Dezembro de 2017
Savannah, Georgia
- O que é isso? - Ellie pergunta à Matthew quando ele lhe entrega o envelope.
- Férias - resmunga o enfermeiro - eu não queria, tem tanta coisa acontecendo, mas o Monroe disse que não tem mais como empurrar para frente, e depois da sua avó...
- Vou falar com ele - ela diz e levanta-se apressada.
- Sem chance - resmunga o outro - ele mesmo tirou férias, volta depois do Ano Novo, considere essa a sua vantagem: festas de fim de ano em casa.
- Acho que eu devo dizer que parece boa ideia - ela lembrou-se da avó reclamando que nunca mais ela tivera uma ceia de Natal decente - eu estou bem exausta ultimamente.
- Acredito que sim - ele sorri - bem, imediato - ele indica o carimbo - pegue suas coisas e desapareça.
Ela nem mesmo discute... Quando foi mesmo a última vez que tirou férias? Quando foi mesmo que passou em casa as festas? Que não comeu sobras frias de uma ceia ou alguma coisa em um corredor frio de hospital? Vovó adoraria... Voltou correndo para casa:
- Vovó - ela grita ainda na porta.
- Querida - Norah aparece andando lentamente - o que faz em casa tão cedo?
- Férias - ela diz rindo - ganhei férias, só volto no dia quatro...
- Mas que maravilha - a avó comemora.
- Sabe o que isso significa? - ela pergunta.
- O que? - a avó parece confusa.
- Fim de ano perfeito - ela responde - vamos lá, vamos fazer listas de compras, vamos enfeitar a casa e cozinhar, assar biscoitinhos...
Logo as duas estavam planejando a ceia, e quem convidariam - Tia Célie, a vizinha Meredith - e qual seria o cardápio, Ellie estava feliz quando, no fim da tarde, subiu para o seu quarto: passar as festas em casa seria bom, serviria para relembrar os tempos em que a mãe empenhava-se para ter tudo perfeito - e ela esperar pelo pai que nunca chegava - mas ela lembrava com carinho de todos os preparativos e aquilo era algo realmente bom.
Na manhã seguinte, Ellie resolveu ir até o centro - sem a avó, ela disse estar cansada demais para passeios - com o objetivo de comprar enfeites de Natal, caminhava lentamente por entre as gôndolas de uma das lojas de departamentos quando ouviu uma voz conhecida:
- Ellie? - grave e rouca, seguida de uma meia risada.
- Thom - ela se volta para ele sorridente - o que faz por aqui? - ela pergunta sorrindo.
- Compras - ele dá ombros, indicando em seguida um carrinho com alguns enfeites prontos e papeis de presente - sabe como é, Rachel vai ficar com as crianças nas festas, mas quero entregar os presentes, então, pensei em algo diferente - ele conta, Ellie sabe que ele tem dois filhos e uma ex mulher - aparentemente eu não sou bom, nem confiavel - ele ri - sabe como é...
- Sim - ela sorri - eu sei, sempre somos os sem compromisso, minha avó esse ano aparentemente ainda não acredita que estarei de férias.
- Quando? - ele pergunta.
- Natal e Ano Novo - ela responde - volto só no começo de janeiro...
- Vou folgar no Natal - ele diz - o Ano Novo vou passar no plantão, agora o Natal...
- Não sabe para onde ir? - ela pergunta.
- Nem ideia - ele ri - nunca consigo folgas, acho que no fim vou termianr bêbaso no sofá da sala.
- Ou poderia jantar conosco - ela diz sem pensar - eu, minha avó, uma tia avó, uma vizinha - ela ri - parece h******l, mas o jantar vai estar uma delícia e podemos jogar cartas... - ela ri.
- Parece adorável - ele sorri.
- Compreendo que não aceite - ela diz - só pensei que tavlez...
- Eu adoraria - ele sorri e beija a mão dela- inclusive, bom te encontrar - ele diz sorrindo - tem dias que eu queria te fazer um convite - ele suspira e diz solene: - Cinema, essa noite, lançamento daquele filme que nós conversamos na semana passada, o que acha?
- Ah - ela pensa desconcertada - eu acho... Ótimo. Sim, obrigada.
- Certo - ele sorri - pego você ás sete horas.
- Até mais...
Ellie volta para casa sentindo-se estranha: uma parte dela está feliz por ter sido convidada para o cinema, a outra se sente i****a por ter convidado Thom, o seu antigo mentor, para o Natal em sua casa, parecia meio desesperado, mas ela poderia tentar corrigir isso ainda naquela noite.
Chegou com os itens, e encontrou a avó desencaixotando coisas velhas: enfeites de porcelana, bolinhas antigas e luzes que há muito já nem mesmo acendiam, quem dirá piscar...
- Olha o que eu achei aqui - a avó indica à ela um envelope lacrado - acho que sua mãe acabou não enviando as fotos do último ano para Nancy Bryan... - ela suspira - de repente, deveríamos enviar.
- Vovó - Ellie responde rindo - essas pessoas provavelmente nem mesmo lembram quem somos nós e devem ter tido dez endereços...
- Nem todos são como sua mãe e seu pai - diz Norah .
Ela aproxima-se e pega o envelope, pensando em abrir, mas logo encontra a caixinha com as fotos daquele ano, e a pega com delicadeza... Austin e ela, lado a lado na fogueira, ela sorrindo enquanto ele lhe entrega uma caneca de chocolate, ele chorando e ela segurando a sua mão enquanto Nancy lhe fazia um curativo, aquilo a fez sorrir, e a avó provoca:
- Eram lindos - ela diz suspirando - os dois, desde que se conheceram, ainda pequenos, sempre me perguntei o que o destino lhes reservaria em um reencontro...
- Isso nunca vai acontecer - Ellie pensa em Austin e a tal Maddie Cooper, e aquilo a faz pensar que nunca procurou por Maddie Cooper nas redes sociais - fazem muitos anos, sabe?
- Sim - a avó responde - eu sei sim, mas ainda acho que deveria enviar as fotos, com um cartão de Natal.
- Fora de cogitação - responde Ellie.
Logo ela deixa os envelopes e fotos para dar atenção à decoração natalina e lembra-se de contar à avó que têm um convidado para o Natal, o que a deixa visivelmente empolgada, fazendo com que Ellie repetisse um bocado de vezes que era apenas um amigo, mesmo não conseguindo convencer a avó.