Prólogo
Daniel
Acordo sentindo uma forte dor na cabeça, ela lateja fortemente me deixando entender que algo não está bem. Tento abrir os olhos mas sinto dificuldade como se as minhas pálpebras estivessem muito pesadas, eu as forço e aos poucos vejo luzes que me incomodam e me fazem piscar várias vezes até que o meu olhar se foca e as imagens deixam de ser um borrão.
Sinto o meu corpo todo dolorido ao mesmo tempo que percebo que estou preso pelo cinto de segurança de cabeça para baixo, com o rosto apoiado no que parece ser uma grande almofada dura e com um peso fora do normal na minha cabeça, que parece estar muito irrigada.
‘O que aconteceu?’
Olho ao redor tentando me concentrar no que acontece à minha volta e então eu percebo que estou dentro do carro que está virado com os pneus para o alto.
Imediatamente a lembrança do que aconteceu retorna na minha mente e eu me lembro da colisão.
‘Penélope, cadê a minha mulher!’
Me movo rapidamente na esperança de tirar esse airbag da minha frente enquanto ignoro cada parte do meu corpo que doi fortemente. Ao começar a me mexer escuto a voz de um dos meus seguranças falando próximo a minha cabeça:
—Calma senhor, se acalme, tudo ficará bem. Nós já chamamos a ambulância, eles estão a caminho.
—Penélope, como ela está?
Perguntei com dificuldade enquanto insistia na minha missão de tirar aquilo de frente do meu rosto para conseguir virar para olhar para ela.
—A senhora Penélope ainda está desacordada.
‘Merda!’
—Me ajude a sair daqui, eu quero sair daqui!
Em um excesso de raiva, eu soco o airbag que permanece intacto, então eu peço:
—Fura e esvazia essa merda, rápido!
Com dificuldade consigo virar para ela e vejo a minha loira desacordada ao meu lado e meu desespero aumenta, me fazendo chamá-la na esperança de acordá-la:
—Penélope… Penélope, acorda! Fala comigo, loira!
Ela permanece desacordada, eu tento observar se ela está fraturada ou cortada, percebo sangue escorrendo pela sua cabeça mas como não consigo ver claramente, fiquei ainda mais nervoso.
Estiquei o meu braço direito em sua direção e toquei na sua cabeça que repousava sobre o airbag enquanto a chamava novamente:
—Loira, acorda… Penélope!
Mas uma vez ela permaneceu em silência então eu gritei com o segurança:
—ME TIRA DAQUI!
—Mas senhor, não é aconselhável …
—ME TIRA DAQUI AGORA c*****o! FURA ESSE AIRBAG, EU QUERO SAIR DAQUI!
Gritei, já tentando levar a minha mão para destravar o cinto de segurança.
Ele faz o que eu peço e logo cria um espaço diante de mim, permitindo que a minha mão destrave com facilidade o cinto. Eu me solto, caindo e batendo com a cabeça e o ombro no teto do carro, o que me faz sentir ainda mais dor.
‘Putaquepariu!’
—Senhor, cuidado…
Olho mais uma vez para Penélope e falo:
—Eu vou te tirar daqui, minha loira!
De repente, sinto um cheiro de combustível, e isso aumenta ainda mais a preocupação.
‘Se esse carro incendiar com Penélope e o bebê aqui dentro, eu morro hoje, mesmo sobrevivendo!’
Isso me motiva ainda mais a me forçar a sair do carro, o segurança me ajuda, me puxando pela blusa e depois que consegue me segurar melhor por debaixo das axilas, me puxa como pedi.
Assim que saio do carro tento ficar de pé enquanto olho ao redor e percebo o estrago que o carro está,
‘Foi um milagre não estarmos esmagados dentro dele.’
Mancando dou a volta no carro com a ajuda do segurança o mais rápido que consigo, vendo que outro segurança observava o vazando do combustível caminho para o lado do carona onde me abaixo com dificuldade do lado da Penélope ficando de joelhos no chão.
Vejo que seu braço direito tem vários arranhões feito pelos os vidros que se partiram em milhares de pedaços e olho para a sua pélvis procurando alguma evidência de sangue. Instintivamente estendo a mão e seguro a dela que me parece imovel demais e sinto um medo que nunca senti antes.
Minha cabeça parece confusa e eu fico dividindo entre tentar tirá-la de dentro do carro ou deixar esse trabalho para os paramédicos, porque eu sei que é perigoso, mas em contrapartida, se tornará ainda mais perigoso se o carro pegar fogo.
Para o meu alívio escuto o som da sirene da ambulância se aproximando então eu falo para ela apertando suavemente a sua mão:
—Vai ficar tudo bem loira, os paramédicos chegaram!
A minha esperança era ela acordar mas isso não aconteceu, depois do que pareceu muitos minutos eles se aproximaram de mim e me pediram licença para tirá-la. Mais uma vez fiquei indeciso porque para isso eu teria que me afastar dela e eu não queria fazer isso, permaneci em silêncio analisando as minhas possibilidade por mais alguns segundos até que então acordei com a voz do segurança falando:
—Senhor, eles precisam tirá-la daí, vamos ajudá-los dando passagem!
Chegando a conclusão que ele estava certo rapidamente fiquei de pé, me afastei apenas o suficiente permitindo que eles a retirassem dali, em seguida uma paramédica se aproximou de mim e falou:
—O senhor estava envolvido no acidente?
Concordei com a cabeça e ela falou:
—Então deixa eu examiná-lo, por favor.
—Agora não, depois!
Falei olhando fixamente para os dois homens que tiravam Penélope do automóvel.
Eu não iria sair de perto dela nesse momento!
Ela ainda insistiu comigo mas eu fui incisivo e respondi no meu estilo delegado Daniel:
—Eu falei que agora não! Quando eu estiver pronto eu te procuro!