Capítulo: 6 Dona Zélia

1018 Words
Dona Zélia Quando ouvi a palavra bebê o meu cérebro parou de funcionar, olhei para Otávio e para o Dani que nos olhou do jeito que sempre olha quando precisa falar algo que nós acabamos descobrindo antes do tempo. Eu sinto um nervoso no estômago em pensar na possibilidade de já ser avó e não saber, a minha vontade é questioná-lo sobre isso mas como estamos com visitas eu aguardo o momento certo então ele responde a menina que aguarda ansiosa: —Não Glenda! Penélope desmaiou durante o acidente e até eles me separarem dela permanecia assim, me disseram que a levaram para fazer exames e assim que fosse possível a trariam para cá, mas até agora não recebi mais notícias. Estou preocupado com eles, se puderem obter alguma informação para mim eu ficaria grato. ‘Eles… então ela realmente está grávida.’ Eu olho para Otávio que assim como eu está surpreso com a informação e louco para enchê-lo de perguntas mas está se segurando como pode enquanto o meu cérebro tenta trabalhar para saber onde eu ouvi esse nome recentemente. ‘Penélope… de onde eu conheço esse nome?’ O grupo saí do quarto após se desculparem novamente informando que vão tentar obter as informações e então nós dois olhamos para o Dani ao mesmo tempo que ele respira fundo e começa a falar: —Eu sei que pequei vocês dois de surpresa e eu peço desculpas por isso, e sim, vocês entenderam certo. Penélope está grávida de mim! ‘Ouvir a última parte da frase quase fez meu coração pular pela boca, enfim eu serei avó. Deus ouviu as minhas orações!’ Mas mediante as poucas informações recebidas até aqui e como imaginei Otávio pira e quase grita com ele: —Onde você estava com a cabeça quando engravidou uma mulher estando com ela tão pouco tempo assim? Você pelo menos sabia se ela não tinha nenhuma doença sexualmente transmissível? —Pai… Ele começou falando como sempre fala quando quer se justificar mas então Otávio o cortou rapidamente: —Pai o escambal, eu te ensinei como evitar gravidez quando você tinha 12 anos de idade e como agora depois de ser um burro velho e de ter fudido quase que metade das mulheres do Rio de Janeiro e mais algumas mulheres de vários lugares diferente por onde andou, você comete uma burrada dessa? Eu fico surpresa com a informação recebida, e questiono: —Com 12 anos, Otávio? O que passou na sua cabeça, ele era uma criança ainda. Ele me olha como se eu fosse a pessoa mais ingênua e responde: —Criança que já estava descabelando o palhaço como louco dentro do banheiro, do quarto e sabe se lá mais aonde. Não lembra como ele demorava horas no banho? Não se engane meu amor, quando um garoto começa assim, é questão de tempo para se enfiar no meio das pernas de alguma garota. Eu me assusto com as suas palavras e a energia que usa no final da frase já que sempre age bem diferente disso, sendo muitas vezes até muito mais calmo do que eu em determinados assuntos. Em seguida escutamos a voz do Daniel tentando se mostrar paciente: —Não sei se o senhor já sabe, mas eu sou adulto e arco com as consequências dos meus atos há alguns anos pai. E sim, eu sei que não deveria ser assim, mas aconteceu e eu estou feliz com isso! —Feliz… você está feliz? Você nem teve tempo hábil para conhecer essa mulher e já enfiou um bebê na barriga dela, e se ela for complicada, problemática, ou ter vícios? Você não pensou nessas coisas, garoto? Eu começo a ficar preocupada com o rumo que essa conversa está seguindo então tentei abrandar os ânimos falando: —Vamos ficar calmos, Otávio, estamos no hospital. Daniel acabou de sofrer um acidente grave e para piorar a sua ‘namorada grávida’ está desmaiada após uma colisão de carro. Podemos focar no importante agora, querido? Meu marido me olha como se começasse a concordar comigo, o que me faz agradecer internamente já que eu desejo receber mais informações sobre a minha nora e o meu netinho(a) então perguntei já sorrindo: —Ela está grávida de quantas semanas? Mais uma vez Daniel nos olha daquele jeito e eu sei que a resposta não vai manter o clima calmo. —8 semanas. Ele responde nos deixando perplexos, na mesma hora eu vejo o rosto do Otávio ficando vermelho e sem aguentar ele xinga: —p***a, você engravidou essa menina na primeira f**a Daniel? —Provavelmente pai. —Otávio… Ele responde já sem paciência e eu mais uma vez tento acalmar os dois sem muito sucesso. —Não adianta chamar pelo o meu nome Zélia, estou puto com ele e ele sabe só pela a minha cara então deixa ele ouvir. — Ele fala me olhando e em seguida olha para o Dani e pergunta: —Já fez o exame de IST? —Eu e a Penélope estamos limpos! —Como pode ter tanta certeza? —Pai, por favor, eu estou preocupado com a minha mulher e o meu bebê! Se você veio aqui para me dar lição de moral agora eu não vou permitir. Não aqui, não agora, não quando eu nem sei se ela continua grávida do nosso bebê! Dani levanta a voz como nunca fez com a gente e se faz entender de forma incisiva que não vai tolerar que nós nos metemos em sua vida, nos deixando atônitos com a sua nova postura. Voltando a falar em seguida após uma pausa curta: —Eu sei que isso é uma surpresa para vocês, acredite em mim, foi para mim também, mas eu estou feliz com isso. Pelo menos estava até há algumas horas atrás. —Ele fala a última parte da frase já começando a chorar silenciosamente enquanto abaixa a cabeça e então termina a sua fala me deixando comovida com a sua fragilidade. —Será que não percebe que eu estou com medo de perder a minha família pai? ‘Eu nunca vi o meu filho assim antes.’
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