Capítulo 3

1379 Words
Victória ? 2 horas da manhã foi a hora que vi a Leticia e a Luíza cochichando depois de já terem se beijado horrores por aqui. Luíza: aí Victoria, vamos pra minha casa tá?- vi a Leticia corar de vergonha e entendi porque a Luíza veio me contar e não ela. Victoria: espera! E pra eu ir para casa? Luíza: o Terror te leva.- ele olhou assustado para nós porque a Luiza gritou e ele tava prestando atenção em outra coisa.- Só toma cuidado para não cair da moto dele porque ele anda muito rápido. Terror: tu vai aonde? Luíza: vou t*****r, bebê.- sorri com a forma que ele falou.- Vai deixar ela em casa tá? Ou na entrada do morro e ela pega um uber. Terror: vai t*****r, Luíza. Fiquei m*l com a situação, eu nem viria se elas não tivessem feito questão e me deixaram sozinha para voltar porque foram t*****r. Se tivesse de dia, eu nem ligaria, o problema é que como vou pegar um uber? Me arriscar assim? Vi elas descendo e fui até o Terror. Para mim, a festa tinha acabado aqui, fiquei sem ânimo nenhum. Victoria: não precisa me levar, tá? Vou me virar para ir.- não deixei oportunidade para ele responder, apenas fui saindo e fiquei em frente ao galpão respirando fundo vendo que eu estava longe de casa e sozinha. Comecei a chorar ali de desespero sentada na calçada com as mãos na cabeça. Meu pai morreria do coração se visse a princesinha dele sentada no chão de uma comunidade. Terror: aí patricinha, vou te levar até tua goma. Victoria: não precisa, vou dar um jeito.- sorri falsa enxugando as lágrimas. Terror: e tu acha que vou deixar tu ir de uber pra casa? Tu mora no Leblon cara, até lá é chão e o que não falta nesses caras de aplicativo é filhos da p**a querendo estuprar mulher. Victoria: sério que tu pensa assim?- perguntei surpresa. Pelo jeito que ele tratou aquela menina, não parece que ele liga muito para os direitos das mulheres não. Terror: claro, porra.- falou óbvio. Victoria: você já vai agora? Terror: vou, tô afim de meter o pé desse baile porque tá chato pra c*****o. Victoria: tá, e qual é tua moto?- perguntei apontando para umas motos pequenas que tinham ali. Terror: não vim de moto.- apontou para uma BMW preta igual uma que eu tenho. Bom, eu não esperava. Primeiro porque a Luiza alertou sobre uma moto e um traficante ter um carro desse, sério? Victoria: a Luiza me alertou caso você tivesse de moto, por isso a pergunta...- falei sem jeito e ele nem respondeu, apenas foi em direção ao carro e eu o segui. Fui entrando no banco de trás e sentando logo, até ele resmungar algo e em seguida falar alto. Terror: sou teu motorista não, vem para o banco da frente. Delicado igual um coisa de mula- pensei. Nem respondi ele, apenas o obedeci, até porque o carro não é meu né. Sentei no banco da frente e coloquei o cinto de segurança, logo ele ligou o som e deu partida no carro. Assim que saímos do morro, meu celular começou a tocar e vi que é meu pai. Ele nunca liga quando não é emergência, ele evita ligações. Victoria: pode abaixar um pouco o som só pra eu atender o telefone, por favor?- ele fez o que pedi e atendi meu pai. Ligação Victoria: por que você tá ligando essa hora, pai? Vai dar 3 da manhã. Davi: esqueci, é que aqui ainda é 12h... Mas é uma emergência. Victoria: pode falar.- me preocupei. Davi: é o seguinte: você vai precisar ir no hotel...- interrompi ele. Victoria: qual hotel, pai? Porque só aqui no Rio tem 3. Davi: o de Ipanema, surgiu um problema com um fornecedor e preciso que você assine, e ainda faça um cheque. Victoria: é só um fornecedor pai, o Breno não pode assinar? Davi: não, só eu ou você, eles só aceitam um de nós. Vai lá agora... Victoria: pode deixar que vou lá. Davi: você não está em casa, pelo barulho... Me prometeu que só sairia quando acabasse seu TCC. Victoria: É... E eu...- gaguejei.- Terminei.- menti. Davi: que ótimo, mostre-me depois. Beijos, Vic. Victoria: te aviso quando assinar lá... Mas por que o Breno não pode assinar? Davi: são muitos aparelhos tecnológicos para inovações... Os funcionários não podem assimar entregas de 1 milhão ou mais. Victoria: e quanto deu essa? Davi: 5 milhões. Victoria: 5 milhões?- gritei assustada e o Terror me olhou.- Ai pai, tchau. Davi: complicada... Tchau, te amo. Victoria: eu também!- desliguei a chamada. * Victoria: bom, pode me deixar no hotel lá em frente a praia de Ipanema. Terror: tem muitos por lá, patricinha. Victoria: o Modonni, sabe? Terror: é teu? Victoria: do meu pai.- sorri fraco. Terror: c*****o, essa p***a tem no mundo todo.- apenas assenti. Victoria: meu pai cuida pessoalmente de todas as expansões internacionais, inclusive agora ele está em algum país aí fazendo isso. Terror: e tu? Faz o quê? Victoria: até então nada... Faço faculdade ainda, estou quase me formando, aí depois vou assumir a presidência ou coisa assim. Terror: e o que tu vai fazer lá? Victoria: assinar um cheque para um fornecedor, pois só pode ser comigo ou com meu pai.- revirei os olhos. Terror: tu tem cara daquelas minas que só usam balenciaga, louis vuitton, gucci, chanel... Victoria: não me julga, mas minhas coisas são dessas marcas, a maioria. Terror: e já foi para os states? Victoria: Estados Unidos é minha segunda casa.- ri fraco.- Eu costumo fazer tour pela Europa todo ano, mas Estados Unidos é onde eu mais vou. Terror: que vida massa, hein. Victoria: é, e você faz o quê? Terror: eu sou o dono do morro...Faço meus corres e é isso aí. Victoria: eu não sei o que um dono do morro faz. Terror: eu também não sei o que uma patricinha faz. Victoria: mas eu já te disse! Eu estudo e viajo quando posso, as vezes quebro um galho para meu pai também, como hoje. Terror: eu cuido do morro, pô. Victoria: mas cuida como? Terror: não deixo ninguém invadir...- interrompi ele. Victoria: a polícia? Terror: também...- interrompi ele de novo. Victoria: quem mais? Terror: vai me deixar falar ou não p***a?- falou ignorante.- Tem invasão da polícia e dos morros rivais. Victoria: mas por que eles invadem? A polícia eu sei que é pra acabar com o crime, mas e os outros? Terror: acabar com o crime é só uma fachada, eles querem é acabar com geral da comunidade porque chega apagando todo mundo esses filhos da p**a. E os outros é porque querem tomar meu morro mermo, mas aqui é cachorro doido.- bateu no próprio peito.- O que é meu ninguém tira de mim, só Deus. Victoria: o que você disse é verdade...- Ele me olhou surpreso.- Sobre o crime, quero dizer.- ele levantou a sobrancelha como forma de entendimento.- No prédio vizinho ao meu, foram apreendidos 200 fuzis e muita maconha, mas não teve troca de tiro ou um tiro sequer. Terror: é porque essa p***a é na zona sul, porque na favela, eles chegam metendo o louco. Victoria: eu sempre vejo no i********: as páginas postando das invasões nas comunidades quando muita gente fica sem casa, perde familiar... Eu geralmente ajudo nas vaquinhas. Terror: mas é isso aí mermo pô, meu dever como dono do morro também é esse. Victoria: é esse hotel aí o meio.- ele encostou o carro atrás do caminhão.- Coloca lá no estacionamento. Terror: p***a, deve ser f**a passar uma noite aqui. Victoria: quer passar? Terror: como? Victoria: perguntei se você quer passar a noite aqui. Nem precisa pagar nada, dou de presente por você não ter me deixado vir sozinha. Terror: nunca tive esses teus luxos todo não, mina. Victoria: eu sei, aceita aí.- falei humorada e ele revirou os olhos. Terror: beleza, mas só se tu me levar até lá. Victoria: mas por que? Terror: porque eu não conheço nada aqui p***a. Victoria: tá bom, a suíte é bem grande. Vou pegar a cobertura. Agora coloca o carro no estacionamento. Terror: c*****o, que agradecimento f**a esse hein.- ele sorriu de canto. __________________________________________ Votem, comentem e compartilhem!!
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