Boas-Vindas + Capítulo 1
Bem-vindas à mais uma obra minha!!
Lembrando que:
- pode conter erros ortográficos;
- a história vai conter cenas de violência, tráfico e sexo, caso não goste, é só não ler;
- eu gosto que vocês comentem, pois costumo responder os comentários das leitoras;
- a obra é de autoria minha;
- as fotos dos personagens é para vocês de basearem nas características dos personagens;
- não autorizo a postagem dela fora do meu perfil.
Início: 13/08/22
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Victoria
Essa vida de estudante não tá dando para mim mais!
Nessas horas não adianta nada ser herdeira de uma das redes de hotéis mais famosas da América.
Já estou no preparo para entregar meu TCC e me estressando pra caramba. Desde os 17 anos estou nessa merda dessa universidade estudando administração para assumir os negócios do meu pai no futuro, mas não por obrigação.
Mas sabe qual o problema? eu não sabia que o TCC era esse inferno e pra completar, meu orientador não ajuda em muita coisa.
Já fazia 5 horas que eu estava tentando fazer essa merda e nada bom saía. Meu celular acende o tempo todo chegando mensagem e já sei quem é: minha prima Leticia e a Karol, nossa amiga.
Prometi ao meu pai que nada ia me tirar da concentração essa semana e faria meu TCC esse fim de semana, por isso estou evitando as meninas. Certeza que elas vão me chamar para uma balada e eu não tô afim, até porque essas baladas da zona sul só tem gente chata.
Levantei da minha escrivaninha e desci até a cozinha para pegar uma maçã. Enquanto lavava a maçã, ouvi o interfone tocar e fui atender.
Luís: senhorita Victoria?- o porteiro falou.
Victoria: o senhor sabe que é só Victoria né?- ele riu.
Luís: a senhorita Leticia está aqui com outra moça, pode permitir a entrada?
Victoria: elas estão em qual portão?
Luís: no primeiro, ainda não as liberei.
Victoria: tudo bem, pode deixar subir. Obrigada.
Luís: certo. Boa tarde.
Victoria: Boa tarde para o senhor também.- desliguei.
Se tem algo que eu não suporto é visita inesperada, mas tudo bem, não vou trocar de roupa mesmo.
Fiquei ali esperando elas subirem, sabia que ia demorar um pouco, já que meu duplex fica na cobertura e são 15 andares.
Aproveitei para olhar o que tinha na geladeira para comer e não achei nada de bom. Mas o que eu esperava? Eu não cozinho nada, só a Leila, cozinheira daqui de casa e esse fim de semana eu dispensei ela para ficar sozinha.
Ouvi a campainha tocar e fui até a porta, coloquei minha digital e liberei a entrada delas.
Leticia: vagabunda, tu não tem celular não?- falou entrando com duas sacolas na mão.
Victoria: tô fazendo meu TCC, cara.
Karol: como é seguro aqui hein Vic e que casa linda.- falou olhando em volta.
Victoria: obrigada! Gente, eu estou de pijama, vocês nem pra avisar para eu trocar de roupa.
Leticia: se toca Victoria, seu pijama é da Louis Vuitton.
Victoria: não deixa de ser pijama, uai.- fechei a porta e tranquei novamente.
Karol: os seguranças daqui são gatos hein.
Leticia: mas tu só pensa em homem né?- foi pra cozinha e colocou as sacolas no balcão.- Minha mãe mandou comida pra você.
Victoria: meu Deus, obrigada! Serei eternamente grata à minha tia.- falei alto e fui mexer nas sacolas.
Meu pai e a mãe da Leticia são irmãos, os únicos filhos dos meus avós. Minha avó já faleceu e meu avô mora na Veneza, mas todo natal e réveillon nós passamos lá com ele.
Abri a vasilha e senti o cheiro do fricassê, minha tia sabe como eu amo isso.
Victoria: meu Deus, eu amo sua mãe.- falei pegando talheres e suco na geladeira.
Karol: mas você não estava de dieta por causa dos treinos?- falou olhando minha comida.
Leticia: virou fiscal de comida agora?- gargalhei alto e comecei a comer.
Karol: só estava lembrando a ela, cara.- revirou os olhos.
Victoria: vieram aqui para discutir?
Karol: não, para te chamar pra sair.
Victoria: nem dá, tenho que terminar meu TCC.
Leticia: você tá conseguindo fazer ou tá parada nele?- olhei desconfiada para ela.- Então Vi, você precisa de inspiração e precisa sair para que ela volte.
Victoria: eu disse para meu pai que não sairia até concluir.
Leticia: e ele vai descobrir, por acaso?
Karol: seu pai está na Ásia Victoria, ele nem vai desconfiar.
Leticia: até porque os horários são bem diferentes.
Victoria: não é só pelo meu pai gente, e meu TCC?
Leticia: você tá precisando sair Victoria, nem comer tu comeu hoje..
Karol: quem sabe você consiga fazer algo depois de se livrar um pouco da pressão.
Victoria: tá tá.. Mas não quero ir para nenhuma dessas baladas chatas daqui, não aguento mais.
Karol: tenho um lugar perfeito para a gente ir, vai ter baile no Complexo do Manguinhos.- me engasguei com a comida.
Victoria: tá doida?- gritei depois dela me falar isso.- Tu acha isso normal?- perguntei para Leticia.
Leticia: ela já me convenceu... Não tem perigo em baile, muita gente vai e tal.
Victoria: lá é o lugar mais perigoso do Rio gente, alô?- falei óbvia.
Karol: você mesma disse que tá cansada das baladas daqui.
Victoria: isso não significa que eu queira ir para o lugar mais perigoso do Rio.
Leticia: mas tu é chata, hein.
Victoria: eu tenho senso, isso sim.- dei minha última garfada.
Leticia: pensa pelo lado bom..- interrompi ela.
Victoria: não tem.
Leticia: tem sim, não corre o risco de você se esbarrar com o Breno.- se referiu ao meu ex namorado.
Victoria: isso é um lado bom mesmo.- nós três rimos.
Karol: coitado, por que tenta se livrar tanto dele?
Victoria: ele é grudento, não aceita que terminamos..
Leticia: fora que, segundo a Victoria, o sexo é horrível.- gargalhamos alto.
Karol: sério? Homem que se acha assim igual a ele geralmente transa m*l mesmo.
Victoria: essa é a maior verdade.- falei lavando minha louça.
Karol: mas por que tu acha isso?
Victoria: ai amiga, ele transa muito fofo.- ri alto.- Ele falava que tinha pena de me machucar.
Isso é pura verdade, eu sempre pedia para ele ir mais rápido e forte e ele parava por medo de me machucar, sendo que não corria o risco disso acontecer.
Enfim, eu não sentia prazer nenhum, mas ele sim. Eu não gosto de t*****r fofinho assim, não acho nada bom.
Karol: credo.- rimos.
Victoria: vamos lá para o meu quarto.- falei indo em direção à escada e elas vieram atrás.
Entramos no meu quarto e elas sentaram no sofá ao lado da minha janela, eu fui direto para minha cama e peguei meu celular.
Leticia: agora tu pega o celular né, vagabunda?
Victoria: vocês encheram meu celular de mensagem, suas piranhas.
Karol: tá Victoria, vamos mesmo né? Diz logo para a gente ter hora pra casa e se arrumar.
Victoria: tá, vocês me convenceram.- revirei os olhos.
Eu vou com o cu na mão? Sim, mas eu vou!
As duas gritaram juntas e comemoraram com as mãos para cima.
Victoria: como nós vamos e como vamos voltar?
Karol: de uber, lá não pode subir com carro.
Victoria: por que não?
Karol: os comandantes não deixam.
Victoria: meu Deus do céu, se eu morrer, quem vai herdar isso tudo?
Leticia: euzinha, a princesa da família.
Victoria: se eu morrer, tu morre junto.- apontei pra ela.
Karol: ai, hoje eu quero pegar algum envolvido hein, dizem que a pegada é boa.
Leticia: quer ficar careca?
Karol: é sério, vocês deviam testar se é verdade também.- deu de ombros.
Leticia: amo muito meu cabelo, Deus me livre.
Victoria: eu também amo muito o meu.- elas riram.- Com que roupa se vai para esses bailes?
Leticia: li no w*****d que não se vai de salto.- deu de ombros.
Karol: você é doida?- riu.
Victoria: vou de tênis então..
[...]
Karol: sério que você vai de balenciaga para o Manguinhos?- apontou para meu tênis assim que entrei no uber.
Leticia: e de Louis Vuitton.- apontou para minha capinha.
Victoria: ninguém deve se tocar que é balenciaga, gente. É o tênis mais barato que eu tenho tirando meu all star.
Leticia: você é maluca.
_ eu sou morador de lá, o chefe não deixa acontecer assaltos dentro do complexo.- o uber falou.
Karol: amém, senhor.- fingiu orar.
Leticia: mas lá é tranquilo?
_ pra morar é meio complicado por causa das invasões, mas fora isso, até que sim.
Fomos até a entrada do morro conversando sobre lá com o motorista, ele disse que só não entrava para deixar nós lá porque tinha outra corrida por perto.
Descemos do carro e fomos andando até uns homens armados, que pediram nossos nomes e perguntou para onde iríamos.
Deu vontade de ser ignorante? Sim! Mas eu tenho amor à minha vida, aquele fuzil dele me assustou.
Ele orientou para onde deveríamos ir e só fomos andando acompanhando o som.
Era minha primeira vez em uma comunidade ou algo parecido, eu estava com o cu na mão, pois não é bem falado esses lugares.
As meninas conversavam algo enquanto eu só ia pensando "tomara que eu volte para casa viva".
Assim que chegamos em um galpão, ouvi a música super alta. Damos as mãos umas as outras e fomos nos enfiando no meio da multidão.
Achamos um lugar que tinha um espacinho perto do bar e ficamos por ali. Eu olhava tudo atentamente, os caras sarrando nas meninas e elas rebolando. Confesso que me assustei com o modo explícito que é, porém relevei.
Karol: disfarça a cara, mana.- gritou pra mim.
Victoria: tô tentando.- ri.
Leticia: desce uma caipirinha que você fica de boa.
Victoria: boa! Vou ao bar. Querem algo?
Leticia: ainda não, e você Karol?
Karol: depois eu compro algo.- assenti e fui até o bar.
Victoria: me da uma caipirinha, por favor?- pedi e o moço começou a fazer.
_ aproveita que essa caipirinha é sensacional, melhor que a do camarote.- uma menina que tava ao meu lado falou mostrando seu copo.
Victoria: aqui tem camarote?- perguntei assustada.
E a educação que meu pai me deu de não falar com estranhos foi para a p**a que pariu.
_ ali.- apontou e eu olhei para um lugar no alto que tinham caras com fuzis, deviam ser os "seguranças".- Nunca veio em um baile?
Victoria: nunca.- sorri para ela.- Você vem sempre?
_ não sempre, só venho quando a atração é boa.
Victoria: e quem é hoje?
_ achei que tu tinha vindo para ver o mc Poze.
Victoria: nem sabia que ele ia cantar aqui, acredita?- nós rimos.- Minha prima e minha amiga quase me forçaram a vir, tô trabalhando muito no meu TCC e precisei sair.
_ estou com medo de quando chegar a hora do meu.- riu.
Victoria: o que você estuda?
_ direito, e você?
Victoria: administração.
_ Deus me livre.- riu alto.- Qual seu nome?
Victoria: Victoria, e o seu?- o moço entregou meu copo e eu paguei a ele com uma nota de 20 reais.- Pode ficar com o troco.
_ sou a Luíza.
Victoria: o nome bonito combina com a dona.- sorri pra ela e bebi um gole da minha bebida.- Bom hein, melhor do que as das baladas que já fui.
Luíza: onde tu mora?
Victoria: no leblon..- ela arqueou as sobrancelhas.- Você mora por aqui?
Luíza: sim, desde que nasci.
Victoria: que legal, nunca vim em uma comunidade.
Luíza: que milagre uma patricinha que fala comunidade e não favela.- ri alto.
Victoria: não sei o termo certo, mas entendo como comunidade.
Luíza: gostei de tu, menina.
Victoria: também gostei de você.- sorri para ela.
Luíza: me passa seu insta aí vai.- me entregou o celular dela e coloquei meu i********: lá.
Victoria: vou te seguir de volta.- abri meu i********: e segui de volta.
Leticia: ia comprar uma caipirinha e ficou né v***a?- chegou fazendo escândalo, mas colocando postura quando viu a Luísa.- Oi, tudo bem?
Luíza: oii, sou a Luíza.
Victoria: essa é minha prima Leticia e minha amiga Karol, e ela é a Luíza, moradora aqui de Manguinhos.
Karol: credo, você tá fazendo amizade com uma favelada?- falou no meu ouvido e dei uma cotovelada nela.
Ridícula e escrota, é o que ela foi com esse adjetivo.
Luíza: bom Victoria, vou voltar para o camarote, prazer viu gata?
Victoria: foi um prazer também gata, aproveita.- ela mandou beijo e saiu.
Karol: se eu soubesse que ela tá no camarote, teria virado amiga para irmos para lá.
Leticia: se toca.
Victoria: hoje vai ter show do mc Poze aqui.
Leticia: sério? Que tudo.- falou feliz.
Karol: não gosto muito.
Victoria: tu é chata.- dei um tapinha no braço dela de leve.
Voltamos para nossos lugares e o show começou alguns minutos depois, eu e a Leticia cantávamos igual doidas enquanto a Karol curtia do jeito dela.
Depois de um tempo, olhei para trás e vi a Karol aos beijos com um cara, logo cutuquei a Leticia que virou para olhar também.
O mc Poze saiu um tempinho depois e começaram a colocar funk proibidão, todo mundo dançando, rebolando e eu indo na onda.
Ignorei a Karol que quase estava tirando a roupa do homem ali, mas virei para trás novamente quando senti um movimento atrás de mim.
Olhei bem e era uma mulher puxando os cabelos da Karol.
Leticia: o que tá acontecendo?
_ essa p*****a aqui tava pegando meu homem.
Victoria: desculpa, mas ela não devia saber que ele é casado.
A mulher me olhou no puro ódio e foi quando pensei que ia apanhar ali mesmo, já bateu um arrependimento por abrir minha boca.
_ tá defendendo essa v***a? Apanha você e ela.
Eu realmente apanharia, nem sei matar uma mosca, imagina brigar assim?
Abaixei a cabeça quando vi as pessoas fazendo rodinha na maior gritaria e os três lá batendo boca.
Victoria: não se mete.- falei para a Leticia que apenas assentiu.
_ e tu ainda quer ter moral para falar algo sua patricinha?- veio para cima de mim e fiquei encarando ela.
Ia apanhar? Sim, mas pelo menos não seria uma franga.
De repente ouvi um estrondo bem perto e gritei com o susto. Fiquei com o olho fechado pensando "levei um tiro e morri, certeza", até porque um silêncio absurdo tomou conta do local.
_ que p***a é essa no meu morro e no meu baile?- uma p**a voz grossa falou dando ênfase no "meu".
Abri os olhos e vi um cara moreno com uma arma na mão. Nem conseguia olhar direito para seu rosto, só estava assustada com aquela peça na mão dele.
_ por que ninguém respondeu nessa p***a ainda, hm?- virou para mim e senti o olhar em mim.
Confesso que meu corpo ardeu todo com o olhar dele e levantei meu olhar até ele também.
E que c*****o de homem lindo!!! Todo tatuado, os braços fortes e uma carinha de bravo.
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