Capítulo: 5 Dona Zélia

1027 Words
Dona Zélia Quando o telefone de casa tocou eu já sabia que era algum problema com o Dani, meu coração tinha estado angustiado a noite toda me fazendo inclusive comentar com o Otávio que como sempre tentou me deixar mais tranquila. ‘Como se isso fosse possível depois que nos tornamos mãe!’ A primeira coisa que eu pensei foi no sonho que eu tinha tido com ele há uns dois meses atrás. Desde que tive esse sonho, passo a maior parte do meu dia orando para que Deus o guarde de todo m*l, inclusive fizemos um combinado, onde ele não ficaria nenhum dia sem falar comigo, o que ele cumpriu sem reclamar. Ele passou a pelo menos enviar mensagens diariamente nos dias em que não nos falávamos por ligação, o que me deixou um pouco mais aliviada. Otávio atendeu rapidamente a ligação onde recebemos do hospital a informação que o nosso filho tinha dado entrada na emergência durante a madrugada. Na mesma hora meu coração gelou e um medo enorme de perder o meu filho se apossou de mim. ‘Não permita uma coisa desse meu Deus!’ E mais uma vez ficamos aflitos, saindo o mais rápido possível de casa rumo ao endereço passado com Otávio dirigindo o mais rápido que podia. O nosso filho possui uma das profissões mais perigosas do mundo na minha opinião, eu não queria que ele tivesse seguido esse rumo porque tenho medo dos inimigos que ele acaba fazendo pelo caminho e as consequências que isso pode gerar, mas como sempre ele não me ouviu. Por incrível que pareça, tenho a sensação que ele nasceu para nos deixar preocupados a fim de encher as nossas cabeças de cabelos brancos ao longo dos anos! Ele sempre foi assim, seus gostos sempre o levou para o perigo! Por diversas vezes tive que ser incisiva com ele durante a infância e adolescência o limitando constantemente, foi assim quando cismou que queria treinar rugby, salto base e motocross freestyle. Eu vivia tensa quando ele saía de casa com os colegas na época da adolescência, o meu maior medo era ele chegar em casa com alguma coisa quebrada ou que não voltasse. Graças a Deus tudo isso diminuiu quando ele focou nos estudos, foi a melhor época para mim. Pude enfim relaxar um pouco e isso durou até descobrir qual tinha sido o seu real objetivo. Durante anos ele escondeu de mim a informação completa, eu só soube que o seu interesse em direito era para poder se tornar delegado quando ele já tinha passado no concurso que fez em segredo. Eu quase tive um outro filho, só que sem passar pela gestação quando recebi a notícia. Chorei horrores enquanto ele tentava me mostrar o lado bom da profissão escolhida, assim como o Otávio que permaneceu junto com ele o apoiando o tempo todo. Isso quase gerou uma crise séria em nosso casamento porque eu me senti traída porque ele sempre soube e nunca me contou. Desde então vivo apreensiva, com medo de receber a qualquer momento uma notícia r**m, e isso só piorou quando ele decidiu ir morar sozinho. Como se isso não fosse r**m o suficiente, ele se tornou extremamente ocupado e cada ano que passa nos mantém mais distantes da sua vida particular. Eu não sei onde eu errei na criação desse menino, sempre tentei manter um relação de confiança com ele para que ele dividisse a sua vida conosco, mas até agora isso não surtiu o efeito esperado. Chegar ao hospital e o encontrar com essa roupa hospitalar dentro dessas paredes geladas e sem vida não foi bom, mas o fato dele estar acordado e lúcido me deixou bem mais aliviada. Tudo o que consegui fazer foi senti-lo em meus braços para ter certeza que eu não estava enganada. Nem acreditei quando eu envolvi o seu corpo e senti o seu cheiro amadeirado característico de sempre, a minha vontade foi chorar mas eu me segurei e agradeci a Deus internamente pois mais uma vez ele ouviu as minhas súplicas e livrou o meu menino. Ouvi o Dani falando, totalmente consciente, me certificar que ele não quebrou nada e que nada tenha invadido o seu corpo foi mais do que o suficiente para ir me acalmando aos poucos até que ele começou a nos falar o que tinha acontecido. Tentei me manter calma porque sei que o Otávio estava ficando bem irritado com a informação que a pessoa que causou o acidente havia fugido sem prestar assistência, mas nada me preparou para saber a parte mais importante e que havia ficado oculta durante os últimos dois meses. —Então, só tinha uma pessoa comigo no carro, o nome dela é Penélope, ela é minha namorada, nós nos conhecemos há 2 meses. É claro que me animei com a informação por mais que tenha sido pega de surpresa.. ‘Até que enfim ele está tentando ter um relacionamento sério com alguém!’ Quem sabe isso pode levar a um casamento a final, e na melhor hipótese, em algum momento, um netinho ou netinha bem fofinho para mim. ‘Deus sabe que eu me contento pelo menos com um.’ —Namorada… isso é ótimo filho. Gostei da informação! Falei contente, olhando para Otávio que sorriu para mim tão satisfeito quanto eu. —Já recebeu notícias dela? Otávio perguntou e ele respondeu: —Ainda não, a levaram para fazer alguns exames. —Então precisamos ver como a nossa nora está? Falei já pensando em me direcionar ao balcão de atendimento para perguntar quando ouvimos um toque sútil na porta que se abriu em seguida por onde passou quatro jovens adultos com rostos preocupados. A que entrou primeiro me pareceu familiar mas não soube reconhecer de onde e ela logo começou a falar: —Boa noite a todos! Graças a Deus você está bem delegado! Desculpe entrar assim, mas entramos escondidos Dani, queríamos notícia de vocês, o balcão de atendimento estava vazio então procuramos os nomes de vocês nas portas e aqui estamos nós. Tem notícias da Pe e do bebê? Mais uma vez fui pega de surpresa e me questionei: ‘Bebê… de que bebê ela está falando?’
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD