Episódio 3

4830 Words
Alguns dias depois... _Mas que merda...- Luiz bufou alto, enquanto tentava juntar rapidamente todos os papéis sobre a sua mesa, que no momento se encontrava com uma pequena poça molhada. Aparentemente, o café que deveria permanecer dentro da sua caneca, resolveu fazer uma visita a sua mobília de madeira, derramando e molhando tudo a sua volta. Um suspiro fugiu pelos lábios finos do médico, enquanto ele jogava qualquer pano que achou sobre a mancha molhada, torcendo internamente para que aquilo não fizesse a madeira inchar. Tudo o que ele menos precisava agora, era um "ovo" se sobressaindo no meio da sua mesa de trabalho. Deus, qual era o seu problema naqueles últimos dias?! Ele estava constantemente distraído, causando e cometendo erros bobos, tanto no seu dia a dia, quando em seu trabalho. Ontem, ele fez algo tão i****a em frente aos outro médicos — confundindo alguns simples medicamentos — que trabalhavam ali, que nem mesmo um estagiário ainda na faculdade teria feito. Tinha sido realmente vergonhoso, já queLuiz era o tipo de pessoa que gostava de ser mostrar superior em seu trabalho. Ele era bom no que fazia e não agia como se não fosse. O processem. Ele gostava de ser médico e se destacar, então nem precisa dizer que havia passado o resto do dia de m*l humor por causa daquela merda de erro bobo, certo? Mas, novamente, ele ainda continuava agindo de maneira distraída. Exemplo disso era o seu café brincando de piscina com sua mesa. Ele nem mesmo percebeu quando deixou a caneca cair de sua mão, apenas quando o barulho dela batendo contra a mesa encheu seus ouvido, foi que ele viu o que acontecia. Ele estava um desastre e a culpa disso era totalmente de um híbrido de pantera com cheiro de terra molhada. Depois de ser encontrado naquela cena particularmente vergonhosa por sua mãe e aqueles guardas, demorou alguns minutos para que eles finalmente superassem a incredulidade da surpresa inicial e agissem. Então, depois de alguns rosnados ameaçadores do alfa sobre seu corpo, quando percebeu que não estavam mais sozinhos, e um dardo tranquilizante, ele finalmente teve sua liberdade do momento mais traumático e estranho de toda a sua vida. Ele esperava ser morto, mas na verdade quase havia sido reivindicado por uma puma selvagem... como lidar com isso? Já haviam se passado uma semana e tudo ainda parecia vivido demais em sua mente. E para ser sincero,Luiz se sentia um pouco incomodado por ainda se lembrar muito precisamente do perfume do hibrido. Ou então, de como ele parecia tão satisfeito consigo e seu cheiro. Por mais que seu lado humano fosse duro sobre aquilo e usasse a justificativa de estar com medo demais para pensar naquele momento assustador, ele ainda tinha o seu lado ômega. Esse que havia ficado "adormecido" por tanto tempo, que agora era quase assustador como ele o sentia tão presente. Ele sabia que aquele sentimento no seu estômago, causando pela aproximação e interesse de um outro alguém, era diretamente ligado a sua biologia lupina. A lembrança do cheio, os arrepios que corriam por seu corpo ao se lembrar de como ele tentava o marcar e de como ele havia se aconchegado em seu pescoço. Tudo isso estava vindo direto do seu lobo. De sua parte irracional. Ainda assim, era um pouco imobilizando o quanto ele vinha pensando sobre aquilo. Mesmo com seus esforços para esquecer. Grandes esforços. Um suspiro cansado fugiu pelos seus lábios, o café derramado completamente esquecido, enquanto ele mais uma vez se distrai e se perdia em meio a pensamentos. Esses que dessa vez não durou muito, provavelmente evitando mais alguns incidentes, quando uma batida soou pelo ambiente. _Oh...- Levantando seus olhos, ele olhou a sua volta tentando se atualizar sobre a situação, antes de olhar para o outro lado da sala.- Pode entrar. Logo a mesma se abriu e a última pessoa que ele queria ver no momento, se fez presente. _Observou bem como as pessoas normalmente fazem, meu filho?- brincou a mulher, entrando no cômodo e fechando a porta atrás de si, sua expressão se manteve firme mesmo com o olhar de desagrado que recebia do mais novo. _Olá, mãe. O que você quer?- perguntou impaciente, vendo a outra revirar seus olhos.- Arrumou mais algum alfa com que eu vou me encontrar acidentalmente? _Luiz, você é tão dramático. Pelo céus, eu só estou tentando te ajudar a encontrar um bom companheiro.- respondeu exasperada, vendo o garoto abrir a boca, provavelmente com alguma frase cheia de sarcasmo e deboche. Por isso ela rapidamente continuou.- De qualquer forma, não é esse o assunto de hoje. _Não?- perguntou não escondendo sua surpresa. Ele não conseguia se lembrar de um assunto diferente, sendo discutido entre os dois nesse último ano. _Não. Eu estou aqui a trabalho...- comentou, vendo quase imediatamente uma fachada mais seria e profissional tomar o rosto do ômega. Um sorriso pequeno e carinho se abriu em seus lábios, orgulho preenchendo seu coração. _O que aconteceu? Algum problema com o hospital?- perguntou rapidamente. _De certa forma... _Como assim, mãe? Seja mais direta. _Estou aqui para conversar sobre aquele hibrido de pantera. Assim que essa afirmação soou pelo seus ouvidos,Luiz podia jurar que todas as suas terminações nervosas decidiram apitar em alerta, como se estivessem muito interessadas naquele assunto. Ele tentou manter a fachada profissional, enquanto perguntava. _Qual é o problema com ele?- ele queria se dar tapinhas nas costas em recompensa, pela forma que sua voz soou fria e profissional. Tão diferente de como realmente se sentia. Um suspiro cansado saiu dos lábios da alfa. _A pergunta certa é o que não tem de errado com ele,Luiz.- respondeu em um tom desanimado, retirando seus óculos de grau para dar um pouco de alívio a seus olhos cansados, enquanto continuava.- Eu não sei o que fazer com ele, filho. _Como assim? É só seguir o padrão de atendimento.- como aquele era um hospital com uma ala especializado em cuidar de hibrido resgatados de situações ilegais ou desumanas, eles tinham um padrão de atendimento. Normalmente com o espécime chegava traumatizados e machucados, eles tentavam iniciar atendimentos médicos, enquanto procuravam pro ajuda psicológica. E depois de um tempo, se eles mostrassem melhoras, eram movidos para alguma ONG que disponibilizava acomodações e uma vida confortável para o resto de suas vidas. Até mesmo se fosse de suas escolha, ele podiam entrar novamente em uma lista de adoção e conseguir um dono designado.Luiz podia se sentia melhor todas as noite que dormia, sabendo que havia conseguido ajudar em uma causa tão nobre quanto essa. _Você acha que eu não tentei?- ela perguntou em um tom baixo, revirando levemente os olhos.- Ele não é como os outro hibrido,Luiz. Ele não foi adotado e depois maltratado. _O que quer dizer com isso?- perguntou um pouco mais interessado do que deveria. E se sua mãe percebeu isso, decidiu ignorar e continuar com sua linha de pensamento. _Ele veio de uma clínica não legalizada pelo governo. Provavelmente o antigo dono dele o encomendou e comprou em uma dessas clínicas que fazem hibrido ilegalmente quando ainda era um bebê ou muito novo para entender algo. E isso nem é o pior. A casa de onde ele foi resgatado, pertencia a um traficante de drogas e armas, que o usava como uma espécie de cão de segurança. Pelos relatos, ele basicamente viveu como uma animal mais tempo de que como um humano. Além de ter tido um "treinamento" específico. _Como assim específico...? _Eu disse, ele era uma espécie de cão de guarda, Yoon. Ele foi treinado para agir como tal. Luiz não gostou nenhum pouco da maneira que seu estômago se revirou ao ouvir aquilo. Muito menos, da vontade de consolar o hibrido que ele sentiu. _Isso significa que...?- sussurrou. _Significa que ele não deixa ninguém, absolutamente ninguém mesmo, chegar perto dele. Já tentamos de tudo, mas novamente, ele não deixa ninguém se aproximar. Seja alfa, beta ou ômega. Novamente um sentimento revirou o estômago de Min. Só que dessa vez, era uma estranha satisfação. Então ele havia sido o único ômega aceito pelo hibrido? Ele engoliu em seco ao perceber seu tipo de pensamento, logo balançando a cabeça e se forçando a esquecer aquilo. _Entendo...- concordou com a cabeça, desviando o olhar. _Ele também tenta constantemente fugir e até já se machucou durante uma dessas ocasiões, ou achamos que sim, já que a parede ficou suja de sangue. Mas não podemos checar, já que com disse anteriormente, ele não nos deixa chegar perto. E isso está atrapalhando todo o processo...- a alfa continuou.- Ele está machucado e estamos com medo de infeccionar, já que não podemos cuidar. Sem falar que precisamos fazer exames de sangue e outros procedimentos para ver se está tudo bem com ele. _Por que vocês não o dopam? Não fizeram isso da última vez quando ele...- estava em cima de mim, terminou em sua mente. Se sentindo envergonhado para dizer em voz alta. _Sim, essa seria a melhor opção. Mas como disse anteriormente, o antigo dono dele era um traficante. Narcóticos estavam envolvidos na rotina do hibrido. Em seu dia a dia. Quando o resgatamos, percebemos que ele até tinha vestígios em seu organismo e cheiro. Da última vez foi por absoluta necessidade. Ele podia acabar machucando alguém, além de ter sido gerenciado uma dose muito pequena que o deixasse apenas poucos minutos apagados... _Você está com medo dele ter um histórico abusivo de uso de drogas e acabar o dando uma dose de tranquilizante ou algo do tipo, que fará m*l a sua saúde. Ou até mesmo decretando vício...- raciocinou, virando sua cabeça levemente para o lado esquerdo. _Exatamente. Yoon concordou. Aquele era o melhor caminho a se seguir na situação atual. O que o levava a pergunta. _Então, o que farão?-Luiz percebeu como sua mãe o olhou com expectativa, como se aquela pergunta fosse tudo o que precisava ouvir. Ele sabia muito bem o que ela o diria antes mesmo de ser dito. _É por isso que vim até aqui. Depois de conversar com alguns dos médico responsáveis por ele, chegamos ao veredito que seria melhor você se tornar o seu médico responsável.- é ele realmente sabia que ela diria aquilo. Assim como também não precisou pensar sobre sua resposta. _Não.- respondeu rapidamente, sem nem mesmo fingir pensar sobre a questão. _Luiz, meu filho...- tentou, sendo interrompida. _Não, mãe. Eu não vou me envolver nisso. Eu já tive a minha cota de quase morte.- comentou distraidamente, voltando a tentar secar sua mesa ao se lembrar do acidente anterior procurando uma escapatória.- Me surpreende você. Que tipo de mãe manda seu próprio filho para o seu quase assassino pela segunda vez? _Eu não o mandaria se houvesse um real risco a sua saúde,Luiz... _Oh, claro. Você mesmo acabou de dizer que ele não deixa ninguém se aproximar sem tentar os atacar!- apontou m*l humorado, nem percebendo o pequeno bico emburrado que enfeitavam seus lábios. _Exatamente. E é por isso que vim até aqui...- comentou como se fosse óbvio.-Luiz, você foi o único que ele realmente deixou se aproximar. _Eu não diria exatamente "deixou"...- declarou, se lembrando da maneira ameaçadora que o hibrido rosnava para si quando o viu pela primeira vez. _Mas você ainda foi a única pessoa que ele deixou se aproximar.- afirmou mais uma vez, revirando os olhos pela teimosia do garoto. Sem dúvidas Yoon havia puxado a sua mãe ômega, a alfa conseguia até mesmo ver as semelhanças. _E eu ainda estou fora.- respondeu calmamente, jogando o que parecia ser uma camisa sua no lixo, finalmente satisfeito com a mesa limpa. Mesmo que agora estivesse cheirando a café. Do outro lado, Seojin bufou irritada, sentindo a frustação por ter que lidar com aquele menino teimoso. Até que novamente seu tom soou, dessa vez, quase como uma acusação. _Eu já disse que ele está machucado e que se não cuidarmos das feridas, elas podem infeccionar?- ela observou satisfeita seu filho levantar o olhar e a encarar, parecendo pensar sobre o assunto. _É realmente muito r**m?- questionou em um sussurro, não querendo dar o braço a torcer, mas também não conseguindo ser frio o suficiente para ignorar aquilo. Sem falar que de acordo com o seu juramento médico, ele não podia negar ajuda a ninguém. _Você terá que ver por si mesmo.- murmurou divertida, não escondendo o sorriso vitorioso quando viu o menor revirar os olhos e bufar. _Tudo bem. Você venceu. Vamos ver como ele está.- concordou, antes de abrir um sorriso tão venenoso quanto de sua progenitora. Eram quase iguais.- Mas eu quero um aumento salarial de pelo menos 50%. Você sabe, pelo risco que estou correndo. Não vou me arriscar por nada. _Você está de brincadeira...?- questionou revoltado, recebendo apenas um dar de ombros como resposta. Bufando, a alfa se levantou da cadeira que sentava e o encarou.- Você é um mesquinho... _Aprendi com a melhor, mamãe...- debochou, se levantando também para seguir a mais velha. {...} _Lembre-se,Luiz. Estaremos assistindo a tudo pela parede espelhada. Além disso, guardas estarão disponíveis com dardos tranquilizantes caso as coisas não ocorram bem. Você não está em perigo.- ele ouviu a voz de sua mãe murmurar assim que parou em frente à porta de entrada da "cela" – não tão literal — onde o hibrido em questão era mantido. _Sim, claro. Só estou entrando sozinho e desarmado, em um lugar onde uma pantera selvagem não deixa ninguém se aproximar...- debochou em um tom baixo, como se estivesse dizendo para si mesmo. E se sua mãe o ouviu, ela apenas ignorou, começando a se afastar em direção a sala de observação. _Você vai ficar bem. Não é como se fosse inexperiente em domar e traumatizar alfas que se aproximam de você...- provocou, entrando no cômodo adjacente, perdendo o olhar raivoso que seu filho lançava sobre suas costas. _Pensando bem, seria ótimo se esse hibrido arrancasse minha cabeça e você passasse o resto da sua vida medíocre, sofrendo por ser uma péssima mãe...- reclamou em tom baixo, um pequeno bico emburrado enfeitando seus lábios finos. Respirando fundo, ele apertou a pequena caixa de primeiros socorros em sua mão, antes de enfim tomar coragem e colar sua mão contra o placar digital a sua direita. Logo o mesmo analisou suas digitais e a grande porta de metal se moveu em direções opostas. Dando passos vacilantes, ainda não muito convencido sobre aquele plano de ação, Yoon entrou no recinto. Seus olhos analisaram a sala a sua volta, um pouco surpreso de como parecia tão arejada e aberta, mesmo que realmente não houvessem saídas além da que havia acabado de usar. Parecia um quarto normal, com paredes brancas — mas não aquele branco de doer os olhos que o resto do hospital tinha — em uma dessas até havia uma pintura cativante de uma longa e grande árvore verde e pássaros. Sem dúvidas muito bonito. Havia uma cama solteiro também e uma bolsa com pertences em cima, ambos parecendo intocados. Uma janela com grandes, dando de frente para a um jardim artificial, que havia sido criando com o propósito de deixar os hóspedes daquele lado do centro médico, mais relaxados com as flores e até a pequena cascata. Para ser sincero,Luiz já havia visto aquela mesma cena várias outras vezes, sempre que era selecionado para cuidar de algum hibrido. Mas dessa vez era diferente, afinal, no passado ele não havia expirado tantas vezes o ar, para se intoxicar com aquele perfume tão potente que cercava o cômodo. Ou então, da outras centenas de vezes, ele não se vira tão nervoso pelos olhos verdes brilhantes que o encaravam debaixo da cama. Uma pequena risada baixa fugiu de seus lábios ao ver aquilo. Tudo bem que ele sabia o quão perigoso o alfa era, ele tinha tido sua cota de medo irracional a alguns dias atrás. Todavia, o vendo naquele momento, o encarnado como se fosse um gatinho emburrado, se escondendo de seu dono, o fez se sentir mais calmo sobre o mesmo. Claro, ele ainda não estava pronto para ficar tão perto daqueles caninos afiados e apostar sua sorte, entretanto, Suga também não se sentia sobrecarregado de sentimentos ruins, como em seu primeiro encontro. Já era uma grande coisa, certo? Suspirando, ele olhou diretamente para a câmera logo a cima da porta de entrada, fazendo uma pequena careta para todos que o observavam na sala ao lado, antes de dar passos lentos em direção a cama arrumada. Na verdade, ela estava tão intocada, que ele se perguntou se o hibrido havia dormido alguma vez sequer sobre a mesma. Um rosnado muito ameaçador se seguiu, o fazemos voltar a se concentrar no momento atual. Ótimo, eles haviam voltado para a passividade agressiva. _Hum... Olá, alfa?- tentou, limpando sua garganta seca. Ele não sabia como devia chamar a pantera, já que um nome ainda não havia sido registrado em sua ficha de atendimento. Então, decidiu recorrer ao mais comum. Afinal, era melhor chamar o hibrido de Alfa, do que de Pantera ou então de Paciente 30921. Pelo menos em sua mente.- V-você se lembra de mim? Sua voz tremeu um pouco ao ver o outro se remexer debaixo do móvel. Nervosismo crescendo cada vez mais dentro de si. Não era como se ele esperasse uma resposta ou que o outro se tornasse humano, já que de acordo com a conversa anterior com sua progenitora, ele fora notificado que o puma havia sido criado como se fosse realmente um animal de estimação. Apenas os céus sabem quando foi a última vez que o pobre coitado havia mudado de sua forma animal ou até mesmo, interagindo com alguém. Então, não. Ele não esperava uma recepção para o chá da tarde. Ainda assim, sempre que dizia algo e não consegui nenhum tipo de resposta, era impossível controlar o aumento de seu nervosismo. _Sou eu... Hum...- tentou dizer mais alguma coisa, parando a poucos passos do animal arisco. Seu rosto se franziu levemente ao novamente ser ignorado.- Eu não vou te machucar, lembra? Acho que já passamos por isso, não? Já deixei claro que pode confiar em mim e que não Irei o fazer mal... Um suspiro cansado fugiu pelos seus lábios, quando, nutrido por uma coragem que ele não sabia ter, ele ignorou os rosnados e caminhou até a cama arrumada, se sentando sobre a mesma. Com essa nova posição, ele não podia ver se o hibrido ainda estava o encarnado como se fosse uma ameaça e se sentiu um pouco mais calmo. _Você não está muito bem no momento e eu vim o ajudar... Você poderia confiar em mim mais uma vez? Por favor?- pediu em um tom baixo, suave. A mesma voz que usou quando se conheceram nos corredores do hospital. Porém, agora que não estava se sentindo em perigo, pelo menos não completamente, ele percebeu que sua voz também soava quase... amorosa. E se suas bochechas esquentaram um pouquinho, ninguém precisava saber. Alguns longos minutos se passaram,Luiz estava quase desistindo e se arrastando para debaixo do móvel e se juntando ao hibrido, quando finalmente captou um movimento com o canto de seus olhos. Se virando surpreso naquela direção, ele acompanhou a Pantera se arrastar um pouco pelo piso, antes de se erguer sobre suas patas musculosas, seus olhos sem desviar um segundo dos do ômega. Não escondendo sua empolgação por finalmente conseguir algum tipo de resposta, Yoon abriu um grande sorriso gengival, que deixava todos os seus dentes pequenos a mostra. _Oi. Você saiu!- comentou alegremente, vendo o outro inclinar a cabeça para o lado, o encarnado como se fosse algo estranho. Mordendo seu lábio inferior com certa força, Suga começou a se sentir um pouco desconfortável, para não dizer tímido.- Hum... Você me deixaria te tocar? Quer dizer, eu... Hum... Eu preciso dar uma olhada nos seus machucado... Apontou rapidamente em direção ao hibrido, soltando uma risada nervosa ao perceber que estava agindo como um i****a. Deus, onde estava sua dicção? Desde quando ele gaguejava ou balbuciava tanto? Seus olhos se voltaram nervosamente para a câmera na entrada do cômodo. Que vergonhoso! Min estava tão distraído em sua crise interna, que quase soltou um grito assustado quando o colchão ao seu lado afundou, um peso muito maior do que ele, se sentando ali. Se virando rapidamente, ele ficou surpreso ao ver o hibrido muito, muito perto de si. Ele estava tão perto que se inclinasse sua cabeça para frente, esconderia ela no pescoço peludo da pantera. Levantando seus olhos, ele o encarou de baixo, encontrando quase imediatamente os olhos verdes fixos em seu rosto. E acabou corando por nenhum motivo aparente. _Eu tinha esquecido o quão grande você é...- sussurrou para si mesmo, enquanto abria a pequena maleta em seu colo e pegava luvas descartáveis, as colocando rapidamente em suas mãos um pouco trêmulas.- Eu vou precisar examinar seus machucados para ter certeza que não estão inflamados ou muito r**m, certo? Ele não entendia exatamente o porque estava narrando tudo o que fazia para o outro, todavia parecia ser o certo a se fazer. E ele teve mais certeza disso, quando viu o hibrido balançar de leve sua grande cabeça, como se estivesse concordando com o mesmo. _Okay...- com dedos trêmulos, Yoon se viu estendendo a mão e segurando uma das patas dianteiras do animal, a encarando cuidadosamente ao perceber um machucado aberto sobre a mesma. Não parecia tão r**m, uma pomada e antibióticos resolveriam o problema. Logo ele passou para a outra pata. O hibrido parecia está quase colaborando com ele, o deixando o tocar onde quisesse e até se movendo em sua direção. Como quando ele tentou olhar suas orelhas e a pantera abaixou sua cabeça para que ele não tivesse que se levantar. Além disso, não pareciam ser machucados tão preocupantes como sua mãe fez parecer. Tudo estava correndo melhor do que ele podia esperar, até que suas mãos tocaram suavemente a pata traseira do animal. O corpo inteiro de Yoon se arrepiou quando um rosnado ameaçador soou. Como havia se inclinado para ter uma visão melhor daquela região, o bafo quente e irritado do hibrido soou diretamente contra o seu pescoço, deixando claro que apenas um abrir e fechar de dentes, poderiam acabar com sua vida em um piscar de olhos. Mordendo seu lábio com força,Luiz se obrigou a fingir indiferença, tentando não deixar seu cheiro demostrar o quão assustado estava no momento. _Eu não quero te machucar. Seja qual for o problema com sua para traseira, eu estou aqui para o ajudar, alfa. Você pode confiar em mim.- murmurou baixo entredentes, um tom mais sério do que pensou ser possível para si naquele momento. Todavia, isso não pareceu funcionar como da última vez, já que novamente ele sentiu o peito da pantera vibrar em um rosnado potente. Então, algo brilhou em sua mente e antes que pudesse se recriminar ou até mesmo envergonhar, ele disse em voz alta.- Se você me deixar cuidar de você, prometo que quando acabar, podemos nos aninhar. Min não sabia de onde aquela ideia veio, mas se arrependeu dela assim que fugiu pelos seus lábios. "Aninhar" era algo bem íntimos e particular entre um alfa e seu ômega. Na verdade, eles já até mesmo haviam feito uma parte desse processo antes, ou seja, quando o hibrido fungou e lamber seu pescoço, tentando o marcar com seu cheiro logo em seguida. A única diferença daquela situação anterior, para essa oferecida no momento pelo ômega, seria o fato dele também "se esfregar" e marcar o alfa com seu cheiro. Novamente, ele não sabia onde estava com a cabeça. Entretanto, para a sua total surpresa, aquela pequena promessa pareceu ser exatamente o que o alfa precisava para o deixar seguir em frente com sua consulta. Bufando contra o pescoço do médico, o hibrido se levantou quase imediatamente e girou sobre o colchão, deixando seu corpo de lado sobre o mesmo e exibindo a pata que estava protegendo anteriormente. _p**a merda...- um engasgo assustado fugiu da garganta do Min ao ver a situação da mesma. Diferente dos outros machucados, aquele era fundo e aberto, com uma costa n***a cobrindo o mesmo de maneira quase doentia. Aquilo sem dúvidas estava inflamado e se não fosse cuidado logo, poderia acabar sendo necessário uma amputação. Sem pensar duas vezes,Luiz começou a trabalhar no local. Quase no piloto automático, ele se viu aplicando anestésico contra a pele ao redor do machucado, o limpando e tentando retirar com delicadeza o restante apodrecido do tecido que cobria aquele machucado. Para sua surpresa, não houve mais nenhum rosnado de ameaça ou tentativa de afastamento. Os únicos barulhos, eram alguns lamentos que fugiam dos lábios do hibrido, sempre que ele era obrigado a corta uma parte considerável da carne podre. _Pobrezinho, você deve estar morrendo de dor...- comentou distraidamente para o hibrido, ao perceber que realmente não havia como ele não estar sofrendo por causa daquele dano físico. Era impossível. Assim que acabou com a parte invasiva, Yoon colocou o máximo possível de uma pomada anestésica sobre o local, antes de o cobrir com grandes bandagens, tampando aquela área para a manter protegida contra qualquer perigo. Sua expressão ainda estava franzida em concentração enquanto retirava suas luvas e acariciava ao redor dos esparadrapos, tendo certeza que não estava muito apertado ao ponto de evitar a circulação sanguínea. O pequeno bico em seus, se projetando para frente, quando descartou tudo usado anteriormente e percebeu que realmente havia retirado muito mais pele do que podia imaginar. Se sua mãe não tivesse ido o procurar naquela tarde, ele não conseguia imaginar uma situação melhor para aquele machucado nos dias futuros. _Pronto. Você ficará bem agora...- murmurou baixo, um sorriso satisfeito se formando em seus lábios enquanto ele ainda encarava as bandagens brancas, m*l percebendo como o hibrido o encarava fixamente.- Apenas me prometa que não irá se coçar. Você tem que evitar encostar, okay? Perguntou, levantando seus olhos e encarnado o rosto da pantera. Esse que apenas balançou novamente a cabeça no que parecia ser um aceno positivo, consecutivamente aumentando o sorriso nos lábios finos do ômega. Suga olhou mais algumas parte do corpo do hibrido, feliz por não encontrar mais algum problema como o anterior. Cinco minutos depois, ele voltou a guardar tudo que usara dentro de sua maleta, a fechado antes de murmurar. _Acho que é isso. Você parece um pouco mais magro do que devido e seu pelo não está em um bom estado, o que pode significar desidratação. Então, vou falar com um nutricionista quando sair daqui para que um acompanhamento nutricional seja feito para você. Tirando isso, você me pare bem.- comentou alegremente, se virando para encarar o hibrido. Porém, para sua surpresa, o mesmo já não estava mais deitado a sua frente e sim sobre as suas patas, caminhando para mais perto de si.- O que você está... oh! Apenas quando ele sentiu o hibrido tentar se colocar sobre seu corpo como na semana passada que ele finalmente se lembrou de suas palavra. Para ser sincero, a vontade de Yoon era simplesmente levantar e correr para o mais longe possível daquela sala. Todavia, ele também queria a confiança do alfa, já que ainda tinha pelo menos umas 03 semanas de cuidados posteriores com a perna do mesmo e não podia arriscar. Então, ignorando qualquer senso auto crítico que gritava em sua mente — que não apenas sua mãe, mas vários outros médicos e provavelmente guardas, estavam assistindo aquela cena — ele se ajeitou sobre o colchão, se deixado cair sobre o mesmo. Logo um peso quente e peludo se colou sobre si, quase não se apoiado realmente sobre seu corpo, parecendo muito preocupado em não esmagado. Inconscientemente suas mãos se viram indo até o pescoço da pantera e iniciando um leve carinho nos fios negros, quando um focinho impaciente se esfregou contra a sua glândula odorífica, fazendo o perfume doce preencher o cômodo. Uma parte de Yoon se sentiu envergonhada sobre o quão fácil seu ômega parecia ceder ao outro, nem mesmo tentando disfarçar, enquanto inclinava seu pescoço para o lado, se apresentando para facilitar as investidas do mesmo. Logo a sensação suave da língua do mesmo o lambendo carinhosamente pode ser sentida, enquanto seu corpo se arrepiava inteiro. Suas próprias mãos se tornando mais rígidas contra o pelo alheio, enquanto o acariciava com mais afinco. O que pareceu deixar o hibrido satisfeito, já que Yoon foi recompensado com uma leve mordida contra aquela parte tão sensível, não o suficiente para furar a pele, mas o bastante para que seu corpo se tornasse uma bagunça quente e mole derretida contra os lençóis. Um suspiro fugiu de seu lábios, enquanto ele fechava os olhos. Uma pequena parte de sua mente tentava o avisar que aquilo não era algo tão simples e único como ele afirmava. Que aconteceria mais vezes. Que ele queira isso mais vezes. Mas novamente ele apenas ignorou, enquanto respirava fundo e aproveitava os sentimentos nunca sentidos antes, acompanhados pelo cheiro de chuva fresca. .______________. 🐾🐾
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