Capítulo5

1237 Words
Lily Sinto o meu corpo gelar com a pergunta de Eleonor. Quando comecei todo esse teatro de namoro de mentira sabia que não conseguiria enganar todo mundo, mas achei que a primeira pessoa a descobrir a farsa seria a minha mãe e não minha irmã. _ Do que está falando, cunhada? – Ben pergunta de volta reagindo mais rápido enquanto continuo estática olhando para a frente. _ Da mentira que estão contando para toda a família com essa história de serem namorados. – Diz e não preciso olhar para ela para saber que está com uma sobrancelha erguida e os braços cruzados. _ Como descobriu? – Pergunto sem tentar negar. _ Quando chegaram eu até acreditei que eram mesmo um casal, mas comecei a desconfiar quando saímos para um passeio com o Max. – Conta colocando a cabeça entre os bancos outra vez. – Você não sabe mentir, Lilica. – Pontua antes de se endireitar novamente no banco traseiro. – Fiquei com uma pulga atrás da orelha e fui pesquisar as suas redes sociais e vi que os dois estão solteiros. Agora que já sabem como eu descobri podem começar a falar o motivo de estarem fazendo isso. Com os ombros encolhidos de vergonha começo a contar as razões pelas quais menti enquanto Ben dirige em silêncio. Estou terminando de falar quando Ben encontra uma vaga para estacionar em meio ao mar de carros. _ Não acredito que mentiu para a gente. _ Não fica brava comigo, Elle. – Peço a chamando por seu apelido para tentar amenizar a situação. – Eu agi por impulso. _ E você, Ben? Por que entrou nessa mentira? _ Porque sou o melhor amigo da sua irmã e antes eu do que um cara desconhecido. – Diz dando de ombros. _ Vai contar? – Pergunto sentando um pouco de lado para conseguir vê-la melhor. _ Eu deveria, mas não vou. – Fala me fazendo respirar aliviada. – Só espero que nunca mais me deixe de fora das suas coisas. – Diz com o dedo em riste. _ Pode deixar. – Faço um pequeno contorcionismo para a abraçar. O nosso momento fofo entre irmãs é interrompido pelos filhos de Harry e Carly a bater na nossa janela. Assim que salto do carro sou atingida por uma lufada de vento frio e subo um pouco mais o zíper do casaco antes de começar a caminhar pelas ruas agitadas. Deixar para comprar os presentes faltando dois dias para o natal é uma prova de fogo. Encontrar cada item da lista é bastante complicado. Principalmente quando várias outras pessoas também querem a mesma coisa. Para termos mais sucesso em nossa busca mamãe nos divide em duplas para que a gente consiga encontrar tudo o que está na lista feita por ela. Fico junto com Ben que está mais perdido do que eu em meio a prateleiras e ao vai e vem de pessoas da loja de doces. Chega a ser engraçado. _ Acho que esse é o último. – Falo colocando um pacote de bengalinhas doces dentro da nossa cesta. – Agora só precisamos pagar. – Aponto a fila enorme que chega a dar voltas dentro da loja. _ Com essa fila acho que só saímos no dia de natal. – Bufa enquanto caminhamos até o final da fila. Levamos cerca de trinta minutos até sermos atendidos. Quando deixamos a loja de doces passamos por um homem vendendo chocolate quente e compramos antes de seguir para a segunda parte das compras de natal que são os nossos presentes para a família. Meu pés estão me matando quando voltamos para o carro e guardamos tudo na mala. Envio uma mensagem para Eleonor avisando que já terminamos e que estamos esperando por eles no carro. A mensagem é entregue, mas ela não visualiza. Na certa ainda está perdida em finalizar a sua lista. _ Que loucura. – Ben comenta esfregando as mãos na tentativa de aquece-las depois de bater à porta do carro. _ Desculpa por isso. – Peço com um sorriso sem graça. _ Não precisa se desculpar. – Fala se inclinando um pouco para o lado para ficar de frente para mim. – Eu gostei. – Sorri de lado. – O meu natal é sempre paradão desde que deixei o orfanato onde vivi. _ Pensei que você tivesse vivido com algum parente dos seus pais quando eles morreram e não em um orfanato. _ O único parente vivo dos meus pais naquela época era o meu avô. O pai do meu pai. E ele não tinha condições de me criar. Por isso me colocaram em um orfanato. _ Sinto muito por você. – Digo apertando a sua mão ainda fria. _ Tudo bem. – Diz com um meio sorriso. – Isso já foi a muito tempo e eu já superei. O que ele fala e o que sente são duas coisas completamente diferentes. Consigo ver em seus olhos que o fato de ter morado em um orfanato ainda o deixa abalado. Esse deve ser o motivo dele não falar muito da vida que tinha na infância. Percebendo o seu incomodo decido mudar de assunto. Está quase na hora do almoço quando minhas irmã e o meu cunhado chegam carregados de caixas. Ben desce para ajudar Jordan a guardar tudo enquanto Eleonor corre para dentro do carro aquecido. Quando eles terminam recebo uma mensagem da minha mãe avisando que ainda vai demorar um pouco nas compras e pedindo para que os esperemos num restaurante que fica aqui perto. O lugar está cheio, mas Ben consegue nos arrumar uma mesa grande para todos nós. Enquanto esperamos o resto da família chegar pedimos alguns petiscos e uma bebida quente. A chegada do resto do pessoal não é nada discreta e atrai a atenção de todos. _ Nunca mais deixo para fazer as compras do natal para a última hora. – Tia Maggie reclama puxando a cadeira vaga ao meu lado e se deixando cair sobre ela num tom dramático. _ Não seja exagerada, Maggie. – Mamãe diz revirando os olhos. _ Quase fiquei sem os dedos dos pés uma cinco vezes. – Continua a reclamar. _ Isso faz parte da experiência, mãe. – Harry fala com um largo sorriso acomodando a pequena Allana em seu colo. – Agora vamos pedir a comida que as crianças estão com fome e ainda temos que visitar a família da Carly a tarde. – Diz acenando para o garçom que corre para vir nos atender. O almoço é uma tremenda bagunça. Mas tenho que admitir que sentia um pouco de falta desse clima alegre quando estava em Nova York. Engraçado que antes de vir para cá imaginava que ficaria contando os segundos para voltar para casa, mas agora daria cada segundo para continuar aqui junto com eles. Depois do almoço é uma pequena comoção na hora de deixarmos o restaurante. Harry, Carly, tia Maggie e as crianças vão visitar a família da Carly e passar o resto da noite com eles. Mas devem estar de volta para o café da manhã de amanhã. Até porque amanhã é o dia de ajudar com os presentes para o Abrigo Walker. Descarregar as compras do carro é a parte mais complicada do processo. Preciso ficar junto com Max, para que ele não saia correndo por aí e acabe perdido, enquanto o resto do pessoal está as voltas trazendo tudo o que compramos para dentro.
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