Jules
— Vamos Jules, preciso que você conheça alguém. — Segura minha mão como se isso fosse certo. — Nos encontramos na mesa Liam.
— Diego... — Ele não me deixa falar.
— Vamos amor, você ficará surpresa. — Sai me arrastando e ao olhar para trás vejo Simons ainda nos observando.
— Qual é o seu problema? — Assim que saímos do campo de visão de Simons me recuso a dar mais um passo.
— Nick. — Chama e vejo o que deve ser um sósia de Diego de costas para nós.
— O que... — Não consigo concluir a sentença, quando ouve seu nome o homem nos olha e é como se ele fosse um irmão mais novo de Diego, a mesma fisionomia em um corpo de estatura menor.
— Esse é meu irmão mais novo, Nick. — Diz me apresentando ao garoto que está a menos de dois passos de mim.
— Muito prazer, sou Nick, o irmão mais bonito. — Estende a mão e automaticamente aperto.
— Jules. — Estou totalmente no automático.
— Então você é a noiva, sinto ter causado tantos problemas entre vocês. — Suponho que ele percebe que não entendo o que quer dizer com isso e explica: — A noite em que você foi no dúplex, eu estava lá com a garota.
— O que você está dizendo... — Sussurro.
— Estou dizendo que fui um i****a e agi sem pensar, não deveria ter usado a futura casa de vocês. — Diz dando de ombros com um sorriso fofo no rosto.
— E como nesse mundão de Deus eu não conheceria um irmão seu Diego? Pelo amor de Deus, você deve acreditar que sou muito burra! — Digo perdendo a paciência.
— É complicado. — Diz se aproximando.
— O que ele quer dizer é que sou filho apenas de nosso pai, o resultado de uma pulada de cerca, é por isso que você não ouviu falar de mim até hoje. Mas depois da idiotice que fiz, não tinha como continuar nas sombras.
— Essa história é uma d***a e totalmente sem sentido, estávamos juntos há 4 anos Diego, não dois meses.
— Jules, sei que deveria ter confiado em você e contado tudo, mas era um segredo de meus pais, não meu. — Ele parece cansado.
— Olha, vou dizer, essa história não está colando. — Confesso.
— Você não confia em mim, por isso não acredita, posso pedir que ele te apresente a garota que estava com ele.
— Isso pode ser um pouquinho difícil, era apenas caso de uma noite, ninguém especial.
— Espere, você está dizendo não me traiu? — Sou cética.
— É claro que não, meu amor, nunca faria isso... quem dirá na nossa casa, na nossa cama. Quer dizer, ex-cama. Mandei aquela para o lixo e comprei outra, podemos escolher outra casa também, o que você quiser.
— Não, isso não faz sentido. — Me recuso a acreditar. — Vi sua marca de nascença.
Xeque-mate querido.
— Olha, essa marca é praticamente herança de família. Se quiser podemos ir a um lugar mais reservado e te mostro a minha. — Oferece todo animado me olhando de cima a baixo.
— Não me faça perder o resto de paciência que tenho, Nick, já me causou mais problemas do que qualquer pessoa no mundo e quase acabou com meu casamento, saia daqui agora.
— Tudo bem, não precisa ter um ataque de pelancas. Até mais, cunhadinha. — Ele sai cantarolando, o que não faz sentido, se ele é um segredo, o que está fazendo nessa festa, onde qualquer um pode ver a semelhança entre os dois.
— Já podemos fazer as pazes? — Se aproxima cautelosamente.
— Não sei o que dizer, me senti m*l por tanto tempo, vivi o fim de nosso relacionamento e não sei se podemos voltar ao que era antes, sem contar que isso não faz sentido algum.
— É claro que podemos, amor, te amo demais e sei que você também me ama. — Me puxa para seus braços. — Voltaremos de onde paramos e em poucos meses seremos marido e mulher.
— Sim, suponho que sim. — Digo pouco antes dele me beijar.
— Então já se conheciam? — Solta quando Liam se junta a nós.
— Mais ou menos. — Falamos ao mesmo tempo.
— Como assim? — Alguém pode fazê-lo calar a boca? E, por favor, pode tirar da minha cabeça a imagem de Liam tão próximo por breves segundos.
— Foi um acidente no aeroporto, não trocamos mais que algumas palavras. — Não precisamos dar mais detalhes.
— Entendo, aproveitando que está aqui, Simons, quero que seja o padrinho do meu casamento. — Convida e engasgo com a água. — Tudo bem?
— Sim, sim. — Minto.
— Já sabem a data? — Claro que está olhando para mim.
— Não! — Me apresso em dizer.
— Mas não demorará e sei que pode arrumar um tempo para ir ao casamento do melhor amigo. — Melhor amigo, melhor amigo.
— Tentarei. — Mentiroso.
— Onde está Amy? Não a vi por aqui. — Sério produção, ele não tem senso algum.
— Teve que viajar a trabalho. — Resposta simples e curta, tem caroço nesse angu.
— Sinto muito, mas preciso ir. — Digo já me levantando.
— Levo você amor. — Oh céus, por que isso continua parecendo tão errado?
— Não precisa, chamo um táxi. — Declino de sua oferta.
— Tem certeza? — Levanta junto comigo.
— Tenho sim, olhe o senhor McLean está te chamando. — Aceno para o senhor de cabelos grisalhos e ele sorri em resposta.
— Tudo bem, falarei com ele e amanhã encontro você.
— Ótimo. — Minto novamente.
— Pedirei ao motorista para levar você, não é seguro andar de táxi por aí nesse horário.
— Não será necessário, vá conversar com seu amigo que deixo sua noiva em casa — Oferece e faço uma prece para que Diego não aprove essa ideia i****a.
— Por mim, está perfeito, até amanhã, querida. — Me beija e se afasta após se despedir de nós.
Seguimos para a saída, Simons caminha com a mão em minhas costas, indicando o caminho.
— Obrigada, mas chamarei o táxi. — Aviso assim que estamos do lado de fora.
— Venha comigo, Jules, temos que conversar. — d***a, esse tom sexy.
— Não é uma boa ideia, não depois dessa noite.
— Venha. — Ele segura minha mão e um calor me invade, olho para os lados com medo de que alguém veja essa i********e entre nós. — Não se preocupe com fofocas, sou o melhor amigo de Byron, ele confiaria sua vida a mim.
Pobre coitado. — penso.
Uma SUV para em nossa frente e ele abre a porta de trás para que eu entre, ainda estende a mão para me ajudar a subir. Todas as células do meu corpo gritam dizendo que isso é uma péssima ideia e pode acabar bem m*l.
Antes que eu possa voltar na decisão ele já está ao meu lado e o carro segue seu destino.
— Por que não me disse estar noiva? — Direto e curto.
— Isso não é uma coisa que eu saia espalhando por aí. — Minha vez de dar de ombros.
— Você não usava aliança quando nos conhecemos. — Afirma.
— Terminei o noivado. — Não preciso dar detalhes.
— E parece ter voltado atrás com a decisão. — Ele mantém o rosto sem qualquer expressão.
— Não sei ao certo. — Sou sincera, pela primeira vez essa noite.
— Por que terminou com ele? — Sua curiosidade me irrita.
— Isso não é da sua conta. — Digo indignada.
— Não quis te aborrecer, estou apenas querendo conhecê-la.
— Não há motivo para isso, você já conhece Diego e isso é o suficiente. — Cruzo os braços defensivamente.
— Não, não é o suficiente. — Se aproxima e sua perna esbarra na minha. — Não está nem próximo de ser suficiente.
— O que está fazendo? — Fico levemente extasiada com o aroma dele.
— Quero você. — Diz de maneira firme.
— Isso não acontecerá. — Tento me afastar o máximo possível.
— Me faça acreditar que não quer o mesmo Jules, só diga que não sente essa tensão s****l quando estamos juntos.
— Não preciso provar nada a você, tenho escolha própria e digo que isso não acontecerá. Você não me conhece e, além disso, é o melhor amigo do homem que estou noiva.
— Jules... — Sussurra em meu ouvido e logo em seguida sua mão está na pele exposta da minha coxa o que faz um calafrio percorrer meu corpo. — Diga que não quer e deixarei que vá. — Nesse momento a cena do Jardim do Éden passa em minha mente, a serpente tentando Eva.
— Quero... — Minha voz também é apenas um sussurro e ao me ouvir sua mão sobe mais um pouco. — Mas não posso. — Recupero minha sanidade quando o carro para. — Obrigada pela carona, senhor Simons, mande um beijo para sua mulher — Digo já descendo do carro.
— Isso não é um adeus, Jules. — Não me dou ao trabalho de responder, toda vez que acredito ser a última que irei vê-lo o destino o coloca em meu caminho novamente.
E só então me dou conta de que não disse meu endereço ao motorista. Era só o que faltava, ele sabe onde moro!
— Obrigada, destino! — Grito enquanto vejo o carro azul se afastando.