Savannah, Georgia
Maio de 2018
- O que está acontecendo? - Norah encara a neta que está sentada na varanda pela segunda noite consecutiva, com uma taça de vinho branco: Ellie não era de beber muito, mas ela parecia um tanto perdida nos últimos dias.
- Acho que eu não estou feliz - ela responde dando outro gole em sua taça - de verdade.
- Com o que, exatamente? - a avó aproxima-se e senta ao lado dela.
- Thom - ela responde olhando para o horizonte - eu não sei se eu estou fazendo o que eu quero, não seio se estou confortável nesse relacionamento.
- O que está incomodando, minha querida? - a avó pergunta.
- Acho que o Thom não é a pessoa, entende? - ela diz.
- Que pessoa? - a avó parece não entender que diabos ela diz.
- A pessoa que deveria fazer meu corpo todo estremecer, minhas pernas bambearem e meu coração disparar - ela dá outro gole - ele é bom, de verdade, mas não consigo pensar que é o amor da minha vida.
- Ele está mais para um par conveniente - diz a avó com sinceridade - te trata bem, é inteligente e uma exclente companhia - ela sorri - deve ter um ou outro plus, mas mesmo assim não é com quem quer passar o resto da sua vida.
- Exatamente - ela responde - porque eu sinto isso?
- Talvez realmente ele não seja a pessoa certa - a avó responde rindo - você acabou de responder essa pergunta, menina.
- Acho que eu sou boba - Ellie ri - quase trinta anos e espero o que? Que um príncipe encantado apareça aqui em um cavalo branco? Que alguém me tire da torre? - ela ri.
- Não mesmo - a avó responde - só espera encontrar a pessoa certa, e tem razão.
- Acha que eu tenho? - ela encara a avó.
- Sim, eu acho que sim - ela sorri com bondade - mas se é assim, precisa descobrir o que realmente quer para não magoar o coração do Thom, ele pode não ser o amor de sua vida, minha criança, mas e um bom homem e ele gosta muito de você, seria r**m lhe dar falsas esperanças.
- Eu sei disso - ela sorri.
- Acho que ele chegou - a avó aponta para o SUV no outro lado da rua.
- Sim - Ellie larga a taça sobre a mesa e pega a bolsa - obrigada pro me ouvir, vovó.
- Eu sempre estarei aqui para você, Ellie - Norah responde sorrindo enquanto observa a neta caminhar lentamente em direção ao carro do namorado.
Ela sempre sofrera muito: primeiro, com os pais e suas intermináveis brigas, depois, com a ausência do pai... Ele decidiu que ficar longe era a melhor opção, mas não deu à Suzan o direito de viver sua liberdade, não assinou o divórcio e sempre que ela começava a ter uma clientela boa e criar boas relações na vizinhança, ele estabelecia um novo endereço e uma nova mudança acontecia. Ela sofrera muito, muito mesmo, antes de saber do câncer e mesmo depois dele: morrera casada, sozinha e infeliz.
- Boa noite - Thom diz sorrindo - você está linda.
- Obrigada - ela diz sem jeito enquanto se ajeita no banco e coloca o cinto.
- Acho que precisamos conversar - ele diz.
- Ah - ela sente um certo alívio, de repente ele achava melhor terminar também - tudo bem.
- Sim - ele sorri - vamos jantar no August - ele referencia um restaurante do qual ela gosta bastante.
O caminho é relativamente curto mas um silêncio pesado torna ele ainda mais lento do que o normal. Thom está um tanto nervoso e Ellie, ansiosa. O recepcionista indica a mesa reservada assim que chegam e Thom já pede um vinho: se tem uma coisa que aquele homem sabe, é agradar.
- Sabe - ele diz sorrindo enquanto pega a sua mão - o último mês que nós dois passamos juntos - ele sorri - a despeito de tudo o que eu poderia ter imaginado, foi incrível - ele diz.
- Ah sim - ela sorri - eu também acho que foi.
- E isso serviu para que eu tomasse uma decisão importante - ele suspira - pensei muito, Ellie, muito mesmo, até porque eu disse a mim mesmo que eu não faria isso novamente, eu não tentaria novamente, porque eu sei que eu sou intenso demais... - ele sorri - mas a cada dia, a cada minuto, para ser exato, ao seu lado, eu tenho descoberto coisas incríveis e tenho me sentido incrível ao seu lado e sim - ele beija a mão dela - acho que eu consigo tomar essa decisão, acho que eu não preciso ter medo, que eu preciso arriscar tudo para ter a chance de ser feliz com você, ao seu lado, por todos os dias, pelo resto da minha vida - ele sorri e sola a mão dela, enfiando a mão no bolso no paletó e tirando uma pequena caixa, que ele coloca na mão dela enquanto abre - aceita casar-se comigo, Ellie?
- Ah meu Deus - ela esta totalmente confusa: acreditou que ele terminaria com ela, que não estava feliz, porque ele estava a pedindo em casamento? E porque ela estava emocionada? Chorando e rindo ao mesmo tempo - Thom, eu nunca imaginei que faria isso, eu... - ela suspira, precisa responder, pensou em terminar, mas casamento é diferente, ele não a pediria se não fosse especial, ainda mais depois do inferno que vivera, se ela era especial, ele poderia ser - não sei o que dizer, eu... - coisa i****a, é dizer sim ou não - sim, Thom, eu aceito.
- Eu sou o homem mais feliz desse mundo - ele diz e logo levanta-se para beija-la, no meio do restaurante, com todas as pessoas olhando para eles, com ela se sentindo uma perfeita i****a, porque ela é assim? - eu vou fazer de você a mulher mais feliz desse mundo, Ellie.
Não era esse o plano, mas sim, de alguma forma a proposta parecia boa demais para não ser aceita. Ela saíra pensando em romper o relacionamento e voltara noiva, com uma aliança de ouro branco com um diamante grande e visível: sim, aquele era Thom... Depois do jantar, seguiram para a casa dele, que era quase dela, se considerassem tudo o que ela já havia deixado lá e sim, a sintonia na cama era única e incomparável: ela seria feliz casada com Thom.