O NECRÓF1LO

1154 Words
Em um dos cemitérios mais antigos da cidade, um enterro acaba de ser realizado no final da tarde. Mas naquele momento, era uma madrugada de sexta-feira sombria e fria. Ela tinha todo um futuro promissor pela frente. Só que devido a uma doença genética, seu coração parou aos vinte e três anos de idade, vindo a óbito no auge de sua vida. Tudo estava em silêncio, até que ao longe, sete dias após o sepultamento, violando o túmulo recém-lacrado, um rapaz escava sua cova e retira seu caixão, com todo o esforço. Aos poucos ele vai retirando as tarraxas que lacram o ataúde, expondo o corpo frio e acinzentado da jovem. - Meu Deus... Que loucura... Porque estou fazendo isso? Que delícia que ela é! Movido por uma força maior, ele sabe que não tem que ser assim. Ele não sabe por que a jovem que está ali, pálida, loira e extremamente gelada, o força a fazer isso. Em sua mente vem a imagem dos amigos o julgando, caso soubessem da brincadeira que ele faz com as jovens recém-falecidas pelos cemitérios da cidade. Certamente eles iam chamá-lo de doente. Mas com essa não! Essa ele tinha seu amor declarado e só estava ali para curtir aquela brincadeira com ela, porque ele a amava. - Você viva era feia, apesar dos tantos homens que te cortejavam e lhe prometiam reinos e mais reinos em troca de atenção. Agora depois de morta... Morta não... Viva... Você é tão linda... “Será que eles são doentes?” Sua mente se questionava o tempo todo enquanto retirava a tampa do caixão e... O rapaz admira a jovem. Mesmo tendo a certeza de que de que ela estava morta, para ele, ela estava apenas fingindo. Mas mesmo assim ela permanece linda, tão linda. “Será que eles são mesmo doentes?” Ele se pergunta enquanto a despe e lhe toca os s***s, as coxas, as nádegas e o sexo. E não sabendo explicar, em sua mente ele sabe que ela está gostando. - Goze logo pra gente poder brincar mais, minha delícia! Eu estou adorando isso tudo... Esse nosso segredo é tão... Devasso! De repente ela abre os olhos. Nesse instante ele a admira e mesmo sem ela se mexer, em sua mente ela não está morta. E de modo incrédulo, após despi-la, ele despe-se também de suas roupas e e******o, posiciona-se e começa a penetrá-la. Em sua mente ele acha que está morto e por isso, só sente desejo por mulheres mortas, como essa jovem em que está se relacionando agora. A cada estocada ele a sente cada vez mais viva, mesmo com as pessoas dizendo aos quatro ventos que ela está morta. - Eles mentem para mim, meu amor. Você não está morta... Você... Está... Viva... Tão viva e bela... Oh... Que delícia! E enquanto o rapaz está ali, ensandecidamente achando que ela está viva, ela permanece imóvel e fria, mas tão fria, que ele ao invés de ter algum tipo de repúdio ou repugnância, permanece ali penetrando as carnes frias da jovem. Sua mente insana adora o prazer desses tipos de carnes. Ele faz isso para ser o primeiro antes dos vermes. Os vermes... Esses malditos que chegam muitas vezes primeiro do que ele. - Quer que eu goze logo, meu amor? Quer que eu seja o primeiro antes dos vermes? Sei que está gostando. Seu olhar não n**a. Enquanto penetra na jovem dura e fria, sua mente começa a trazer à tona, recordações do velório dela. Velório este que fora acompanhado desde as primeiras horas em que o caixão havia chegado à casa de seus familiares. Ela era uma prima muito querida e não se sabe ao certo, mas para ele, o fato dela ter sido velada em sua casa já revelava que ela conhecia seus desejos. Tanto que os olhos dele a desnudavam no caixão e o mesmo tinha de conter a excitação no meio de suas pernas. - Lembra de quando nos vimos pela primeira vez? Não? Pois me lembro muito bem. Para ele, ali não era um cadáver e sim um anjo... Um anjo sedutor. Sua mente a imaginava, não morta, mas fingindo estar viva. Ele a olhava no caixão e mesmo sem tocá-la, podia sentir seu corpo. Ele estava e******o e essa excitação aumentou quando começaram a levar o caixão até o cemitério. Ele acompanhava caminhando devagar, pois a excitação o incomodava. Ao mesmo tempo em que acompanhava, olhava para o crápula do pai dela: um bruxo que não deixava que ninguém se aproximasse dela. Agora o miserável chora igual a uma criança, vendo a única filha sendo levada para o cemitério naquele caixão branco. Ele sabe que ela será dele. É só uma questão de tempo. - Esperei que todos fossem embora e ouvi o seu chamado, meu amor. Você me queria, eu te queira. Somos um do outro nesse amor... Doentio não! Nossos amigos não têm o direito de nos julgar! Agora ele está lá, deitado no chão frio do cemitério, possuindo-a. Ele clama a Deus por esse seu ato ser tão doentio. Ele sabe que é doente, mas a olha tão viva, tão dele... O corpo frio... Tão doentio... O que diriam seus amigos? Ele só está ali porque a ama e porque sabe que ela, para ele, ela não está morta e se diverte também. Quase gozando, ele começa a ver os vermes. Não! Os vermes, os vermes! Estão devorando-a! Ele começa a acelerar os movimentos, precisa ser rápido! Vermes malditos! Eles não podem fazer isso com o amor deles dois... - Goze logo, meu amor! Goze logo antes dos vermes! Oh, não! Mas estão e estão rápido! Milhares de vermes devorando-a, transformando toda aquela beleza numa ossada oca e feia! Vermes malditos! Ele se debruça sobre ela, tentando livrá-la deles, mas... Eles estão devorando-o também! Milhares de vermes devorando suas carnes. Mas ele está vivo, então como? Sua mente vagou e voltou até o bruxo! O bruxo havia amaldiçoado a própria filha. Por isso todos os que sentiam algo por ela também estavam enterrados nesse mesmo cemitério. - Homem maldito! Amaldiçoou a própria filha até mesmo depois de morta! Mas esse amor é nosso, e ele não vai nos roubar! Os vermes devorando seu corpo ainda vivo e pulsante. Ambos, ela primeiro e depois ele, estão indo. Ele tenta gritar, mas sua língua e garganta já foram devoradas pelos vermes. Ele olha para o esqueleto de sua amada sem acreditar no que estava acontecendo. Aquela brincadeira tinha ido longe demais. Sua mente praguejava contra o pai dela, aquele bruxo maldito! Seus ossos se debruçavam contra os de sua amada, sem parar de praguejar contra o pai dela, até que os vermes devoraram seu cérebro, deixando ali naquele cemitério, naquela madrugada fria e sombria de sexta-feira, um esqueleto debruçado em cima do outro, banhados nos mesmos vermes que roeram as primeiras carnes frias de ambos os cadáveres.
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