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1337 Words
Júlia   Exatamente no horário que eu falei, a campainha da minha casa tocou. Eu havia terminado de vestir a minha roupa e antes de aparecer na janela, me perfumei, orgulhosa pelo Léo ter me obedecido ao menos uma vez.   Da janela eu o vi, de braços cruzados e com uma cara de quem anda irritado. Desaprovo essa postura dele. Gosto quando ele tá meigo.   Léo tocou a campainha novamente.   — Tô indo. — gritei e saí do quarto correndo. Quase me arrebentei na escada, mas me reergui e continuei a corrida até o portão. Só depois de abrir, parei para recuperar meu fôlego.   Meu coração estava muito acelerado com a minha corrida maluca. Depois de algumas respirações controladas, corrigi minha postura e olhei para ele. Seus braços já não estavam mais cruzados.   No rápido contato entre os nossos olhos, não me segurei e saltei em seus braços, o abraçando forte. — Senti sua falta. — fechei meus olhos, aproveitando o máximo desse primeiro abraço.   Só depois de alguns segundos, ele colocou suas mãos no meu corpo e também me abraçou. É tão bom sentir suas mãos tocando o meu corpo.   — Eu não quero que a gente fique longe. — pedi e afrouxamos o abraço, voltando ao contato visual. — Senti como se aquela noite fosse a nossa última... — meu coração ficou apertado com a lembrança.   Ele abaixou o olhar. — Acho melhor a gente entrar. — olhou para trás. Assenti dando passos para trás e ele entrou e fechou o portão. Eu só quero ficar grudada nele. Se eu pudesse e ele quisesse, adoraria que ficasse na minha casa.   Segurei a sua mão e caminhamos juntos para dentro da casa. — Você veio pra ficar, não foi? — apoiei meu queixo no seu ombro. Ele estava evitando olhar para mim e mantinha um semblante neutro. — Tá preocupado com alguma coisa?   Ele não responde nada!   Ao menos desta ultima vez, ele balançou um pouco a cabeça, negando que estava preocupado.   Eu não entendo porque ele tá assim. Eu sei que ele desaprova a minha ideia de trabalhar para o Felipe, mas isso não deveria interferir na nossa relação. Entramos na sala e eu soltei a sua mão. Ele foi direto sentar no sofá. — Você não me falou como foi as provas... — sentei no sofá a frente.   — Achei que você estava preocupada com outras coisas. — ele encostou as costas no sofá e cruzou os braços.   — Pra você eu nunca tô ocupada.   Ele discordou. — Você quer levar uma vida que eu desaprovo totalmente. Você não precisa se sujar com essas coisas.   — Eu não vou mexer diretamente com nada. O Felipe arranjou outra coisa pra eu fazer. — expliquei e ele virou o rosto.   — Ainda tem esse Felipe... Ele tem andado muito aqui... Vocês estão muito próximos...   — O meu pai pediu pra ele ficar me ajudando. Léo, você sabe que eu não tenho mais nada, além dessa casa. Não temos dinheiro.   Porque ele complica tanto as coisas.   — Eu não confio nele. — finalmente olhou para mim. — Ele tem cara de ousado.   — Felipe me respeita e além do mais ele é casado. — cruzei meus braços e fiquei um pouco chateada. — Parece que não confia em mim. — encarei meus pés.   — Não é isso, meu amor. Eu só me preocupo de você se meter em rolo. Eu não posso te perder. —  levantou e veio sentar do meu lado.   — Se continuar assim vai me perder.   Eu não vou ficar engolindo bobagem e muito menos sofrendo por mentiras. Já passei dessa fase.   Ele me abraçou, por cima dos meus ombros cruzados. —  Vamos trabalhar os dois para que isso não aconteça. — beijou meu rosto.   — Não quero que me evite mais. Isso é muito c***l. — olhei em seus olhos. — Você já sabe que eu estou sozinha...   — Eu só queria que você mudasse de ideia sobre aquela bobagem que falou. Porque se permanecer, será assim que você vai ficar.   Vamos ver se isso acontece mesmo...   Ele começou a aproximar a sua boca da minha e antes que o beijo acontecesse, eu me afastei. — Vamos jantar. — me soltei do seu abraço e levantei do sofá.   Não tá merecendo beijos agora.   [...]   Ele estava prestes a arrancar a minha roupa, enquanto me beijava. Fiquei muito com toda a pegação, mas precisava de ar, então interrompi o nosso beijo e respirei fundo. Ele segurou as minhas coxas e eufórico, encarou meu rosto, enquanto eu segurava no encosto do sofá. — A cada dia que se passa, eu sinto que estou te perdendo para esse Felipe... Queria conseguir ficar longe de você, mas não consigo.   Ai meu pai...   — Para de falar besteira, Léo! Eu já disse que o Felipe é casado! E que história é essa de “querer ficar longe de mim”?!   Ao invés de me responder, ele me beijou, daquele jeito inocente, como quem não quer nada e logo em seguida, suas mãos já estão dentro da minha roupa. — Vamos para o seu quarto? — sussurrou.   — Vamos. — não consegui dizer um não.   [...]   Ficamos deitados depois do banho. Eu estava com a cabeça em seu peito e ele coçava a minha cabeça.   — As provas estavam piores do que em todos os períodos anteriores. — ele quebrou o silêncio, que perdurava naquele quarto.   — É como dizem, só piora.   — Os professores perguntam sobre você. Perguntam sobre quando você vai voltar.   — Pelos meus pais eu já deveria ter voltado. Mas acho que eles esqueceram do detalhe da mensalidade. Eu não consegui a bolsa. — lamentei.   — Pode conseguir em outra tentativa.   — Eu vou voltar logo. — garanti. Só basta os meus pais saírem da cadeia e quem sabe eu não consigo juntar o dinheiro todo da minha faculdade?   — Eu acredito. — me abraçou e eu olhei para seu rosto, depois lhe dei uma beijoca.   — É muito bom saber disso. — sorrimos um para o outro. — Então todo mundo sabe que a gente namora?   — Algumas pessoas. — ele sorriu e eu o beijei novamente. — Júlia... — começou a arrumar os meus cabelos, com um semblante mais sério. — Você já desistiu de fazer negócio com aquele bandido, né?   Eu sabia que ele não havia prestado atenção nas minhas palavras anteriores. Eu me lembro ter reafirmado sobre a proposta do Felipe.   Mas se é pra falar sobre isso novamente...   — Eu resolvi aceitar. — fui direta.   Léo abaixou o olhar, juntando as sobrancelhas. — Você tá brincando, não é?   — Eu te disse mais cedo que não é diretamente com as coisas e ele arranjou outras coisas pra eu fazer.   Léo começou a se afastar de mim e eu levantei de cima dele, para evitar ser jogada para um lado. Ele levantou da cama, bem chateado. — Eu não acredito que você vai se meter nisso mesmo, Júlia! — balançou a cabeça em negação e arregalou os olhos. — Eu não posso te apoiar.   — Eu sei que não. Mas pelo menos entenda o meu lado. — sentei na cama entristecida com a sua reação.   — Eu sei que os seus pais estão na cadeia, mas existe outras formas de conseguir as coisas. Júlia, isso é ilegal! Você sabe o quanto eu luto para não ser encarado como um trombadinha qualquer?! Luto mais ainda para conseguir me formar na faculdade e ter uma vida digna e dentro da lei. Não posso me misturar com essas coisas. O tempo que tive que pagar a dívida do meu pai ao Ruivo foi a pior época da minha vida e agora você me diz que vai entrar nessa droga?!   É complicado.   — Eu sei que é uma droga tudo isso, mas eu preciso e eu já decidi. É a forma mais rápida de tirar meus pais da cadeia. Aceite você ou não.   Ele começou a vestir as roupas.   — Pois eu não aceito. 
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