Victória ?
2 horas da manhã foi a hora que vi a Leticia e a Luíza cochichando depois de já terem se beijado horrores por aqui.
Luíza: aí Victoria, vamos pra minha casa tá?- vi a Leticia corar de vergonha e entendi porque a Luíza veio me contar e não ela.
Victoria: espera! E pra eu ir para casa?
Luíza: o Terror te leva.- ele olhou assustado para nós porque a Luiza gritou e ele tava prestando atenção em outra coisa.- Só toma cuidado para não cair da moto dele porque ele anda muito rápido.
Terror: tu vai aonde?
Luíza: vou t*****r, bebê.- sorri com a forma que ele falou.- Vai deixar ela em casa tá? Ou na entrada do morro e ela pega um uber.
Terror: vai t*****r, Luíza.
Fiquei m*l com a situação, eu nem viria se elas não tivessem feito questão e me deixaram sozinha para voltar porque foram t*****r.
Se tivesse de dia, eu nem ligaria, o problema é que como vou pegar um uber? Me arriscar assim?
Vi elas descendo e fui até o Terror. Para mim, a festa tinha acabado aqui, fiquei sem ânimo nenhum.
Victoria: não precisa me levar, tá? Vou me virar para ir.- não deixei oportunidade para ele responder, apenas fui saindo e fiquei em frente ao galpão respirando fundo vendo que eu estava longe de casa e sozinha.
Comecei a chorar ali de desespero sentada na calçada com as mãos na cabeça. Meu pai morreria do coração se visse a princesinha dele sentada no chão de uma comunidade.
Terror: aí patricinha, vou te levar até tua goma.
Victoria: não precisa, vou dar um jeito.- sorri falsa enxugando as lágrimas.
Terror: e tu acha que vou deixar tu ir de uber pra casa? Tu mora no Leblon cara, até lá é chão e o que não falta nesses caras de aplicativo é filhos da p**a querendo estuprar mulher.
Victoria: sério que tu pensa assim?- perguntei surpresa. Pelo jeito que ele tratou aquela menina, não parece que ele liga muito para os direitos das mulheres não.
Terror: claro, porra.- falou óbvio.
Victoria: você já vai agora?
Terror: vou, tô afim de meter o pé desse baile porque tá chato pra c*****o.
Victoria: tá, e qual é tua moto?- perguntei apontando para umas motos pequenas que tinham ali.
Terror: não vim de moto.- apontou para uma BMW preta igual uma que eu tenho.
Bom, eu não esperava. Primeiro porque a Luiza alertou sobre uma moto e um traficante ter um carro desse, sério?
Victoria: a Luiza me alertou caso você tivesse de moto, por isso a pergunta...- falei sem jeito e ele nem respondeu, apenas foi em direção ao carro e eu o segui.
Fui entrando no banco de trás e sentando logo, até ele resmungar algo e em seguida falar alto.
Terror: sou teu motorista não, vem para o banco da frente.
Delicado igual um coisa de mula- pensei.
Nem respondi ele, apenas o obedeci, até porque o carro não é meu né.
Sentei no banco da frente e coloquei o cinto de segurança, logo ele ligou o som e deu partida no
carro.
Assim que saímos do morro, meu celular começou a tocar e vi que é meu pai. Ele nunca liga quando não é emergência, ele evita ligações.
Victoria: pode abaixar um pouco o som só pra eu atender o telefone, por favor?- ele fez o que pedi e atendi meu pai.
Ligação
Victoria: por que você tá ligando essa hora, pai? Vai dar 3 da manhã.
Davi: esqueci, é que aqui ainda é 12h... Mas é uma emergência.
Victoria: pode falar.- me preocupei.
Davi: é o seguinte: você vai precisar ir no hotel...- interrompi ele.
Victoria: qual hotel, pai? Porque só aqui no Rio tem 3.
Davi: o de Ipanema, surgiu um problema com um fornecedor e preciso que você assine, e ainda faça um cheque.
Victoria: é só um fornecedor pai, o Breno não pode
assinar?
Davi: não, só eu ou você, eles só aceitam um de nós. Vai lá agora...
Victoria: pode deixar que vou lá.
Davi: você não está em casa, pelo barulho... Me prometeu que só sairia quando acabasse seu TCC.
Victoria: É... E eu...- gaguejei.- Terminei.- menti.
Davi: que ótimo, mostre-me depois. Beijos, Vic.
Victoria: te aviso quando assinar lá... Mas por que o Breno não pode assinar?
Davi: são muitos aparelhos tecnológicos para inovações... Os funcionários não podem assimar entregas de 1 milhão ou mais.
Victoria: e quanto deu essa?
Davi: 5 milhões.
Victoria: 5 milhões?- gritei assustada e o Terror me olhou.- Ai pai, tchau.
Davi: complicada... Tchau, te amo.
Victoria: eu também!- desliguei a chamada.
*
Victoria: bom, pode me deixar no hotel lá em frente a praia de Ipanema.
Terror: tem muitos por lá, patricinha.
Victoria: o Modonni, sabe?
Terror: é teu?
Victoria: do meu pai.- sorri fraco.
Terror: c*****o, essa p***a tem no mundo todo.- apenas assenti.
Victoria: meu pai cuida pessoalmente de todas as expansões internacionais, inclusive agora ele está em algum país aí fazendo isso.
Terror: e tu? Faz o quê?
Victoria: até então nada... Faço faculdade ainda, estou quase me formando, aí depois vou assumir a presidência ou coisa assim.
Terror: e o que tu vai fazer lá?
Victoria: assinar um cheque para um fornecedor, pois só pode ser comigo ou com meu pai.- revirei os olhos.
Terror: tu tem cara daquelas minas que só usam balenciaga, louis vuitton, gucci, chanel...
Victoria: não me julga, mas minhas coisas são dessas marcas, a maioria.
Terror: e já foi para os states?
Victoria: Estados Unidos é minha segunda casa.- ri fraco.- Eu costumo fazer tour pela Europa todo ano, mas Estados Unidos é onde eu mais vou.
Terror: que vida massa, hein.
Victoria: é, e você faz o quê?
Terror: eu sou o dono do morro...Faço meus corres e é isso aí.
Victoria: eu não sei o que um dono do morro faz.
Terror: eu também não sei o que uma patricinha faz.
Victoria: mas eu já te disse! Eu estudo e viajo quando posso, as vezes quebro um galho para meu pai também, como hoje.
Terror: eu cuido do morro, pô.
Victoria: mas cuida como?
Terror: não deixo ninguém invadir...- interrompi ele.
Victoria: a polícia?
Terror: também...- interrompi ele de novo.
Victoria: quem mais?
Terror: vai me deixar falar ou não p***a?- falou ignorante.- Tem invasão da polícia e dos morros rivais.
Victoria: mas por que eles invadem? A polícia eu sei que é pra acabar com o crime, mas e os outros?
Terror: acabar com o crime é só uma fachada, eles querem é acabar com geral da comunidade porque chega apagando todo mundo esses filhos da p**a. E os outros é porque querem tomar meu morro mermo, mas aqui é cachorro doido.- bateu no próprio peito.- O que é meu ninguém tira de mim, só Deus.
Victoria: o que você disse é verdade...- Ele me olhou surpreso.- Sobre o crime, quero dizer.- ele levantou a sobrancelha como forma de entendimento.- No prédio vizinho ao meu, foram apreendidos 200 fuzis e muita maconha, mas não teve troca de tiro ou um tiro sequer.
Terror: é porque essa p***a é na zona sul, porque na favela, eles chegam metendo o louco.
Victoria: eu sempre vejo no i********: as páginas postando das invasões nas comunidades quando muita gente fica sem casa, perde familiar... Eu geralmente ajudo nas vaquinhas.
Terror: mas é isso aí mermo pô, meu dever como dono do morro também é esse.
Victoria: é esse hotel aí o meio.- ele encostou o carro atrás do caminhão.- Coloca lá no estacionamento.
Terror: p***a, deve ser f**a passar uma noite aqui.
Victoria: quer passar?
Terror: como?
Victoria: perguntei se você quer passar a noite aqui. Nem precisa pagar nada, dou de presente por você não ter me deixado vir sozinha.
Terror: nunca tive esses teus luxos todo não, mina.
Victoria: eu sei, aceita aí.- falei humorada e ele revirou os olhos.
Terror: beleza, mas só se tu me levar até lá.
Victoria: mas por que?
Terror: porque eu não conheço nada aqui p***a.
Victoria: tá bom, a suíte é bem grande. Vou pegar a cobertura. Agora coloca o carro no estacionamento.
Terror: c*****o, que agradecimento f**a esse hein.- ele sorriu de canto.
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