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1284 Words
Natalie odeia arrumar o quarto dos fundos de casa, por causa da quantidade de tralhas que ele possui e também porque é obrigada a fazer isso, já que ninguém se oferece pra fazer.  Um dia, estava ela em mais uma dessas obrigações, quando mexendo uma umas caixas, encontrou um tabuleiro ouija. A princípio ela tomou um susto ao ver aquilo ali, nos fundos de casa, porque sua família é extremamente religiosa. Curiosa com aquilo, ela resolveu ligar para sua amiga Vicky, que apesar de também ser de uma família religiosa, ficou bastante curiosa sobre o achado da amiga. A curiosidade das duas foi tanta com relação ao tabuleiro, que elas marcaram de brincar com o mesmo no quarto da casa de Natalie. Ela marcou em um dia em que a família dela iria estar toda na igreja. Vicky chegou empolgada com a descoberta da amiga, querendo ver o tabuleiro. Natalie mostrou o tabuleiro e ela ficou querendo começar logo o jogo. Mas coisas estranhas começaram a acontecer dentro do quarto. Primeiro Natalie tentou acender duas velas para deixar o clima mais assustador e, por incrível que pareça, elas não acendiam, não importava quanto tempo a jovem encostava o palito de fósforo nos pavios. Depois de muito tempo insistindo, ela conseguiu acender, desligou as luzes e fechou as janelas. Quando ia começar a brincar com o tabuleiro, o susto: a mãe de Vicky liga perguntando se está tudo bem com elas, porque do nada sentiu um arrepio na espinha e uma enorme “preocupação”, além de sentir algo r**m que estava se passando dentro dela e ela só conseguia pensar na filha e na amiga. Foi só depois que Vicky conversou com a mãe dela, explicando que estava tudo bem com as duas, que elas começaram a brincar com o tabuleiro. Mas infelizmente não aconteceu nada que pudesse ser indício de que tudo o que se falava dos tabuleiros ouija fossem verdade. De todas as tentativas que elas fizeram para algo sobrenatural acontecer, apenas o fogo das velas se mexeu de forma estranha. Duas horas depois, já era quase dez da noite e Vicky já tinha ido pra casa. Os pais de Natalie também já haviam chegado do culto, mas mesmo com a casa cheia, fora despertada na menina, aquela sensação de estar sendo observada por alguém, não se sabe de onde, não se sabe por quem. Depois de um tempo angustiada, ela ignorou tudo aquilo, pois achava que era coisa de sua cabeça e como estava tarde, resolveu ir dormir. Nessa noite, Natalie sonhou que estava sendo perseguida por um homem assustador, de pele queimada, olhos maquiavélicos, dentes pontiagudos, que vestia uma luva com garras metálicas enormes na mão direita. No sonho, ela era perseguida dentro da própria casa, conseguindo fugir até chegar ao quarto. Assim que adentra, a mesma pula na cama. Mas o homem consegue alcançá-la e começa a arrancar pedaços da carne de suas pernas com suas garras. Do lado de fora de seu sonho, Natalie se debatia, parecendo estar possuída, mas tudo o que queria era apenas acordar. Quando finalmente conseguiu despertar e perceber que estava realmente acordada, a jovem percebe que suas pernas estavam todas arranhadas. Atordoada, ela senta na cama e um medo toma conta de seu corpo, ao ter a mesma sensação de estar sendo observada dentro do quarto por alguém ou alguma coisa. Um pânico enorme tomou conta dela até o dia amanhecer. Ela não queria ir, mas como era dia de prova, chegou péssima na escola. Quando encontrou Vicky, o susto foi ainda maior: ela estava com olheiras horríveis e com os braços arranhados, pois sonhou com o mesmo homem perseguindo-a também. Não tiveram tempo de conversarem sobre o tabuleiro ouija, pois o sinal tocou, avisando que iria começar a prova. Durante a prova, tudo corria bem até Natalie começar a sentir o corpo pesando, como sinal de que o corpo e a mente estavam cobrando as horas em que ela ficou acordada durante a madrugada. O cochilo no meio da prova foi inevitável. Mas bastou que sua mente entrasse no REM, que ela sonhou que o homem assustador da madrugada, havia invadido a escola à procura dela. Quando ele a encontrou, começou a arrancar a carne de seus ossos, juntamente com suas vísceras, enquanto sorria sadicamente. Depois vários outros monstros vieram e a seguraram nos braços e nas pernas. A dor era tão insuportável, que ela deu um grito no meio da prova, assustando a todos os presentes, inclusive o professor. A menina caiu de dor, sentindo cólicas terríveis e foi levada para a enfermaria da escola. Ao chegar lá, deitaram-na numa maca e levantaram a blusa dela. Natalie viu o sangue na blusa e se desesperou, ao ver que seu ventre estava todo arranhado igual às suas pernas na noite anterior. A enfermeira da escola limpou os arranhões e só após alguns minutos é que ela foi liberada para ficar na sala do diretor, até sua mãe chegar. Quando sua mãe chegou à escola e conversou com o mesmo. Ele, juntamente com o professor que estava aplicando a prova na hora em que aconteceu o ocorrido, mostrou um vídeo que fora gravado por um colega de classe. Quando a mãe dela e ela mesma viram o vídeo, ficaram pasmas: Natalie estava caída no chão e arranhava o próprio ventre com as unhas, arrancando pedaços da própria pele. Os colegas tentavam ajudá-la, mas sem sucesso, pois ela mesma não acordava e ficava arranhando a própria barriga. Essa paranóia durou até que o professor a pegou nos braços e a levou para fora da sala. Apavorada com o que viu no celular de um dos colegas, a direção da escola decide que o melhor para Natalie é ir para casa descansar para evitar futuros problemas e ela assim o faz. Ao chegar à sua casa, ela não tem mais a sensação de que alguém ou alguma coisa a observa. Isso para ela foi como um alívio, pois já não agüentava mais essa sensação estranha percorrendo todo o seu corpo. Ela então foi descansar, mas não dormiu, ou melhor: pensava que não tinha dormido. Natalie teve um pesadelo horrível, onde ela encontra Vicky toda banhada em sangue, com o pescoço aberto e tentando gritar por socorro. Quando Natalie foi tentar ir de encontro à amiga, a enorme mão com garras metálicas do homem de pele queimada segura Vicky pela cabeça e a arrasta para dentro de uma sala onde dentro era somente escuridão. A porta, que era feita de ferro em brasa bateu bruscamente, cujo barulho fez com que Natalie pulasse da cama assustada, com sua mãe na sala, chorando ao telefone. Com o corpo tremendo por causa do nervosismo, Natalie pergunta para a mãe o porquê de ela estar chorando. A mãe dela engole em seco aquela pergunta, desliga o telefone, olha para Natalie e lhe dá a triste notícia: Vicky, em um ataque de sonambulismo, cometeu suicídio na frente dos pais, cortando a própria garganta com um estilete, enquanto os mesmos estavam se preparando para irem à igreja. A jovem entrou em estado de pânico, pois nunca imaginaria que aquela brincadeira iria tão longe. Transtornada com tudo aquilo, Natalie não conseguiu ir ao velório da amiga, jogou o tabuleiro no lixo após queimá-lo nos fundos da casa e dormiu abraçada com a mãe dela por dois anos, sempre acordando no meio da madrugada com a estranha e enlouquecedora sensação de que alguém ou alguma coisa estava a observando, e ouvindo uma estranha frase de música que ecoava dentro da sua cabeça, igual a um disco arranhado: “07, 08... Fique acordada até tarde... 09, 10... Não durma nunca mais”.
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