Um Namorado Para o Natal

Capítulo 10

Ben

Sinto uma respiração quente em meu pescoço. Abro os olhos lentamente e percebo que quem está em meus braços é Lily. Sei que deveria me afastar com cuidado e ir para longe, mas não faço. Ao invés disso continuo a admirar a sua beleza enquanto dorme. Sorrio afastando uma mexa de cabelo do seu rosto.

Com a ponta dos dedos toco a sua pele quente e suave e contorno aos seus traços. Estou acariciando a sua bochecha quando ela abre os olhos. É um momento mágico que faz o meu coração parar por alguns segundos e depois voltar a bater tão rápido quanto um carro de corrida. Percebo pelo subir e descer ofegante de seu peito que o mesmo parece estar acontecendo com ela.

_ Desculpe, mas não consigo evitar.

_ O quê? – Pergunta antes de provar dos seus lábios pela segunda vez desde que nos conhecemos.

A principio ela não reage. Tem o corpo tenso e penso que vai me afastar. Mas então os seus braços me envolvem o pescoço e a sinto se entregar e corresponder ao beijo.

_ Por que...por que me beijou? – Pergunta quando nos afastamos um tanto ofegantes.

_ Não sei explicar. – Respondo de modo sincero enquanto afasto o cabelo dos seus olhos. – A única coisa que sei é que não pude evitar. E inclusive estou morrendo de vontade de repetir.

_ Isso não é certo. – Protesta, mas não tenta se afastar.

_ Não é. – Concordo antes de beijar o seu pescoço.

_ Somos amigos. – Argumenta com as mãos espalmadas em meus ombros.

_ Podemos ser amigos com benefícios. – Sugiro me afastando um pouco para conseguir olhar em seus olhos.

_ Podemos discutir isso depois. – Decide me puxando para um beijo.

Dessa vez as coisas são um pouco mais intensas. Sinto suas mãos se enfiarem por dentro da minha camiseta e o seu toque faz a minha pele queimar. Minhas mãos também passeiam por seu corpo conhecendo cada curva. Percebo que o seu corpo também reage ao meu toque e isso me dá mais coragem de continuar a explorando.

_ Ai, meu Deus! – Miranda exclama e nos afastamos de modo bruto. – Desculpem. Não queria interromper um momento tão íntimo do casal.

_ Tudo bem, mãe. – Lily fala raspando a garganta e passando as mãos nos cabelos desgrenhados na tentativa de arrumá-los.

_ Precisa de alguma coisa, sogra?

_ Não. Quer dizer, sim. – Fala atrapalhada e constrangida pelo que acaba de ver. – É que já estamos preparando as coisas para o jantar de Ações de Graças e precisamos de mais dois ajudantes.

_ Já estamos indo. – Lily garante.

_ Certo. Espero por vocês lá embaixo. – Miranda fala antes de deixar o quarto fechando a porta.

_ Que vergonha! – Lily fala cobrindo o rosto corado com as mãos. – Não acredito que ela nos viu assim.

_ Se te consola. Também fiquei constrangido por termos sido pegos na situação em que estávamos. – Falo puxando a sua mão para poder olhar em seus olhos. – Mas quero deixar uma coisa bem clara.

_ O quê? – Pergunta e percebo que engole em seco.

_ Que não me arrependo nenhum pouco do que fizemos e que tenho planos de repetir.

_ Não fala bobagens, Ben. – Fala deixando a cama apressada. – Vou tomar um banho e me trocar para descer para ajudar a minha mãe.

Antes que consiga dizer mais alguma coisa Lily some no banheiro. Me deito novamente na cama e encaro o teto enquanto sorrio como um bobo. Meus lábios ainda formigam por conta do beijo e se facho os olhos consigo sentir o seu sabor. Não esperava me sentir desse jeito depois de beijar Lily. Ela é minha melhor amiga e deveria estar me sentindo culpado ou com medo de acabar com a nossa amizade. Mas tudo o que sinto é vontade de invadir aquele banheiro, a tomar em meus braços e voltar a beijá-la.

Com um suspiro afasto os lençóis e também deixo a cama. Aproveito para colocar o quarto em ordem enquanto Lily está no banheiro. Quando ela sai do banho praticamente corre para longe. Entendo porque está fazendo isso. Ela está confusa e precisa de um tempo para assimilar o que está acontecendo conosco.

Fico sorrindo como um bobo para a porta antes de ir para o banheiro. Tomo um banho rápido e me apresso em descer para ajudar com os preparativos para o jantar de Ações de Graças. A casa está fervendo. Todos estão correndo de um lado para o outro ocupados com algo, mas ainda assim percebo os olhares nada discretos que lançam cada vez que Lily e eu passamos ou que estamos juntos.

_ Vamos falar sobre o elefante branco no meio da sala? – Pergunto baixinho quando nós dois nos ocupamos de preparar a salada.

_ Não sei de que elefante está falando? – Se faz de desentendida enquanto corta os tomates para a salada.

_ Sabe muito bem que estou falando do nosso beijo e de tudo o que veio depois. – Digo arrumando tudo na tigela.

_ Não sei se deveríamos ter feito aquilo. – Ela fala deixando a faca de lado. – Enquanto tomava o meu banho pensei que aquela coisa de amigos com benefícios não vai acabar bem.

_ Já eu acho que vai dar muito certo. – Falo tocando o seu rosto. – Sei que está com medo, Li. Eu também tenho medo de perder essa amizade que temos. Mas se teve uma coisa que a vida me ensinou é que só se vive uma vez.

Antes que ela pudesse reagir a puxo para perto e devoro seus lábios em um beijo. Lily hesita por alguns segundos, mas acaba correspondendo logo em seguida. Seus dedos mergulham em meus cabelos e sinto todo o meu corpo arrepiar.

_ Podem parar de amassos na cozinha, por favor. – Herry fala nos interrompendo.

_ Respeitem pelo menos as crianças e o cachorro. – Elle brinca deixando Lily corada. – Procurem um quarto.

_ Só não fazemos isso porque precisam da nossa ajuda. – Entro na brincadeira fazendo Lily corar ainda mais e esconder o rosto em meu peito.

Todos começam a rir e dão gritinhos de animação quando puxo Lily para mais perto e lhe roubo outro beijo. As piadas não param enquanto voltamos a cuidar das nossas coisas. Por um momento paro o que estou fazendo para observar o ambiente e guardar cada detalhe desse momento. Nunca se sabe quando terei um dia desse outra vez.

O dia passa rápido, mas temos tudo pronto para o jantar antes do final da tarde e só então somos liberados. As mulheres se reúnem no quarto de Miranda para cuidarem do cabelos e fazerem essas coisas de garotas enquanto os homens ficam na sala assistindo a um jogo e cuidando das crianças e do cachorro. Já que somos mais práticos.

Subo para me arrumar quando começa a escurecer. Esperava encontrar com Lily quando entrasse no quarto e roubar mais alguns beijos, mas não tem nenhum sinal dela. Sem outra opção pego a roupa que ela deixou separada para eu usar no jantar e vou tomar o meu banho. Estou terminando de abotoar a minha camisa quando alguém abre a porta e ergo a cabeça no exato momento em que ela entra.

Já está pronta e está tão linda que chego a sentir que o ar me falta. Por um momento fico sem reação. Hipnotizado com a sua beleza.

_ Ben, está me ouvindo? – Pergunta balançando a mão diante dos meus olhos me chamando a atenção.

_ O quê? – Pergunto um tanto perdido.

_ Perguntei se está pronto. – Repete com um lindo sorriso nos lábios.

_ Sim. – Assinto alisando a roupa. – Se bem que te olhando assim acho que deveria me arrumar mais. – Brinco.

_ Para de ser bobo. – Diz dando um leve t**a no meu braço. – Você está ótimo.

_ Você acha? – Pergunto diminuindo a distância entre nós.

_ Agora não, Ben. – Diz dando um passo para trás.

_ Tem razão. Primeiro os compromissos e depois a diversão. – Digo dando uma piscadela a fazendo sorrir ainda mais.

_ Vamos descer logo antes que pensem que estamos fazendo alguma coisa. – Fala deixando o quarto apressada e a sigo com um sorriso de bobo apaixonado nos lábios.

Apaixonado. Estou apaixonado pela minha melhor amiga. Essa constatação me faz estacar no lugar. Não imaginei que esse sentimento poderia surgir entre nós dois. E muito menos com essa intensidade. Mas não quero reprimi-lo. Quero senti-lo por completo e espero que Lily queira o mesmo.