Jules
O convite chega enquanto estou no táxi, muito antes de chegar ao hotel, não sou ninguém importante, mas estar noiva do filho de um dos políticos mais importantes de Washington te faz ser notada.
Parece que ele está mantendo o rompimento em segredo.
Abro o correio eletrônico e leio o conteúdo, parece ser o aniversário das empresas Carter's Enterprises Holdings inc. uma das mais conceituadas no mercado, não apago para poder agradecer o convite e recusar.
Olho algumas das mensagens que recebi e vejo de quem são as ligações, nada importante, nada comparado a vida corrida do senhor Simons. Que ligava a cada 5 minutos querendo algo.
Assim que chego ao hotel minha frustração apenas aumenta.
Não que eu sinta falta de ter amigos que mandem mensagens ou se preocupem quando sumo por mais de uma semana, nada disso.
— Como não consegue encontrar minha reserva? — Pergunto com toda a paciência do mundo para o homem gentil da recepção.
— Desculpe, senhorita, mas deve ter ocorrido algum erro.
— E o que o senhor espera que eu faça? Durma na rua? — Minha paciência só se esvai, o que não é surpresa após demorar 40 minutos para chegar nessa d***a de hotel!
— Posso tentar achar outro quarto para a senhorita. Mas temo que será praticamente impossível, estávamos tendo palestras durante toda a semana e devido a isso todos os quartos estavam ocupados, pode ser que alguém tenha deixado o hotel hoje. Daremos uma olhada.
— Por favor. — Peço quase chorando.
Espero por alguns minutos, minutos que sinceramente são torturantes.
— Senhorita Santana? — Conheço esse tom.
— Simons. — viro e dou de cara com ele, não sei o que é mais sexy, a voz, o cheiro ou a roupa.
— O que está acontecendo? — o atendente que parece tremer.
— Senhor Simons, boa noite. — O pobre homem não consegue disfarçar o nervosismo.
— Não me faça perguntar novamente. — Se eu já achava seu tom frio ao falar comigo, nessa hora ele era um verdadeiro iceberg.
— Não é nada com que precise se preocupar, só estou tendo um pequeno problema com minha reserva, parece que todos os quartos estão ocupados.
— Você demorou todo esse tempo para chegar até aqui? — Dou de ombros. — Acredito que deveria ter aceitado minha carona. — Ignoro a vontade de chutá-lo nas canelas. — E quanto ao problema do quarto, considere resolvido, pode ficar no meu. — por alguns minutos ele parece mais humano.
— Isso não acontecerá, não quero incomodar... — Ele não me deixa terminar.
— Acontecerá e não será incômodo algum, estou deixando o hotel essa noite.
— Não estou com humor para discutir, então, obrigada, será ótimo desde que não posso ir para casa hoje.
— Está indo embora de Washington? — Pergunta e arriscaria dizer que ele parece decepcionado.
— Não, como já disse, tenho outros assuntos a resolver.
— Ótimo. Pode ficar o tempo que precisar, não voltarei aqui esse mês. — Ele me olha dos pés à cabeça com seu olhar de aço.
Enquanto conversamos, o atendente digita furiosamente no teclado, creio que ele não queira decepcionar ou até mesmo irritar o poderoso senhor Simons.
— Como a senhorita irá pagar? — Pergunta e se os olhos de Simons pudessem mudar de cor, estariam vermelhos flamejante, tamanha a raiva que parece sentir.
— Não ofenda meus amigos! Sou o dono do hotel e cedi a cobertura para ela, o que você não consegue entender? — Até eu me assusto com sua mudança de temperamento.
— Liam. — cruzo um limite e toco seu braço. — Fique calmo, não há motivo para tanto. — Ele sacode a cabeça e em seguida olha diretamente em meus olhos.
Atração imediata.
— Desculpe. — Afasto minha mão de seu braço, mas ele segura e a aperta levemente, calafrios percorrem todo o meu corpo. — Me desculpe, Mendes, acredito que me excedi um pouco. — O atendente treme mais que vara de bambu em vendaval.
— Liam! — A voz estridente chega até nós e olhamos ao mesmo tempo, vejo uma mulher de pernas compridas, olhos claros, cabelos escuros e longos se aproximando. Ela usa um vestido vermelho totalmente colado ao corpo, o que marca todas as suas maravilhosas curvas, me sinto como uma menina de 10 anos perto dela. — Aí está você! — Seus olhos focam na mão de Simons sobre a minha, mas ele parece ignorar.
— Preciso ir, Jules, como já disse pode ficar o tempo que precisar. Tenha uma ótima estadia em Washington. — Mais uma vez ele aperta minha mão e então a solta.
A mulher me olha de cima a baixo com cara de nojo.
— Vamos, querido, está quase na hora. — Ela passa o braço em volta da cintura dele, que parece desconfortável com a situação.
— Adeus, Jules. — Ele parece saborear meu nome, o que é totalmente errado já que tem uma mulher.
— Adeus, Simons. — Respondo olhando para qualquer lugar menos para ele.
Assim que o casal perfeito sai pego a chave do quarto, isso após ouvir muitos pedidos de desculpas por parte da gerência.
Quem diria que o senhor Simons gostoso é dono de um hotel como esse.
Nem preciso dizer que a cobertura do hotel é praticamente uma casa, com uma ampla cozinha, dois quartos, sauna, hidromassagem, sala de jantar, sala social com uma TV de mais polegadas do que posso dizer ou saber, também há vários videogames na estante e muitos, mas muitos livros mesmo. Um dos quartos ainda está com o suave, mas marcante perfume de Simons, decido dormir no outro, o que não será menos perturbador.
Minha noite é assombrada por um lindo par de olhos cristalinos.
Em resumo acordo me sentindo um caco, estou mais exausta do que quando dormi na noite passada. Após tomar um belo café da manhã junto todas as minhas coisas e sigo para o saguão do hotel, avisto o homem que me atendeu na noite anterior e lhe dou uma bela gorjeta, ainda não consigo entender o porquê de todo o nervosismo de Simons.
Finalmente em casa!
Foi meu primeiro pensamento ao chegar na minha amada casa e dessa vez foi realmente legítimo! Quando vim para Washington três anos atrás tive que comprar uma casa, Diego queria que eu vendesse a casa dois meses atrás, graças a Deus me recusei a fazer essa loucura.
Destranco a porta e quase tenho um ataque cardíaco, o infeliz está ali, parado no vestíbulo de entrada da minha linda casa.
— Saia agora mesmo! — Grito com a raiva me consumindo.
— Precisamos conversar. — Ele está bem calmo.
— Não, não precisamos conversar! Só preciso que saia da minha casa!
— Faça isso por nós, por tudo que vivemos e por sua família.
— Não existe mais um, nós! Você sabe muito bem o que eu vi então vá embora!
— Querida. — Se aproxima, pego spray de cabelo. — Você sabe que não era eu, só tenho cabeça para nosso casamento! Realmente a amo e juro que não era eu naquela noite. — Não penso duas vezes antes de apertar spray fazendo com que ele pule assustado e solte alguns palavrões.
— A única coisa que sei é que sou uma mulher que chegou em casa e encontrou um t****o dentro de sua casa! Sabe como é, as mulheres precisam se defender! — grito irônica enquanto ele sai batendo a porta.
Desgraçado!
Liam
— O que aconteceu? — solta assim que saímos do hotel.
— Ajudei uma conhecida. — Digo secamente para ela entender que esse assunto não está aberto para debate. — E sabe muito bem que não gosto quando tenta marcar território.
— Desde quando faz caridade? — Insiste. — E não preciso me preocupar com você e uma mulher como aquela, não tem como acontecer essa troca.
— Isso não é assunto seu, Amy, você só precisa ficar bonita e sorrir. — sou ríspido e percebo que ela se retrai. — Vamos apenas nos preocupar em aproveitar a noite. — Tento ser menos grosso. — Você não irá vê-la novamente — Afirmo e meu estômago revira com essa afirmação.
— Tudo bem, querido. — apoia a cabeça no meu ombro, me incomodando, ela não é do tipo sentimental, está assim por causa da outra mulher.
— Só fique tranquila, vamos para o Melindrerz, André — Aviso ao motorista.
Meus pensamentos voam para um par de olhos cor de mel, cabelos ruivos e um sorriso angelical de tirar o fôlego. d***a!