Fraude

Capítulo 20

Durante a semana, me dividi entre Tia Helga, família Le Blanc e saídas escondidas com Irina. Tivemos bastante tempo para arquitetar um bom plano. Decidimos que a festa será no domingo, como uma despedida, e na segunda bem cedo, vou voltar para o Canadá com minha tia por alguns dias, para a poeira baixar. Tia Helga vai me esperar, enquanto isso está trabalhando do meu apartamento e até fez amigas. E mais uma vez, Irina me fez uma leve ameaça sobre Jacob. Está bem claro pra mim que eu devo extinguir qualquer sentimento dentro de mim por ele.

Na quarta-feira, decidimos contar a novidade a todos. Então eu levantei cedo para tomar café da manhã com todos. Quando desci, Mary, Phillip, Lisa e Marc já estavam se deliciando com o banquete. Pelo que entendi, é até raro os quatro tomarem café juntos, até porque eu m*l vejo Marc por aqui, então talvez essa seja a ocasião do banquete.

— Bom dia! Olha quem acordou cedo! — Phillip exclama.

Não tenho ideia se Alison era próxima do avô, mas o homem parece genuinamente feliz em me ver. Então, interpreto uma boa neta. Vou até ele e dou um abraço de lado.

— Bom dia! Ta todo mundo bem? — Pergunto claramente animada com algo.

Mary aponta para um cadeira e me sento na mesma hora.

— Qual o motivo pra tanta animação, ein? — Marc pergunta.

Logo um dos empregados coloca pratos e talheres a minha frente. Agradeço baixinho e começo a me servir ao mesmo tempo que dou atenção para todos.

— Bom, eu estava pensando...meu aniversário está chegando e não vou estar aqui para comemorar com a família, então eu gostaria de dar uma festa com todos no domingo.

Mary na mesma hora bate uma palma. Consigo ver seus olhinhos brilhando.

— É uma excelente ideia! Não é mesmo Marc? Lisa? — Mary exclama. Olho para Lisa, que parece seria demais analisando a situação. Ela se vê impelida a responder, então abre um sorriso forçado e balança a cabeça concordando. — Sabe quem tem uma ótima experiência com festas? Irina. Com certeza ela vai amar te ajudar.

Marc estala os dedos.

— Irina realmente é excelente, ela organizou minha última festa de aniversário, foi muito bom. — Marc aponta.

— Bom, vou mandar uma mensagem pra ela agora mesmo. — Digo.

Após o café da manhã, esperei pacientemente o que já sabia que me esperava. Lisa esperou que cada parente se retirasse da mesa para me arrastar ao quarto e questionar a ideia. Eu disse a ela que era o ato final da nossa trama. E Lisa obviamente conseguiu rapidamente pensar em uma forma da situação beneficiar ela. Ela me fez prometer que tudo que seria decidido pra festa teria que passar por ela e que eu leria e seguiria um roteiro que ela iria me entregar em alguns dias. E eu prometi.

Quando Lisa saiu, mandei mensagem para Irina que logo passou para me buscar. Assim que entrei no carro, ela começou a me bombardear com perguntas.

— Então? O que acharam? O que Lisa falou? Ela caiu no nosso papo? Sabe, eu acho que devíamos usar a cor azul como tema da sua festa, o que você acha?

Faço sinal para Irina se acalmar e a mesma chega até a rir de si mesma.

— Mary amou a ideia, não vamos ter nenhum problema na execução. Lisa ficou desconfiada, mas logo ela pensou em como usar a festa em beneficio dela. Desconfio que ela até pense que a ideia foi dela. — Irina ri e logo quando vai abrir a boca, eu a interrompo. — E eu gosto mais de roxo.

Irina faz uma careta.

— Roxo era a cor preferida da Alison, eu não sei se...

— Azul vai ser incrível, eu amo azul.

Irina me lança um sorriso.

— Eu agendei uma prova de bolos e doces para daqui a pouco, mas antes, vamos decidir os convites. Estou mandando alguns modelos pra você agora. — Irina aponta para meu celular enquanto ela mesma mexe no dela.

Pego meu celular e logo as mensagens de Irina chegam. Todos os modelos de convites são lindo. de extremo bom gosto e requintados, algo que eu nunca sequer pensaria.

— Estão lindos, eu amei todos. — Digo.

— E agora a lista de convidados.

Recebo uma lista com o nome de pelo menos 30 pessoas. Em geral, familiares, amigos próximos da família e pessoas importantes no mundo dos negócios.

— Podemos abrir um espacinho pros amigos das meninas? — Pergunto.

— Claro! Eu amo aqueles riquinhos mimados e egocêntricos...lembram até meus filhos. — Rimos com um sentimento em comum. Aquele que só quem veio de baixo para esse mundo, entenderia. — Aqui vai um aviso, se você tiver filhos nesse mundo, pode ter certeza, eles vão ser mimados, mesquinhos, egocêntricos e m*l educados. Está no DNA, não tem como evitar.

— Você, Eric e Archie fizeram um bom trabalho, as meninas são incríveis, e Jacob...também.

— Eu apenas tive sorte de cair nessa família. Mulheres fortes e homens passivos. Pensa só, Kim e Jenifer foram criadas pelo pai, o mais passivo dessa família inteira, raramente houve conflitos. Jacob sempre foi um bom menino, sempre me obedeceu. Já Emily...bom, eu percebi que o único erro do DNA dessa família são meninas de personalidade forte criadas por mulheres de personalidade forte. Se não fosse você aparecendo, eu nunca teria percebido o peso que Emily levava, o peso que essa família é para ela.

— Ela é muito forte. — Digo.

— Ela é. Ela...— Irina então, começa a chorar. — Ela pediu para ser internada. Nas férias da escola, ela quer ir pra uma clínica. Ela mesma pediu isso.

Seguro a mão de Irina.

— Você não faz ideia do quão feliz eu fico em saber disso.

Irina assente.

— Eu acho que faço um pouquinho. — Irina e eu temos o que chama de "um momento". Isso deixa meu coração quentinho e me faz sorrir. Eu não esperava que meu primeiro grande papel eu não teria que atuar em quase nada. — Bom, chegamos a prova de bolos. Vou mandar os convites para meu contato e buscamos no final do dia.

Chegamos a confeitaria e logo uma atendente nos encaminhou para um outro local. Irina e eu sentamos e em segundos, foram chegando vários sabores de bolos diferentes. Logo eu me arrependi de ter tomado café da manhã. Já comi muito bolo nessa vida, mas bolo de rico tem outro sabor. Os chocolates são mais amargos e fortes, os de fruta tem realmente o gosto perfeito da fruta, e eu nunca tinha provado um bolo de baunilha com um gosto tão forte de baunilha. Na verdade, até hoje, acho que nunca tinha provado baunilha de verdade.

No fim, escolhi um bolo de chocolate com morangos e creme branco. E após escolher, começaram a chegar os docinhos. No final de tudo, eu não tinha mais paladar e deixei com Irina a responsabilidade. Na mesma rua, fomos andando até uma padaria escolher os quitutes. Irina cuidou de toda a agenda do dia pois em cada lugar que chegávamos, já estavam nos esperando.

Deixei com Irina toda a escolha das comidas. Eu estava tão cheia que não conseguia sentir o sabor de nada. Já estava de tarde quando Iria e eu fomos fazer compras. Irina me levou em diversas lojas, diferentes das lojas que as meninas me levaram ou Lisa me levou. Eram lojas com roupas sexys, e não aquela coisa engomada e juvenil. Ela me fez levar um vestido azul simplesmente esplêndido, desenhado por um estilista que m*l consigo pronunciar o primeiro nome.

Sapato, acessórios, bolsa, unhas, cabelo, maquiagem. Compramos o que tinha que comprar e agendamos o que tinha que agendar. No final da tarde, Irina já tinha resolvido decoração e buffet, e por ultimo, passamos para pegar os convites. Um motorista entregará cada convite pessoalmente, menos os da família. No caminho para casa, após rirmos de algo tão engraçado que nos fez quase dar tapas uma na outra, Irina me olhou se recompondo.

— Sabe, em qualquer situação que não fosse essa, eu adoraria ter você na família. — Ela confessou. Irina não especificou como eu estaria na família sem ser nessa situação, mas ficou nas entrelinhas. No final de tudo, Irina não se importaria em me ter como nora em outra situação.

O que era para ser uma demonstração de afeto, virou um eco na minha cabeça. E ao chegarmos na casa da Irina e eu entregar o convite de Jacob, eu senti um nó se formando na garganta, e meu coração pesava 1 tonelada dentro de mim. Eu já sabia, já havia pensado nisso, mas agora bateu a realidade. Deixar Jacob vai ser a coisa mais difícil de se fazer e eu não estou preparada para isso.