Capítulo 7

2301 Words
Uma festa de adolescentes. O quanto eu regredi? Durante o dia, as meninas me arrastaram para comprar algo para usar. E não, elas não me levaram na Forever 21 ou Zara's. Elas me levaram na Rodeo Drive. Uma avenida de mais ou menos 3km, que fica em Bervely Hills, onde eu nunca visitei. Mas aparentemente, Alison Le Blanc visitou bastante. Calçadas largas, palmeiras, Gucci, Ralph Lauren, Tyffany, Dior, Prada, Valentino, Balenciaga, Chanel, Vesarce, Fendi...dentre outras lojas que visitamos. E agora, estou com medo, Depois de provar inúmeras roupas, eu não sabia que roupas podiam ficar assim no meu corpo, e agora que sei que podem, tenho medo de voltar a usar minhas roupas de bazar. E agora, vestida numa roupa que Lisa disse ser apenas um empréstimo e terei que devolvê-la assim que acabar o trabalho, estou no carro de Kim, rumo a festa. Eu estou num carro rosa. Rosa pink. Um conversível que fecha o capô. Vestindo Balenciaga, Gucci e não sei mais o quê, entrando agora no estacionamento de uma mansão. O que eu falei mesmo sobre regredir? Retiro completamente o que eu disse. E assim, Kim estaciona seu presente de 16 anos. Saímos do carro, ainda é dia. Kim começa a falar animada sobre os amigos e nos leva até a parte de trás da casa, onde claro, tem uma piscina enorme. Tem cerca de 15 pessoas nesse lugar. Algumas começam a nos cumprimentar e Kim me apresenta como sua prima. Conheço uma penca de ricos com nomes de ricos e cara de ricos. Nathaniel Koch Gary Page Julie e Violet Bloomberg Lilith Walton. Se eu nunca tivesse visto essas pessoas, ainda assim ao ouvir seus nomes, eu apostaria que são ricos. Esses sãos os amigos de Kim e Jenifer. Nate, como eles apelidam Nathaniel, é um rapaz que parece mais velho do que realmente é. Dentre todos da festa, é o único n***o. Tem o cabelo muito estiloso, grande numa parte, raspada em outra, com dreads. E um verdadeiro corpo de atleta. Gary é um rapaz que parece ser mais simples, mas apostaria ser o que mais tem dinheiro aqui. Ele é pequeno, assim como eu, tem o cabelo castanho caindo na testa, magro e bonito. Julie e Violet. Duas irmãs. A mais velha, Julie, é loira, bonita e magra. Como todas as vadias dessa cidade. Já Violet, a mais nova, tem o cabelo castanho e é um pouco mais cheia que Julie. Fora isso, as duas são idênticas. — Então, essa é a prima de vocês? A que mora em Paris? — Violet puxa papo. Estamos todos numa rodinha perto da piscina. — Sim, Alison é incrível. Ela foi pra lá sozinha com 12 anos. — Kim aponta. Eu não sabia que Alison tem tanta admiração da família. Não consigo imaginar como é para Alison ter uma família tão grande e ter as primas admirando-a assim. — E você vai se formar em quê? — Pergunta Nate. Tenho pouquíssima informação sobre isso. E por sorte, a família de Alison, também. O que sabemos é que Alison mostrou um forte interesse para psicologia. — Faço psicologia atualmente. — Respondo a ele. Nate abre um sorriso de tirar o folego. — Legal! — Ele dá um gole na sua bebida — Legal? Que tipo de pessoa vai pra França estudar psicologia? — Violet, a irmã mais nova diz. Julie empurra a irmã. — Violet! Modos! Meu Deus. — Julie revira os olhos. — O que? A França é conhecida pelos cursos de culinária, a bela arquitetura e engenharia da cidade, moda... agora, psicologia? Por um segundo, dou razão a Violet. Mas então, lembro que eu sou Alison. — A questão toda não é fazer o que você gosta? — Pergunto a garota. Ela joga o cabelo pra trás. — Acho que sim. — Ela diz. — Você não quer ser uma modelo plus-size? E está em Los Angeles. Pela lógica não deveria estar em Milão? — Lilith intervém. Isso faz Violet balançar a cabeça pensativa. Seguimos para a noite com conversas que tento me encaixar. Temos aqui dois nichos que nunca fiz parte, os populares e os ricos. E eles estão juntos num só. Logo, Emily aparece. Mas ela não se junta a nós. Apenas dá um aceno e vai se sentar com um pessoal perto da piscina. — Chegou a prima de vocês. Sabemos o que significa. — Violet abre um sorriso. Julie dá uma risada concordando e Lilith suspira. — O que significa? — Pergunto. Kim suspira e revira os olhos. — Que Jacob vai aparecer aqui em breve. — Ela responde. — Jacob vem aqui? — Pergunto surpresa. O cara tem 23 anos, o que ele viria fazer numa festa de High school? — Alison não sabe muito sobre os primos, né? — Violet pergunta. — Ela passou muito tempo longe. — Jenifer dá de ombros. Lanço um sorrisinho a ela. — E ela começou. — Lilith avisa. Todos então olham para Emily, indo para dentro de casa com um cara e uma garota atrás dela. — Onde ela vai? — Pergunto. Kim põe a mão no meu braço, num gesto confortante. — Tem coisas sobre a Emily que você não sabe. — Ela diz pra mim. — Podem me contar? — Bom, ou ela vai dar "uns pegas" com o trisal dela, ou vai encher a fuça de d***a com os mesmos. Trisal? Drogas? — As pessoas realmente fazem isso? Vocês não estão numa vibe Euphoria ou Skins? — Pergunto. — Não. Aqueles são Sam e Eloise. Os três vivem pra cima e pra baixo, são um trisal quase assumido. — Nate fala. Gary dá de ombros. — É até bonito, o amor e as drogas os uniram. Kim, que no momento é a pessoa mais próxima de mim, se inclina na minha direção, discretamente. — Tenta disfarçar a cara de chocada. Emily vai ficar bem brava se te ver assim. — Ela sussurra no meu ouvido. Eu não fazia ideia que estava com essa cara, mas me deram muitas informações chocantes ao mesmo tempo. Substituo minha boca entreaberta por um sorriso e tento curtir na medida do possível. Eu achava que sabia curtir, na verdade. Eu e meus amigos já fizemos coisas bem loucas, mas essa galera? As festas do meu High School eram apenas cerveja, beer pong, música alta e uma pegação aqui acolá. Quando me mudei pra Los Angeles, eu soube o que é curtir. E agora, vi que que na verdade não sabia nada. Talvez a diferença esteja realmente no dinheiro, pois a galera está completamente maluca. Se um dia eu der sorte na vida e poder ter um filho nesse meio, ele não frequentará essas festas. Drogas e pegação altamente expostas, me sinto num mashup de Game of Thrones e Euphoria. Já está tarde quando as pessoas começam a pular na piscina. Completamente bêbados e drogados. Alguns dos amigos de Kim e Jenifer se juntam a todos, e ficamos somente as três, Nate e Violet. — Então...— Nate de repente cambaleia até meu lado. — França, né? Olho para Kim, que segura risada ao ver o amigo bêbado falando quase gritando pertinho do meu ouvido. — Isso. França. — Confirmo e dou um gole no meu copo. Nate balança a cabeça. — Nunca fui a França. — Ele grita novamente. E agora, tem os lábios bem perto do meu rosto. Eu mereço? Olho pra ele. Nate é um cara muito bonito, deve ter seus 18 anos, mas ainda assim, me parece uma criança. — Nem eu. — Digo dando a ele uma piscadinha e me levantando. Kim põe a mão na boca, escondendo uma risada. Então ela olha para detrás de mim. Me viro e sigo seu olhar. É quando vejo Jacob. Obviamente um cara da estatura dele se destaca em meio a tantos adolescentes. E eu suspiro. Nate é fácil de evitar, embora ele seja lindo de morrer, está bêbado e é fácil dizer não, mas Jacob? Lindo assim numa blusa branca justa no peito e braços, uma calça justa nas coxas...Como diabos evitar as insistências desse homem? Então ele me vê praticamente babando por ele. E lá vem ele. Violet também percebe e começa a arrumar o cabelo. E assim que ele está perto o suficiente, eu consigo sentir um leve odor de sabonete. E eu sou extremamente atraída por higiene básica. E acredite, higiene básica em Los Angeles não e tão comum como imaginam. Jacob abre a boca para falar algo, mas Kim o interrompe. — Com Sam e Eloise, provavelmente na lavanderia ou algo assim. — Ela diz. E Jacob, sem dizer uma palavra, ou sequer me olhar, vai em direção a casa. E eu me sinto uma boba. Violet empurra Kim. — Poderia ao menos me deixar ouvir a voz dele. — Ela diz. E eu, por algum motivo, vou atrás de Jacob. E claro, vamos todos fingir que não sabemos o motivo. Entro na casa e vejo Jacob entrando por um corredor, sigo ele até que não o vejo mais, então, entro de porta em porta no corredor até que finalmente o encontro. Ele está parado na lavanderia, sozinho. Ele me vê, mas não parece o mesmo cara que subiu pela minha janela e me beijou. Ele tem um semblante preocupado e quase não me vê. — Está tudo bem? — Pergunto a ele. Jacob então, se senta no chão e põe a cabeça entre os joelhos. Ele é um homem grande e vê-lo assim é um tanto estranho. Me aproximo e me sento ao seu lado. — Ela estava aqui. Tem a p***a de um saquinho de drogas ali em cima. — Ele aponta para cima de uma das lavadoras. — Podemos encontrá-la. — Digo. — Se eu soubesse, não tinha... Ele então levanta a cabeça e me olha. — Acredite, não iria mudar nada. Assinto. — Já pensaram em interná-la? — Pergunto. Jacob solta ar pelo nariz. — Você jura que a família Le Blanc passaria o vexame de ter um familiar na reabilitação. Me espanta você sugerir isso, sabe como nossas avós são. Decido não insistir. Pois eu não sei. Se qualquer parente meu estivesse passando pelo que Emily está e minha família tivesse os recursos, não hesitariam em ajudá-lo. Me levanto então e estendo a mão para Jacob. — Vamos, vou te ajudar a achar ela. Jacob olha para minha mão e então para mim. E ele segura minha mão. Seu toque é cuidadoso, mas não hesitante. Então ele se levanta, ainda sem largar minha mão e fica frente a frente comigo. Eu engulo seco. Sinto cada parte do meu corpo formigar. Sinto meu próprio estomago revirar. Institivamente, solto a mão de Jacob. Limpo a garganta, e penso em falar algo, mas ao sentir o olhar de Jacob sobre mim, sei que se me virar pra ele, vou acabar beijando sua boca vermelha e carnuda. Então, me viro, saio do cômodo, e só então quando estou longe o bastante, falo com ele. — Você procura lá em cima e eu aqui embaixo? Ele assente e passa por mim, deixando apenas o cheiro maravilhoso do seu sabonete. Eu preciso de um psicólogo, isso não pode ser normal. Começo a procurar por Emily, batendo pelo menos três vezes em cada porta, para dar a chance a qualquer casal, de se vestir. Encontro uma sala de jogos mais ao fundo da casa com um enorme sofá e uma enorme TV. Ela está desligada, porém o sofá parece ocupado. Me aproximo mais e demoro a reconhecer o pequeno corpo de Emily deitado no sofá. Ela está olhando pro teto, como se pensasse em algo muito sério. Sento aos seus pés e ela nem faz o esforço de ver quem chegou. — Está tudo bem? — Pergunto. Emily não se mexe. — Eu só estou...pensando. O sofá é bem grande. Então, deito-me ao seu lado e olho para o teto com ela. — Posso pensar com você? — Pergunto. Emily então, bufa. — O que você teria pra pensar? Tem a vida perfeita. Sinto vontade de rir. Essa rica mimada está chamando minha vida de perfeita? Mas ela não está. Ela está chamando a vida de outra rica mimada de perfeita. — Você não sabe a vida que eu levo na França. É solitário. A verdade, é que eu não ninguém. Somente meu gato e ele quase morreu. Emily então abre um sorriso. — Foi m*l falar aquilo sobre ele, meus pais nunca me deixaram ter um gato. — Ela diz. — E nem sua mãe, né? Eu não sei, porém desconfio da resposta. Após conviver alguns dias com Lisa, pude entender um pouco de Alison e os motivos de ela ir para tão longe. — Eu tive que me mudar para outro continente para poder fazer algo sem a autorização de Lisa Le Blanc. Emily ri. — Será que ainda há tempo pra mim? — Ela pergunta. — Emily, você só tem 17 anos. Dá tempo de você fazer o que quiser, tem algum sonho? Emily então olha pra mim. — O que você classificaria como sonho? Eu acho que não tenho isso. — Você deve ter sim, apenas não sabe ainda. Eu descobri meu sonho muito nova. E era o que eu queria mais do que qualquer coisa na vida e estava disposta a fazer o que for. Emily assente. — Eu não tenho algo assim. — Ela volta a olhar para o teto. — Mas acho que Jacob tem. Jacob! Ele estava louco atrás da irmã e eu estou com ela há um bom tempo enquanto o coitado deve estar preocupado. — Seu irmão está atrás de você. — É claro que está. — Ela então se senta. Parece meio zonza, mas consegue se recompor. — Vamos lá atrás dele.
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