Capítulo 11

1776 Words
Lily Como é possível uma pessoa se sentir tão dividida assim com um sentimento em relação a alguém? Penso enquanto evito os olhares questionadores de Eleonor. Sei que ela quer um momento de irmãs para receber a atualização dos últimos acontecimentos. Como Ben e eu passamos de amigos fingindo ser namorados para ficantes. A verdade que também quero um momento com ela para ver se assim consigo recuperar a minha sanidade mental. Mas com os preparativos do jantar não conseguimos um tempo só nosso. Toda a família está feliz e falando todos ao mesmo tempo. Tia Maggie já está um pouco alterada pelo vinho e fala mais alto que o necessário e ri até mesmo da própria sombra. As crianças já deixaram a mesa a tempos em busca de algo mais interessante para fazerem enquanto os adultos bebem e se divertem. Evito o vinho com medo de ceder aos meus instintos e me atracar com o meu melhor amigo, que até ontem era o meu namorado de mentira e agora é algo que não consigo definir. Quando Henry e Carly se retiram para colocar as crianças na cama e os mais velhos também resolvem se recolher Eleonor praticamente me arrasta para a varanda sem se importar com o frio e a neve que cai com força. _ Pode começar a falar. – Diz afobada enquanto sentamos no banco da varanda que papai reformou no último verão. _ A verdade que nem sei por onde começar. – Suspiro olhando o horizonte. _ O que acha de começar pelo começo? – Sugere com um leve tom de ironia. – Quando começaram a se pegar para valer? _ Não estamos nos pegando para valer. – Digo um tanto desconfortável pelo termo. _ E o beijão que deram na cozinha enquanto estávamos preparando o jantar foi o quê? Ou vocês dois no maior amasso no quarto quando a mamãe foi chamar vocês para ajudar? – Pontua erguendo uma das sobrancelhas. – Vocês estão se pegando. Só precisa aceitar isso. _ Aceito que nos pegamos. – Admito deixando os braços caírem rente ao meu corpo. – Só que eu não consegui assimilar nada direito ainda. O Ben é o meu melhor amigo. E veio até aqui para fingir para a família que era o meu namorado. – Sussurro a última parte com medo de mais alguém nos ouvir. _ Vocês não precisam deixar de ser amigos só porque gostam de trocar beijos e carícias. – Fala me deixando vermelha. – Porque você gosta, não é? _ Mais do que deveria e por isso acho que vou acabar enlouquecendo. Não posso ter esse tipo de sentimento por ele. _ E por que não? _ Porque a nossa amizade talvez acabe se nos envolvermos assim. _ Ou talvez não. – Rebate virando para ficar de frente para mim. – Quer um conselho, irmã? – Assinto com um maneio de cabeça. – Não baseie nada no talvez. Se vocês sentem algo um pelo outro não reprimam. _ Mas... _ Eu sei que tem medo, Lilica. E que é muito mais do que o medo de perder um grande amigo. Você tem medo de voltar a se machucar. Só que não temos o controle sobre isso. _ Isso é bem verdade. – Suspiro encarando as minhas mãos. _ Se jogue nesse sentimento. – Diz segurando minhas mãos. – Se der certo ou errado vou estar ao seu lado. _ Valeu. – Agradeço com um sorriso de lado. _ Agora vamos entrar que estou congelando aqui fora. – Pede e assinto aceitando de bom grado. Assim que entro em casa meus olhos se encontram com os de Ben e sinto como se milhares de mariposas voassem em minha barriga. Não consigo conter o sorriso quando ele deixa Jordan e Eleonor de lado e caminha em minha direção. _ O que acha de subirmos agora? – Pergunta no meu ouvido e sinto um arrepio gostoso percorrer por meu corpo. Respondo com um maneio de cabeça incapaz de falar qualquer coisa. Nem me dou a o trabalho de me despedir da minha irmã e do meu cunhado, que estão em meio de um beijo bastante quente. Subimos as escadas com passos apressados. Quando finalmente estamos sozinhos Ben me beija e dessa vez não penso muito. Apenas me entrego ao momento. Um suspiro escapa por meus lábios quando ele os deixa para explorar o meu pescoço e colo. Com mão ágeis me desfaço de sua camisa e me afasto um pouco para admirar a vista. Com um sorriso de lado ele volta a me puxar para perto e entre beijos me conduz até a cama. Ele deita sobre mim, mas toma o cuidado de não deixar o seu peso em cima de mim. Quando nos afastamos um tanto ofegantes consigo ver o desejo estampado em seus olhos verdes e isso parece me acender ainda mais. Ele se demora um tempo a me olhar antes de voltar a me beijar com mais intensidade. Então, quando não aguentamos mais esperar, nos entregamos a paixão. Sei que amanhã talvez eu me arrependa de ter cedido, mas hoje me n**o a fazê-lo. Tudo o que quero é sentir essa sensação de estar flutuando mesmo estando em terra firma. Adormecemos abraçados um ao outro e isso é algo novo para mim. Nem mesmo quando namorava com Nick costumava fazer isso. Sempre delimitávamos o nosso espaço. Mas com Ben é diferente. Sinto uma certa necessidade de estar perto dele. Desperto antes dele e fico um tempo o admirando. Procuro qualquer resquício de arrependimento em mim, mas não encontro. Na verdade, tudo o que sinto é alegria por termos ficado. Acho que ontem a noite foi um dos momentos mais lindos da minha vida. Só espero que ele sinta o mesmo. _ Admirando a mercadoria? – Ben murmura com a voz rouca de quem acaba de acordar enquanto mantem os olhos fechados. _ Já te disseram que você é um bobo? – Pergunto dando um leve t**a no seu braço. _ Já te disseram que você é linda? – Responde com uma pergunta me deixando sem graça. – Especialmente quando fica vermelha. _ Como sabe que estou vermelha se está com os olhos fechados? _ Porque sou o seu melhor amigo e te conheço muito bem. – Argumenta abrindo os olhos e sorrindo ao constatar que estava certo. _ Nós ainda somos amigos depois do que aconteceu ontem? – Pergunto um tanto receosa. _ Sempre seremos amigos independente do que aconteça entre nós dois durante e depois dessa viagem. – Diz afastando o cabelo do meu rosto. _ É uma promessa? _ É uma promessa. – Garante beijando a ponta do meu nariz. – Agora o que acha de um banho juntos para descermos para o café antes que a sua mãe entre aqui e nos pegue desse jeito. – Sugere afastando um pouco as cobertas. _ Acho uma ótima ideia. Tomo o banho mais longo da minha vida entre beijos e carícias. Quando descemos Max nos recebe com uma pequena festa. Como os dias estão cada vez mais frios os seus passeios se resumem a uma volta no quintal para fazer as necessidades e depois passar todo o dia colado nos filhos de Henry. Afago o seu pelo e Ben faz o mesmo. Depois seguimos para a cozinha onde metade da família está reunida para o café da manhã. A outra metade está no quarto se recuperando da ressaca. Tia Maggie está entre eles. _ Pensei que fosse ficar no quarto até mais tarde. – Mamãe comenta nenhum pouco discreta e sinto vontade de sumir. _ Não consigo ficar até tarde na cama. – Ben responde com um sorriso natural. – Acho que é por conta da minha rotina de trabalho. _ E no que você trabalha mesmo? – Papai pergunta antes de beber um pouco do seu café. _ Sou consultor administrativo de uma companhia em Manhattan. _ E o que um consultor administrativo faz? – Questiona mais interessado. _ Eu estudo o mercado financeiro e digo aos meus chefes quando devem ou não comprar ações na bolsa ou investir em alguma empresa. – Explica enquanto derrama um pouco de mel na panqueca. _ Também faz isso no trabalho da Lilica? – Mamãe pergunta e não entendo o porquê desse interrogatório agora. _ Só quando a Li pede a minha opinião para algo. – Responde passando o braço por sobre o encosto da cadeira. – O que acontece muito raramente já que ela sabe administrar muito bem a clínica. _ E também pago um contador para lidar com toda a parte de números. – Completo com um sorriso de lado. Meus pais pretendiam continuar com as perguntas, mas são interrompidos pelo toque do nosso telefone. Acho que somos os únicos que ainda mantém um telefone fixo. Mamãe vai atender e me sinto um pouco aliviada. Mas esse sentimento acaba quando ela retorna para a cozinha completamente pálida e com um certo pavor estampado nos olhos. _ Quem era no telefone, querida? – Papai pergunta correndo ao seu encontro. _ Era o diretor do abrigo. – Conta levando a mão ao peito. – Parece que os pais de Jenny e Gen vieram busca-las para passarem o dia de Ação de Graças, mas elas sumiram no meio da noite e não sabem onde elas estão. _ Já chamaram a polícia? – Ben pergunta já se levantando e faço o mesmo. _ Sim, mas como ainda não completaram as vinte e quatro horas eles não podem fazer nada. – Ela explica se recostando no meu pai em busca do seu apoio. _ Então vamos procurar pela cidade. – Papai fala afastando minha mãe um pouco para poder olhá-la. – Vou chamar o Jordan e saímos em três duplas. Liga para o diretor e pede o endereço do projeto de pais para sabermos por onde começar. – Instrui antes de sumir escada acima enquanto mamãe vai ligar para o diretor do abrigo. _ Não entendo o porquê de eles terem ido buscar as meninas se não ia cuidar delas. – Digo sem conseguir esconder a revolta. _ É melhor não pensar nisso agora. – Ben fala acariciando o meu braço. – Vamos concentrar nossas energias em procurar por essas garotas. _ Você tem razão. – Digo me lançando em seus braços e me permitindo ser abraçada por ele. Mamãe e papai retornam quase que ao mesmo tempo. Jordan e Eleonor vem juntos com eles. Todos estão alertas. Papai nos divide em duplas e nos manda para direções diferentes para ampliar a área de buscas. Antes de entrar no carro faço uma prece silenciosa de que possamos encontra-las bem.
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