Pequenos detalhes

1006 Words
Savannah, Georgia  Abril de 2018  - Me conta tudo - Sam caminhava apressada atrás de Ellie pelo corredor, não se viam desde a véspera do encontro e devido às folgas e inversões de plantões, já tinha quase cinco dias - eu falei com o Jonah - ela continua - ele disse que você não ligou para ele...  - Sim - suspira Ellie sorrindo enquanto segue caminhando pelos corredores com Sam em seu encalço - eu não telefonei para o Jonah e acho que não vou telefonar - ela sorri - mas acho que o encontro foi bem satisfatório e serviu para uma coisa...  - Já sei - resmunga a loira decepcionada - serviu para você perceber que encontros ás cegas são uma m***a e que isso não leva a nada..?  - Não - suspira Ellie - serviu para um propósito maior - ela sorri, avista Thom caminhando em sua direção.  - Ah, eu não estou entendendo - Sam retruca.              Thom enxerga Ellie com Sam e para tudo o que está fazendo: de repente, ele sabe exatamente o que precisa fazer: correr até ela e dizer que ela está linda, deslumbrante, beijar-lhe e seguir sua vida: ele é este tipo de homem, o que nunca mede esforços para agradar as mulheres, ainda mais se tratando de Ellie.  - Bom dia - ele diz sorrindo para ela assim que está perto o suficiente - espero que tenha dormido bem.  - Bem demais - ela responde e enfia no bolso do seu jaleco uma chave - obrigada.  - Você está linda - ele suspira - deslumbrante - ele encara Sam - bom dia, Samantha.  - Bom dia, Thom - ela responde confusa.  - Eu volto para buscar você - ele sorri e beija-lhe os lábios com delicadeza - dezesseis horas...  - Certo - sorri Ellie - nós temos..?  - Concerto do Michael - responde Thom - e depois, aquele chá, na igreja da sua avó.  - Perfeito - ela diz e sorri - te espero.              Volta a caminhar com Sam pelo corredor, apressada e visivelmente satisfeita: - Voltou com ele?  - Sam pergunta incrédula.  - Sim - responde Ellie - fui meio i****a mesmo... E acabei encontrando com ele naquele pub, depois que o Jonah foi embora.  - E assim - suspira a loira - agora estão todo amorzinhos?  - Sim - Ellie responde enquanto liga o computador na mesa de seu pequeno consultório - ele pediu uma chance de ser quem realmente era, aparentemente...  - ... ele é um galanteador de primeira - ri a outra - mas tá okay, acho que merece alguém que trate você como a princesa que é.  - Não seja boba - protesta Ellie.  - Eu não sou - ela resmunga - mas acho que você nunca se entrega de verdade às coisas... Porquê faz isso?  - Ah - suspira Ellie - nada a ver, eu me entrego.  - Sim - ri a outra - o corpo, sim, mas seu coração... parece que tem uma parte de você que nunca é entregue em nenhum relacionamento, não poderia - Sam revira os olhos - você é racional demais para estar totalmente entregue. - Acho que isso é muito antigo - suspira Ellie.  - O garoto do acampamento? - questiona Sam - pelo amor de Deus, acho que faz vinte anos...  - Por ai - suspira Ellie - acho que foi o único cara com quem eu fantasiei, eu desejei coisas, fiquei anos ansiando por aquilo - ela revira os olhos - e ele aparece dizendo que beijou a tal da Maddie...  - Lembra o nome da garota? - ri Sam.  - Como não lembrar? - ri Ellie - Por causa dela, Austin partiu o meu coração.  - Mas Ellie - a outra argumenta - sabe que isso não é saudável...  - Claro que não - ri a outra - mas eu tinha o que? Onze ou doze anos? - ela revira os olhos - Uma parte de mim decidiu que não se magoaria mais, acho que nunca consegui superar aquilo.  - Talvez por que não voltou a falar com ele.... - sugere Sam.  - Que diferença isso faria? - Ellie agora está pensativa - O cara deve estar casado, com uns três ou quatro filhos.  - Está sendo pessimista - ri Sam - mas porque resolveu dar outra chance ao Thom?  - Acho que por causa dos detalhes... - suspira Ellie.  - Detalhes? - ri Samantha.  - Sim, os pequenos detalhes... A forma com que ele fala sobre as coisas que passamos, sobre ele ainda ir ver a minha avó, mesmo quando eu não o respondia, entende? Ele cuida de mim - Ellie diz decidida.  - Certo - Sam concorda - isso é bom, parece bom.  - Como assim "parece bom"? - a outra pergunta.  - Não sei como é isso - ela ri - não cheguei nessa fase do jogo...          As duas conversam por mais um tempo: Ellie tem uma foto com Thom em seu celular, conheceu seus filhos e foi convidada pelo próprio Michael, um rapaz de dezesseis anos, para ir ao concerto. Sabia que estava se envolvendo, mas ela decidira se dar essa chance, ela acreditou naquela coisa esquisita que todos chamam de "amor".          Thom era um homem mais velho: quase cinquenta, filhos grandes, uma vida vasta de experiências e um apetite s****l de dar inveja aos rapazes. Fora isso, sabia apreciar as coisas boas: vinhos, queijos, a paz de estar em casa, cozinhar e as coisas em ordem. Não era o tipo baladeiro, não gostava de grandes aglomerações: era discreto e sabia viver bem. Dividia as coisas com facilidade, não reclamava de passar a noite de sexta com a avó dela e apreciava sua companhia nos eventos que não conseguia fugir.           Se Ellie pensasse um pouco, saberia que aquilo era quase "bom demais para ser verdade" mas ela estava decidida: ela resolveu dar uma chance, ela resolveu entrar de cabeça e enfrentar toda as dores e as delícias de um relacionamento, de aceitar a pessoa e todo o seu pacote... 
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