre o orfanato? – Olhei fixo para ele, tentando buscar qualquer centelha de arrependimento. – Você estava falando da nossa vida particular para um estranho!
Ele deu uma risada alta. – Por favor Maya, deixe de fazer tempestade em um copo d’agua. Você pode me dar um filho? Não, você não pode. Você faz o que naquele orfanato? Pensa que é mãe daquelas crianças... eu não disse nada além da verdade, você é quem fica sensível demais quando alguém entra nesse assunto, deixe isso tudo para lá, sou eu quem estou sacrificando o meu sonho de ser pai para ficar com a mulher que eu amo. – Se eu pensei que o que ele me disse drogado doeu, é porque eu esperava que ele não dissesse isso quando estava sóbrio. – Eu não quero ficar discutindo sobre isso Maya. Eu não estava bem ontem, se eu estivesse não teria falado nada, você sabe disso!
Balancei a cabeça negativamente. – Eu não te pedi que sacrificasse nada por mim, você escolheu ficar mesmo depois de ver os exames, então não tem o direito de falar como se eu tivesse escolha, o único que tem uma escolha aqui é você! E não estava bem? Não estava bem? Você estava drogado Caio! Desde quando você usa drogas?
Ele começou a tamborilar os dedos na mesa nervosamente, ainda nem parecia o meu marido, talvez ainda haja alguma droga em seu organismo no final das contas... – Acha que eu usaria isso? É claro que não, colocaram na minha bebida, eu não percebi, foi apenas isso. – Desde quando ele se tornou uma pessoa tão desligada? A quem ele pensa que engana?
– Ata, quer mesmo que eu acredite...
– Chega Maya! – Ele bateu com as duas mãos na mesa, me assustando e me fazendo ficar calada no mesmo instante. – Eu não quero mais falar sobre isso, não quero mais escutar reclamações, eu falei para você ficar em casa, você foi porque quis ir, então não venha ficar me incomodando por isso agora!
Olhei para ele, nem parecia a mesma pessoa, Caio e eu não discutimos nem mesmo pela família louca dele, acho que em quase todo o nosso relacionamento nós nunca tivemos uma discussão como essa. – Eu quero que desfaça a sua parceria com aquele homem!
Os olhos dele se arregalaram. – O que?
– É isso mesmo que ouviu... eu quero que fique longe de Damon King!