Capítulo 9

1602 Words
Lily Olho para Ben ainda incrédula com a sugestão que ele acaba de dar para a situação delicada da garotinha, que ainda chora baixinho colada a mim. Ao seu lado e com uma postura protetora Gen, a irmã mais velha, tenta consolar e acalmar a pequena. Mas não tem muito sucesso. _ Essa é uma boa solução. – Concorda meu pai. _ Não é a mais indicada. – Argumenta o diretor. _ Mas é o que temos no momento. – Ben rebate. – Ela precisa de atendimento médico e não podemos esperar até que arrume alguém para a levar. _ Tudo bem. – Cede com um suspiro. – Mas, por favor, me mantenham informado. _ Pode contar com isso. – Garanto. _ Vamos logo. – Apressa Gen. _ Você não vai com eles, Gen. Eles vão levar apenas a sua irmã. – Decreta o diretor. _ Quero que a Gen vá comigo. – A garotinha fala antes de desatar a chorar. _ Ela vai, meu amor. – Digo sempre precisar olhar para Ben para saber que ele concorda. – Prometo que cuido bem das duas. – Falo olhando diretamente para o homem que apenas assente com um maneio de cabeça. – Toma conta do Max para mim, mãe. – Peço antes de seguirmos para o carro. As meninas se acomodam no banco de trás. Jenny se encolhe no colo da irmã que afaga os seus cabelos. Vou indicando o caminho do hospital mais próximo a Ben, que dirige todo o trajeto no mais completo silêncio. Somos prontamente atendidos por uma enfermeira, usando uma tiara de rena, assim que entramos. Ela nos leva até um dos leitos e avisa que logo um médico viria nos atender antes de correr para ver outro paciente. O lugar está abarrotado de pessoas. A maioria delas moradores de rua buscando um abrigo quente para se esconder do dia frio. _ Olá! – Um médico cumprimenta ao puxar a cortina do leito para nos dá alguma privacidade. – Boa tarde, princesa. – Diz parando ao lado de Jenny e ficando de frente para nós. – Pode contar para o tio o que aconteceu? _ Eu escorreguei e caí quando estava correndo. – Conta com voz chorosa. _ Tem certeza de que foi isso? – Pergunta olhando de relance para Ben e eu. – Ninguém te empurrou? _ Não. – Agora é Gen a responder. – A minha irmã estava brincando no jardim da frente do orfanato quando escorregou na neve, caiu por cima do braço e quebrou. Agora, será que você pode ajudar ela? Está doendo muito. _ Calma, Gen. – Peço apoiando as mãos sobre seus ombros. – O doutor só está fazendo as perguntas necessárias para conseguir ajudar a sua irmã. _ Isso mesmo. – Ele fala com um meio sorriso. – Vou pedir um raio-x do braço e também vou passar um remédio para dor. – Diz antes de se retirar. Não demora e a enfermeira que nos recebeu está de volta com o medicamento que o médico receitou. Procuro distrair Jenny quando a percebo nervosa por conta da injeção que precisava tomar. O choro é inevitável, mas alguns minutos depois já se nota que a dor não a incomoda tanto. No momento do raio-x precisamos sair todos de perto por questão de segurança. Depois que o exame fica pronto precisamos esperar mais um pouco para que o médico venha ver e dar o diagnóstico. Enquanto esperamos aproveito para mandar mensagem para a minha mãe, que ainda está no abrigo, a deixando apar de toda a situação. Também procuro saber sobre Max e sorrio quando recebo uma foto do meu filhote deitado entre os pequenos que assistem a um filme de natal na sala de televisão. _ Desculpem a demora. – O médico pede ao voltar. – É que está uma loucura. – Bufa antes de pegar o raio-x que está sobre o móvel ao lado da maca e o coloca contra a luz para conseguir enxergar melhor as imagens. – Realmente houve uma fratura. Mas não foi nada muito grave. Vai usar um gesso por quatro semanas e depois o braço ficará como novo. _ Não queria usar gesso no Natal. – Fala tristonha. – É f**o. _ Mas vai te fazer melhorar. – Argumenta a irmã. _ E você pode escolher qual cor vai querer o seu. – O médico reforça. _ Qualquer cor? – Jenny pergunta agora mais animada. _ Sim. _ Quero o meu vermelho para combinar com o Papai Noel. – Pede nos fazendo sorrir. _ Vai ser vermelho, então. – Decreta o médico. _ Vão engessar o braço dela aqui mesmo? – Ben pergunta falando pela primeira vez desde que deixamos o abrigo e chegamos ao hospital. _ Não. Vamos precisar leva-la para a sala de imobilização. Mas vocês podem ir com ela. _ Vamos agora? – Pergunta Gen. _ Só preciso buscar uma cadeira de rodas para ela e podemos ir. _ Ela não precisa de cadeira de rodas. Minha irmã consegue andar. – Explode num pequeno rompante sem sentido. _ Isso é apenas protocolo do hospital, querida. – Digo para acalmá-la e o médico assente em concordância. Controlada a pequena confusão o médico se retira e logo retorna com uma cadeira de rodas para Jenny. O seguimos de perto até a sala de imobilização que ficava no final do corredor. O processo de colocada do gesso foi rápido. Gen segurou a mão da irmã durante todo tempo. Quando deixamos o hospital envio uma nova mensagem para a minha mãe avisando que já estávamos voltando para o abrigo. A volta é mais tranquila. Jenny faz todo o caminho tagarelando sobre como gosta do Natal e o quanto queria que o Papai Noel lembrasse dela esse ano. O seu comentário me faz engolir em seco. _ Obrigada por ter nos ajudado. – Gen agradece quando paramos em frente aos portões do abrigo. – E desculpa. _ Desculpa pelo quê? – Ben pergunta inclinando um pouco o corpo para conseguir vê-la melhor. _ Por ter atrapalhado o dia de vocês. – Responde encarando o chão. – Se eu tivesse cuidado melhor da minha irmã vocês não precisariam deixar suas coisas de lado para levar a gente no hospital. _ Não atrapalharam. – Ele garante. – E nenhuma das duas teve culpa do que aconteceu. – Diz alternando o olhar entre elas. – Foi um acidente e ponto. _ Ben tem razão. – Digo passando o braço pela cintura do meu melhor amigo. – Agora vamos entrar que todo esse frio não vai fazer bem a vocês. _ Estamos acostumadas. Era bem frio quando a gente morava na rua. – Jenny comenta me deixando desconcertada outra vez. As meninas se despedem de nós assim que entramos. Devem estar ansiosas por um momento tranquilo depois da agitação das últimas horas. Não as julgo. Estou querendo fazer o mesmo nesse exato momento. Encontramos com a minha família e o diretor na sala principal. Novamente explicamos o que o médico nos disse e também entregamos os remédios que ele receitou para Jenny caso ela sinta dor. A noite está começando a cair quando voltamos para casa. Todos estão cansados e concordamos em pedir comida no restaurante preferido dos meus pais para o jantar. Depois de um bom banho quente ajudo Elle com a mesa. O jantar é agradável, mas não consigo me concentrar muito na conversa. Vez ou outra a minha mente vai até aquelas duas meninas. Penso se estão bem. Meus olhar se cruza com o de Ben e sei pelo pesar em seus olhos que ele pensa o mesmo que eu. _ Que dia longo. – Suspiro me deixando cair em minha cama. – Pensei que não fosse acabar nunca. _ Nem me fala. – Ben diz ao se deitar ao meu lado. _ O tempo que passamos no abrigo e depois com aquelas garotinhas te trouxeram muitas lembranças, não foi? – Pergunto virando de lado para ficarmos de frente um para o outro. _ Sim. – Fala enquanto contorna os desenhos do lençol. – De certa forma me vi espelhado nelas. Sentindo que estou atrapalhando e que não sou importante. _ Claro que você é importante. – Toco o seu rosto atraindo a sua atenção. – Você é muito importante para mim. – Diminuo um pouco a distancia entre nós dois. – Você é o meu melhor amigo, a pessoa que mais confio na vida, o melhor vizinho do mundo, o meu companheiro de maratonas de filmes. _ Não esqueça que também sou o seu namorado de mentirinha, Coração. – Brinca me fazendo sorrir. _ Não tenho como esquecer disso, Ursinho. – Devolvo no mesmo tom. _ Melhor eu preparar a minha cama. – Ele fala ao se sentar. – Amanhã é dia de Ação de Graças e ouvi a sua mãe dizendo que quer todos lá embaixo bem cedo para começar com os preparativos. _ Dorme aqui comigo. – Peço o impedindo de levantar. – Está muito frio essa noite e não quero que fique doente justo no dia de Ação de Graças. _ Vou aceitar o convite com a condição de que você respeite o meu espaço pessoal. – Brinca voltando a se deitar. _ Não posso garantir nada. – Digo me enfiando debaixo das cobertas. – Elle detestava dormir comigo porque costumo mexer bastante enquanto durmo. _ Está dizendo isso para me fazer desistir? – Dou de ombros em resposta. – Acho que vou correr o risco. – Diz com ar ponderador antes de apagar as luzes. E estou tão cansada que simplesmente me acomodo melhor e adormeço.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD