5- A verdade

3435 Words
Ahura tinha ido passar mais um tempo na floresta com Idrya. Estava animado, porque sabia que Laya cantaria na taberna, então se lavou pouco antes de partir, vestiu sua melhor e mais limpa roupa de pele e couro de carneiro, com amarras nos punhos na cor marrom, adornados com entalhes e fivelas de prata. O traje todo forrado com pele dava a impressão de que Ahura era maior, e sua cor escura lhe conferia um ar de mais elegância que o habitual. Ainda que vestisse suas melhores roupas, elas não se comparavam com o requinte de Hybria. Mas isso Ahura não sabia, lembrava pouco dos seus tempos de criança e se lembrasse, não importaria. Ainda mais sabendo que na floresta também não havia tecidos luxuosos e palácios.  No entanto, ele quis estar bonito. Especialmente bonito. Até mesmo Idrya o olhou diferente. Ficaram um tempo em silêncio no caminho de ida, pois havia algo de diferente em Ahura naquele dia. Ele estava realmente magnífico em seu cavalo pela floresta e Idrya ia atrás dele, para protegê-lo. Conversaram pouco durante o percurso e chegaram à taberna à noite. Não fazia o pior dos frios, mas nenhuma noite era quente ao relento na floresta. Então, aprontaram-se a amarrar os cavalos num pequeno estábulo próximo à estalagemq, pois Ahura se recusava a deixar seu cavalo desabrigado, e entraram. Um bardo já cantava e o sorriso do jovem príncipe se abriu. Sentou-se no primeiro espaço que viu e ficou olhando para o cantor, enquanto o amigo foi trocar o que tinha levado por bebida para os dois. Ao retornar, estendeu a bebida para Ahura, que agradeceu e bebeu sem perguntar o que era. Idrya sentou ao seu lado e os dois ouviram o cantar do bardo. Não tardou para surgir ao seu lado um linda jovem de cabelos alaranjados e vestido verde, que dançava sensualmente a música que ele cantava. Todos começaram a bater palmas e a cantar junto com ela e alguns dançaram também, mas ninguém chegava perto da mulher.  Ahura imaginou que fosse uma guardiã. Não a conhecia. Já tinha visto todas naquela fatídica noite, mas não podia se lembrar do rosto do cada uma. Não estando ébrio como estava, com medo e depois de decorridos quatro anos. Poucas ele via de longe, no alto das árvores e às vezes via Kalpa, andando pela floresta, também já vira uma ou outra algumas vezes na cachoeira, mas aquela ele nunca tinha visto. Maravilhosa, com os cabelos longos e uma desenvoltura impressionante para a dança.  Então ela subiu na mesa, dançou animadamente, levantando só a ponta do vestido, deixando as canelas à mostra, juntos com os pés descalços e limpos. Tinha os pés pequenos e delicados, e não era possível se ver por baixo de sua densa saia, que ela mexia com maestria, com habilidade, no ritmo preciso da canção, que ela também cantava. Ela era hipnotizante. Embora tenha sido rápida sua estadia naquela mesa, Ahura percebeu que em suas duas pernas haviam armas amarradas. Facas, ou adagas. Não dava para saber. Uma em cada perna. Era uma guardiã. Desceu da mesa, mas não parou de dançar, continuou a balançar a saia de um jeito charmoso e seu cabelo ruivo esvoaçava como as folhas das árvores ao vento conforme ela se movia, mas ela não cantava com ele, ela só sorria, e dançava, e balançava a barra do vestido verde.  Ahura sorria quase em transe com a beleza da sincronia entre a dançarina e a canção. E era uma letra simples, ingênua. Não tinha a profundidade das antigos cânticos sobre os reis apaixonados, mas a garota dançava feliz sobre os versos bobos do refrão: Verde verde verde Era aquela claridade Verde Verde Meu coração. Minha vontade. Verde verde verde Por trás da mata, a verdade! Ela flutuava bela com a canção. Mas o que o fez estremecer foi o que se deu perto do finzinho da música, nos últimos acordes, quando a dançarina, leve como uma folha se abaixou, fazendo um movimento verdadeiramente gracioso com as mãos, afastando o vestido para os lados, e deu um beijo na boca em uma pessoa sentada, que a assistia. Assim como Ahura e todos os outros. O príncipe não notou porque a presença da ruiva era encantadora demais para que ele desviasse o olhar, mas quando ela se abaixou, seus olhos foram junto com ela e ele pôde ver quem ela beijava na boca, e ela beijava Laya. A dançarina se sentou no colo de sua amiga e lhe deu um beijo na boca, com os braços em volta de seu pescoço e o bardo ainda tocar. Com a cabeça de Ahura a rodar, ele emendou outra música. E as pessoas continuaram cantando, bebendo, beijando. Aquela não era uma cena tão incomum. Apenas Ahura nunca havia presenciado. Ele não estava sempre na floresta e Tyra costumava dançar na taberna, preferia quando faziam encontros mais reservados na própria floresta, não por ser tímida, pois ela não era, mas por preferir estar entre os amigos próximos. Tyra gostava de dançar, Laya de cantar, então elas eram as guardiãs mais vistas. Namoravam há um ano. Ahura não sabia, porque não perguntou, porque era distraído, porque era imaturo e porque era homem. E homens, naquela idade, não conseguem perceber a verdade nem quando ditas. Não sabia bem o que sentia pela amiga, mas precisou se desvencilhar daquele som e das imagens girando em torno de e sair para tomar ar. Sentiu as pernas tremerem e um sentimento r**m tomou conta dele. Uma coisa desconhecida, que ele não o sabia dar nome. Uma dor no meio do peito, que escorregava para o estômago e lá ficava latejando, incomodando, gritando. Ele não conhecia aquilo. Ele não conhecia o ciúme.  Percebendo a saída repentina do amigo, Laya foi atrás dele e o encontrou lá fora. Sabia o que ele poderia estar sentindo e gostava muito dele para querer vê-lo triste. Além disso, não queria que ele se perdesse na floresta novamente. — Ahura! —  ela o chamou, saindo da taberna. E o encontrou encostado num canto, respirando com dificuldade. — Ahura, vamos entrar... está muito frio aqui. — ela disse, com cuidado. — Eu não quero, Laya. — respondeu sombrio, sem olhar para ela. Não conseguia olhar em seus olhos. — Ahura... — ela murmurou, como se pedisse desculpas. — Por que você não me contou que... — ele não pôde terminar. — Te contar o quê? — ela parou na frente dele e ele se levantou, ficando cara a cara com ela. — Que você gostava de mulher.  — E eu precisava te contar? — ela questionou, incisiva. — Você deixaria de ser meu amigo se soubesse? — Não. —  ele engoliu um pouco de saliva, com os olhos marejados. — Mas... a gente é amigo, Laya... você podia ter me contado que tinha namorada, pelo menos. — ele alegou. — Você poderia ter perguntado... — ela rebateu, olhando fundo nos olhos dele, também engolindo saliva. E uma garoa fina começou a cair. — Você nunca perguntou sobre mim. Eu achei que não podia perguntar... achei que você me contaria se tivesse alguém... — ele lutava para não chorar na frente dela. E ela lutava para não pedir desculpa. Sabia que não tinha motivo para se desculpar. E não se desculpou. — Juro que se eu soubesse que era importante eu teria te falado. — foi o que ela disse. — Ela é sua namorada? — ele perguntou. —  É. — respondeu, concisa.  — E você gosta dela? — Gosto.  Ela sentiu o peito doer de um modo estranho. Algo nela não queria ter aquela conversa. Estava apaixonada por Tyra, de verdade, mas sabia que não queria ter aquela conversa com Ahura. — Que bom, Laya. Eu desejo que vocês sejam felizes... você pode avisar o Idrya que eu fui dormir, por favor? —  ele pediu. — Claro. — ela respondeu, com o coração apertado. —  Obrigado. Dizendo isso, ele foi embora, rumo aos quartos da estalagem. Não viu Laya cantar, porque ela não cantou aquela noite. Ela apenas avisou o amigo do príncipe e foi embora com Tyra, que estava nervosa com a sua demora. Porque Tyra não gostava de Ahura. Mesmo que ele tivesse a marca e ainda que ela m*l o conhecesse. Tinha ciúme da amizade dele com a namorada. Mas a amizade era mais antiga que o namoro e Tyra tinha que entender que alguns laços não se rompem. O príncipe tinha um lugar especial na vida de Laya. Um lugar que ninguém tiraria. E o príncipe se dirigiu ao aposento que sempre utilizava e já tinha a chave. Retirou do bolso um saco de couro cheio de pontas de flecha de ferro que ele tinha feito para dar de presente para Laya e deixou sobre uma pequena mesa. Sentou na cama e permitiu que a correnteza do seu primeiro coração partido descesse  pelo seu rosto. Não se permitiu ficar sentado por muito tempo, todavia Não sabia quando Idrya entraria no quarto, pois eles sempre dividiam o aposento. Então, tirou a roupa pesada, cobriu-se e sofreu em silêncio. Sozinho na escuridão daquele quarto. Quis estar em casa. Quis estar na praia com a sua mãe e a sua irmã, em outros tempos, em outro lugar. Quis não saber a verdade. Mas a verdade insistia em ir atrás dele.  E na manhã seguinte, a verdade, maldita implacável, procurou também o seu pai.  Como o príncipe já estava com vinte anos, Kalpa achou que Rudra deveria ser informado sobre a sua marca, sobre o seu destino. Então pediu que um mensageiro fosse até Shakya pedir uma reunião com o rei. E em três dias Kalpa e Nidana chegavam lá para se reunir com ele. Foram recebidas com honrarias no palácio, mas guardiãs não eram fáceis de se impressionar. Principalmente as mais velhas, serenas e sóbrias, precisas em seus objetivos, solicitaram uma reunião apenas com o rei. Ele pediu gentilmente que Tyr, seu homem de confiança, pudesse participar. Foi aceito o pedido de Rudra e os quatro se sentaram à grande mesa de madeira do salão real para iniciar a conversa. O rei preferiu não se sentar no trono em respeito à importância das convidadas e à proteção que elas e seu povo garantiam ao seu reino. — Majestade. — iniciou Kalpa, sempre muito respeitosa. — o senhor já deve conhecer a habilidade das guardiãs de ler sinais e marcas nos corpos das pessoas. — ela afirmou muito calmamente. — Sim.  — Foi essa habilidade que nos fez deixá-lo passar no dia de sua fuga, pois havia a certeza de boa índole e de jamais atacaria a floresta, como nunca antes fizera... as marcas do seu braço dizem isso. Nem é preciso ler todas. Essas já são suficientes. — explicou Kalpa, enquanto os homens a ouviam atentos. — Mas nós lemos o seu filho também. O príncipe Ahura. E ele tem uma marca extremamente rara. A marca de um rei, de um salvador, de alguém capaz de unir todos os povos. A marca que esperávamos há séculos. — Nidana falou com toda a serenidade que uma pessoa pode falar. E Rudra arregalou os olhos para ela. — Mas essa marca, aquele sinal que ele tem no pescoço, indica que ele precisará fazer uma escolha difícil, entrelaçado ao destino dele está o de Shakya, o de Hybria e o da floresta. — tentava elucidar Kalpa, mas o homem ainda olhava confuso, embora conhecesse os boatos sobre as marcas. — Não consigo entender. — ele confessou. — Vossa Majestade se lembra da história dos dois reis casados? — perguntou Nidana. — Sim, lembro. — ele franziu o cenho antes de responder. — Um deles tinha a mesma marca de Ahura. E aquele reinado, que, assim como o seu, tinha tudo para ser um dos melhores, foi interrompido pela cobiça e pela ganância. E os reis foram mortos. Mas as almas voltam para cumprir o seu dever, a sua missão. E elas voltam juntas, quando têm um forte laço, quando seu destino está cruzado. E aqueles reis, Majestade, não terminaram o seu trabalho nessa terra, e nós sabíamos que eles voltariam. Voltariam para ajudar a libertar as pessoas. — Nidana contou. — Então você está dizendo que o Ahura, meu filho, é um daqueles reis? — Rudra perguntou, já em tom de descrédito. — Provavelmente.  Ele respirou fundo ao ouvir a resposta. — Como vocês devem saber, eu não compartilho da crença de vocês, mas respeito. De qualquer forma, ainda que meu filho tivesse a alma desse antigo rei, por que eu precisaria saber disso? — ele perguntou. — Porque ele se casará com o rei de Hybria. E o senhor precisa saber. — informou Nidana, com toda a paciência que a sabedoria lhe conferia.  Rudra gargalhou. Tyr também. — Isso jamais vai acontecer! — o rei ria. Depois de desculpou. — Primeiro, porque o rei é meu irmão, tio do Ahura, segundo porque o Ahura não vai querer se casar com um homem e terceiro porque eu não vou obrigá-lo. — Ninguém vai obrigá-lo! — Kalpa disse ofendida. O que pensa que somos? Nós vemos as tendências do destino, mas nada é totalmente garantido e nem seu filho nem pessoa alguma é obrigada a fazer nossas vontades. Viemos informar ao senhor que o príncipe tem a marca e que vamos informar a ele e ele decidirá o que fazer. Você é o pai dele e nós o respeitamos, mas ele já atingiu a maioridade. Decide por si. — falava Kalpa. — Sinto frustrar a expectativa de vocês, mas ele não pode casar com o próprio tio! — Rudra se irritou. — Nihil morrerá. — afirmou Nidana, portando uma certeza firme. Rudra abriu os olhos em espanto. — Como sabem? — interrogou Tyr. — Sabemos muita coisa. — Nidana o olhou, enigmática. — Ele não casará com Soma! Eles são primos! — Rudra resistia. — Não há nada que impeça o casamento de primos, mas não esperamos que Ahura se case com Soma, mas com o outro príncipe, que é apenas meio primo dele. — explicou Kalpa, tomando a água servida por si mesma, que estava em um belo jarro de prata sobre a mesa. — Com o Dhyani?! Impossível! Eu soube que meu irmão já deu um jeito de mudar as regras de sucessão para que o Soma seja o próximo rei, então, a não ser que vocês matem todo mundo e convençam Ahura do impossível, nada disso vai acontecer. — Rudra ironizou. — Não mataremos ninguém. — garantiu Nidana. — Só viemos informá-lo, Majestade, pois logo contaremos tudo ao príncipe. — Tudo bem. Eu agradeço. E, me desculpem, mas não estou muito convencido dessas previsões . — Rudra confidenciou. — Se o senhor não acredita, e estiver interessado, eu o convido para conhecer o mundo azul... tome uma bebida preparada por Devah, nossa curandeira, e veja o que acha. — ofereceu Nidana. — E você acha que tomando uma bebida entorpecente verei meu filho virando rei? — ele disse em tom de escárnio. — Não. Cada pessoa tem suas próprias visões e experiências, mas todos vão para o mesmo lugar. Um local onde tudo é azul e é possível ver e quase tocar o ar.  Rudra não cria naquelas bobagens, mas ficou curioso. De alguma forma, mesmo nos corações mais céticos, o misticismo da aura das guardiãs da floresta era capaz de penetrar. E Rudra a olhava profundamente. — Se quiser, me avise para que eu providencie. — Nidana finalizou tranquila, sem se ofender com a possível descrença do rei. — Eu agradeço, minha senhora. — Rudra disse em tom de reverência, mas com evidente recusa. — Então, vocês acreditam que meu filho deva se casar com o meio primo depois da morte do meu irmão, pois as marcas no corpo dele indicam que ele está predestinado a isso? — o rei Rudra indagou, para confirmar se havia compreendido bem aquele aparente desatino. — Isso mesmo. Acredito, Majestade, que seria um sacrifício em nome do retorno da paz para todos nós. — afirmou Kalpa com uma austereza mais eloquente que as palavras que proferira. — E quando duas almas se reencontram, Vossa Majestade, nem podemos chamar de sacrifício. — Ainda que fosse verdade. Que Ahura tivesse uma marca, o que faz vocês pensarem que Soma deixaria que o irmão reinasse com tranquilidade ao lado do meu filho? Isso, claro, se Ahura concordasse. Porque eu soube que meu sobrinho é tão ou ainda mais c***l que o pai, meu irmão. — o rei indagou. — Os boatos são reais, Majestade. Seu sobrinho é um aliado do Senhor da face sombria, assim como o seu irmão... mas o destino tende a trabalhar ao lado da natureza. E a natureza sabe o que faz. Caso nada atrapalhe, a natureza cuidará, com uma ajuda nossa, para que as coisas aconteçam como devam acontecer e que o destino se cumpra. Seu filho é especial. Tem uma marca única. Mesmo o outro príncipe, que também tem uma marca singular, não tem a marca de Ahura. A dele é incontestável. Ele nasceu para governar Hybria. — afirmou categoricamente Kalpa. — Disso eu não tenho dúvida! Ele nasceu príncipe de Hybria... fomos expulsos de lá... mas o que eu desejava para ele, quando ele era criança, era que ele fosse rei de Hybria apenas quando eu morresse. E governasse ao lado de uma rainha, que ele escolhesse. — assinalou o Rudra. — Mas hoje, eu quero apenas ficar em paz e deixar o reino de Shakya para Ahura e a pessoa com quem ele resolver se casar. — Me diga, Majestade, se por acaso o senhor recuperasse hoje o trono de Hybria, abandonaria tudo o que construiu aqui em Shakya? — questionou Nidana, tranquila. — É evidente que não. — E o que faria nesse caso? — ela o fez pensar. — Eu mandaria Ahura para lá e governaria aqui, ou faria o contrário. — ele respondeu, com feição de quem refletia. — E o senhor acha possível recuperar o reino de Hybria? — Não. Não com o que temos agora.— ele respondeu quase ofendido. — Então. Estamos lhe mostrando uma forma de o senhor governar Shakya e Ahura, Hybria. A única opção que teremos. E a floresta ficará no meio do reino dos dois. De dois bons reis. A floresta estará segura, será livre. E os dois reinos viverão em paz. Talvez essa seja a nossa última chance. Só peço que pense no assunto até que o momento chegue. Se não acredita em minhas palavras, apenas ignore o nosso encontro. Mas eu agradeceria muito imensamente se o senhor, Majestade, refletisse sobre isso, pois em breve, eventos mudarão os rumos de nossas terras e precisaremos tomar decisões. — finalizou Nidana com a mesma voz pacífica.  Todos se despediram e as duas mulheres saíram, deixando os dois com muito a pensar. — Majestade, se o senhor me permite, eu sei que não acredita no que elas falam, mas eu acredito. — disse Tyr, inesperadamente. — Eu já vi uma guardiã desaparecer na minha frente, uma noite em que eu cavalgava pela floresta. Ela simplesmente desapareceu no chão... fora que dizem que elas voam e conseguem curar as pessoas com as mãos, além disso, elas são muito boas. E, Majestade, nós sabemos que se os homens de Nihil não chegaram até aqui nesse tempo todo, foi por causa delas. — ele prosseguiu. — Por favor, Tyr! Você dizer que elas nos ajudaram e ainda ajudam eu aceito, mas dizer que elas voam e desaparecem é demais! — exclamou o rei. — Mas, de qualquer forma, apesar do despautério e de que eu nunca vá propor algo do tipo para o meu filho, não seria r**m que ele fosse rei de Hybria, não é mesmo, Tyr?  — Seria maravilhoso! O menino Ahura como rei. — respondeu Tyr. — Mas seria bom mesmo se ele tivesse uma rainha, Tyr. Uma rainha... — comentou chateado. — É, Majestade, parece que, em Hybria, uma rainha não vai dar pra ele ter. A não ser que a gente tente tomar o reino... mas, morreríamos todos... — lamentou o soldado. — Morreríamos, Tyr. Morreríamos... E naquela noite, em sua cama, o rei Rudra não teve um sono fácil. Uma batalha entre a razão e o misticismo, entre o palpável e o intangível se instalou dentro dele e junto com ela a esperança. A esperança que ele sabia que não devia nutrir, que não era correto, não era justo. Mas que já estava ali, ruminando dentro dele, naquela noite em que ele soube a verdade.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD