3º Capítulo

1480 Words
Jules Oh céus, como vim parar aqui? É meu primeiro pensamento ao ver o boçal vindo em minha direção. Algumas horas antes… Voltei para Washington há duas semanas e preciso dizer, nunca imaginei que Diego poderia ser tão insistente! Liga, manda mensagens, cartas, flores e até mesmo aqueles carros com mensagens bregas (nem sequer imaginava existir isso aqui, supus ser coisa de brasileiro)! Meu celular apita, nova mensagem, imagino que seja ele, mas me surpreendo ao ver ser minha mãe, depois de todos esses dias ela resolveu aparecer. — Podemos nos ver hoje? Precisamos conversar e resolver nossos problemas. Hoje na festa de comemoração das empresas Carter's. Te vejo lá. Beijos Mamãe. Isso é tudo que diz, nada de saudades ou quem sabe um eu te amo, apenas o inexplicável convite para uma festa a qual ela nem deveria saber, quem dirá estar lá. Respondo com um ok e não espero resposta, não estava nos meus planos ir até lá e correr o risco de encontrar eu ex, mas se essa é a chance de fazer as pazes com minha mãe, vale a pena. Pego o vestido preto que uma grife me mandou esse final de semana e opto por usá-lo. Nada melhor do que se sentir bem para estar bem em um lugar cheio de víboras. Sei que minha mãe criticará minha escolha de modelo, dizendo ser revelador demais e outras baboseiras, mas uma f***a e um decote não fazem de mim uma messalina. Pego uma sandália preta de bico fino e brincos longos, como meu cabelo está curto — cortei em um acesso de raiva, não que não me ache bonita assim, só sinto falta de meus longos cabelos — apenas o arrumo para trás e prendo em um coque. Maquiagem leve e simples com batom totalmente nude. Às 19h30 já estou no hotel onde está sendo realizada a festa, preciso dizer que esse é um dos hotéis mais bonitos e imponentes que a minha humilde pessoa já viu e olha que meu círculo social é de uma classe bem elevada, todos os políticos e celebridades. — Convite, por favor. — Aqui. — Ele escaneia o código no celular. — Tenha uma ótima noite, senhorita Santana. — Desejo o mesmo a você. — Respondo sorridente. Entro e vejo a decoração impecável, nunca estive nesse hotel, mas o nome Empresas Carter's me é familiar. Fico zanzando por algum tempo entre a multidão com perfumes extremamente forte e joias reluzentes. Já mandei duas mensagens para minha amada mãe e não obtive resposta. Depois de uma hora meus dedos doem e minha rinite começa a atacar, é impossível conter o espirro. — Atchimmm! — O som não é alto, mas as pessoas que estão próximas me olham como se eu fosse o próprio demo. Cambada de metidos de nariz em pé! Sorrio como se estivesse tudo bem. Antes que possa pensar em buscar algo para disfarçar meus próximos espirros que sei que não demorarão a vir, um lenço de pano é estendido na minha frente. — Muito obrig... — Paro de falar assim que vejo quem está oferecendo — Está me perseguindo? — Realmente acredito nisso. — Não, não estou. Esse é um evento importante para meu melhor amigo — Diz ainda estendendo o lenço bordado com as iniciais de Diego Byron. — Mas é um golpe do destino encontrá-la aqui. — Desde quando você tem um melhor amigo? Eu era sua melhor amiga, ao menos era isso que você dizia. — Ao dizer isso lágrimas ardem em meus olhos, mas disfarço, não darei a ninguém o gostinho de me ver chorar. — Focaremos no nosso problema Jules, eu te amo e não te trai. — Não falaremos disso, o assunto está encerado. — Não tenho qualquer dúvida. — Por favor, precisamos conversar. — Suplica. — Tudo bem, mesmo que acreditasse nisso, quero deixar bem claro que o que tínhamos acabou. — Na hora que termino de falar Mag, minha ex-sogra aparece e Diego é chamado para longe. — Olá, querida, Diego nos disse que você visitou seus pais, como eles estão? — Pergunta e sei que isso é falso, só está disfarçando por estarmos em um local tão cheio de gente fofoqueira. — Estão melhores que nunca, sei que deve querer os detalhes, mas não posso falar agora, infelizmente preciso ir. Mande um beijo para tio Tom. — Precisamos conversar, Jules. Você sabe que é como uma filha e que te amamos, tudo o que aconteceu não passa de um m*l-entendido. — Seu olhar é meigo, mas não vou me deixar iludir, não sou sua filha, ele é. — Podemos conversar depois Mag? Realmente preciso ir. — Tudo bem, mas cobrarei essa conversa. — Sei que ela insistirá muito em continuar essa conversa. — Sei que vai. — Dou-lhe um beijo no rosto e me afasto, preciso ir ao banheiro. Caminho sem olhar para os lados, não posso correr o risco de ver algum conhecido que resolva conversar enquanto seguro outro espirro. Um dos funcionários do hotel informa que os banheiros utilizados durante a festa são os do segundo andar, assim que entro no elevador espirro novamente e dessa vez parece que meus pulmões pegam fogo. — Precisa disso? — Outro lenço é estendido em minha direção, mas não é isso que me deixa alarmada e sim o fato de o Sr. Simons gostoso estar dentro desse elevador comigo, as portas se fecham antes que eu possa fazer algo. — Simons? — Pergunto incrédula. — Está me seguindo? — Ele se aproxima, muito. — É claro que não, sequer sabia que você ainda estava em Washington afinal de contas você disse que não voltaria ao hotel... — Me interrompe ao tocar em meu rosto, dou um passo para trás e bato na parede do elevador. — E não voltarei, mas moro aqui, em Washington. — Me pergunto o motivo dele estar nesse hotel então. — Você tem tirado meu sono Jules. — Se aproxima novamente, sem respeitar meu espaço, sua mão desce para meu pescoço e nesse momento minha respiração é audível. — Tem me atormentado por vários dias e chegou a hora de eu ter o que tanto desejo. — Congelo, posso sentir seu hálito, sua respiração tão próxima e assim que nossas bocas se tocam, o espirro resolve sair. E o troféu de maior mico da história vai para: Jules! Oh, céus! Nem preciso dizer que não sei onde enfiar a cara, já espero por todos os palavrões que Liam jogará sobre mim, mas ele me surpreende ao passar o lenço limpando meu rosto. Mas ele mereceu! — Parece que terei que esperar um pouco mais. — Diz com um sorriso que me deixa novamente surpresa, parece um sorriso verdadeiro e combina tão bem com seu rosto, o deixando ainda mais bonito, se é que isso é possível. — Desculpe, Simons, só estou procurando um banheiro. Não imaginava que você estaria aqui ou que resolveria me beijar, me perdoe pelo espirro, mas você mereceu desde que não dei permissão para me tocar, quem dirá beijar. — Não seja boba, está tudo bem, apenas cuide dessa alergia para que na próxima nosso beijo possa ser algo mais teatral, úmido e quente. — Ele dá um passo para trás. — E desculpe por agir assim, na próxima terei seu consentimento, sinto muito pelo que aconteceu agora. — Minha rinite que resolveu se manifestar essa noite, com todos esses perfumes e outros cheiros. — Ótimo Jules, esse é um bom assunto sua i****a. — Esse elevador está demorando demais, não está? — Pergunto ao perceber que de duas umas: ou apertamos o botão do andar errado, ou ele não está andando. Sim, optei por ignorar seu comentário sobre o beijo. — Podemos resolver isso. — Aperta um botão que faz o elevador se mover. Olho para ele com uma interrogação na cara e ele apenas dá de ombros como se fosse a coisa mais normal do mundo parar o elevador e tentar beijar alguém. Minutos depois a porta abre e quase faço como aquelas crianças, apertando o botão muitas vezes até que a porta feche rapidamente quando vejo quem está do outro lado. — Encontrei vocês! — Sorri. — Pelo amor de Deus. — Fico realmente irritada. — Liam essa é a minha noiva. — Me apresenta ao homem que percebo ser o tal melhor amigo e que quase me agarrou no elevador. — Então essa é sua famosa noiva. — Para ao lado de Diego e me observa com a sobrancelha arqueada. Mas que d***a! Que tal pegar leve destino?
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