Capítulo 3
Thais narrando :
Continuação:
Cheguei na casa da Lu ofegante, com o coração a mil, batendo desesperadamente na porta. A Lu abriu rapidamente e, ao me ver naquele estado, seu rosto se transformou em preocupação.
— Thais, o que aconteceu? — ela perguntou, me puxando para dentro.
Não conseguia falar, apenas comecei a chorar descontroladamente. O Rafa, que estava na sala, levantou rápido e veio na nossa direção.
— Calma, Thais, você tá segura agora — ele disse, colocando a mão no meu ombro.
Eu me sentei no sofá, tentando respirar fundo para me acalmar. A Lu correu até a cozinha e voltou com um copo d'água, me entregando.
— Toma, amiga. Respira fundo e me conta tudo — ela disse, sentando ao meu lado e segurando minha mão.
Depois de alguns goles e respirações profundas, consegui começar a falar, a voz ainda tremendo.
— O Joel... ele... ele tentou... me machucar. Me pegou pelos cabelos, me jogou no sofá, tentou... ele tentou me agarrar, Lu. Eu consegui fugir e vim direto pra cá — expliquei, enxugando as lágrimas.
O Rafa ficou vermelho de raiva, os punhos cerrados.
— Aquele desgraçado vai pagar por isso! — ele disse, com a voz firme.
A Lu me abraçou forte, me envolvendo com seu carinho e proteção.
— Você não vai voltar pra lá, Thais. Nunca mais. Vamos resolver isso — ela disse, com determinação.
– Por favor, Rafa. Não leva isso pro desenrolo , eu morro de vergonha e todo mundo vai ficar sabendo e também eu quero distância daquele demônio – eu digo , falando do dono do morro que aqui todo mundo tem medo dele , ele é o cão em pessoa e todo mundo sabe disso .
– Ele tem que ser cobrado Thais, não posso deixar isso assim – ele diz e eu n**o com a cabeça.
– Por favor , não leva isso pra frente , faz isso por mim – eu peço chorando e ele concorda .
– De boa , eu não vou falar nada disso pro Rei , mas esse filho da p**a não vai mais encostar em você , disso eu tenho certeza – ele diz saindo de casa e batendo a porta , eu continuo chorando e a Lu me abraça , tentando me acalmar .
Fiquei ali, nos braços da Lu, enquanto os soluços iam diminuindo aos poucos. A sensação de estar protegida, pelo menos naquele momento, trouxe um alívio ao meu coração atormentado. A Lu me olhava com um misto de preocupação e determinação.
— Eu sei que tá difícil agora, Thais, mas a gente vai dar um jeito. Pode contar comigo pra qualquer coisa — ela disse, me envolvendo em um abraço apertado.
Eu só conseguia balbuciar um "obrigada" entre os suspiros. O Rafa tinha saído, e o silêncio na sala era pesado, mas também oferecia um certo consolo. A Lu começou a me fazer perguntas sobre o que tinha acontecido, e, mesmo com dificuldade, fui narrando o horror que passei.
— Ele sempre foi uma ameaça, mas nunca imaginei que ele fosse tão longe — eu disse, enquanto me enxugava as lágrimas.
— É, ele é um monstro. Mas agora, o mais importante é que você tá segura — Lu afirmou, tentando me animar.
De repente, o som de uma batida na porta me fez pular. A Lu foi abrir e, para minha surpresa, era o Rafa novamente, agora com uma expressão mais calma.
— Ele m*l vai mais encostar em você , eu já passei a visão pra ele , dei uma surra no filho da p**a . Se quiser podemos ir lá pegar as suas coisas – ele diz olhando pra mim.
Eu não sabia se chorava de alívio ou de exaustão, mas me senti um pouco mais forte. O Rafa me entregou uma manta que tinha pego de casa e se sentou ao meu lado.
— Por mim eu teria matado ele , não fiz isso por você Thais , mas ele tá avisado se te encostar de novo , ele vai ser um homem morto e vai ser pelas mãos do Rei — ele disse, com firmeza e eu concordei.
– Eu prefiro ir pegar as minhas coisas amanhã , quando ele não estiver em casa – eu digo e ele concorda .
– Eu vou com você amanhã cedo então , agora eu tenho que ir trampar – ele diz e eu concordo , ele sai fechando a porta .
– O Rafa fez muito bem , aquele abusador merecia morrer mesmo , mas vamos deixar isso pra lá .
– Eu vou preparar um brigadeiro pra gente, o que você acha? A gente assiste a um filme. Eu não estou com sono mesmo. Você também não deve estar, né? – Lu, diz e eu concordo . Ela acena com a cabeça e vai para a cozinha preparar o brigadeiro. Enquanto isso, eu fico na sala, pego o controle da TV e começo a trocar de canal sem realmente me interessar por nada.
As últimas cenas continuam rodando na minha mente, o Joel passando a mão pelo meu corpo, tentando me agarrar. Me sinto presa naquelas lembranças horríveis, e a sensação de impotência e medo não me larga.
A Lu logo volta com uma panela de brigadeiro e duas colheres, trazendo um pouco de normalidade para a noite. Ela se senta ao meu lado e, com um sorriso acolhedor, diz:
— Amiga, tenta não ficar pensando no que aconteceu. Eu sei que é difícil, mas agora você não vai mais precisar ficar perto daquele monstro. A gente vai ser sua família. Fica tranquila.
Eu olho para ela, tentando segurar o choro que ainda estava ali, entalado na garganta. Com um esforço, concordo com a cabeça, enquanto agradeço sinceramente:
— Muito obrigada, Lu, de verdade, de coração. Você é como uma irmã pra mim.
Ela sorri, um sorriso que traz um pouco de conforto, e acena com a cabeça, compreendendo a importância das suas palavras. A sensação de estar cercada por quem me ama, mesmo na dor, me faz sentir um pouco mais forte.
Continua .....