Damon
Eu tive um dia de merda, quase desisti daquela reunião, mas o tal Miller tem insistido tanto em falar comigo que ele me venceu pelo cansaço.
Marquei no restaurante, estava cansado e aquele é um dos lugares que eu consigo aliviar o meu estresse, embora eu não goste muito que pessoas novas saibam dali, estava precisando.
Eu só não imaginei que iria ficar ainda mais ansioso e nervoso indo para lá, jamais imaginei que encontraria alguém no jardim, o mesmo que já tinha avisado várias vezes que eu não queria que ninguém ficasse ali.
Olhei feio para a recepcionista quando passei, eu me resolveria com ela depois, o que eu precisava naquele momento era arrancar quem quer que estivesse ali, mas quando eu cheguei mais perto, fui atingido com uma onda de familiaridade.
Quem estava ali era uma mulher pequena, os cabelos cumpridos cobrindo suas costas como um manto, a brisa trouxe o cheiro inebriante dela até meu nariz e quase deixei escapar um rosnado que brotou instintivamente em minha garganta.
Respirei fundo e me obriguei a me afastar depois de mandá-la para dentro. Antes de descer, perguntei a recepcionista quem era a mulher, e para minha surpresa e desagrado, ela me avisou que chegou com o homem com quem eu tinha uma reunião marcada.
Na parte de baixo do restaurante, havia uma boate privada, o local onde todo e qualquer pecado era permitido, meus clientes ficavam muito satisfeitos com tudo o que tínhamos disponíveis ali. – Onde está o Sr. Miller? – Perguntei a Natasha.
Ela abriu um sorriso grande ao me ver. – Se divertindo com uma das garotas, fiz tudo como me pediu, ele está muito bem auxiliado. – Olhei da minha sala, o vidro dava direto para as várias áreas VIP que havia atrás da pista. Cada pequeno espaço continha sofás, que separavam uma área da outra, e também uma cortina, ele manteve a cortina aberta e estava com uma das dançarinas rebolando no colo, ela estava oferecendo pó em um dos s***s e ele estava muito contente em aceitar. – Ele já misturou algumas drogas diferentes, será que tem hábito? Se ele não tiver, vai ter que segurar um pouco aqui, aposto que a mulherzinha dele não vai gostar de vê-lo nesse estado. – Ela deu risada. – Pobre bobinha, nem deve imaginar o que o maridinho está fazendo aqui. – Ela respirou fundo. – Hoje estamos fechados, mas como sempre temos os que pagam a mais para virem, ligaram pedindo para abrir, acho que marcaram algo, então quanto mais rápido essas pessoas saírem, melhor. Vou cuidar da minha vida, até mais tarde chefinho.
Natasha é a única que tem um pouco mais de i********e comigo, a única que brinca e eu levo tudo numa boa, mas apenas quando estamos sozinhos, quando tem mais alguém por perto ela age como todos os outros.
Desci para falar com o Miller, ele parecia muito à vontade para quem estava com a esposa no andar de cima. – Boa noite, como vai Sr. Miller. – Ele se levantou rapidamente e me estendeu a mão.
– Sr. King, boa noite, pode me chamar de Caio. – Ele já estava animadinho demais, tenho que me lembrar de avisar que não deem muita coisa antes de eu conseguir conversar.
– Pode me chamar de Damon. – De acordo com o que pesquisei sobre ele, é um microempresário que tem muita ambição, quer ser grande, mas não sei se ele tem o que é preciso para estar nesse meio.
A reunião foi um sucesso, pelo menos para mim, mas não pela nossa cooperação, na verdade eu não o achei competente o bastante, pela esposa dele, eu quero manter nossa relação mais estreita possível, mantê-la o mais perto possível. Caio é dispensável, como ele eu tenho outros muitos, vários que após algum tempo perdem a utilidade e eu me livro depois, mas ele tem sorte de ter algo que eu quero.
No jantar percebi que ela é dura na queda, não gostou nada das minhas perguntas, muito menos do marido que não estava bem.
Maya é muito interessante, durante todo o jantar eu tentei me aproximar mais, ela não me deu nenhuma brecha para nada, ela é até um pouco nervosa demais.
Depois que eles se foram chamei um dos meus homens, um do mais próximo. – Chamou? – Estava na minha sala, onde costumava ficar quando a casa começava a encher. – O que deseja?
– Quero que pesquise a vida de Maya e Caio Miller, quero saber tudo o que puder, onde nasceram, como se conheceram, onde vivem, onde ela gosta de ir, até que horas ela vai no banheiro. – Ele me olhou como se não entendesse.
– Senhor, boa parte das coisas está nos documentos que me pediu, o cara é apenas ambicioso, não está envolvido com a polícia... – Passei as mãos pelo rosto.
– Eu não quero saber dele. – O interrompi. – Quero saber sobre ela. – Ele me olhou estranho e depois olhou para as telas que eu observava fixamente. – Quero que descubra tudo o que puder sobre Maya Miller. – Nas telas diante de mim estavam congeladas imagens do jardim e do restaurante, o rosto dela em vários ângulos diferentes.
Ele assentiu e me deixou sozinho, não demorou muito para Natasha aparecer. – Por que está aqui sozinho? Não me chamou depois que subiu, algum problema? Quer minha companhia? – Ela passou a mão pelo meu pescoço suavemente, mas eu desviei.
Não queria ninguém perto de mim agora. – Não estou a fim. Pode descer para ficar de olho em como estão indo as coisas. – Ela estreitou os olhos e deu a volta parando diante de mim.
– O que você tem? – Ela se sentou no meu colo de frente para mim. – Você nunca me dispensou, o que é que está havendo? – Mantive meus olhos fixos para além dela. Assim que reparou ela se virou e olhou para as telas. – Quem é essa? – Quando ela olhou novamente para mim seus olhos estavam pura fúria, eu a conhecia bem o bastante para saber quando ela ficava com ciúme, coisa que eu já avisei que ela não deveria sentir.
Continuei olhando para Maya sem dar muita atenção ao que Natasha ela me disse. – Ninguém que você deva ter interesse. – Respondi seco o bastante para ela saber que não era algo com o qual ela deveria se envolver. – Como estão os clientes?
Ela se levantou rápido com a cara fechada. – Felizes, como sempre, eles vêm aqui para isso, não é? – Desviei o olhar da Maya pela primeira vez. – Quem é essa mulher Damon, por que está olhando para ela assim tão fixamente?
Respirei fundo, não queria me estressar com ela, ela não tinha nenhuma culpa do que estava acontecendo. – Algum problema Nat? Não está se sentindo bem? Sorria... – Por mais que eu e ela fossemos mais próximos, ela não deve se esquecer de quem ela é e de quem eu sou. – Já disse que não é assunto seu, e que não preciso de você aqui, tem algo mais que eu deva saber? – Ela olhou mais uma vez para Maya.
– Não, nada demais, não tivemos nenhum acidente até o momento, todos se comportando muito bem. – Natasha chegou aqui procurando por emprego, ela queria ficar entre as meninas lá embaixo, faria qualquer coisa apenas para ter onde ficar, mas eu reparei que ela era diferente das outras, a maioria queria apenas a boa vida que o dinheiro desses homens ricos poderia dar a elas, Nat não, ela queria apenas sobreviver, então dei a ela um trabalho diferente, apenas para ficar de olho em tudo e me dizer qualquer coisa, controlar as meninas e os clientes, chamar os seguranças se necessário, e acabamos nos aproximando mais do que seria considerado normal.
Ela ficou chateada com a maneira que eu falei com ela, acho que é a primeira vez que eu falo com ela assim, mas as vezes eu vejo que ela confunde um pouco as coisas. – Perfeito, pode descer, vou deixar alguém aqui para o caso de acontecer alguma coisa, eu vou sair.
– Onde você vai? – Olhei para ela sério. – Desculpe, foi só por curiosidade. – Se corrigiu erguendo as mãos.
Assenti e saí da sala seguido por ela, fechei a porta e fui até o jardim, ainda não tinha decido até chegar ali, mas andei em direção ao carro, eu vi o endereço dos dois nos documentos que me trouxeram a respeito do Miller.
Cheguei algum tempo depois até a casa deles, fiquei parado na frente olhando para a sacada do que julguei ser o quarto dos dois, Maya fechou a cortina e mesmo assim eu fiquei ali, olhando até as luzes se apagarem.
Ainda conseguia sentir o cheiro dela... fechei os olhos e dei partida no carro. – Você vai ser minha Maya... apenas minha.