1- Conhecendo o Rei
Reinaldo narrando :
Capítulo 1:
E aí, favela! Eu sou Reinaldo, mas geral me chama de Rei. Sou moreno, corpo sarado, olhos castanhos e algumas tatuagens espalhadas pelo corpo. Tenho 1.80 de altura e, desde cedo, aprendi que no morro, quem não impõe respeito não sobrevive pra contar história. Cresci nas vielas estreitas, onde as sombras da noite são mais seguras que a luz do dia. Meu mundo é regido por um código próprio, onde cada movimento é calculado e cada palavra tem peso de vida ou morte.
Durante o dia, mantenho uma presença discreta. Meu lugar é na boca, na minha sala, onde o poder é medido em papelotes e o respeito é conquistado na bala. À noite, percorro o morro como uma sombra, observando cada canto escuro e cada beco sem saída. Sou o guardião das minhas próprias regras, o executor da minha própria justiça.
No meio desse caos, tem que ter cabeça fria. Um passo em falso, uma palavra m*l colocada, e é game over. Aqui, ninguém sobrevive de bobeira. O respeito é na base da atitude e, às vezes, na força. Já vi muito vacilão cair por menos. No morro, não tem segunda chance. Eu aprendi a jogar o jogo e a ganhar. Aqui, ou você é o predador ou a presa. E eu, mano, sou o rei dessa p***a toda .
Eu sou sozinho nessa vida, tá ligado? Minha coroa morreu quando eu ainda era um pivete. Meu pai? Esse aí, eu nunca soube quem é e também nem tenho vontade de saber. Fui criado por uma tia minha, Dona Lourdes. Essa sim merecia meu respeito, tá ligado? Mas já tem alguns anos que ela se foi também. Nasci e fui criado nesse morro. Conheço cada palmo, cada esquina, cada viela. Fui crescendo de cargo. Com 12 anos, eu era aviãozinho. Depois virei vapor. Mais tarde, fui trabalhar na boca. Chamei atenção do dono do morro pelo meu trampo, e ele me colocou como seu segurança.
Descobri que o sub dele tava armando uma casinha pra ele e passei a visão. Matei o sub dele, e ele me colocou pra como seu sub. Depois de um tempo, como ele já tava de idade, teve um enfarte e acabou partindo dessa pra melhor. Eu assumi o morro, e desde então, tô na direção dessa p***a toda. Aqui sou eu quem coloca as leis.
Fiel eu nunca tive, e não tenho vontade nenhuma de ter. Mulher nenhuma presta. Eu digo que mulher é perdição do cara. Mulher só serve pra dar dor de cabeça e ainda fazer uma casinha pra tu. Nessa eu não caio, já vi muito parceiro aí caindo no fundo do poço por causa de p*****a. Por isso que comigo é um pente-rala, tá ligado? Não gosto de andar de dia, meu negócio é andar na noite. Pego uma aqui, outra ali, mas só pra trepar mesmo, tá ligado? Bagulho de sentimento comigo não existe. Essa parte aí, eu não sinto nada por ninguém. Não tenho consideração, não tenho amor, não tenho nada.
Tenho dois parceiros que são mais chegados . Confio, mas daquele jeito, tá ligado? Porque na real, pra mim, eu sempre tenho um pé atrás com todo mundo.
O Jardel tá comigo desde quando eu era um pivete, tá ligado? Sempre de lado a lado, trampando comigo. Quando eu assumi o morro, coloquei ele como meu sub . O Bruninho também sempre foi um cara esforçado. Eu sempre tive de olho nele porque o mano sempre foi bom no bagulho. Então, coloquei ele como meu braço direito. E os dois são os únicos em quem eu confio. De certa forma. Porque o resto, mano... Ah, o resto é resto. Eu não confio em ninguém, não. Nesse mundo que eu vivo, você tem que dormir com um olho aberto e o outro fechado, tá ligado? Você nunca sabe quem vai te trair. Sempre o traidor é um de perto. Às vezes, até um da sua família mesmo, tá ligado?
Essa desconfiança é minha armadura. No morro, um passo em falso pode ser o último. Já vi muita gente que achava que tava no controle acabar debaixo da terra. O segredo é manter a cabeça fria e o coração fechado. Enquanto todo mundo tá se preocupando com besteira, eu tô sempre um passo à frente.
Tem dia que eu fico olhando a cidade lá de cima, as luzes piscando como se fossem estrelas caídas. E penso em como a vida aqui é diferente. Cada esquina tem sua história, cada viela seu segredo. A favela tem suas próprias regras e, por mais duro que seja, eu sou o rei desse lugar.
O que ninguém entende é que ser o rei não é só poder e glória. É também um fardo. Tem que tomar decisões difíceis, mandar gente pro inferno sem piscar. Porque se você fraquejar, alguém vai tomar o seu lugar. E no morro, isso significa perder tudo.
Quando a noite cai, o morro vira um campo de batalha. E eu sou o general, sempre pronto pra qualquer coisa. Ninguém sabe o que o amanhã traz, mas uma coisa é certa: enquanto eu estiver no comando, vou proteger o que é meu. Meu reino, minhas regras. E quem tentar desafiar, vai conhecer a fúria do Rei.
Continua....
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