Capítulo 6

1646 Words
Ben Lily não tem ideia da sorte que tem por fazer parte de uma família como os Jackson. Quando ela me pediu ajuda com essa história de namoro de mentira cheguei a pensar que os pais dela seriam uns babacas, mas tudo o que vejo são duas pessoas que querem o melhor para a filha. E para eles o melhor para Lily é a certeza de que ela terá algum companheiro ao seu lado ao longo da vida. Não consigo evitar de sentir um pouquinho de inveja quando vejo Miranda cuidando da alimentação da Lily ou quando Anthony dá instruções a Eleonor sobre como ela deve lidar com o empreiteiro que vai contratar para a reforma da sua casa. Acho que se eu tivesse uma família como essa jamais mentiria para eles. _ Tudo bem com você? – Jordan pergunta parando ao meu lado e me estendendo uma caneca de chocolate quente. _ Está sim. – Digo com um meio sorriso. – Por que a pergunta? _ É que você ficou meio caladão depois que a Elle contou o que descobriu. Ficou chateado com ela? _ Claro que não. – Falo de forma sincera. – Sabia que alguém iria desconfiar dessa história. A Li mente muito m*l. Era questão de tempo. Até achei que demorou. _ Mas vocês bem que combinam juntos. – Diz tomando um pouco da sua bebida. – Isso é muito bom. – Geme em aprovação. – Nunca pensou em levar essa brincadeira a sério? _ Não. – n**o rapidamente. – Nós somos amigos e nada mais. _ Amigos também podem se envolver entre si. – Argumenta dando de ombros. _ Não somos esse tipo de amigos. – Garanto soprando um pouco a bebida quente antes de tomar um gole. _ Do que estão falando rapazes? – Anthony, meu sogro, pergunta fazendo a atenção de todos se voltar para nós. _ Estava convidando o Ben e a Lily para uma saída de casal comigo e a Elle, sogro. – Jordan responde com tanta naturalidade que até eu poderia jurar que estávamos mesmo falando sobre isso. – Ainda é cedo e poderíamos mostrar um pouco da noite para ele. _ Acho uma ótima ideia. – Miranda diz animada. – Vocês são jovens. Não precisam ficar em casa trancados com esse casal de velhos. _ Ainda sou jovem, querida. – Anthony diz puxando a esposa para o seu colo e lhe roubando um beijo. – Mas também gosto da ideia de ficarmos algumas horas sozinhos. _ Papai! – As garotas exclamam nos fazendo rir. _ O quê? Também tenho o direito de namorar um pouco. – Abraça ainda mais a esposa. _ Mas ainda assim é estranho. – Lily argumenta com uma careta engraçada. – Vamos nos trocar, Elle. – Puxa a irmã escada acima. – A gente não demora. – Grita do topo da escada. Troco um olhar cumplice com Jordan sabendo que elas vão levar no mínimo uma hora para voltar. Aprecio o meu chocolate quente e assisto a um programa de auditório com meus sogros enquanto esperamos. Mas a espera vale a pena quando elas ainda mais lindas quase duas horas depois. Os pais das garotas fazem várias recomendações antes de sairmos. Como não conheço nada da cidade é Jordan a guiar o carro. Dessa vez não vamos para o centro de lojas, mas sim para a parte agitada da cidade. Paramos o carro perto de uma boate que parece ser a mais badalada de Connectcont. Precisamos enfrentar uma fila enorme para, por fim, conseguir entrar. O lugar está tão cheio dentro quanto fora. Seguro a mão de Lily com medo de perde-la no caminho até o bar. Acho que ela gosta da ideia porque não protesta. O barman está dando um show ao preparar um drink para um grupo de moças quando chegamos ao balcão. Provavelmente está querendo as impressionar e quem sabe descolar alguma delas no final do expediente. Mas pelo olhar das garotas ele não faz o tipo delas. _ Amo essa música! – Eleonor exclama animada. – Vamos dançar, amor. _ Vamos. Não demora muito para ela e Jordan serem engolidos pela multidão que ocupa a pista de dança. Como ainda não estou no clima para dançar peço uma batida de limão sem álcool e Lily pede um vinho branco. _ Lugar legal. – Ela diz olhando em volta. – Nunca tinha vindo aqui. _ Não sou do tipo que curte baladas, mas também gostei do lugar. – Comento enquanto provo um pouco da minha bebida. Estava distraído a movimentação quando ouço alguém chamando por Lily. Olho na direção da voz e vejo que se trata de Nick, mas dessa vez ele está sem a companhia da noiva. De forma instintiva passo a mão em volta da cintura de Lily. Que me olha confusa, mas não se afasta quando o homem chega até onde estamos. _ Que coincidência encontrar vocês duas vezes no mesmo dia. – Percebo que suas palavras forçam uma naturalidade que não existe. _ Pois é. – Lily diz sem muito humor. _ Está mostrando a noite para o seu namorado? – Pergunta se encostando no balcão. – Uma dose dupla de Bourbon. – Pede antes de virar para nós outra vez. – Está gostando da cidade, Beny? _ É Ben. – Corrijo forçando um sorriso. – E até agora gostei do que vi. Mas isso é porque estou com a Lily. – Digo trocando um olhar com ela antes de voltar a encara-lo. – E onde está a sua noiva Ashley? _ Em casa. – Diz dando de ombros. – Ela não curte muito sair e queria dar uma volta. Sabe. As vezes precisamos de um tempo longe delas para respirar. – Comenta antes de virar a bebida num só gole. _ Não sei, não. Sempre prefiro estar perto da Lily. – Lhe dou um beijo rápido nos lábios a deixando levemente corada. – Não consigo ficar muito tempo longe dela. _ E nem eu de você. – Ela ajuda espalmando a mão em meu peito. – O que acha de irmos dançar um pouco? _ Vou com você para onde quiser. – Dou uma piscadela a deixando ainda mais sem graça. – Acho que não se importa de ficar sozinho, não é. Lily não espera que ele responda e me arrasta em direção a pista de dança. Como não sei dançar e tenho dois pés esquerdos faço apenas passos limitados como balançar a cabeça no ritmo das batidas da música com os braços erguidos ainda segurando a minha bebida. No meio da agitação encontramos com Jordan e Eleonor. Eles se juntam a nós. Logo Eleonor se agarra a irmã e as duas começam a dançar juntas enquanto Jordan e eu as observamos. E é então que percebo o quão bonita ela é. Não que já não tinha me atinado para a beleza dela antes. Mas agora sobre a pouca luz ela fica ainda mais intensa e sinto o meu corpo reagir de uma maneira que jamais imaginei que aconteceria. Balanço a cabeça tentando desviar esses pensamentos. Não posso deixar de esquecer que essa história de namoro é apenas uma mentira. Que nós somos amigos e que não quero estragar essa amizade com um relacionamento que pode nos afastar depois. Lily se tornou uma parte boa da minha vida e não quero perde-la também. _ Melhor irmos para casa. – Lily comenta fazendo um coque desarrumado no topo da cabeça. – Precisamos estar inteiros para seguir a lista de tarefas da mamãe. _ Certo. – Eleonor concorda um pouco mais alegrinha devido a variedade de drinks que bebeu e o marido está no mesmo estado. – Você dirige. – Atira as chaves do carro que fisgou na jaqueta de Jordan. – A Lily vai dizendo o caminho enquanto namoramos no banco de trás. _ Prefiro colocar no GPS. A sua irmã é péssima como guia. – Comento fazendo Eleonor gargalhar junto com o marido. _ Eu só me confundo um pouco. – Lily se defende quando deixamos a boate e somos atingidos pelo frio do lado de fora. _ Vocês podem discutir isso no carro. – Jordan fala abraçando mais a esposa para a proteger do frio. O estacionamento está praticamente deserto e não temos nenhum problema em encontrar o nosso carro. As ruas estão tranquilas de modo que conduzir é bastante fácil. Quando paro o carro na entrada da garagem Jordan e Elle saltam apressados e correm para dentro entre beijos quentes. _ Nesse ritmo acho que minha irmã não demora a engravidar. – Ela comenta risonha. _ Você está louca para ser a titia Lilica. – Brindo a fazendo rir mais abertamente. _ Gosto da ideia de uma criança na família. – Diz dando de ombros. – E meus pais merecem ser avós. _ Nunca pensou em dar netos a eles também? – Pergunto virando um pouco para o lado para poder olhar direito para ela. _ Não sei se seria uma boa mãe. – Sorri de lado desviando o olhar. – Ter uma criança sob seus cuidados é uma baita responsabilidade. Não sei se estou preparada para isso. E você? Pensa em ser pai algum dia? _ Eu quero ser pai. – Digo cheio de certeza. – Quero ser para o meu filho o herói que o meu pai foi e ainda continua sendo para mim. _ Tenho certeza que você vai ser um ótimo pai. Seus olhos cor de amêndoa se voltam para os meus e sinto novamente aquela sensação que tive na boate. É estranho me tornar consciente da sexualidade da minha vizinha e melhor amiga. Até outro dia a via apenas como uma irmã e agora a vejo como a bela mulher que ela é. _ É melhor entrarmos. – Ela diz raspando a garganta e apenas concordo com um aceno de cabeça antes de segui-la para dentro.
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