1º Capítulo

1364 Words
Jules O dia está lindo, o sol brilhando forte, o céu de um azul maravilhoso, sem ninguém perturbando minha cabeça. Me sento sobre as pernas, me acomodando na poltrona da varanda, tomo café enquanto observo as crianças brincando na quadra do condomínio, de repente o celular começa a tocar, vejo meu número na tela. — Vossa excelência. — Meu humor não poderia estar melhor. — Engraçado — Seu tom é bem característico. — Preciso que passe um número de celular e antes que comece a falar sem controle, esclareço que fará o que estou pedindo. — Tenho a sensação de que isso o faz sorrir, esse deve ser seu tipo de piada. — Claro, até porque sou a empregada, não é mesmo? — Meu bom humor já está indo ladeira abaixo. — Vamos lá garota, sei que consegue fazer isso. — Não fale como se eu fosse um cachorro. — Aviso sem paciência. — A senha é LiamAmaLuna. E nessa hora não consigo me controlar, acredito que minha gargalhada pode ser ouvida do outro lado da cidade. — Já acabou garotinha? Preciso do número agora. — Como quiser papai. Qual contato? — Vejo algumas fotos, nada que valha a pena. — Alex Smith. — Certo, o número é... — quando estou pronta para encerrar a ligação ele fala. — Jules, pare de olhar minhas fotos... O que quer ver não está aí. — Sua gargalhada fica retumbando em minha cabeça muito, tempo após encerrarmos a ligação. A semana seguinte é resumida em: O senhor poderoso Simons (descobri seu nome após aquela senha ridícula) ligando, eu passando vários números e fazendo todo o trabalho de secretária, parece que ele não pode simplesmente comprar outro celular e obter as informações por conta própria. Também recebi muitas ligações de Diego, que minha mãe não me deixou esquecer por um segundo sequer, já estou ficando louca, então quando acordo na segunda-feira, já estou decidida sobre o que devo fazer. Mamãe faz o favor de me acordar às 06 da manhã, segundo ela Diego precisa falar urgentemente comigo, muito contrariada pego o telefone na mesinha de cabeceira e atendo. — O que você quer às 06 da madrugada? — Me assusto com meu tom. — O que foi que você fez? Liguei para seu celular agora a pouco e um homem atendeu! — Grita indignado. — Por que um homem atendeu seu celular às 6 da manhã? — Porque passamos a noite transando, Diego! Estou muito cansada e inevitavelmente dolorida, então me deixe dormir. — Minha mãe que permaneceu no quarto arregala os olhos. — Não brinque com isso, Jules, você não faz esse tipo — Ladra. — É claro que não! Faço o tipo que pega o noivo comendo outra mulher em sua futura casa! — Grito frustrada e desligo o telefone. — Jules não diga mais essas coisas! — Minha mãe berra histérica como sempre. — Dizer o quê? Que sou solteira e posso t*****r com quem quiser? Dizer que peguei Diego comendo uma v***a na nossa futura casa? — As lágrimas ardem em meus olhos, mas me recuso a deixá-las cair. — Jules Santana se você quer ser imatura e bancar a noiva em fuga, posso aceitar, mas não invente histórias sobre Diego, ele sempre foi um homem maravilhoso. — Não discutirei isso, afinal de contas ele é seu filho. — Mamãe sempre puxou o saco do Byron por ele ser filho de políticos importantes, desde o dia que ele também entrou na política passou a ser Deus no céu e Diego na terra. — Não, nós não discutiremos... tenho certeza de que ele ligará novamente, então você atenderá e pedirá desculpas. — Mas nem que o inferno congele vou me desculpar com esse bastardo! — Jogo o lençol para o lado e vou até o guarda-roupas. — O que pensa que está fazendo? — pergunta segurando meu braço. — Voltando para Washington, está certa quanto a uma coisa, não posso deixar minha carreira de lado por causa daquele i****a que não consegue manter o p*u nas calças. — Junto minhas coisas e jogo na mala. — Pare agora mesmo com isso! — Grita como a louca que é. — Mãe — Digo com toda a paciência do mundo. — Apenas fique fora disso, tenho 22 anos e sei o que quero para mim. — Se soubesse não estaria agindo como uma criança mimada! Apenas releve o que aconteceu, ele está nervoso porque o casamento está próximo, ligue e diga que precisam conversar para acertar as coisas. — Você não quer entender ou faz isso apenas para me irritar? — Pergunto pegando uma roupa para usar na viagem. — Faço isso porque Diego será um ótimo marido, seus pais são boas pessoas... — Não deixo que ela continue, sei bem qual é o verdadeiro problema. — Chega! Não sou uma mercadoria para a senhora querer vender! Vender minha alma ao d***o apenas para satisfazê-la está fora de cogitação! — Grito irritada. — Não sou uma p********a! — Solto sem medir as palavras e ela me acerta uma bofetada. — Você não falará assim com sua mãe! Se for e não procurar Diego, não precisa voltar, não terei uma filha perdida. Ignoro suas palavras com lágrimas nos olhos, como ela pode preferir ele? Continuo arrumando minhas coisas, antes das 07h estou deixando a casa de minha mãe, papai se recusou a me ouvir, sei que ele só está fazendo isso por minha mãe, ele sempre foi um homem submisso. — Tem certeza de que fará isso Jules? — Indaga quando desço as escadas. — Ao passar por essa porta deixará de ter pais e não teremos mais filha. — Então isso é um adeus, Jordy. — Pego minhas malas e entro no táxi. Como a vida de alguém pode desmoronar assim, de uma hora para outra? Boas horas depois estou no aeroporto, de volta a Washington, mas antes de embarcar avisei a Simons o horário em que eu provavelmente chegaria, chega de bancar a secretária. Ao entrar no saguão avisto o homem que parece ainda mais alto do que eu recordava. Engulo as lágrimas e caminho com determinação. — Jules. — diz sem emoção, o que não me surpreende. — Simons. — Preciso dizer que nem mesmo ver esse homem gato muda meu ânimo. — Seu celular. — Trocamos novamente os celulares. — Obrigado por ter me ajudado durante esses dias, aqui está uma recompensa... — Respiro fundo. — Não quero seu dinheiro. — Sou grossa, mas não consigo me impedir, meu humor só piora a cada segundo. — Não é minha intenção insultá-la. — Avisa ainda com o cheque em mãos. — Só acredito ser certo pagar pela passagem, sua hospedagem e os serviços que me prestou durante a semana. — Agradeço a intenção, mas não tem obrigação alguma comigo, não suponha que voltei apenas para trazer seu celular. — Ele guarda o cheque e seu lábio se repuxa um pouco, como se ele estivesse segurando a vontade de rir de mim, o que me deixa ainda mais, deprê. — Certo. Mais uma vez obrigado. — Ele já está virando quando me olha novamente. — Você está bem? — Questiona. — Sim, só um pouco cansada. — O que não é 100% mentira. — Posso te dar carona até o lugar onde ficará hospedada. — Está tudo bem, Simons, ficarei em um hotel perto daqui. Pode ir sem peso na consciência. — Forço um sorriso. — Certo — Diz novamente. — Adeus, Jules. — Adeus, Simons — Digo com a sensação de que isso não é realmente um adeus.
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